Dom Leonardo na posse de dom Ionilton: “Nós queremos caminhar juntos nessa Amazônia”

O início da missão de dom José Ionilton Lisboa de Oliveira como bispo da Prelazia do Marajó, que aconteceu no dia 27 de julho de 2024 na cidade de Soure, sede da prelazia foi um momento para acolher e agradecer diante do vivido até agora e da missão que ele assumiu.

Dom José Ionilton assume sua nova missão depois de sete anos de bispo na Prelazia de Itacoatiara, que faz parte do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Seu presidente, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, agradeceu o modo carinhoso do povo do Marajó receber seu novo bispo, que “já está se sentindo em casa”. Agradecendo a presença dos bispos e dos padres, o cardeal disse ver nisso um sinal de que “nós queremos caminhar juntos nessa Amazônia, não queremos caminhar separados”. Igualmente agradeceu a presença do Núncio apostólico, motivo de satisfação e alegria diante da “presença daquele que o Papa nos enviou”. Finalmente pediu ao povo que cuidem de seu bispo.

Dom Giambattista Diquattro disse estar no Marajó, “para transmitir a proximidade e afeto do Santo Padre Francisco para com dom José Ionilton e com a prelazia do Marajó”. Ele lembrou o próximo ano jubilar, dizendo que a palavra-chave para o caminho da Igreja universal e desta Igreja será a palavra sinodalidade, ou seja, comunhão no caminho, amos a Jesus e aos irmãos, amor pela Igreja”, destacando estar inseridos na Igreja, comer o pão eucarístico, como aquilo que nos identifica como cristãos. Saudando a todos, ressaltou que “todos devemos contribuir com nossa oração, com nossa fé, com nosso coração para fortalecer a comunhão com Deus na Igreja”. O Núncio apostólico pediu ao povo para rezar pelo bispo emérito, dom José Luis Azcona, internado no hospital, segundo lhe prometeu quando lhe visitou.

O arcebispo de Santarém e presidente do Regional Norte2, dom Irineu Roman, acolheu dom José Ionilton em nome dos bispos do Regional. Ele destacou a importância da colegialidade, a comunhão e a unidade entre os bispos e de todos os que fazem parte da Igreja. Ele destacou a importância de caminhar juntos, da sinodalidade, da escuta e o diálogo no Espírito Santo, agradecendo também a presença do Núncio.

O antecessor de dom Ionilton, dom Evaristo Spengler, atual bispo de Roraima, lembrou os 94 anos de história da prelazia do Marajó. Ele disse que nos últimos tempos tem se colocado em evidência o Marajó de forma negativa, dizendo que “o maior tesouro dessas terras é águas é o povo marajoara, que é um povo de muita fé, é um povo acolhedor, é um povo que busca a Deus com todo seu coração, que não distingue a sua vida e a sua fé, a Igreja e a sua vida no dia a dia, é um povo que se deixa conduzir por Deus’, enfatizando a dom Ionilton que “você vem para um povo que já te ama, um povo que te acolhe”, onde diz ter encontrado Deus. Ele destacou a dimensão profética de dom Ionilton, pedindo a benção de Deus para sua nova missão.

O arcebispo de Palmas e vice-presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), dom Pedro Brito, destacou a importância do barco para poder chegar nas comunidades, lhe entregando esse presente em nome da REPAM-Brasil. Por sua vez, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), da qual dom Ionilton é presidente, lhe entregou uma estola que pertenceu a frei João Xerri, dominicano, “que tem uma vida totalmente dedicada aos pobres”, destacando a simplicidade de dom Ionilton e que ele tem muito a oferecer, destacando que “nós da CPT aprendemos demais com o carinho, com a acolhida com a palavra, principalmente com o testemunho junto aos mais pobres”.

Em nome da prelazia de Itacoatiara, seu chanceler, o padre Danilo Monteiro, destacou a simplicidade e maneira de amar as pessoas de dom Ionilton no tempo em que ele foi bispo de Itacoatiara, dizendo ter sido um grande profeta em meio do povo da prelazia, “e com sua maneira de viver o Evangelho foi nos revelando que isso era próprio de Deus, sua presença no nosso meio”, mostrando sua gratidão e pedindo que continue sendo abençoado por Deus, e que será para sempre seu bispo e seu amigo.

Em nome dos Agostinianos Recoletos, presentes desde o início da prelazia do Marajó, que consideram sua pérola, o secretário provincial da Provincia Santo Tomás de Vilanova, disse que eles estão no Marajó como irmãos, para trabalhar juntos e perguntar a Jesus o que ele quer que eles façam por esse povo, mostrando sua disposição e dar a vida pelo Evangelho, e como bons agostinianos, continuam em comunhão, dizendo ao bispo que pode contar com sua comunhão e apoio.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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Posse de dom Ionilton no Marajó: “Vamos juntos e juntas trabalhar para fazer o Reino de Deus continuar crescendo”

A cidade de Soure (PA), sede da prelazia do Marajó, acolheu na noite do sábado 27 de julho de 2024, a posse canônica de dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, nomeado pelo Papa Francisco no dia 03 de novembro de 2024. A celebração de início da missão contou com a presença do núncio apostólico, dom Giambattista Diquattro, mais 16 bispos, dentre eles o arcebispo de Santarém e presidente do Regional Norte2, do qual faz parte a prelazia do Marajó, dom Irineu Roman, do arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, onde dom Ionilton era bispo, na prelazia de Itacoatiara, o cardeal Leonardo Ulrich Steiner, e do bispo de Roraima, dom Evaristo Spengler, que foi o predecessor como bispo do Marajó.

Quando há partilha, todos comem e sobra

Na homilia, o novo bispo do Marajó iniciou lembrando a atitude do profeta Eliseu, em uma atitude de solidariedade com quem passa fome, questionando se nós, “sabemos ser solidários e partilhar o que temos com quem não tem?”, ressaltando que “quando há partilha, todos comem e sobra; sem partilha alguns comem e outros passam fome”. Uma ideia também presente no Salmo 144, que mostra que saciar a fome é projeto de Deus, e que “a fome é negação da vontade de Deus; injustiça; má distribuição da renda e dos bens”.

Seguindo as palavras de Paulo aos Efésios, o bispo do Marajó fez um chamado a avaliarmos “a vivência de nossa vocação de leigo, consagrado, ministro ordenado, missionário”, perguntando se “Estamos sendo coerentes? Estamos dando testemunho?”. Ele refletiu sobre o chamado a se suportar, na perspectiva de “dar suporte, sustentar, apoiar, ser presença solidária”.

Jesus andante, missionário

No Evangelho, dom Ionilton destacou a atitude de Jesus andante, missionário, questionando para onde devemos ir em missão. Ele destacou que a preocupação de Jesus é que o povo coma, fazendo um chamado a fazer a mesma coisa. Ele lembrou as palavras de Papa Francisco, que considera um escândalo que muitos ficam sem o pão de cada dia, mesmo sendo produzida comida suficiente; que define a fome não só como uma tragédia, mas também uma vergonha. Isso tem que levar a superar a lógica fria do mercado, a não submeter os alimentos à especulação financeira, seguindo as palavras do Papa, que chama a criar um Fundo mundial para acabar com a fome com o dinheiro usado em armas e em outras despesas militares.

São atitudes que são puro Evangelho, insistiu dom Ionilton, que afirmou, seguindo a atitude do menino na passagem do Evangelho, que “Jesus quer que todos se envolvam e colaborem para saciar a fome das pessoas e aponta a partilha como o caminho para que a fome seja saciada e eliminada entre nós”, e que “não se pode estragar alimentos em uma sociedade de milhões de famintos”.

Estar aqui como aquele que deve servir

No final da celebração, o novo bispo disse ter se esforçado bastante nos sete anos de bispo na prelazia de Itacoatiara para viver seu lema episcopal: “Estou no meio de vós como aquele que serve”, dizendo ter essa mesma disposição para sua nova missão: “estar aqui com vocês como aquele que deve servir, seguindo o exemplo do Mestre Jesus”.

Uma missão que acolheu diante do pedido da Igreja, ressaltando que “como Religioso Vocacionista, sempre acolhi as transferências como expressão da vontade de Deus”. Ele disse estar no Marajó “para ser mais um servidor, para somar com todas as forças vivas que já estão aqui fazendo a missão evangelizadora da Igreja acontecer, de todas as vocações, Leigos e Leigas, Ministros Ordenados, Seminaristas e Irmãos e Irmãs da Vida Consagrada e das Comunidades de Vida”.

Trabalhar juntos

A todos e todas, ele fez um pedido: vamos juntos e juntas trabalhar para fazer o Reino de Deus continuar crescendo neste chão da Prelazia de Marajó. Vamos continuar sendo uma Prelazia Evangelizadora, Missionária, Ministerial, Samaritana e Ecológica”. Dom Ionilton disse chegar para ser bispo de todos, “mas deverei ser, de modo especial, o bispo de quem mais precisar de ajuda e apoio”, o bispo “de modo especial dos empobrecidos, excluídos e marginalizados, os preferidos de Jesus”, dando continuidade “à missão dos dois últimos irmãos bispos, Dom José Luis Azcona, OAR e Dom Evaristo Pascoal Spengler, OFM, com as necessárias adaptações que a realidade eclesial e social exigirem”.

Igualmente, o bispo disse chegar para continuar encarnando na realidade da Prelazia do Marajó as orientações do Papa Francisco, da CNBB Nacional e Regional Norte 2, do Sínodo para a Amazônia, das decisões do Encontro da Igreja na Amazônia (Santarém 2022), e as decisões da última Assembleia da Prelazia do Marajó em 2022. Ele enviou sua saudação ao povo da prelazia, aos servidores da Cúria, e lideranças eclesiais, ao administrador da prelazia no tempo da vacância de bispo, aos membros dos diversos conselhos, com quem disse querer contar.

Citando Santo Agostinho, “Para vocês sou bispo; com vocês sou cristão”, pediu que rezassem pelo seu serviço na prelazia, agradecendo a presença dos padres, consagrados, missionários, leigos e leigas, do Núncio apostólico e dos bispos, e daqueles que chegaram da prelazia de Itacoatiara, de sua Congregação Vocacionista, e de sua família, dos agentes da Comissão Pastoral da Terra, e de todos os que colaboraram na organização da celebração.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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Dom Ionilton inicia sua nova missão no Marajó com a presença do Nuncio apostólico e mais de 15 bispos

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira inicia sua missão como bispo da Prelazia do Marajó (PA), com a celebração da posse que será realizada na catedral da prelazia, na cidade de Soure, neste sábado 27 de julho. Nomeado no dia 03 de novembro de 2023, dom José Ionilton era bispo da Prelazia de Itacoatiara (AM).

Na celebração, que acontece às 19 horas no horário local, e será transmitida pelas redes sociais da Prelazia do Marajó, participa o Nuncio apostólico, dom Giambattista Diquattro, e mais de 15 bispos do Regional Norte2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, do qual faz parte a igreja local do Marajó, do Regional Norte1, onde dom José Ionilton foi bispo desde 2017, e de outros regionais do Brasil.

Da celebração participam vários agentes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que tem dom José Ionilton Lisboa de Oliveira como presidente, padres, religiosas, representantes do laicato, familiares e amigos de dom Ionilton chegados de vários estados do Brasil.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Iniciou Encontro Diocesano do Serviço Pastoral dos Migrantes

Serão os dias 26 e 27 na Casa da Caridade Papa Francisco.

Nos dias 26 e 27 de julho, a Casa da Caridade Papa Francisco recebe o Encontro Diocesano do Serviço Pastoral dos Migrantes da Diocese de Roraima. Neste ano, o evento destaca a participação de duas palestrantes: Maria Ozania Silva, do Serviço Pastoral de Migrantes nacional, vinda de Goiás, e a Prof. Marcia Oliveira, da Universidade Federal de Roraima. Ambas abordarão o tema complexo e urgente do tráfico humano, destacando sua relevância na atual crise migratória.

Maria Ozania Silva

Maria Ozania Silva, do Serviço Pastoral de Migrantes nacional, traz sua experiência para compartilhar estratégias e iniciativas da SPM na acolhida e proteção de migrantes. Seu trabalho é reconhecido por promover a integração social e a defesa dos direitos dos migrantes em todo o Brasil.

Prof. Marcia Oliveira

A Prof. Marcia Oliveira, da Universidade Federal de Roraima, é uma especialista em estudos migratórios e direitos humanos. Com vasta experiência acadêmica e prática, ela traz ao encontro uma perspectiva aprofundada sobre os desafios enfrentados pelos migrantes em Roraima, especialmente em relação ao tráfico humano.

Sua palestra abordará as dinâmicas do tráfico humano na região, destacando as vulnerabilidades específicas enfrentadas pelos migrantes. A prof. Marcia discutirá as ações necessárias para fortalecer as redes de proteção e prevenção, além de compartilhar pesquisas e dados atualizados sobre o tema. Sua contribuição é crucial para ampliar o entendimento e a capacidade de resposta da comunidade frente a essa questão urgente.

Tema do Encontro: “Migração e Casa Comum”

O tema do encontro deste ano, “Migração e casa comum: Alarga o espaço de tua tenda”, propõe uma reflexão sobre a necessidade de expandir nossa missão de acolhida e proteção aos migrantes. A frase, inspirada no livro de Isaías, nos convoca a abrir nossos corações e mentes, criando espaços de segurança e inclusão para todos.

O Enfrentamento ao Tráfico Humano

O tráfico humano é uma das questões mais complexas e desafiadoras enfrentadas pelas comunidades que acolhem migrantes. Envolve exploração, violação de direitos humanos e redes criminosas que se aproveitam das vulnerabilidades de pessoas em busca de segurança e melhores oportunidades.

Compromisso e Ação

O Encontro Diocesano do Serviço Pastoral dos Migrantes 2024 é uma plataforma essencial para unir esforços na defesa dos direitos humanos e na proteção dos migrantes. As contribuições de Maria Ozania Silva e da Prof. Marcia Oliveira são fundamentais para inspirar ações concretas e fortalecer as redes de apoio em Roraima.

Ao enfrentarmos juntos os desafios do tráfico humano e outros obstáculos à dignidade dos migrantes, reiteramos nosso compromisso com a justiça social e a construção de um futuro onde todos possam viver com segurança e respeito. A presença e o engajamento da comunidade são essenciais para ampliar nossa tenda e transformar realidades.

CELEBRAÇÃO DE SÃO CRISTÓVÃO: TRADIÇÃO E FÉ NA COMUNIDADE DE ASA BRANCA

Vida e legado do santo são celebrados com uma programação especial de festas e devoção

São Cristóvão, cuja festa é celebrada em 25 de julho, é conhecido como o santo padroeiro dos viajantes e motoristas. Segundo a tradição, ele era um homem de grande estatura e força, que dedicou sua vida ao serviço de Cristo. A história conta que, ao carregar um viajante através de um rio perigoso, Cristóvão descobriu que estava carregando o próprio Cristo.

Adriele Lima, parte da comunidade de São Cristõval conta um pouco de sua história: ”Nesse caminho de conversão, ele conhecia um eremita que ensinou pra ele a palavra, instruiu como servir a Deus. Com o tempo ele foi então morar perto de um rio muito difícil de atravessar e decidiu que ali ele ajudaria as pessoas nessa travessia. Um dia uma criança, um menino, pede sua ajuda e ele colocou essa criança nos hombros e caminhou pelo rio. Só que a cada passo que ele dava, o menino pesava cada vez mais. E em um certo momento Cristovão perguntou por que o menino pesava tanto e o menino respondeu que ele era Cristo e que ele estava carregando um peso do mundo nos hombros. E ao chegar ao outro lado do rio, acreditou no que tinha vivido e saiu a pregar. Então, ele foi ganhar o nome de Cristo, ou após a sua conversão, ao cristianismo e Cristo, CRISTÕVAL significa que ele que carregou Cristo.”

Este ato de serviço e devoção fez dele um símbolo de proteção e segurança para aqueles que estão em movimento.A importância de São Cristóvão transcende o simples ato de proteger viajantes; ele também representa a confiança e a fé em momentos de jornada e mudança. Sua vida é um exemplo de fé prática e dedicação ao próximo, o que o torna uma figura inspiradora para muitos.

Programação da comunidade

A comunidade de Asa Branca, localizada na Rua Horácio Mardel de Magalhães, 302, na Igreja Santos Arcanjos, preparou uma programação especial para celebrar São Cristóvão. As festividades começaram com um tríduo no dia 22 de julho até o dia 24. No dia 25 de julho, às 19:30h, será realizada uma missa em honra a São Cristóvão, um momento de profunda devoção e agradecimento ao santo protetor. Esta missa será o ponto alto das celebrações litúrgicas, reunindo a comunidade em um ato de fé e gratidão.

As festividades serão encerradas com um arraial no sábado, 27 de julho, a partir das 19h. O arraial promete ser um evento vibrante, com comidas típicas. É uma oportunidade para os membros da comunidade se reunirem em um ambiente festivo e compartilharem a alegria e a fraternidade que marcam esta data especial.

São Cristóvão nos lembra da importância de ter fé em nossa jornada, seja ela física ou espiritual. Sua vida e exemplo nos inspiram a confiar e buscar proteção em momentos de incerteza e mudança. Em um mundo cheio de desafios e viagens, tanto literais quanto figurativas, que possamos sempre encontrar a força e a coragem para seguir em frente, assim como São Cristóvão fez. Que sua presença abençoe nossos caminhos e que sua história continue a nos motivar a servir e proteger uns aos outros, com a mesma devoção e amor que ele demonstrou em sua vida.

S. Cristóvão, Escola de Rimini 

Protetor dos viajantes

A figura mais frequente de São Cristóvão é representada por um gigante barbudo, que carrega o Menino Jesus nos ombros, ajudando-o a atravessar um rio; o Menino segura o mundo nas pontas dos dedos, como se brincasse com uma bola. Esta imagem remonta a uma das lendas hagiográficas mais famosas sobre a vida do Santo, martirizado em 25 de julho em Anatólia, na Lícia. Segundo esta tradição, seu verdadeiro nome era Reprobus, um gigante que queria prestar serviço ao rei mais poderoso do mundo.

Ao chegar à Corte de um rei, que achava ser invencível, pôs-se ao seu serviço. Mas, certo dia, percebeu que o rei, ao escutar o canto de um trovador que falava do diabo, fez o Sinal da Cruz. Então, perguntou-lhe porquê. E o rei lhe respondeu que tinha medo do diabo e que todas as vezes que o ouvia falar em seu nome, fazia o Sinal da Cruz para buscar proteção.

Desta forma, o diabo pôs-se a procurar o diabo, que pensava que fosse mais poderoso que o seu rei. Não demorou muito e o encontrou; assim, pôs-se a servi-lo e a segui-lo. Porém, um dia, passando por uma rua onde havia uma cruz, o diabo desviou seu caminho. Então, Reprobus perguntou-lhe porquê havia agido desta maneira. E o diabo foi obrigado a admitir que Cristo tinha morrido na Cruz; por isso, diante da Cruz, tinha que fugir de medo.

Por fim, Reprobus deixou o diabo de lado e pôs-se à busca de Cristo. Certo dia, encontrou um eremita que lhe sugeriu construir uma cabana às margens de um rio, cujas águas eram perigosas, e colocar-se à disposição das pessoas a atravessá-lo, uma vez que tinha uma estatura gigantesca.

Um belo dia, o bom gigante ouviu uma voz de criança, que lhe pedia ajuda: era um menino que queria atravessar o rio. Então, o gigante o colocou sobre os ombros e o carregou para o outro lado daquele rio perigoso. Enquanto fazia a travessia, o peso daquela criança aumentava cada vez mais, tanto que, com muito custo, conseguiu chegar à outra margem. Lá, o menino revelou sua identidade: era Jesus e o peso, que havia carregado, era o do mundo inteiro, salvado pelo sangue de Cristo.

Esta lenda, além de inspirar a iconografia ocidental, fez com São Cristóvão fosse invocado como Padroeiro dos barqueiros, peregrinos, viajantes e motoristas.

Um Santo cinocéfalo

No Oriente, São Cristóvão é, geralmente, representado com a cabeça de cão, como testemunham muitos ícones existentes em São Petersburgo e Sofia. A iconografia do santo cinocéfalo, segundo alguns, demonstra que se trata de um culto surgido em âmbito helênico-egípcio, com clara referência ao culto a deus Anúbis. Outra hipótese seria ainda bem mais plausível e complexa: Reprobus se teria alistado no exército romano e se teria convertido ao cristianismo com o nome de Cristóvão. Ao ser denunciado pelo seu apostolado entre os pelotões, foi conduzido diante de um juiz que fez todas as tentativas para que renunciasse a Cristo; tendo resistido, foi, por fim, decapitado. Logo, Cristóvão “carregou Cristo” em seu coração até ao martírio, como o jumento carregou Cristo a Jerusalém, no dia de Ramos.

Por este motivo, ter-se-ia difundido no Oriente, inicialmente, o costume de representar Cristóvão com a cabeça de jumento, que, depois, teria mudado para uma cabeça de cão. Trata-se, porém, de uma iconografia existente no âmbito cristão, sem nenhuma relação com cultos pagãos.

Protetor da vista

Segundo a Lenda Dourada, o martírio de Cristóvão aconteceu em Anatólia, na Lícia. O Santo resistiu às torturas com hastes de ferro e metal incandescentes. Até as flechas que lhe atiraram, ficaram suspensas no ar; uma delas, voltou e transpassou o olho do soberano, que lhe havia ordenado o suplício. Assim, o rei mandou decapitar Cristóvão. Mas, antes de morrer, disse-lhe: “Banhe os olhos com o meu sangue e ficará curado”. O rei recuperou a visão e se converteu. Desde então, São Cristóvão foi invocado contra as doenças da vista.

São Joaquim e Sant’Ana: A Celebração do Dia dos Avós

Um tributo à sabedoria e ao amor dos avós na comunidade de Sant’Ana.

O Dia de São Joaquim e Sant’Ana, também conhecido como o Dia dos Avós, se aproxima, sendo comemorado no próximo 26 de julho. Esta data é de grande importância, pois celebra os avós de Jesus Cristo, figuras que possuem um papel vital na vida de uma família. Os avós são pessoas muito respeitadas, acumulando uma vasta sabedoria ao longo dos anos.

Quantas vezes recorremos aos nossos avós para ouvir um conselho ou simplesmente receber um abraço apertado e reconfortante, cheio de carinho? Neste dia especial, celebramos a memória de São Joaquim e Santa Ana, reforçando a importância e o valor dos avós em nossas vidas.

Anualmente a comunidade de Sant’Ana celebra esta importante data, neste ano o XXVIII festejo tem o tema “Buscamos a paz como fruto da fraternidade”. O tríduo de celebração começou no dia 23, às 19:30h, na Avenida Raimundo Rodrigues Coelho, 600, Bairro Dr. Silvio Botelho e no dia 24, é realizado o Rito de Entrega da Bíblia para os catequizandos, uma cerimônia significativa para os jovens da comunidade.

No próprio Dia dos Avós, proxima sexta feira 26 de julho, haverá uma missa em honra a Sant’Ana. E no sábado, 27 de julho, você não pode perder o arraial com comidas típicas e apresentações culturais, uma festa que promete alegrar e unir ainda mais a comunidade. Para encerrar as comemorações, no domingo, 28 de julho, será realizada uma procissão seguida de missa, a partir das 16:30h.

Venha e participe deste momento especial, celebrando a sabedoria e o amor dos avós, figuras essenciais em nossas vidas e na nossa fé.

Santa Brígida, mãe e monja

Copadroeira da Europa 

Canonizada, em 1391, por Bonifácio IX, Santa Brígida é a padroeira da Suécia. Em 1999, foi declarada também copadroeira da Europa por São João Paulo II.

Infância

Brígida, quando criança, tinha, certamente, um caráter forte e decisivo. Pertencia a uma família aristocrática. Embora sentisse a vocação religiosa, aceitou casar-se com Ulf, o governador de um importante distrito do Reino da Suécia, a pedido do seu pai. 

Matrimônio

A primeira parte da sua vida, marcada por uma grande fé, foi dedicada a um casamento feliz, do qual nasceram oito filhos. Uma, dentre eles, Catarina – que a seguiu até Roma – também foi canonizada. Junto com seu marido, adotou a Regra das Terciárias Franciscanas e fundou um pequeno hospital. Guiada por um erudito religioso, estudou a Bíblia, a ponto de ser apreciada por sua pedagogia, por isso foi convocada pelo rei da Suécia para encaminhar a jovem rainha à cultura sueca. Após mais de vinte anos de casamento, seu marido faleceu. Assim, começa a segunda parte da sua vida.

Monja

Brígida fez uma escolha decisiva: despojou-se dos seus bens e foi viver no mosteiro cisterciense de Alvastra. Naquela época, destacavam-se muitas experiências místicas, depois relatadas nos oito livros das Revelações. Aqui, também teve início a sua nova missão. Em 1349, Brígida foi a Roma para obter o reconhecimento da sua Ordem, dedicada ao Santíssimo Salvador, que deveria ser composta, segundo seu desejo, de monjas e religiosas. Então, decidiu estabelecer-se na Cidade Eterna, em uma casa na Praça Farnese, que ainda hoje é sede da Cúria Geral das Brigidinas. Porém, sofria por causa dos maus costumes e da degradação generalizada da cidade, que ressentia muito pela ausência do Papa, que, na época, vivia em Avinhão. 

Intercessora da Igreja

O ponto alto da sua missão – como o de Santa Catarina da Sena, sua contemporânea – era pedir ao Papa para voltar ao túmulo de Pedro. Seu único remorso foi o fato de o Papa não ter ficado definitivamente em Roma. Na verdade, em 1367, o Papa Urbano V tinha voltado, mas foi apenas por um breve período. Gregório XI estabeleceu-se, definitivamente, em Roma, mas alguns anos depois da morte de Santa Brígida.

Luta pela paz

Outro “aspecto” do forte compromisso de Brígida era a paz na Europa. Naquele tempo, as suas obras de caridade foram decisivas. Ela, que era nobre, vivia na pobreza, a ponto de pedir esmolas nas portas das igrejas. Aquele também era um período de peregrinações a vários lugares da Itália, de Assis a Gargano. Enfim, a peregrinação das peregrinações à Terra Santa. Brígida tinha quase 70 anos, mas isso não influenciou seu desejo. 

Espiritualidade da cruz

O ponto central da sua experiência de fé foi a Paixão de Cristo, como também a Virgem Maria. Testemunhas disso foram o “Rosário Brigidino” e as orações, ligadas às graças particulares prometidas, por Jesus a ela, para quem os praticasse. Santa Brígida faleceu em Roma, em 23 de julho de 1373. Confiou a Ordem a sua filha Catarina, que, ao se tornar viúva, juntou-se a ela, quando vivia em Farfa.

Querida pelos Papas

São João Paulo II destacou: “A Igreja, sem se pronunciar sobre cada uma das revelações, aceitou a autenticidade do conjunto das suas experiências interiores”. A figura de Santa Brígida foi muito querida pelos últimos Papas. Bento XVI, por exemplo, dedicou uma catequese durante a Audiência Geral. O Papa Francisco queria canonizar aquela que, no século XX, tinha renovado a Ordem do Santíssimo Salvador, Maria Elizabeth Hesselblad, dando-lhe um forte impulso ecumênico, tendo sempre em vista a busca de paz e unidade, tão queridas por Brígida.

A minha oração

Querida Brígida, mãe e monja, intercessora da família e da Igreja, rogai a Deus pelos religiosos assim como pelas famílias. Pedi ao Senhor a conversão da Europa e dos pecadores do mundo inteiro. Amém!

Santa Brígida, rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 23 de julho:

  • A comemoração de Santo Ezequiel, profeta.
  • Em Classe, próximo de Ravena, na Flamínia, hoje na Emília-Romanha, região da Itália, a comemoração de Santo Apolinário, bispo. († c. s. II)
  • Em Bízia, cidade da Trácia, hoje Wiza, na Turquia, São Severo, mártir. († c. 304)
  • Em Marselha, na Provença da Gália, atualmente na França, São João Cassiano, presbítero, que fundou dois mosteiros. († c. 435)
  • Em Cimiez, também na Provença, São Valeriano, bispo, que passou do mosteiro de Lérins para o episcopado. († c. 460)
  • Em Orvieto, na Toscana, atualmente na Úmbria, região da Itália, a Beata Joana, virgem, das Irmãs da Penitência de São Domingos. († 1306)
  • Em San Sebastian, na Espanha, a beata Margarida Maria López de Maturana, virgem da Ordem das Mercês, fundadora do Instituto das Mercedárias Missionárias de Berriz. († 1934)
  • Em Manzanares, localidade de Castela a Nova, região da Espanha, os beatos Nicéforo de Jesus e Maria (Vicente Díez Tejerina), presbítero, e cinco companheiros, todos eles da Congregação da Paixão, mártires. († 1936)
  • Em Carabanchel Bajo, próximo de Madrid, também na Espanha, os beatos mártires Germano de Jesus e Maria (Manuel Pérez Giménez), presbíteros, e oito companheiros, religiosos da mesma Congregação da Paixão. († 1936)
  • Em Toledo, também na Espanha, os beatos mártires Pedro Ruiz de los Paños José Sala Picó, presbíteros do Instituto dos Sacerdotes Operários Diocesanos e mártires. († 1936)
  • Em Madrid, também na Espanha, os beatos Emílio Arce Díez e Vítoriano Fernández Reinoso, religiosos da Sociedade Salesiana e mártires. († 1936)
  • Em Barcelona, também na Espanha, os beatos Simão Reynés Solivellas e Miguel Pons Ramis, presbíteros; Francisco Mayol Oliver, e Paulo Noguera Trias religiosos, todos da Congregação dos Sagrados Corações e mártires. († 1936)
  • Em La Abarrassada, perto de Barcelona, também na Espanha, as beatas mártires Catarina do Carmo (Catarina Caldés Sócias) e Micaela do Sacramento (Micaela Rullán Ribot), virgens da Congregação das Franciscanas Filhas da Misericórdia, e Prudência Canellas Ginestá. († 1936)
  • Em Dachau, próximo de Munique, cidade da Baviera, na Alemanha, o Beato Cristino Gondek, presbítero da Ordem dos Frades Menores e mártir. († 1942)
  • Em Presov, na Eslováquia, o Beato Basílio Hopko, bispo auxiliar de Presov e mártir. († 1976)

Santa Maria Madalena, primeira testemunha da Ressurreição de Jesus

“Apóstola dos Apóstolos”

Deve-se a Santo Tomás de Aquino este título dado a Maria Madalena, cujo nome deriva de Magdala, onde nasceu, aldeia de pescadores situada às margens ocidentais do Lago de Tiberíades. Assim foi chamada pelo fato de ir até os apóstolos anunciar o Cristo ressuscitado, como a primeira a receber esta boa notícia.

Testemunho bíblico

O evangelista Lucas fala sobre ela no capítulo 8: “Jesus andava pelas cidades e aldeias anunciando a Boa Nova do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios”. Maria Madalena aparece ainda nos Evangelhos no momento mais terrível e dramático da vida de Jesus: quando o acompanha ao Calvário, com outras mulheres, e O contempla de longe.

Ela aparece também quando José de Arimateia depõe o corpo de Jesus no sepulcro, que fora fechado com uma pedra. Foi ela, depois do sábado, na manhã do primeiro dia da semana, quem voltou ao sepulcro e descobriu que a pedra havia sido removida e correu para avisar Pedro e João; eles, por sua vez, foram às pressas ao sepulcro e viram que o corpo do Senhor não estava mais lá.

Equívocos sobre sua identidade 

Segundo a exegese bíblica, a expressão “sete demônios” poderia indicar um gravíssimo mal físico ou moral, que havia acometido a mulher, do qual Jesus a curou. No entanto, a tradição, que perdura até hoje, diz que Maria Madalena era uma prostituta, porque, no capítulo 7 do Evangelho de Lucas, narra-se a história da conversão de uma anônima “pecadora da cidade, que ungia com perfume os pés de Jesus, convidado de um fariseu; após tê-los banhado com suas lágrimas, os enxugava com seus cabelos”.

Assim, sem nenhuma ligação textual, Maria de Magdala foi identificada com aquela prostituta anônima. Porém, há mais um equívoco, como explica o Cardeal Gianfranco Ravasi, biblista e teólogo: “A unção com óleo perfumado é um gesto feito também por Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro, em outra ocasião, como diz o evangelista João. Assim, Maria de Magdala foi identificada, por algumas tradições populares, com a Maria de Betânia”.

Encontro com o Ressuscitado

Enquanto os dois discípulos voltam para casa, Maria Madalena permanece diante do sepulcro, em lágrimas. Ali, tem início um novo percurso: da incredulidade passa, progressivamente, à fé. Ao olhar dentro do sepulcro, viu dois Anjos, aos quais perguntou para onde fora levado o corpo do Senhor. Depois, voltando para fora, viu Jesus, mas não O reconheceu, pensando que fosse o jardineiro; este lhe perguntou por que estava chorando e quem estava procurando.

E ela respondeu: “Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar”. Jesus, então, a chama por nome: “Maria!”. E ela, voltando-se, disse: “Rabôni!”, que, em hebraico, quer dizer “Mestre!”. E Jesus lhe confia uma missão: “Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. Então, Maria de Magdala foi imediatamente anunciar aos discípulos: “Vi o Senhor! E ouvi o que ele me disse” (cfr. Jo 20).

Madalena proclama a ressurreição de Jesus

Maria Madalena foi a primeira das mulheres que seguiram Jesus, e ao proclamá-Lo como Aquele que venceu a morte; foi a primeira apóstola a anunciar a alegre mensagem central da Páscoa. Quando o Filho de Deus entrou na história dos homens, esta mulher foi um daqueles que mais O amou e o demonstrou. Quando chegou a hora do Calvário, Maria Madalena estava aos pés da Cruz, junto com Maria Santíssima e São João. Ela não fugiu com medo, como os discípulos fizeram; não O negou por medo, como fez o primeiro Papa, São Pedro, mas sempre esteve presente, desde o momento da sua conversão até o Calvário e o Sepulcro.

Festa litúrgica de Maria Madalena

Por desejo do Papa Francisco, a Memória litúrgica de Maria Madalena passou a ser Festa, a partir do dia 22 de julho de 2016, para ressaltar a importância desta discípula fiel de Cristo, que demonstrou grande amor por Ele e Ele por ela.

A minha oração

Ó Santa da ressurreição, fazei-nos crer cada vez mais no Cristo vivo e agente nesse mundo. Ensina-nos a reconhecê-Lo e amá-Lo, servi-Lo e adorá-Lo, assim como Ele merece. Amém!

Santa Maria Madalena, rogai por nós!

Cimi lança Relatório de Violência contra povos indígenas no Brasil com dados de 2023 e retrato do primeiro ano do governo Lula

O lançamento ocorrerá no dia 22 de julho de forma presencial na sede da CNBB, em Brasília, com início às 14h30; o evento terá transmissão ao vivo pelas redes do Cimi

POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO CIMI

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lança na próxima segunda-feira (22), às 14h30, o Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2023. O evento de lançamento da publicação anual do Cimi ocorrerá na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no St. de Embaixadas Sul Quadra 801 Conjunto B – Asa Sul, em Brasília (DF), e será transmitido ao vivo pelo canal de youtube do Cimi.

O Relatório, organizado em três capítulos e 19 categorias de análise, apresenta um retrato das diversas violências e violações praticadas contra os povos indígenas em todo o país. Para a produção do documento foram sistematizados dados obtidos através de informações dos regionais do Cimi, de comunidades indígenas e de veículos de comunicação, além de fontes públicas oriundas da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e de secretarias estaduais de saúde.

O levantamento reúne dados sobre violações contra os direitos territoriais indígenas, como conflitos, invasões, danos e morosidade na regularização dos territórios; violências contra a pessoa, como assassinatos e ameaças; e violações por omissão do poder público, como desassistência nas áreas da saúde e da educação, mortalidade na infância e suicídios.

O ano de 2023 deu início ao terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de quatro anos de uma gestão abertamente anti-indígena e que anunciava que não demarcaria “um centímetro de terras indígenas”, havia grande expectativa em relação à política indigenista do novo governo, anunciada desde a campanha eleitoral como um tema central e simbolizada pela criação do inédito Ministério dos Povos Indígenas (MPI).

Apesar da promessa de mudanças profundas no novo ciclo e da importante decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgou inconstitucional a tese do marco temporal, houve poucos avanços nas demarcações e o ano foi marcado por um contexto de ataque aos direitos indígenas, especialmente por parte do Congresso Nacional, com a promulgação da Lei 14.701/2023.

Este cenário se refletiu na continuidade de altos índices de violência contra indígenas e na ocorrência de muitos conflitos e de invasões aos territórios tradicionais. O relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil – dados de 2023 apresenta um retrato deste período, com a sistematização de dados atualizados sobre assassinatos, suicídios, mortalidade na infância e a atualização da lista de terras e demandas territoriais dos povos indígenas com pendências administrativas para sua regularização.

“Os povos indígenas do sul ao norte vivenciaram, no decorrer de 2023, dois momentos: o primeiro, o da esperança e euforia pelo novo governo que anunciava compromisso e respeito aos seus direitos; e o segundo, o da frustração diante de uma realidade praticamente inalterada, quando se percebeu que as maquinações políticas prevaleceram”, apontam Lucia Helena Rangel e Roberto Antonio Liebgott, coordenadores da publicação, na introdução do relatório.

No lançamento, estarão presentes lideranças indígenas e representantes do Cimi e organizações parceiras da causa. Dentre eles, Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, presidente do Cimi e arcebispo de Manaus (AM); Luis Ventura, secretário executivo do Cimi; Lucia Helena Rangel e Roberto Antonio Liebgott, organizadores do relatório; Ana Carolina Mira Porto, cineasta e antropóloga; Nailton Muniz, Pataxó Hã-Hã-Hãe, cacique na Terra Indígena (TI) Caramuru – Catarina Paraguassu, no sudoeste da Bahia; e Vilma Vera, liderança Avá-Guarani do tekoha Y’Hovy, na TI Tekoha Guasu Guavirá, no oeste do Paraná.