Mais ou menos 20 representantes das igrejas locais do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil se reuniram na Maromba de Manaus, de 20 a 22 de setembro de 2024, para participar da Assembleia do Conselho Missionário Regional (COMIRE), que deu início com uma mística de abertura, a apresentação das atividades e uma escuta das igrejas locais, organismos, instituições e Pontifícias Obras Missionárias (POM).
Os participantes partilharam os ecos do Congresso Missionário Nacional, realizado em Manaus em novembro de 2023, refletindo sobre o tema da Campanha Missionária 2024, “Ide, convidai a todos para o banquete”. Igualmente, a assessora da Comissão Episcopal para Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Ir. Eliane Santana, apresentou o Programa Missionário Nacional.
Foi estudado o Regulamento do COMIRE e indicada a Equipe de Coordenação, que será apresentada à Presidência e os bispos do Regional Norte1 da CNBB para sua aprovação. Está formada por Helen Prestes, padre Gutemberg Gonçalves Pinto, Aparecida Severo da Silva, Jussara Goes Fonseca, Ângelo Prestes Marques, irmã Valéria Opreni. A assembleia foi encerrada com a Missa de envio.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
Na Panônia, no território da atual Hungria, São Gerardo Sagredo, bispo de Csanad e mártir, foi professor de São Emérico, príncipe adolescente, filho do rei Santo Estêvão. Morreu apedrejado no Danúbio, na revolta de alguns pagãos locais. O santo bispo une vários países europeus em sua vida, desde as suas origens até sua morte. Ele é Patrono da Hungria.
Raízes
Nasceu em Veneza, em um ano não especificado, por volta de 980, em 23 de abril. Em seu batismo foi dado o nome de Giorgio. De uma família da Dalmácia, segundo a tradição do século XVI, descendia da linhagem de Sagredo. Giorgio, aos cinco anos, foi acometido por uma febre forte e seus pais pediram a intercessão de São Giorgio. Uma vez curado e atingido uma idade adequada, ele entrou no mosteiro beneditino de São Giorgio Maior, na Isola Maggiore em Veneza. No mosteiro, em memória de seu pai recentemente falecido, ele assumiu o nome de Gerardo.
Peregrino
Depois de alguns anos, tornou-se prior do mosteiro. Mais tarde, São Gerardo Sagredo tornou-se abade, mas, depois de um tempo, desistiu de seu cargo porque queria sair para uma peregrinação a Belém na Palestina. Partindo com um navio, chegou a Zadar, de onde, em vez de seguir para a Terra Santa, partiu para a Hungria, onde se estabeleceu.
A condução de Deus, bispado
Foi-lhe dado o cargo de “magister” (professor) do príncipe Emeric, filho do rei Estevão I, primeiro rei da Hungria. Depois, retirou-se para Bakonybél, para viver como eremita. Um tempo depois, o rei Estêvão I o chamou de volta do eremitério e lhe confiou o bispado de Csanád. São Gerardo Sagredo participou ativamente da obra de evangelização do povo húngaro, fortemente desejada pelo rei Estêvão ‘o santo’, tanto que ganhou o título de apóstolo da Hungria.
Páscoa
Parece que ele escreveu várias obras com sua própria mão, mas, atualmente, apenas o “Comentário sobre Daniel” é conhecido. São Gerardo Sagredo morreu em 24 de setembro de 1046, no portão de Pest, na margem direita do Danúbio, pela mão de um grupo de pagãos, que o empurrou para baixo do monte Kelen. O monte levou seu nome, chamando monte Gerardo. Apóstolo da Hungria, a antiga Panônia, o santo bispo e mártir teve um culto oficial a partir de 1083 com a aprovação do Papa Gregório VII. Nos séculos seguintes houve uma vasta produção biográfica a seu respeito.
Minha oração
“Tu que se tornaste bispo pela vontade divina, ajudai-nos a reconhecer os caminhos de Deus em nossa vida e a ter a força de segui-los com toda a dedicação. Que nos tornemos apóstolos do Evangelho onde estivermos. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém!”
No discurso entregue à Pontifícia Academia das Ciências, Francisco expressa preocupação pelo forte impacto da humanidade na natureza e nos ecossistemas e nos convida a considerar os benefícios e as graves implicações negativas da Inteligência Artificial, que pode “moldar a opinião pública, influenciar as escolhas de consumo e interferir nos processos eleitorais”. O Pontífice recomenda considerar as “dimensões imutavelmente humanas e éticas de todo o progresso científico e tecnológico”.
Mariangela Jaguraba – Vatican News
“Todos nós estamos cada vez mais preocupados com o forte impacto da humanidade sobre a natureza e os ecossistemas.” É o que escreve o Papa Francisco no discurso entregue aos participantes da assembleia plenária da Pontifícia Academia das Ciências, nesta segunda-feira (23/09).
No texto, o Papa agradece ao presidente da Pontifícia Academia das Ciências, Joachim von Braun, e ao chanceler, cardeal Peter Turkson, e aos acadêmicos por terem escolhido os temas do Antropoceno e da Inteligência Artificial para estudo e debate na Assembleia Plenária deste ano.
Segundo Francisco, alguns membros desta Academia “foram os primeiros a identificar o impacto crescente das atividades humanas sobre a criação, estudando os riscos e problemas relacionados a ele. O Antropoceno está de fato revelando suas consequências cada vez mais dramáticas para a natureza e para os seres humanos, especialmente na crise climática e na perda de biodiversidade”.
O Papa agradece a Pontifícia Academia das Ciências por “continuar concentrar-se em questões como estas, com particular atenção às suas implicações para os pobres e marginalizados. As ciências, na sua busca de conhecimento e compreensão do mundo físico, nunca devem perder de vista a importância de utilizar esse conhecimento para servir e promover a dignidade das pessoas e da humanidade como um todo”.
“Como o mundo enfrenta sérios desafios sociais, políticos e ambientais, vemos claramente a urgência de um contexto mais amplo, em que o discurso público inclusivo não seja apenas informado por diferentes disciplinas científicas, mas também pela participação de todos os componentes sociais”, escreve Francisco, elogiando a intenção da Academia, em suas várias Conferências, de prestar atenção, em seus debates, às pessoas marginalizadas e pobres, incluindo os povos indígenas e sua sabedoria.
A propósito de Inteligência Artificial, o Papa recorda que ela pode ser benéfica para a humanidade, “ao promover inovações nos campos da medicina e da saúde, além de ajudar a proteger o ambiente natural e possibilitar o uso sustentável de recursos à luz das mudanças climáticas. Entretanto, como vemos, ela também pode ter sérias implicações negativas para a população, especialmente para crianças e adultos vulneráveis. Além disso, é necessário reconhecer e prevenir os riscos de usos manipuladores da Inteligência Artificial para moldar a opinião pública, influenciar as escolhas de consumo e interferir nos processos eleitorais”.
Segundo Francisco, “esses desafios nos lembram as dimensões imutavelmente humanas e éticas de todo o progresso científico e tecnológico”. O Papa reitera “a convicção da Igreja de que «a dignidade intrínseca de cada pessoa e a fraternidade que nos une como membros da única família humana devem estar na base do desenvolvimento das novas tecnologias […]. Os desenvolvimentos tecnológicos que não levam a uma melhoria da qualidade de vida de toda a humanidade, mas, pelo contrário, aumentam as desigualdades e os conflitos, nunca podem ser considerados um verdadeiro progresso»”.
“Neste sentido, o impacto das formas de Inteligência Artificial em cada população e na Comunidade internacional requer maior atenção e estudo. Apraz-me saber que a Pontifícia Academia das Ciências está trabalhando, por sua vez, para propor regras adequadas para prevenir riscos e promover benefícios neste campo complexo”, escreve ainda o Pontífice.
“Num momento em que as crises, as guerras e as ameaças à segurança mundial parecem prevalecer, as contribuições” da Pontifícia Academia das Ciências “para o progresso do conhecimento a serviço da família humana são ainda mais importantes para a causa da paz mundial e da cooperação internacional”, conclui o Papa.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua Presidência, publicou na sexta-feira, 20 de setembro, uma nota sobre os eventos climáticos extremos. No documento, a CNBB aponta que “a gravidade deste momento exige de todos coragem, sensatez e pronta correção de rumos”.
A nota chama a atenção para as alterações no clima que ultimamente tem mudado numa velocidade impressionante. A enchente no sul do país, uma das maiores secas em amplo território nacional e o aumento assustador de queimadas são sintomas desta mudança apontada pela Conferência.
“Aproximando-nos da festa de São Francisco de Assis, somos instados a reconhecer o momento crucial e decisivo para a proteção do equilíbrio ambiental e climático em todo planeta”, diz um trecho do documento.
Proteção dos Biomas
A nota afirma ainda que os povos e comunidades que mais demonstram habilidade e cuidado na proteção dos biomas são, paradoxalmente, os mais ameaçados e desconsiderados. A nota aponta a urgência dos poderes públicos adotarem intervenções rápidas, eficazes e estruturadas para enfrentar os eventos climáticos e garantir o cumprimento da legislação, fiscalização e punição dos culpados e investimento em prol de políticas ambientais que promovam os direitos de toda Criação.
A CNBB se solidariza com todas as vítimas de eventos climáticos extremos no país e conclama o povo brasileiro à corresponsabilidade, compromisso e o cuidado com a Casa Comum. Confira, abaixo, a íntegra da nota.
75 representantes dos diversos regionais da Conferência Nacional dos bispos do Brasil (CNBB), dentre eles a psicóloga Maria de Nazaré Souza Gomes Castro, que acompanha os seminaristas do Seminário Arquidiocesano São José, onde se formam os seminaristas do Regional Norte1, e o bispo de Parintins e membro da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, dom José Albuquerque de Araújo, participaram de 20 a 22 de setembro de 2024, do Encontro Nacional de atualização para psicólogos, realizado em Guarulhos (SP).
Realizado pela Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (OSIB Nacional), tem como tema “A Contribuição da Formação Humano-Afetiva para a dimensão pastoral dos futuros presbíteros”. Um encontro anual que, cada ano aborda uma das dimensões da formação, e que neste ano está centrado na dimensão pastoral do processo formativo.
O encontro tem sido assessorado pelo bispo de Santo Amaro (SP), dom José Negri, doutor em Psicologia, e pelo padre Henrique Batista, da diocese de Osasco (SP), também doutor em Psicologia. Segundo dom José Albuquerque de Araújo, ambos refletiram sobre a importância da formação humano-afetiva, de modo especial, a atuação e acompanhamento dos psicólogos e psicólogas nas diversas etapas”.
O bispo de Parintins considera o resultado muito proveitoso, destacando que “estamos, a partir deste ano, refletindo nesses encontros quais situações precisa melhorar nas nossas Diretrizes para a formação presbiteral no Brasil”, a partir do Documento 110 da CNBB. O bispo lembra que, a partir do ano que vem, essas Diretrizes vão ser revisadas, uma vez que o tempo ad experimentum do texto já foi ultrapassado.
Nessa perspectiva, buscando aprovar as Diretrizes, esses encontros servem para poder refletir sobre o acompanhamento dos psicólogos, procurando ouvir contribuições para a melhoria desse texto, afirmou dom José Albuquerque de Araújo.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
São Pio nasceu em 25 de maio de 1887, no seio de uma família de camponeses, em Pietrelcina, na arquidiocese de Benevento, filho de Grazio Forgione e Maria Giuseppa De Nunzio.
Ele foi batizado no dia seguinte com o nome de Francesco Forgione. Aos 12 anos, recebeu o sacramento da Confirmação e da Primeira Comunhão. Aos 16 anos, entrou para o Noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em Morcone, adotando o nome de Frei Pio.
Vida Sacerdotal
Em 1910, recebeu a ordenação sacerdotal. Seis anos depois, entrou para o Convento de Santa Maria das Graças, em San Giovanni Rotondo, onde dedicava muitas horas do dia ao sacramento da Confissão. O cume das suas atividades pastorais era a celebração da Santa Missa. Ele se definia “um pobre frade que reza”. “A oração – afirmava – é a melhor arma que temos, é a chave que abre o coração de Deus”.
Vocação
Padre Pio viveu em plenitude a vocação de contribuir para a redenção do homem, segundo a missão especial que caracterizou toda a sua vida e que realizou por meio da direção espiritual dos fiéis, pela reconciliação sacramental dos penitentes e pela celebração da Eucaristia. O momento mais alto de sua atividade apostólica foi aquele em que celebrou a Santa Missa. Os fiéis que dela participaram perceberam o ápice e a plenitude de sua espiritualidade.
Caridade
O amor de Deus o encheu, satisfazendo todas as suas expectativas; a caridade era o princípio inspirador de seus dias: Deus ser amado e ser amado. Sua preocupação particular: crescer e fazer crescer na caridade.
Ele expressou o máximo de sua caridade para com o próximo, ao acolher, por mais de 50 anos, muitas pessoas que acorreram ao seu ministério e ao seu confessionário, ao seu conselho e ao seu conforto. Era quase um cerco: procuravam-no na igreja, na sacristia, no convento. E ele se entregou a todos, vivificando a fé, distribuindo graça, trazendo luz. Mas sobretudo nos pobres, nos sofredores e nos doentes, ele viu a imagem de Cristo e se entregou especialmente por eles.
Ao nível da caridade social, trabalhou para aliviar a dor e a miséria de muitas famílias, principalmente com a fundação da “Casa Alívio do Sofrimento”, inaugurada em 5 de maio de 1956.
A Fé
Para Padre Pio, fé era vida: ele queria tudo e fazia tudo à luz da fé. Ele estava assiduamente engajado em oração. Passava o dia e a maior parte da noite conversando com Deus. A fé sempre o levou a aceitar a misteriosa vontade de Deus.
Ele sempre esteve imerso em realidades sobrenaturais. Não só era um homem de esperança e de total confiança em Deus, mas incutia estas virtudes em todos os que se aproximavam dele, com palavras e exemplo.
Confiança em Deus
A virtude da fortaleza brilhava nele. Logo compreendeu que seu caminho seria o da Cruz e o aceitou com coragem e por amor. Ele experimentou os sofrimentos da alma por muitos anos. Durante anos ele suportou as dores de suas feridas com admirável serenidade.
Quando teve que passar por investigações e restrições em seu serviço sacerdotal, aceitou tudo com profunda humildade e resignação. Diante de acusações e calúnias injustificadas, sempre se calou, confiando no julgamento de Deus, de seus superiores diretos e de sua própria consciência.
Páscoa
Sua saúde, desde a juventude, não foi muito próspera e, principalmente nos últimos anos de sua vida, declinou rapidamente. A Irmã Morte o pegou preparado e sereno em 23 de setembro de 1968, aos 81 anos. Seu funeral foi caracterizado por um concurso de pessoas completamente extraordinário.
Via de Santificação
Foi beatificado em 02 de maio de 1999. Em 16 de junho de 2002, foi proclamado Santo pelo Papa João Paulo II, que afirmou na sua homilia: “A vida e a missão do Padre Pio são um testemunho das dificuldades e dores, que, se aceitos por amor, se transformam em um caminho privilegiado de santidade, que se abre ainda mais rumo a perspectivas de um bem muito maior, aceitável somente pelo Senhor”. Na notificação da canonização de São Pio de Pietrelcina, apresenta a motivação de sua canonização:
“A Igreja, ao inscrever o Beato Pio de Pietrelcina no Registo dos Santos, oferece aos fiéis uma imagem viva da bondade do Pai, imitador apaixonado de Jesus Crucificado e instrumento dócil do Espírito Santo ao serviço dos fiéis enfermos em corpo e espírito.”
Seus restos mortais são venerados em San Giovanni Rotondo, no santuário dedicado a ele.
Minha oração
“Tu foste modelo de entrega de vida, mas, acima de tudo, modelo de sacerdote e vítima, rogai pelos padre do mundo todo. Socorrei os teus filhos espirituais e aqueles que querem juntar-se a eles. Dai a nós um ardente amor a Jesus, como tu tiveste. Amém!”
Maurício, Exupério, Cândido, Vitor, Inocêncio, Vital e outros eram oficiais e soldados do exército que foi encarregado, em 287, de reprimir a revolta dos Bagaudas (Bagauda vem da palavra céltica bagad, que significa multidão). Tratava-se, com efeito, de uma multidão de aldeões, pastores e escravos, que se revoltaram contra os seus senhores em certas partes da Gália, ameaçando a dominação romana.
A Ordem
Foi Maximiano Hércules quem recebeu ordens de Diocleciano para sufocar esta insurreição. Depois de atravessar os Alpes, interrompeu a marcha na Suíça, a fim de dar descanso de três dias às tropas. A guarda avançada acampou em Agaunum, a cerca de quinze milhas do Lago de Genebra. Era a esta guarda que pertenciam Maurício e os companheiros. Formavam um destacamento constituído inteiramente por cristãos, tirados, ao que parece, dos exércitos egípcios que guardavam habitualmente as fronteiras meridionais da Tebaida, daí o nome, que lhes deram, de Legião Tebana.
Páscoa
Antes de entrar em combate, Maximiano Hércules deu ordens para que todas as tropas se concentrassem em Octodure, a fim de sacrificarem aos deuses e prestarem juramento. Com a Legião Tebana, se recusou a tomar parte nessa cerimônia: “Somos seus soldados, mas também servos de Deus”, eles disseram.
Eles foram dizimados por ordem do comandante. Não tendo este castigo alterado as posições dos soldados, Maximiano mandou dizimá-los pela segunda vez. Os sobreviventes, porém, não deram mostras de se quererem acomodar aos desejos do comandante e, por isso, foram todos passados pelas armas.
Igreja e Relíquias
O campo ficou forrado de sangue e cadáveres. Naquele lugar e naquela época, foi erguida uma igreja em honra e culto a esses santos mártires do cristianismo, encontrada somente por volta do ano 1893. A maioria das relíquias dos corpos dos soldados cristãos da legião tebáica, atualmente, é venerada no Convento de São Maurício de Agaunum, na região do Valese, atual Suíça. Especialmente no dia 22 de setembro, determinado pelo calendário oficial da Igreja de Roma.
Minha oração
“Ao pelotão de soldados que deram testemunho da verdade e da verdadeira luta, sede auxílio no tempo de guerra e de combate da fé. Intercedei para que, se necessário, saibamos dar a nossa vida em favor de Cristo e da Igreja, fiel à vontade Divina. Amém!”
São Maurício e companheiros mártires, rogai por nós!
São Mateus era pecador, um cobrador de impostos, deixou tudo e seguiu Jesus, tornando-se um dos Doze Apóstolos. Os evangelistas Lucas e Marcos também o chamam de Levi, o nome dado pelo seus pais – ele mudou o nome como uma forma, típica da época, de indicar a mudança de vida. O nome Mateus, algumas vezes, foi citado nos Atos dos Apóstolos. O anúncio de Cristo foi a sua missão.
Mateus, o cobrador de impostos
São Mateus é identificado com o apelido de “publicano”, termo carregado de consequências negativas e socialmente relevantes. O desprezo pelos cobradores de impostos, no tempo de Jesus, estava muito enraizado: eram cobradores de impostos, e não se odeia alguém só porque trabalha no que hoje chamamos de finanças. Mas os judeus, na época, não pagavam impostos ao seu estado soberano e livre, mas aos ocupantes romanos; na prática, tratava-se de financiar aqueles que os oprimiam. E consideravam o cobrador de impostos um colaborador detestável. São Mateus faz esse trabalho em Cafarnaum da Galileia. Com seu banco ali, ao ar livre. Jesus o vê pouco depois de curar um paralítico. Ele o chama. Matheus se levanta de repente, deixa tudo e segue Jesus. A partir desse momento, os impostos, as finanças, os romanos deixam de existir. Deixa tudo por aquela palavra de Jesus: “Siga-me”.
Autor do Primeiro Evangelho
São Mateus é autor do primeiro Evangelho, escrito não em grego, mas em aramaico. Os destinatários do Evangelho de Mateus são os cristãos de origem judaica: no texto, ele coloca em realce o fato de que Jesus é o Messias, que cumpre as promessas do Antigo Testamento.
Evangelizador no Oriente Médio
Depois da morte e ressurreição de Jesus, os apóstolos espalharam-se pelo mundo; e Mateus foi para a Arábia e Pérsia para evangelizar aqueles povos. Porém, foi vítima de uma grande perseguição por parte dos sacerdotes locais, que mandaram arrancar-lhe os olhos e o encarceraram para, depois, ser sacrificado aos deuses. Mas Deus não o abandonou e mandou um anjo que curou seus olhos e o libertou. Mateus seguiu, então, para a Etiópia, onde, mais uma vez, foi perseguido por feiticeiros que se opunham à evangelização. Porém, o príncipe herdeiro morreu e Mateus foi chamado ao palácio. Por uma graça divina, fez o filho da rainha Candece ressuscitar, causando grande espanto e admiração entre os presentes. Com esse ato, Mateus conseguiu converter grande parte da população. Na época, a Igreja da Etiópia passou a ser uma das mais ativas e florescentes dos tempos apostólicos.
Páscoa
Segundo algumas fontes, Mateus teria morrido por causas naturais; no entanto, segundo algumas tradições, consideradas pouco críveis, a sua existência terminou na Etiópia.
Relíquias
As suas relíquias encontram-se na cripta da Catedral de Salerno. Ali, o Santo é festejado, em 21 de setembro, com uma solene procissão.
Padroeiro
São Mateus é considerado o santo padroeiro dos banqueiros, bancárias, alfandegários, da Guardia di Finanza (na Itália), cambistas, contadores, consultores tributários, contabilista e cobradores de dívidas. O documento papal, atestando o patrocínio reconhecido, é datado de 10 de abril de 1934 e é assinado pelo Cardeal Eugenio Pacelli, futuro Papa Pio XII. O Papa que acolheu o pedido do Comandante Geral e apoiado pelo Ordinário Militar da época foi Pio XI. O “Pontifício Breve”, ao declarar São Mateus Patrono da Guardia di Finanza, espera que todos os membros do Corpo possam, seguindo o seu exemplo, unir o fiel exercício do dever para com o Estado com o fiel seguimento de Cristo.
Minha oração
“Tu que conhecestes Jesus de modo tão profundo, e a partir disso soube relatar seus mistérios. Que o sentido da nossa vida seja conhecer o Cristo e testemunhá-lo, assim como tu fizeste. Que sejamos fiéis seguidores e adoradores do Senhor. Amém!”
São Mateus, apóstolo e evangelista, rogai por nós!
Nota do Dicastério para a Doutrina da Fé, aprovado pelo Papa Francisco, não se pronunciou sobre o caráter sobrenatural das aparições, mas deu um juízo positivo sobre o valor pastoral dos fatos
Da redação, com Vatican News
Imagem de Nossa Senhora Rainha da Paz, em Medjugorje /Foto: Denis Kapetanovic/PIXSELL/Sipa USA
“É chegado o momento de concluir uma longa e complexa história em torno dos fenômenos espirituais de Medjugorje. Trata-se de uma história em que se sucederam opiniões divergentes de bispos, teólogos, comissões e analistas”. Estas são as palavras iniciais de “A Rainha da Paz”, uma nota sobre a experiência espiritual ligada a Medjugorje, assinada pelo Cardeal Víctor Manuel Fernándeze por Monsenhor Armando Matteo, respectivamente prefeito e secretário da seção doutrinal do Dicastério para a Doutrina da Fé. O texto foi aprovado pelo Papa Francisco em 28 de agosto.
O Dicastério para a Doutrina da Fé reconhece a bondade dos frutos espirituais ligados à experiência de Medjugorje, autorizando os fiéis a aderir a ela – de acordo com as novas Normas para o discernimento desses fenômenos – uma vez que “foram verificados muitos frutos positivos e não se difundiram no Povo de Deus efeitos negativos ou arriscados”. Em geral, o juízo das mensagens também é positivo, embora com alguns esclarecimentos sobre algumas expressões. Também é enfatizado que “as conclusões desta nota não implicam um juízo acerca da vida moral dos presumidos videntes” e que, em todo caso, os dons espirituais “não exigem necessariamente a perfeição moral das pessoas envolvidas para poder agir”.
Frutos positivos
Os lugares ligados ao fenômeno de Medjugorje são visitados por peregrinos do mundo inteiro. “Os frutos positivos revelam-se sobretudo na promoção de uma sadia prática da vida de fé”, de acordo com a tradição da Igreja. Há “abundantes conversões” de pessoas que descobriram ou redescobriram a fé; o retorno à confissão e à comunhão sacramental, numerosas vocações, “muitas reconciliações entre cônjuges e a renovação da vida matrimonial e familiar”.
“É preciso mencionar – afirma a nota – que tais experiências acontecem sobretudo no contexto das peregrinações aos lugares dos eventos originários, mais do que durante os encontros com os ’videntes’ para presenciar as presumidas aparições”. Relatam-se também “numerosíssimas curas”. A paróquia da pequena localidade da Herzegovina é um lugar de adoração, oração, seminários, retiros espirituais, encontros de jovens e “parece que as pessoas vão a Medjugorje sobretudo para renovar a própria fé e não por causa de pedidos específicos”. Surgiram também obras de caridade que se ocupam de órfãos, dependentes químicos, deficientes e também há grupos de cristãos ortodoxos e de muçulmanos.
A mensagem da paz
A Nota do Dicastério prossegue examinando os aspectos centrais das mensagens, começando pelo da paz entendida não só como ausência de guerra, mas também em um sentido espiritual, familiar e social: o título mais original que Nossa Senhora atribui a si mesma é de fato “Rainha da Paz”. “Eu me apresentei aqui como Rainha da Paz para dizer a todos que a paz é necessária para a salvação do mundo. Somente em Deus se encontra a verdadeira alegria da qual deriva a verdadeira paz. Por isso, peço a conversão” (16.06.1983). É uma paz que é fruto da caridade vivida, que “implica também o amor por aqueles que não são católicos”. Um aspecto que se entende melhor “no contexto ecumênico e inter-religioso da Bósnia-Herzegovina, marcado por uma terrível guerra com fortes componentes religiosos”.
Deus no centro
O convite ao abandono confiante em Deus, que é amor, surge com frequência: “Podemos reconhecer um núcleo de mensagens nas quais Nossa Senhora não se põe a si mesma no centro, mas se mostra plenamente orientada para a nossa união com Deus”. Além disso, “a intercessão e a obra de Maria aparecem claramente submissas a Jesus Cristo, como autor da graça e da salvação em cada pessoa”. Maria intercede, mas é Cristo quem “nos dá a força, portanto, toda a sua obra materna consiste em motivar-nos a ir para Cristo”: “Ele vos dará força e a alegria neste tempo. Eu estou próxima de vós com a minha intercessão” (25.11.1993). Mais ainda, muitas mensagens convidam a reconhecer a importância de pedir a ajuda do Espírito Santo: “As pessoas erram quando se dirigem unicamente aos santos para pedir alguma coisa. O importante é rezar ao Espírito Santo para que desça sobre vós. Tendo-o, tem-se tudo” (21.10.1983).
Chamado à conversão
Nas mensagens aparece “um constante convite a abandonar um estilo de vida mundano e um excessivo apego aos bens terrenos, com frequentes convites à conversão, que torna possível a verdadeira paz no mundo”. A conversão parece ser o centro da mensagem de Medjugorje. Há também uma “insistente exortação a não subestimar a gravidade do mal e do pecado e a tomar muito a sério o chamado de Deus para lutar contra o mal e contra a influência de Satanás”, indicado como origem do ódio, da violência e da divisão. Também são fundamentais o papel da oração e do jejum, bem como a centralidade da Missa, a importância da comunhão fraterna e a busca do significado último da existência na vida eterna.
Esclarecimentos necessários
A segunda parte do documento destaca como “algumas poucas” mensagens se afastam do conteúdo listado até agora. E, portanto, “para evitar que este tesouro de Medjugorje seja comprometido, é necessário esclarecer algumas possíveis confusões que podem conduzir grupos minoritários a distorcer a preciosa proposta desta experiência espiritual”.
Se algumas mensagens forem lidas parcialmente, elas podem parecer “conexas a experiências humanas confusas, a expressões imprecisas do ponto de vista teológico ou a interesses não totalmente legítimos”, embora algum erro possa não ser “devido à má intenção, mas à percepção subjetiva do fenômeno”. Em alguns casos, “Nossa Senhora parece mostrar certa irritação porque não foram seguidas algumas de suas indicações; adverte assim sobre sinais ameaçadores e sobre a possibilidade de não aparecer mais”. Mas, na realidade, outras mensagens oferecem uma interpretação correta: “Aqueles que fazem predições catastróficas são falsos profetas. Eles dizem: ‘Em tal ano, em tal dia, acontecerá uma catástrofe’. Eu sempre disse que o castigo virá se o mundo não se converter. Por isso, convido todos à conversão” (15.12.1983).
Insistência nas mensagens
Depois, há mensagens para a paróquia nas quais Nossa Senhora parece desejar ter um controle sobre detalhes do caminho espiritual e pastoral, “dando assim a impressão de querer substituir-se aos organismos ordinários de participação”. Em outros momentos, insiste sobre a escuta e aceitação das mensagens, uma insistência provavelmente provinda “do amor e do generoso fervor dos presumidos videntes, que com boa vontade temiam que os chamados da Mãe à conversão e à paz fossem ignorados”. Esta insistência se torna ainda mais problemática quando as mensagens “se referem a pedidos de improvável origem sobrenatural, como quando Nossa Senhora dá ordens sobre datas, lugares, aspectos práticos e toma decisões sobre questões ordinárias”. Na verdade, é a própria Nossa Senhora que convida a relativizar as próprias mensagens, submetendo-as ao valor inigualável da Palavra revelada nas Sagradas Escrituras: “Não busqueis coisas extraordinárias, mas antes tomai o Evangelho, lede-o e tudo vos será claro” (12.11.1982); “Por que fazeis tantas perguntas? Toda resposta está no Evangelho” (19.09.1981). “Não acrediteis nas vozes mentirosas que vos falam de coisas falsas, de uma falsa luz. Vós, filhos meus, tornai à Escritura!” (02.02.2018).
Resumo do Evangelho
A nota indica como problemáticas aquelas mensagens que atribuem a Nossa Senhora as expressões “o meu plano”, “o meu projeto”, expressões que “poderiam confundir. Na verdade, tudo quanto Maria realiza é sempre a serviço do projeto do Senhor e do seu plano divino de salvação”. Assim como não se deve erroneamente “atribuir a Maria um lugar que é único e exclusivo do Filho de Deus feito homem”. Por sua vez, o Dicastério para a Doutrina da Fé sublinha uma mensagem que pode ser considerada como uma síntese da proposta do Evangelho através de Medjugorje: “Desejo aproximar-vos sempre mais a Jesus e ao seu Coração ferido” (25.11.1991).
Culto público autorizado
“Ainda que isto não implique uma declaração do caráter sobrenatural” e recordando que os fiéis não são obrigados a crer nele, o nihil obstat – emitido pelo bispo de Mostar-Duvno em acordo com a Santa Sé – indica que eles “podem receber um estímulo positivo para sua vida cristã através desta proposta espiritual e autoriza o culto público”.
A nota também especifica que “a avaliação positiva da maior parte das mensagens de Medjugorje como textos edificantes não implica declarar que tenham uma direta origem sobrenatural”. E mesmo se possam subsistir – como é sabido – pareceres diversos “sobre a autenticidade de alguns fatos ou sobre alguns aspectos desta experiência espiritual, as autoridades eclesiásticas dos lugares onde ela esteja presente são convidadas a apreciar o valor pastoral e a promover a difusão desta proposta espiritual”. Permanece inalterado o poder de cada bispo diocesano de tomar decisões prudenciais no caso de haver pessoas ou grupos que “utilizando inadequadamente este fenômeno espiritual, atuem de modo errado”.
Por fim, o Dicastério convida aqueles que vão a Medjugorje “a aceitar que as peregrinações não são feitas para encontrar-se com os presumidos videntes, mas para ter um encontro com Maria, Rainha da Paz”.
O prefeito da Doutrina da Fé apresenta na Sala de Imprensa Vaticana o documento “A Rainha da Paz” sobre a experiência espiritual no vilarejo bósnio: devoção respeitada por três Papas. O importante é o aspecto pastoral, não as avaliações sobre a sobrenaturalidade. Para o Papa, o nihil obstat é suficiente, não é necessário ir além. Sobre as mensagens: “As acolhemos como textos edificantes”. Não se vai em peregrinação para encontrar os videntes.
Das mensagens a serem acolhidas “como textos edificantes” que podem estimular uma “bela experiência espiritual”, ainda que não haja “certeza de que sejam da Virgem Maria”, ao “grande respeito” mostrado pelos últimos três Papas em relação à “devoção difundida” de Medjugorje. Das inúmeras obras de caridade surgidas em torno dessa experiência espiritual, das muitas conversões, confissões, frutos de bondade, aos “problemas” causados por “imperfeições humanas” e até às controvérsias internas (há até quem tenha chegado a definir o fenômeno como “demoníaco”).
Foi uma intervenção longa e de amplo alcance, tocando em história, atualidade e até algumas experiências pessoais, aquela que o cardeal Victor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, expôs em uma Sala de Imprensa Vaticana lotada para a conferência de apresentação da Nota “A Rainha da Paz”. Nota cuja trajetória o cardeal argentino relembrou, enumerando luzes e sombras de uma história que envolve a espiritualidade de milhões de fiéis e através da qual, como disse, “Deus, em seus desígnios misteriosos, mesmo em meio às imperfeições humanas, encontrou uma maneira de fazer fluir um rio de bondade e beleza”.
O documento do Dicastério para a Doutrina da Fé aprovado por Francisco não se pronuncia sobre a sobrenaturalidade, mas reconhece os abundantes frutos espirituais ligados à …
Problemas e obstáculos
O purpurado não deixou de mencionar os “problemas” importantes que “em uma pequena porcentagem (5 ou 6 dioceses)” no mundo ocorreram e que impedem de “falar de efeitos apenas positivos” em Medjugorje. Ele apontou como “o ponto mais obscuro e triste” o longo “conflito” entre os franciscanos rebeldes e os bispos e, com grande clareza, também mencionou o caso controverso do padre Tomislav Vlasic, famoso por ser considerado “pai espiritual” dos seis videntes e depois, em 2009, reduzido ao estado laical por vários crimes.
O olhar de três Papas
O cardeal abordou o fenômeno de Medjugorje sob a perspectiva dos últimos três Papas: João Paulo II que, como revelam cartas privadas, manifestou o “intenso desejo” de visitar aquele local, Bento XVI que, como prefeito da então Congregação para a Doutrina da Fé, em 1985, expressou um “pensamento claro” sobre a separação da possível “sobrenaturalidade” do fenômeno de seus frutos espirituais. Por fim, Francisco, que no voo de retorno de Fátima em 2017, ao falar sobre o “relatório muito bom” da Comissão Ruini, afirmou que “o núcleo” é “o fato espiritual, o fato pastoral, pessoas que vão lá e se convertem, pessoas que encontram Deus, que mudam de vida… Não há uma varinha mágica, esse fato espiritual-pastoral não pode ser negado”.
“O que sobressai nos Pontífices – destacou Fernández – é uma atitude de grande respeito diante de uma devoção tão difundida no povo de Deus”, que se traduz em “uma análise do fenômeno espiritual positivo” e não “em uma conclusão sobre a origem sobrenatural ou não do fenômeno”. De fato, o Papa Francisco, revelou o cardeal, em um recente encontro entre eles, reiterou que é “absolutamente suficiente” o nihil obstat e que “não há necessidade de ir além com uma declaração de sobrenaturalidade”. Ou seja, é suficiente “dizer aos fiéis: bem, vocês podem rezar, o culto é público, podem ser feitas peregrinações e essas mensagens podem ser lidas sem perigo”.
Comissões de Estudo e pronunciamentos dos bispos: publicamos um amplo trecho da apresentação de monsenhor Armando Matteo, secretário do Dicastério para a Doutrina da Fé, que …
As mensagens da “Gospa”
Sobre as mensagens da “Gospa”, o cardeal prefeito explicou que a maioria delas tem um “belo conteúdo” que pode “estimular” a conversão; muitas retomam palavras mais próximas à linguagem popular; algumas, porém, contêm “frases que não são exatamente de Santo Tomás de Aquino”. No entanto, Fernández esclareceu que, “quando há experiências espirituais de diferentes tipos, não há um ditado”, “a pessoa percebe um conteúdo e faz o esforço de lembrá-lo e expressá-lo da melhor forma possível”. Portanto, essas mensagens não devem ser lidas como “um texto magisterial”, mas deve-se captar “o pensamento profundo” por trás de algumas “imperfeições nas palavras”.
A proposta da paz
“Nós – acrescentou o prefeito da Doutrina da Fé – agora acolhemos essas mensagens não como revelações privadas, porque não temos certeza de que sejam mensagens da Virgem Maria, mas as acolhemos apenas como textos edificantes que podem estimular uma verdadeira e bela experiência espiritual”. As mensagens, recomendou Fernández, “devem ser avaliadas em seu conjunto”. Porque é apenas na visão geral que surgem “as grandes exortações”. Por exemplo, a da paz, “a grande proposta de Medjugorje”. “A mensagem de paz implica amar até mesmo aqueles que não são católicos. E isso é compreendido no contexto ecumênico e inter-religioso da Bósnia-Herzegovina”, dilacerada por uma guerra alimentada também por motivações religiosas. “Olhem para a história que se repete hoje com a Ucrânia”, observou o cardeal.
Os riscos
É claro que há “pontos fracos” nessas mensagens, começando pela “frequência” ou insistência na necessidade de ouvi-las: “‘Ouçam minhas mensagens’, ‘acolham minhas mensagens’. Às vezes cansa um pouco… A Virgem Maria fala de seus planos de salvação – ‘meus planos’ – que devem ser acolhidos, como se fossem diferentes dos de Deus. Isso confunde, cria o perigo de uma dependência excessiva das aparições e das mensagens”.
Mensagens futuras
Tanto em sua intervenção quanto nas perguntas dos jornalistas, o cardeal Fernández também abordou a questão das futuras mensagens, “se houver”: “Se houver, deverão ser avaliadas e aprovadas para eventual publicação, e enquanto não forem analisadas, recomenda-se que os fiéis não as considerem como textos edificantes”. É sempre necessário “prudência”, com a consciência de que Nossa Senhora “não ordena que algo seja comunicado necessariamente ou imediatamente; não nos usa como marionetes ou instrumentos mortos, sempre deixa espaço para nosso discernimento”. Não é, portanto, uma “Virgem carteiro”, enfatizou o prefeito do ex-Santo Ofício, recordando as palavras do Papa Francisco.
O nada obsta para Medjugorje foi possível graças ao reconhecimento dos frutos positivos da experiência espiritual vivida naquele lugar e à abordagem pastoral do Papa.
A devoção no povo
O chefe do Dicastério também quis destacar a difusão mundial da devoção à Rainha da Paz, com “tantos grupos de oração e devoção mariana”, e as obras de caridade para órfãos, dependentes químicos, alcoólatras e deficientes. “Um fenômeno popular” que não se baseia em mensagens ou discussões sobre a origem sobrenatural: “O que atrai é a Rainha da Paz e a presença de sua imagem nos lugares mais diversos”.
A imagem da Virgem em cada país
O próprio Fernández confidenciou ter encontrado a imagem de Nossa Senhora até nos menores vilarejos rurais. Até na Argentina, contou, quando, como pároco, propôs aos fiéis de diferentes bairros construir capelinhas com uma imagem mariana, “a primeira que me propuseram foi a da Rainha da Paz. Apenas uma freira disse: ‘Mas é autorizada?’. E o bispo respondeu: ‘Mas que mal pode fazer essa imagem?'”.
Relação com os videntes “não aconselhável”
Quanto à relação com os videntes, o cardeal explicou que “não é proibida, mas também não aconselhável”, até mesmo para eles. “O espírito de Medjugorje não é seguir os videntes, mas rezar à Rainha da Paz”. Fernández relatou que não teve contato com eles nesse período, mas enviou uma pequena carta “com alguns conselhos ou palavras”, destinada a permanecer confidencial.
As intervenções dos outros palestrantes
À mesa dos palestrantes, juntamente com Fernández, estavam também monsenhor Armando Matteo, secretário do Dicastério para a Doutrina da Fé, e o diretor editorial dos meios de comunicação vaticanos, Andrea Tornielli. Monsenhor Matteo destacou que a Nota de hoje é o “fruto” de um “amplo trabalho de discernimento” iniciado em maio com a publicação das Normas sobre os fenômenos sobrenaturais. Trabalho que envolveu decisões sobre casos na Itália, Espanha, Índia, Holanda e em outros lugares.
Por sua vez, Tornielli, recorrendo também a uma experiência pessoal de peregrinação, destacou alguns “dados estatísticos interessantes”, como o número de Comunhões distribuídas na paróquia e nos locais ligados à aparição: mais de 47 milhões (47.413.740, para ser exato), de 1985 a 2024; ou o número de sacerdotes que concelebraram em Medjugorje de dezembro de 1986 a junho de 2024: 1.060.799. Números altos, como os dos fiéis que, todos os anos, lotam o vilarejo bósnio, atraídos pela Adoração Eucarística, meditação e confissão, o sacramento mais praticado em Medjugorje