Francisco: “Testemunhar que é possível caminhar juntos na diversidade, sem condenar uns aos outros”

Após três anos à escuta do Povo de Deus e à escuta do Espírito Santo para compreender melhor como ser uma “Igreja sinodal”, o Papa Francisco se dirigiu aos participantes da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidad e à Igreja toda para reconhecer que “ao convocar a Igreja de Deus em Sínodo, eu estava ciente de que precisava de vocês, Bispos e testemunhas do caminho sinodal”.

O bispo de Roma precisa praticar a escuta

Ele disse que também o bispo de Roma, “precisa praticar a escuta, na verdade quer praticar a escuta, para poder responder à Palavra que se repete a ele todos os dias: Confirmai vossos irmãos e irmãs… Pastoreie minhas ovelhas”. Francisco afirmou que sua tarefa, “é salvaguardar e promover – como nos ensina São Basílio – a harmonia que o Espírito continua a difundir na Igreja de Deus, nas relações entre as Igrejas, apesar de todas as lutas, tensões e divisões que marcam seu caminho rumo à plena manifestação do Reino de Deus”.

“Todos, na esperança de que não falte ninguém. Todos, todos! Ninguém de fora, todos”, sublinhou, colocando como palavra-chave a harmonia, que foi o que o Espírito faz a manhã de Pentecostes, “harmonizar todas essas diferenças, todas essas línguas…”, uma dinâmica que ele vê presente no Concílio Vaticano II. Francisco insistiu em que a graça de Deus, “por meio de seu Espírito, sussurra palavras de amor no coração de cada um. É-nos dado amplificar a voz desse sussurro, sem obstruí-la; abrir portas, sem erguer muros”. Nesse ponto, o Papa denunciou ‘como fazem mal as mulheres e os homens da Igreja quando erguem muros, como fazem mal!”.

A rigidez é um pecado

Insistindo no todos, o Papa disse que “não devemos nos comportar como ‘distribuidores da Graça’ que se apropriam do tesouro amarrando suas mãos ao Deus misericordioso”, lembrando o perdão pedido no início da Assembleia Sinodal “sentindo vergonha, reconhecendo que somos todos misericordiosos”. Ele citou o poema de Madeleine Delbrêl, a mística das periferias, que exortava: “Acima de tudo, não sejam rígidos”, afirmando que “a rigidez é um pecado, é um pecado que às vezes atinge clérigos, homens e mulheres consagrados”. Os versos que ele leu “podem se tornar a música de fundo com a qual daremos as boas-vindas ao Documento Final. E agora, à luz do que emergiu do caminho sinodal, há e haverá decisões a serem tomadas”.

Neste tempo de guerras, ele chamou a “ser testemunhas da paz, aprendendo também a dar forma real à convivência das diferenças”. Isso levou o Papa a dizer que não pretende publicar uma “exortação apostólica, o que aprovamos é suficiente. No Documento já há indicações muito concretas que podem ser um guia para a missão das Igrejas, nos diferentes continentes, nos diferentes contextos: por isso estou colocando-o à disposição de todos agora, por isso disse que deveria ser publicado. Quero, dessa forma, reconhecer o valor do caminho sinodal concluído, que, por meio deste Documento, entrego ao santo povo fiel de Deus”.

Ouvir, reunir, discernir, decidir e avaliar

Ele chamou os aos dez “Grupos de Estudo”, a trabalhar com liberdade, “para me oferecer propostas, há necessidade de tempo, a fim de chegar a escolhas que envolvam toda a Igreja”, mostrando seu desejo de “ouvir os Bispos e as Igrejas a eles confiadas”. Algo que segundo ele, “não é a maneira clássica de adiar infinitamente as decisões. É o que corresponde ao estilo sinodal com o qual o ministério petrino também deve ser exercido: ouvir, reunir, discernir, decidir e avaliar. E, nessas etapas, são necessárias pausas, silêncios e orações. É um estilo que estamos aprendendo juntos, um pouco de cada vez. O Espírito Santo nos chama e nos apoia nesse aprendizado, que devemos entender como um processo de conversão”, confiando na ajuda da Secretaria Geral do Sínodo e todos os Dicastérios da Cúria.

“O Documento é um presente para todo o povo fiel de Deus, na variedade de suas expressões. É óbvio que nem todos o lerão: serão sobretudo os senhores, juntamente com muitos outros, que tornarão acessível o que ele contém nas Igrejas locais. O texto, sem o testemunho da experiência, perderia muito de seu valor”, disse Francisco.

 Escuta, diálogo e reconciliação para alcançar a paz

Ele chamou a “testemunhar que é possível caminhar juntos na diversidade, sem condenar uns aos outros”. Junto com isso, o Papa, lembrando que “viemos de todas as partes do mundo, marcadas pela violência, pobreza e indiferença”, ele fez ver que “juntos, com a esperança que não decepciona, unidos no amor de Deus espalhado em nossos corações, podemos não apenas sonhar com a paz, mas nos comprometer com todas as nossas forças para que, talvez sem falar tanto em sinodalidade, a paz seja alcançada por meio de processos de escuta, diálogo e reconciliação. A igreja sinodal para a missão agora precisa que as palavras compartilhadas sejam acompanhadas de ações. E este é o caminho”.

“Tudo isso é um dom do Espírito Santo: é Ele quem cria a harmonia, é Ele quem é a harmonia”, ressaltou, fazendo um convite a ler o tratado de São Basílio sobre o Espírito Santo, onde aparece como harmonia. Daí, o Papa pediu “que a harmonia continue mesmo quando sairmos desta sala, e que o Sopro do Ressuscitado nos ajude a compartilhar os dons que recebemos”. Antes de agradecer, o Papa lembrou as palavras de Madeleine Delbrêl: “há lugares onde o Espírito sopra, mas há um Espírito que sopra em todos os lugares”.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Sínodo: “Caminhamos juntos e sabemos que continuaremos a caminhar juntos”

A Assembleia Sinodal do Sínodo da Sinodalidade terminou, só falta a missa de encerramento neste domingo na Basílica de São Pedro. Uma vez concluídos os trabalhos, alguns dos que podem ser considerados os principais atores do atual processo sinodal se fizeram presentes em coletiva de imprensa: o Secretário Geral da Secretaria do Sínodo, Cardeal Mario Grech, o Relator Geral, Cardeal Jean-Claude Hollerich, S.I., uma das presidentas delegadas, Ir. María de los Dolores Palencia, e os secretários especiais, Padre Giacomo Costa e Mons. Riccardo Battocchio.

Início da fase de implementação

Um encontro com os jornalistas que começou com o agradecimento do prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, por tantos dias de trabalho, insistindo que o Sínodo continua, que já está na fase de implementação, como o Papa havia indicado alguns minutos antes, momento em que também disse que não publicaria uma exortação pós-sinodal, mas que seguiria um documento que, nas palavras de Rufffini, é fruto de um imenso trabalho.

Em resposta às perguntas dos jornalistas, o Cardeal Grech afirmou que o papel de guiar a Igreja é do pastor, algo compartilhado com os padres e os leigos. O secretário do Sínodo lembrou a existência de comunidades na Europa onde a presença do sacerdote é muito limitada, de modo que já é uma experiência que as comunidades sejam lideradas por leigos, enfatizando que não é uma resolução da assembleia sinodal, que aprecia esses ministérios e espera continuar a reconhecer esses dons.

Com relação à não publicação de uma exortação, ele disse que isso não significa que não haverá momentos em que o Papa falará diretamente sobre questões discutidas e propostas na assembleia. Isso se junta ao fato de que a sinodalidade é algo que toca a todos. É algo previsto na Episcopalis Communio, lembrou Battochio, que falou que o texto dá orientações em algumas situações.

Sobre a questão da ordenação de diaconisas, que foi muito discutida na imprensa, o Cardeal Hollerich, considerando o assunto muito delicado, insistiu que o Papa aceitou todo o documento, que diz que essa questão continuará a ser estudada, enfatizando o papel das mulheres ao longo da história e que a comissão para o diaconato feminino continuará a estudar uma questão que ainda está em aberto.

Os 10 grupos de estudo não significa adiar decisões

Com relação aos 10 grupos de estudo que foram criados, Battochio falou sobre a participação de não clérigos na formação nos seminários. Giacomo Costa destacou as fortes conexões entre os grupos de estudo, enfatizando que, em alguns tópicos, o Papa quer ouvir o maior número possível de bispos. Continuar o trabalho desses grupos não significa deixar as coisas de lado ou adiar decisões, enfatizou o jesuíta. Há muitas questões a serem tratadas nesses grupos, disse Hollerich, grupos chamados pelo Papa para trabalhar sinodalmente, de acordo com Grech, que insistiu que não há bispos sem pessoas, um bispo tem que ouvir e levar a voz de seu povo à conferência episcopal. Esses são grupos para os quais os membros do Sínodo puderam fazer contribuições, disse Maria Dolores Palencia, por meio de um diálogo sinodal com possíveis contribuições que permitirão ao Papa ter uma visão mais ampla e completa.

O documento é importante, mas muito mais importante é assumir esse estilo sinodal nas igrejas locais, como uma chave para orientar outras questões, segundo Grech. Não se pode esquecer a diversidade de contextos e culturas e que esta não é uma reunião política para alcançar a maioria, mas um discernimento em conjunto, movido por um clima de alegria, o que o levou a dizer que “caminhamos juntos e sabemos que continuaremos caminhando juntos”, sendo o desafio agora compartilhar essa experiência para ser uma verdadeira igreja sinodal em missão. Foi uma experiência que nos permitiu ampliar o nosso olhar, disse Battochio, que enfatizou o fato de devolver às igrejas, por meio do documento, as experiências vividas e os pontos que podem ser fermento, que podem parecer menores, mas que podem fazer crescer essa dimensão missionária, por meio do testemunho de uma nova realidade de encontro.

Abrir-se para o outro

A assembleia nos ajudou a perceber que não podemos nos fechar em nossas próprias realidades, que não podemos construir muros, disse Giacomo Costa. Algo que se concretiza, por exemplo, no caso dos migrantes, uma realidade que aparece no Documento Final. Sobre esse ponto, Dolores Palencia lembrou que a assembleia refletiu sobre a importância das redes que estão sendo tecidas entre as igrejas e entre as conferências episcopais, nesse campo, porque a migração está transcendendo todas as fronteiras, é algo que exige profundo respeito, diálogo inter-religioso, abertura para uma nova visão.

A estrutura do Sínodo dos Bispos é algo que transcende a Assembleia Sinodal, disse Grech, lembrando que este Sínodo envolveu todos os batizados desde 2021, um aspecto abordado pelo Papa em seu discurso de abertura, onde ele pediu para superar o agora é a nossa vez e desafiou a fazer uma sinfonia a serviço da misericórdia de Deus de acordo com os diferentes ministérios e carismas.

Ministerialidade para reconhecer os carismas

Com relação à ministerialidade, Batocchio disse que não se trata de substituir a falta de ministros ordenados, mas de reconhecer os carismas de cada um e torná-los disponíveis a todos, partindo de contextos concretos que levam a novas figuras ministeriais. Para Hollerich, trata-se de analisar como a comunidade pode viver a fé em conjunto, sabendo que há coisas que podem ser feitas pelos leigos, ser mais criativos.

“Não podemos esperar que tudo tenha sido definido de forma clara e definitiva, há questões que precisam ser mais aprofundadas“, disse Grech. O secretário do Sínodo agradeceu aos jornalistas, “porque vocês também nos ajudam a proclamar o Evangelho”, ajudando a traduzir a linguagem para que as pessoas possam entendê-la, reconhecendo que “chegamos até aqui também com a ajuda de todos vocês”.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Documento final: Na Igreja Sinodal, “a missão envolve todos os batizados”

Depois de quase um mês de intenso trabalho, além de um longo processo de três anos, em que se avançou, às vezes com dificuldade e risco, o documento reconhece a resistência, foi publicado o Documento Final da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, “um tempo para contemplar o Ressuscitado e ver as feridas do mundo”. Um texto fundamental, dado que o Papa anunciou que não terá exortação pós-sinodal.

Todo o povo de Deus é sujeito do anúncio do Evangelho.

Um documento que dá um novo passo na vida da Igreja, a partir de “um retorno à fonte”, como diz o texto em suas primeiras palavras, depois de muitos passos dados por muitas pessoas, porque “todo o povo de Deus é sujeito do anúncio do Evangelho“. Em um processo sinodal que vai além da Assembleia Sinodal, um exemplo disso são os 10 grupos de estudo que foram criados e a insistência em que a fase de implementação está começando agora, chamando os participantes a “serem missionários da sinodalidade”. Para isso, “o Espírito Santo nos impulsiona a avançar juntos no caminho da conversão pastoral e missionária, que implica uma profunda transformação das mentalidades, das atitudes e das estruturas eclesiais”.

O povo de Deus no coração da sinodalidade

O texto tem como ponto de partida o coração da sinodalidade, o Povo de Deus, que caminha em comunhão dos fiéis, das Igrejas, dos bispos, no fundamento do ministério petrino e nos pobres. É a partir desse coração da sinodalidade que o Espírito Santo nos chama à conversão, atitude decisiva para sermos cristãos, para sermos discípulos. Todo o caminho sinodal “se desenvolveu à luz do magistério do Concílio” e “está colocando em prática o que o Concílio ensinou sobre a Igreja como Mistério e Povo de Deus”. A sinodalidade está enraizada nos sacramentos da Iniciação Cristã, não é um fim em si mesma, ela aponta para a missão e a impulsiona, o que tem a ver com o estilo, as estruturas, os processos e os eventos sinodais, o que leva à reflexão sobre a autoridade dos pastores.

Na sinodalidade, a unidade leva à harmonia, sabendo que os processos nem sempre são respeitados, à unidade dos carismas e ministérios, das Igrejas locais e seu patrimônio, dos povos, línguas, ritos, disciplinas, heranças teológicas e espirituais, vocações, carismas e ministérios a serviço do bem comum. Todos os contextos, culturas, diversidades e relacionamentos são valorizados como “a chave para crescer como uma Igreja sinodal missionária e caminhar sob o impulso do Espírito Santo em direção à unidade visível dos cristãos”, para se abrir a novas perspectivas. Pois “a sinodalidade é, acima de tudo, uma disposição espiritual que permeia a vida cotidiana dos batizados e todos os aspectos da missão da Igreja”. Isso significa fazer da sinodalidade uma profecia social na prática dos relacionamentos.

A conversão de relacionamentos

A conversão é abordada em três dimensões, seguindo o esboço do Instrumentum Laboris: conversão de relacionamentos, de processos e de vínculos. Novas relações, evitando exclusões, assumindo as atitudes de Jesus, em um bom entendimento entre homens e mulheres, reconhecendo as riquezas de cada contexto, buscando a paz e a superação de todo tipo de mal por meio da prática do perdão e da escuta e do acolhimento dos marginalizados e excluídos. As relações entre carismas, vocações e ministérios em vista da missão e da unidade, dada a participação comum no mesmo Batismo, que confere a todos “igual dignidade no Povo de Deus”, recordando os obstáculos encontrados pelas mulheres “para obter um reconhecimento mais pleno de seus carismas, de sua vocação e de seu lugar nos diversos âmbitos da vida da Igreja”. Isso também se aplica às crianças e aos jovens, que têm uma contribuição a dar para a renovação sinodal da Igreja.

Para esse fim, deve-se promover a corresponsabilidade na missão de todos os batizados. O papel dos esposos, da vida consagrada e da teologia é mencionado, sublinhando que “a missão envolve todos os batizados“. O texto faz referência ao ministério ordenado, “a serviço do anúncio do Evangelho e da edificação da comunidade eclesial”, aos bispos, princípio visível de unidade e vínculo de comunhão com todas as Igrejas, em um serviço na, com e para a comunidade. Junto com eles, os sacerdotes e os diáconos, chamados a colaborar e a estar juntos em resposta às necessidades da comunidade e da missão, favorecendo a escuta e a participação dos leigos.

A conversão de processos

A conversão dos processos baseia-se no discernimento, na prestação de contas e na avaliação do resultado das decisões. Tudo isso em vista de sustentar e orientar a missão da Igreja, sabendo que “o discernimento eclesial não é uma técnica organizacional, mas uma prática espiritual a ser vivida na fé”, que parte da escuta da Palavra de Deus e se desenvolve por etapas, em um contexto concreto, e a partir de vários enfoques e metodologias, sendo necessária uma articulação desses processos decisórios, em uma corresponsabilidade diferenciada, que os leve a ser frutíferos e a contribuir “para o progresso do Povo de Deus em uma perspectiva participativa”.

A partir daí, fala-se em transparência, a fim de gerar confiança e credibilidade; responsabilidade, nas ações e decisões; e avaliação dos resultados da missão. Para isso, são criados vários instrumentos e mecanismos, diferentes órgãos participativos, que garantem a adoção de uma metodologia de trabalho sinodal, favorecendo “um maior envolvimento de mulheres, jovens e pessoas que vivem em condições de pobreza ou marginalização“.

A conversão de vínculos

Sobre a conversão dos vínculos, o ponto de partida é que “a Igreja não pode ser entendida sem estar enraizada em um território, espaço e tempo específicos”, sem ignorar a nova realidade social marcada pelo contexto urbano, pela mobilidade humana, pela cultura digital, alertando que “as redes sociais podem ser usadas para interesses econômicos e políticos que, manipulando as pessoas, difundem ideologias e geram polarizações agressivas“, o que “exige que dediquemos recursos aos encontros digitais”. Também reflete sobre o significado e a dimensão da Igreja local, vista como uma casa, acolhedora e inclusiva, e as articulações que dela fazem parte, como a paróquia e outras instituições e organizações.

A Igreja é proposta “como uma rede de relações através da qual circula e promove a profecia da cultura do encontro, da justiça social, da inclusão dos grupos marginalizados, da fraternidade entre os povos, do cuidado com a casa comum”, o que requer a partilha dos bens, a troca de dons “rumo à unidade plena e visível entre todas as Igrejas e Comunhões cristãs”. Em uma Igreja sinodal com ritmos diferentes, na qual as conferências episcopais e as assembleias eclesiais são vistas como elos para a unidade, destacando a riqueza das assembleias continentais realizadas durante o processo sinodal. O Documento apresenta as modalidades com as quais o Bispo de Roma exerce seu ministério à luz da sinodalidade, sua relação com as Igrejas locais e com as outras Igrejas, fazendo várias propostas para avançar nesse caminho, que se baseiam em uma “sadia descentralização”. Nesse sentido, a intensidade do impulso ecumênico é sublinhada como fruto do atual Sínodo.

Chamado para a missão

O último capítulo é um chamado à missão, para a qual somos enviados como discípulos missionários, pois a sinodalidade “implica uma profunda consciência vocacional e missionária, fonte de um estilo renovado nas relações eclesiais, de novas dinâmicas participativas e de discernimento eclesial, bem como de uma cultura de avaliação, que não pode ser estabelecida sem o acompanhamento de processos formativos específicos”. Isso requer uma formação “integral, contínua e compartilhada”, que vai além do conhecimento teórico. Isso requer atenção aos espaços e práticas formativas, bem como aos ambientes e recursos, e que sejam realizados na perspectiva da comunhão, da missão e da participação. Destaca-se a importância de moldar a formação dos seminaristas em um estilo sinodal, de formar para o ambiente digital e para a cultura da tutela e da proteção, bem como para a doutrina social da Igreja, o compromisso com a paz e a justiça, o cuidado da casa comum e o diálogo intercultural e inter-religioso.

Uma sinodalidade que na Igreja se torna uma profecia social, inspirando novos caminhos também para a política e a economia, a fraternidade e a paz. Algo que acontece por meio de relacionamentos, de viver e testemunhar juntos, de relações autênticas e de vínculos verdadeiros. De fato, “caminhando em estilo sinodal, no entrelaçamento de nossas vocações, carismas e ministérios, e indo ao encontro de todos para levar a alegria do Evangelho, poderemos experimentar a comunhão que salva”.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

São Simão e São Judas Tadeu, os apóstolos primos de Jesus

Origens 

São Simão e São Judas Tadeu, estes dois Apóstolos, menos conhecidos que os outros, paradoxalmente, são dois parentes mais estreitos de Jesus: eram dois de seus primos. No que se refere a Judas Tadeu, a tradição é bastante precisa; sabe-se pelas Escrituras que seu pai, Alfeu, era irmão de São José; enquanto sua mãe, Maria de Cléofas, era prima da Virgem Maria. Por outro lado, sobre a existência de Simão, a tradição é bastante vaga.

São Simão

Simão, palavra hebraica que significa “zeloso”, tinha o cognome de Cananeu, derivado de Caná, aldeia da Galileia. Praticava a obediência, cumprindo os preceitos e compadecendo-se dos aflitos e necessitados. Trabalhava fervorosamente pela salvação das almas. Nicéforo Calisto diz que Simão pregou na África e na Grã-Bretanha. 

São Judas Tadeu 

Judas, um dos doze, era chamado também Tadeu ou Lebeu, que São Jerônimo interpreta como homem de senso prudente. Seu nome significa “confessor” ou “glorioso”. Judas Tadeu foi quem, na Última Ceia, perguntou ao Senhor: “Senhor, como é possível que tenhas de te manifestar a nós e não ao mundo?” (Jo 14,22).

São Simão e São Judas Tadeu, irmão de Tiago 

Irmãos

Simão Cananeu e Judas Tadeu eram irmãos de Tiago, o Menor, e filhos de Maria de Cléofas, que foi casado com Alfeu. Logo após a ascensão do Senhor, Judas foi enviado por Tomé até Abgar, rei de Edessa. 

Relíquias 

São Fortunato, Bispo de Poitiers, no fim do século VI, indica estarem São Simão e São Judas Tadeu enterrados na Pérsia. Isso vem das histórias apócrifas dos apóstolos; segundo elas, foram martirizados em Suanir, na Pérsia, a mando de sacerdotes pagãos que instigaram as autoridades locais e o povo, tendo sido ambos decapitados. É o que rege o martirológio jeronimita.

Uma outra hipótese 

Outros dizem que Simão foi sepultado perto do Mar Negro; na Caucásia, foi elevada em sua honra uma igreja entre o VI e o VIII séculos. Beda, pelo ano de 735, colocou os dois santos no martirológio a 28 de outubro; assim ainda hoje os celebramos. Na antiga basílica de São Pedro do Vaticano havia uma capela dos dois santos, Simão e Judas, e nela se conservava o Santíssimo Sacramento.

Epístola 

Temos uma epístola de Judas “irmão de Tiago”, que foi classificada como uma das epístolas católicas. Parece ter em vista convertidos e combate seitas corrompidas na doutrina e nos costumes. Começa com estas palavras: “Judas, servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago, aos chamados e amados por Deus Pai, e conservados para Jesus Cristo: misericórdia, paz e amor vos sejam concedidos abundantemente”. Orígenes achava esta epístola “cheia de força e de graça do céu”.

São Judas Tadeu: Patrono dos Aflitos e Padroeiro das Causas Desesperadas

Maiores aflições 

Segundo São Jerônimo, Judas terá pregado em Osroene (região de Edessa), sendo rei Abgar. Terá evangelizado a Mesopotâmia, segundo Nicéforo Calisto. São Paulino de Nola tinha-o como apóstolo da Líbia. Conta-se que Nosso Senhor, em revelações particulares, teria declarado que atenderia os pedidos daqueles que, nas suas maiores aflições, recorrerem a São Judas Tadeu. 

Santa Brígida refere que Jesus lhe disse que recorresse a esse apóstolo, pois ele lhe valeria nas suas necessidades. Tantos e tão extraordinários são os favores que São Judas Tadeu concede aos seus devotos, que se tornou conhecido em todo o mundo com o título de Patrono dos aflitos e Padroeiro das causas desesperadas.

Minha oração

“Vós que conhecestes de perto o Salvador do mundo e dele puderam participar da mesma família, rogai para que nós também encontremos a salvação que necessitamos e nela sejamos somados ao corpo místico de Cristo pelo batismo. Amém.”

São Simão e São Judas Tadeu, rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 28 de outubro 

São Gonçalo de Lagos, o padroeiro de Torres Vedras

Origens 

São Gonçalo nasceu em Lagos, no Algarve, em Portugal, por volta do ano de 1370. Ainda jovem, aos 20 anos, tomou o hábito de Santo Agostinho no convento da Graça, onde, mais tarde, tornou-se presbítero da Ordem dos Eremitas.  

Vida

Dedicou-se a uma vida de jejuns e de penitências, enquanto aplicava-se às letras e aos estudos. Homem zeloso na vivência da Regra Religiosa, virtuoso e cheio de pureza, Gonçalo dedicou-se também à pregação, chegando a ser superior de alguns mosteiros da sua Ordem. Distinguiu-se também pela sua dedicação em ensinar às crianças e aos incultos os preceitos cristãos. 

Amor ao estudo

Ele logo se destacou pelo amor ao estudo, embora, por um espírito de humildade, apesar de ter habilidades indiscutíveis, não quis aceitar o ensino em teologia.

Tendo se tornado sacerdote, ele era muito apreciado tanto como pregador quanto pelo cuidado das almas.

São Gonçalo de Lagos: exemplo da verdadeira fé 

Dedicado à verdadeira fé cristã

Adorava dedicar-se a ensinar as verdades da fé às pessoas mais humildes e ignorantes, especialmente às crianças. Eleito várias vezes prior, governou os maiores e mais importantes conventos da província portuguesa, como Lisboa e Santarém, mostrou em toda a parte um grande zelo pela observância regular. 

Grandes Habilidades 

Ele era dotado de calígrafo, miniaturista e compositor de canções sacras, mas não desdenhava realizar até os trabalhos mais humildes, como cozinheiro ou porteiro, se necessário. Seu espírito de piedade era grande, seu sentido ascético muito vivo.

Páscoa

Antes de falecer, desenvolveu a sua atividade incansável nos campos religioso, social e pedagógico, aliviando o sofrimento dos pobres, que lhe tinham um afeto filial. O último mosteiro foi o de Torres Vedras, onde morreu em 15 de outubro de 1422, depois de exortar os que viviam com ele no mosteiro à observância religiosa e para uma vida virtuosa.  

Via de Santificação

Foi considerado o santo padroeiro de Torres Vedras, mas, em Portugal, lhe foi atribuído também o culto. Foi beatificado em 1798, por Pio VI. 

Minha oração

“Querido São Gonçalo, amante das artes e da música, dai aos artistas o dom de expressar a Deus através de seus trabalhos. Inspirai novos compositores e músicos para a Igreja, para que Jesus encontre espaço nos corações mais endurecidos. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.”

São Gonçalo de Lagos, rogai por nós!

Santo Evaristo, o quinto Papa da Igreja Católica

Origens 

Santo Evaristo, sucessor de São Clemente, segundo Santo Ireneu e Eusébio, foi, pelo ano 100, Papa – ou mais exatamente bispo de Roma (porque, nessa época, ao que parece, o termo Papa aplicava-se a qualquer prelado). Foi somente pelo século VI que o título de Papa começou a ser reservado só para o Pontífice Romano.

Papa da Antioquia 

Segundo o Liber Pontificalis, Santo Evaristo era grego de Antioquia, como o pai judeu, chamado Judas, nascido em Belém. Pela mesma fonte é declarado mártir, do mesmo modo que sete (ou nove) outros pontífices, sem que se veja a razão nestes diferentes.

Pontificado

No exercício de seu Pontificado, aparecem duas lendárias disposições tomadas por ele. A distribuição dos sacerdotes de Roma nos vinte e cinco títulos ou igrejas paroquiais da cidade, que teriam sido instituídas por São Cleto. 

Papa Evaristo: grande organizador da Igreja 

Organização da Igreja
São Pedro já havia estabelecido sete diáconos, Evaristo decidiu que os diáconos estivessem ao lado do bispo enquanto este pregava e proclamava o prefácio da Missa, para testemunhar (em caso de necessidade), a ortodoxia e também para conferir maior solenidade à celebração.

Páscoa

Santo Evaristo morreu em 105. Uma tradição muito antiga afirma que ele teria sido mártir da fé durante a perseguição imposta pelo imperador Trajano, e que depois seu corpo teria sido abandonado perto do túmulo do apóstolo Pedro. Embora a fonte não seja precisa, sua morte foi oficialmente registrada no Livro dos Papas, em Roma.

Relíquias 

Foi enterrado perto do corpo do bem-aventurado Pedro no Vaticano, no  6º das calendas de Novembro (27 de Outubro). Baronio preferiu colocá-lo no martirológio no dia 26.  Evaristo vem do grego euarestos, engraçado, agradável.

Minha oração

“Sucessor dos apóstolos, tu bebeste das fontes do Evangelho, conduzi os cristãos ao verdadeiro entendimento do cristianismo, derrubai as ideologias e más interpretações sobre Jesus e o Reino de Deus. Amém!”

Santo Evaristo, rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 26 de outubro 

Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, o Frei Galvão

Origens 

Frei Galvão nasceu no dia 10 de maio de 1739, na Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, atual cidade de Guaratinguetá, no Vale do Paraíba. A vila estava na região chamada Capitania de São Paulo, hoje, Estado de São Paulo. 

Frei Galvão era o quarto de dez filhos de uma família muito religiosa, rica e nobre. Seu pai, Antônio Galvão de França, português, era o capitão-mor (prefeito) da vila, comerciante que pertencia à Ordem Terceira Franciscana. A mãe de Antônio Galvão era Isabel Leite de Barros.

Adolescência 

Frei Galvão, aos 13 anos de idade, foi enviado pelos pais ao seminário jesuíta Colégio de Belém, em Cachoeira, na Bahia, para estudar ciências humanas. Ele estudou no seminário de 1752 a 1756, onde progrediu nos estudos, especialmente na construção civil e na prática cristã.

Frei Galvão: o padroeiro dos engenheiros, arquitetos e construtores

Mãe espiritual: Sant’Ana

Em 1755, recebeu a notícia da morte prematura de sua mãe. Esse fato fez com que ele assumisse Sant’Ana (Santana), de quem era devoto, como mãe espiritual. Tanto que seu futuro nome de religioso será “Frei Antônio de Sant’Anna Galvão”. 

Franciscano 

Tornou-se franciscano, no convento de Macacu, em Itaboraí, Rio de Janeiro. Em 11 de julho de 1762, o frei foi ordenado sacerdote e transferido para o Convento de São Francisco na cidade de São Paulo. Lá, ele continuou os estudos de filosofia e teologia. 

Esplendor do convento 

Em 1768, foi nomeado confessor, pregador e porteiro do convento. Era um cargo importante na época. Frei Galvão se destacou nesse cargo de tal forma, que a Câmara Municipal lhe deu o título de o “novo esplendor do Convento”. Em 1770, foi convidado para ser membro da Academia Paulistana de Letras. Isso porque ele compunha peças poéticas em latim, odes, ritmos e epigramas.

O pedido de Jesus 

Entre 1769 e 1770, Frei Galvão recebeu a missão de ser confessor no Recolhimento de Santa Teresa, um tipo de convento que abrigava devotas de Santa Teresa de Ávila em São Paulo. Lá, ele conheceu a Irmã Helena Maria do Espírito Santo, uma freira penitente que dizia receber um pedido de Jesus: a fundação de um novo Recolhimento. Num tempo em que construções de conventos de ordens religiosas e até de igrejas estavam proibidas em todo o império pelo marquês de Pombal, Frei Galvão assumiu as consequências e fundou o novo Recolhimento, chamado Recolhimento Nossa Senhora da Luz. 

A Fundação do Recolhimento Nossa Senhora da Luz

A resistência da fundação

A fundação foi inaugurada em 2 de fevereiro de 1774. A identidade espiritual da nova fundação era baseada na Ordem da Imaculada Conceição. Ele escreveu os estatutos, as regras e deu todo o amparo necessário. Um governador novo havia chegado a São Paulo e quis fechar o recolhimento. Frei Galvão obedeceu, mas as irmãs se recusaram a sair de lá. O governador então começou a agir com violência, enviando tropas e ameaçando destruir tudo. Mas o povo se revoltou e o governador teve que ceder. Assim, Frei Galvão voltou a liderar a construção e o recolhimento. O povo queria o Mosteiro da Luz. A construção demorou 28 anos e deu origem ao Bairro da Luz em São Paulo.

Mestre dos voviços

Ao defender um homem, o frei acabou sendo preso. Mas o povo, as irmãs e o Bispo de São Paulo, Dom Manuel da Ressurreição, recorreram ao superior provincial, escrevendo-lhe que “nenhum dos habitantes desta cidade será capaz de suportar a ausência deste religioso por um único momento”. Depois, em 1781, Frei Galvão foi nomeado mestre de noviços em Macacu e, em 1798, assumiu o cargo de guardião do Convento de São Francisco. Em 1811, Frei Galvão fundou o Convento de Santa Clara em Sorocaba. 

Grande orientador e caridoso, Frei Galvão

Onze meses depois, voltou para o Convento de São Francisco, em São Paulo. Ali, atendia o povo, orientava, aconselhava, rezava pelas pessoas e ensinava as irmãs. Era um homem de muita e intensa oração. Por isso, alguns fenômenos místicos em sua vida foram presenciados por testemunhas. Fenômenos como o dom da cura, dom de ciência, bilocação, levitação foram famosos durante sua vida, sempre em vista do bem de doentes, moribundos e necessitados.

As pílulas

Certa ocasião, Frei Galvão foi à Guaratinguetá para pedir recursos para a construção do Mosteiro da Luz. Terminada sua missão, tinha de regressar por causa de compromissos no convento. Nisso, alguns homens vieram pedir que ele fosse até uma fazenda distante rezar por um amigo deles que estava padecendo com uma pedra no rim há dias. O homem estava quase morrendo. Impossibilitado de ir até lá, Frei Galvão teve uma inspiração: escreveu num pedacinho de papel uma frase do ofício de Nossa Senhora: “Depois do parto, ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, intercedei por nós”. Frei Galvão embrulhou o papelzinho em forma de pílula e deu aos amigos do doente dizendo que ele tomasse aquilo em clima de oração, rezando o terço de Nossa Senhora.

As pílulas de Frei Galvão: inúmeras graças alcançadas 

Mais tarde, espalhou-se a notícia da cura daquele doente.  Tempos depois, o Frei foi procurado por um homem aflito. Sua esposa estava em trabalho de parto há quase um dia e corria risco de morte. O religioso fez três pílulas e deu ao homem com as mesmas recomendações. O homem levou as pílulas para a esposa, que as tomou e conseguiu dar à luz um filho com saúde. Daí em diante, a fama das pílulas de Frei Galvão se espalhou. O povo começou a procurá-las de tal maneira que ele teve que pedir às irmãs do Recolhimento que produzissem as pílulas. Depois, ele as abençoava e as irmãs distribuíam para o povo. Desde esse tempo, há inúmeros relatos de graças alcançadas através das Pílulas de Frei Galvão.

Páscoa

Frei Galvão faleceu no Mosteiro da Luz, em 23 de dezembro de 1822, poucos meses depois da independência do Brasil. Faleceu na graça de Deus, com fama de santidade. Uma multidão de luto veio se despedir do santo que encantou a cidade de São Paulo. Ele foi sepultado na igreja do Mosteiro da Luz. Até hoje, o seu túmulo é destino de peregrinação de fiéis que vêm pedir e agradecer as graças recebidas pela sua intercessão.

Via de santificação

Em 1998, Frei Galvão foi beatificado pelo Papa João Paulo II, recebendo os títulos de Homem da Paz e da Caridade e de Patrono da Construção Civil no Brasil. De seu processo de beatificação constam 27.800 graças documentadas, além de outras consideradas milagres. Em 2007, foi canonizado por Bento XVI, tornando-se o primeiro santo brasileiro.

Minha oração

“Poderoso santo brasileiro que, através da tua intensa devoção mariana, alcançaste milhares de prodígios, sede o nosso protetor, nosso padroeiro, nosso pai espiritual. Dai a nós o mesmo amor a Maria para que sejamos santos como tu. Amém.”

Frei Galvão, rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 25 de outubro 

  • Em Roma, no cemitério de Trasão, junto à Via Salária Nova, os santos Crisanto e Daria, mártires. († c. 253)
  • Em Soissons, na Gália, Bélgica, atualmente na França, os santos Crispim e Crispiniano, mártires. († c. s. III)
  • Em Florença, na Etrúria, atualmente na Toscana, região da Itália, São Miniato, mártir. († c. s. III)
  •  Em Périgueux, na Aquitânia, França, São Frontão, considerado o primeiro anunciador do Evangelho nesta cidade. († c. s. III)
  • Em Constantinopla, hoje Istambul, na Turquia, os santos Martírio, subdiácono, e Marciano, cantor. († c. 351)
  • Em Bréscia, na Venécia, Itália, São Gaudêncio, bispo, que, ordenado por Santo Ambrósio. († c. 410)
  • No território de Javols, na Gália, atualmente na França, Santo Hilário, bispo de Mende. († s. VI)
  • Perto de Segóvia, na Hispânia, São Fruto, que levou vida eremítica entre ásperos rochedos. († c. 715)
  • Em Pécs, na Hungria, Santo Amaro, bispo, que se fez monge e depois foi abade do mosteiro de São Martinho. († 1070)
  • Em Vic, na Catalunha, região da Espanha, São Bernardo Calbó, bispo, que foi monge cisterciense e abade do seu mosteiro. († 1243)
  • Em Borgo Sant’ António, no Piemonte, região da Itália, o falecimento do Beato Tadeu Machar, bispo de Cork e Cloyne, na Irlanda. († 1492)
  • Em Nules, povoação próxima de Tortosa, na Espanha, o Beato Recaredo Centelles Abad, presbítero da Irmandade dos Sacerdotes Operários Diocesanos e mártir. († 1936)
  • Em Alcira, na Espanha, as beatas Maria Teresa Ferragud Roig e suas filhas Maria de Jesus Maria VerónicaMaria Felicidade Masiá Ferragud, virgens da Ordem das Clarissas Capuchinhas, e Josefa da Purificação, virgem da Ordem das Agostinhas Descalças, todas elas mártires.(† 1936)

Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, o Frei Galvão

Origens 

Frei Galvão nasceu no dia 10 de maio de 1739, na Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, atual cidade de Guaratinguetá, no Vale do Paraíba. A vila estava na região chamada Capitania de São Paulo, hoje, Estado de São Paulo. 

Frei Galvão era o quarto de dez filhos de uma família muito religiosa, rica e nobre. Seu pai, Antônio Galvão de França, português, era o capitão-mor (prefeito) da vila, comerciante que pertencia à Ordem Terceira Franciscana. A mãe de Antônio Galvão era Isabel Leite de Barros.

Adolescência 

Frei Galvão, aos 13 anos de idade, foi enviado pelos pais ao seminário jesuíta Colégio de Belém, em Cachoeira, na Bahia, para estudar ciências humanas. Ele estudou no seminário de 1752 a 1756, onde progrediu nos estudos, especialmente na construção civil e na prática cristã.

Frei Galvão: o padroeiro dos engenheiros, arquitetos e construtores

Mãe espiritual: Sant’Ana

Em 1755, recebeu a notícia da morte prematura de sua mãe. Esse fato fez com que ele assumisse Sant’Ana (Santana), de quem era devoto, como mãe espiritual. Tanto que seu futuro nome de religioso será “Frei Antônio de Sant’Anna Galvão”. 

Franciscano 

Tornou-se franciscano, no convento de Macacu, em Itaboraí, Rio de Janeiro. Em 11 de julho de 1762, o frei foi ordenado sacerdote e transferido para o Convento de São Francisco na cidade de São Paulo. Lá, ele continuou os estudos de filosofia e teologia. 

Esplendor do convento 

Em 1768, foi nomeado confessor, pregador e porteiro do convento. Era um cargo importante na época. Frei Galvão se destacou nesse cargo de tal forma, que a Câmara Municipal lhe deu o título de o “novo esplendor do Convento”. Em 1770, foi convidado para ser membro da Academia Paulistana de Letras. Isso porque ele compunha peças poéticas em latim, odes, ritmos e epigramas.

O pedido de Jesus 

Entre 1769 e 1770, Frei Galvão recebeu a missão de ser confessor no Recolhimento de Santa Teresa, um tipo de convento que abrigava devotas de Santa Teresa de Ávila em São Paulo. Lá, ele conheceu a Irmã Helena Maria do Espírito Santo, uma freira penitente que dizia receber um pedido de Jesus: a fundação de um novo Recolhimento. Num tempo em que construções de conventos de ordens religiosas e até de igrejas estavam proibidas em todo o império pelo marquês de Pombal, Frei Galvão assumiu as consequências e fundou o novo Recolhimento, chamado Recolhimento Nossa Senhora da Luz. 

A Fundação do Recolhimento Nossa Senhora da Luz

A resistência da fundação

A fundação foi inaugurada em 2 de fevereiro de 1774. A identidade espiritual da nova fundação era baseada na Ordem da Imaculada Conceição. Ele escreveu os estatutos, as regras e deu todo o amparo necessário. Um governador novo havia chegado a São Paulo e quis fechar o recolhimento. Frei Galvão obedeceu, mas as irmãs se recusaram a sair de lá. O governador então começou a agir com violência, enviando tropas e ameaçando destruir tudo. Mas o povo se revoltou e o governador teve que ceder. Assim, Frei Galvão voltou a liderar a construção e o recolhimento. O povo queria o Mosteiro da Luz. A construção demorou 28 anos e deu origem ao Bairro da Luz em São Paulo.

Mestre dos voviços

Ao defender um homem, o frei acabou sendo preso. Mas o povo, as irmãs e o Bispo de São Paulo, Dom Manuel da Ressurreição, recorreram ao superior provincial, escrevendo-lhe que “nenhum dos habitantes desta cidade será capaz de suportar a ausência deste religioso por um único momento”. Depois, em 1781, Frei Galvão foi nomeado mestre de noviços em Macacu e, em 1798, assumiu o cargo de guardião do Convento de São Francisco. Em 1811, Frei Galvão fundou o Convento de Santa Clara em Sorocaba. 

Grande orientador e caridoso, Frei Galvão

Onze meses depois, voltou para o Convento de São Francisco, em São Paulo. Ali, atendia o povo, orientava, aconselhava, rezava pelas pessoas e ensinava as irmãs. Era um homem de muita e intensa oração. Por isso, alguns fenômenos místicos em sua vida foram presenciados por testemunhas. Fenômenos como o dom da cura, dom de ciência, bilocação, levitação foram famosos durante sua vida, sempre em vista do bem de doentes, moribundos e necessitados.

As pílulas

Certa ocasião, Frei Galvão foi à Guaratinguetá para pedir recursos para a construção do Mosteiro da Luz. Terminada sua missão, tinha de regressar por causa de compromissos no convento. Nisso, alguns homens vieram pedir que ele fosse até uma fazenda distante rezar por um amigo deles que estava padecendo com uma pedra no rim há dias. O homem estava quase morrendo. Impossibilitado de ir até lá, Frei Galvão teve uma inspiração: escreveu num pedacinho de papel uma frase do ofício de Nossa Senhora: “Depois do parto, ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, intercedei por nós”. Frei Galvão embrulhou o papelzinho em forma de pílula e deu aos amigos do doente dizendo que ele tomasse aquilo em clima de oração, rezando o terço de Nossa Senhora.

As pílulas de Frei Galvão: inúmeras graças alcançadas 

Mais tarde, espalhou-se a notícia da cura daquele doente.  Tempos depois, o Frei foi procurado por um homem aflito. Sua esposa estava em trabalho de parto há quase um dia e corria risco de morte. O religioso fez três pílulas e deu ao homem com as mesmas recomendações. O homem levou as pílulas para a esposa, que as tomou e conseguiu dar à luz um filho com saúde. Daí em diante, a fama das pílulas de Frei Galvão se espalhou. O povo começou a procurá-las de tal maneira que ele teve que pedir às irmãs do Recolhimento que produzissem as pílulas. Depois, ele as abençoava e as irmãs distribuíam para o povo. Desde esse tempo, há inúmeros relatos de graças alcançadas através das Pílulas de Frei Galvão.

Páscoa

Frei Galvão faleceu no Mosteiro da Luz, em 23 de dezembro de 1822, poucos meses depois da independência do Brasil. Faleceu na graça de Deus, com fama de santidade. Uma multidão de luto veio se despedir do santo que encantou a cidade de São Paulo. Ele foi sepultado na igreja do Mosteiro da Luz. Até hoje, o seu túmulo é destino de peregrinação de fiéis que vêm pedir e agradecer as graças recebidas pela sua intercessão.

Via de santificação

Em 1998, Frei Galvão foi beatificado pelo Papa João Paulo II, recebendo os títulos de Homem da Paz e da Caridade e de Patrono da Construção Civil no Brasil. De seu processo de beatificação constam 27.800 graças documentadas, além de outras consideradas milagres. Em 2007, foi canonizado por Bento XVI, tornando-se o primeiro santo brasileiro.

Minha oração

“Poderoso santo brasileiro que, através da tua intensa devoção mariana, alcançaste milhares de prodígios, sede o nosso protetor, nosso padroeiro, nosso pai espiritual. Dai a nós o mesmo amor a Maria para que sejamos santos como tu. Amém.”

Frei Galvão, rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 25 de outubro 

Apresentada Dilexit nos: “A chave para interpretar todo o Magistério deste Papa”

A quarta encíclica do Papa Francisco foi publicada e apresentada em 24 de outubro na Sala Stampa do Vaticano pelo Arcebispo Bruno Forte e pela Irmã Antonella Fraccaro. De acordo com o arcebispo italiano, a encíclica “nasce da experiência espiritual do Papa Francisco, que sente o drama do enorme sofrimento causado pelas guerras e pelos muitos atos de violência em curso, e quer estar perto daqueles que sofrem, propondo a mensagem do amor divino que vem para nos salvar”.

Um resumo dos pensamentos de Francisco

Nas palavras de Forte, a encíclica “oferece a chave para interpretar todo o Magistério deste Papa” e, junto com isso, “uma espécie de compêndio do que o Papa Francisco quis e quer dizer a cada irmão ou irmã na humanidade: Deus o ama e lhe mostrou isso da maneira mais luminosa na história de Jesus de Nazaré; olhando para Ele, você saberá que é amado desde sempre e para sempre e poderá reconhecer os dons com os quais o Pai quis enriquecê-lo; seguindo-O, você poderá discernir a maneira de gastá-los com amor onde quer que, em Seu Espírito, Ele queira conduzi-lo”.

O milagre social da construção em nós e conosco

A religiosa prosseguiu detalhando alguns dos elementos presentes no documento pontifício, mostrando que nosso coração “unido ao de Cristo é capaz desse milagre social” de construir conosco e entre nós, “neste mundo, o Reino do amor e da justiça”. A partir daí, ela pediu que “caminhemos juntos com a força da esperança, que o Coração de Jesus nos dá todos os dias em nossa vida fraterna cotidiana”.

Uma devoção que se torna carne

A devoção ao Sagrado Coração tem sido criticada ao longo da história como “uma devoção intimista, que quase nos abstrai do compromisso histórico”, reconheceu Bruno Forte. Em contrapartida, ele destacou que “um dos aspectos mais importantes dessa encíclica é que o Papa Francisco mostra justamente o contrário, longe de ser intimista, a devoção ao Sagrado Coração nos leva a experimentar o amor revelado de Cristo, que se torna história, carne ao lado dos pobres, dos últimos, dos esquecidos”.

Nesse sentido, ele ressaltou que a encíclica “vai além do intimismo, e isso me parece ser muito forte na mensagem do Papa Francisco. É um manancial, uma fonte viva da qual brota esse serviço”. A proposta do Papa Francisco nesse texto “nos revela a fonte profunda de todo o seu Magistério, de toda a sua vida”. Nessa perspectiva, falar de uma mudança de paradigma em relação à devoção ao Sagrado Coração, “tem a ver com a mudança daqueles que haviam interpretado a devoção ao Sagrado Coração antes do Magistério do Papa Francisco, que está presente em todos os seus textos”, sendo o amor a Cristo o que o motiva. Nas palavras do arcebispo, é isso que a Igreja quer lembrar ao mundo, esse amor que dá sentido, que inspira, que motiva e nos ajuda a compreender e enfrentar os desafios com confiança em Deus e com a capacidade de perdoar, mesmo aqueles que nos ferem”.

A experiência do Coração de Jesus nos unifica

“Essa encíclica nos ajuda a recuperar o que está no centro da experiência cristã, porque o coração unifica, eu sou o meu coração”, disse a Irmã Antonella Fraccaro. Diante da fragmentação em que vivemos, diante das relações sociais que nos levam a viver em várias frentes, ela ressaltou “a experiência do Coração de Jesus, que nos unifica, uma experiência de caridade, uma experiência de relações, de culturas diferentes, de condições diferentes, até mesmo de condições sociais”, Fraccaro afirmou que “esta encíclica nos ajuda a recuperar o centro”.

Algo que, segundo a religiosa, “é muito bom para nós, cristãos e cristãs, que precisamos recuperar a unidade entre nós, que infelizmente estamos nos fragmentando, desenvolvendo o individualismo, por isso precisamos recuperar o valor dos relacionamentos, de estar juntos, de caminhar juntos”.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Sinodal elege 12 membros do Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo

Conforme relatado pela Secretaria Geral do Sínodo através da Sala Stampa do Vaticano, na última Congregação Geral antes da leitura e aprovação do Documento Final, que ocorrerá neste sábado, 26 de outubro, foram eleitos os novos membros do Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo.

12 dos 17 membros eleitos

A nova composição introduz algumas mudanças por indicação do Papa Francisco, elevando o número para 17, dos quais foram eleitos 12 bispos, distribuídos da seguinte forma: um das Igrejas Católicas Orientais, Sua Beatitude Rev. Youssef Absi, Patriarca de Antioquia dos Greco-Melquitas, Chefe do Sínodo da Igreja Católica Greco-Melquita; um da Oceania, o Arcebispo Timothy John Costeloe, Arcebispo de Perth (Austrália); dois da América do Norte, o Bispo Daniel Ernest Flores, Bispo de Brownsville (Estados Unidos da América), e o Bispo Alain Faubert, Bispo de Valleyfield (Canadá).

Dois também estão representados da América Latina, o Arcebispo de Bogotá (Colômbia), Cardeal Luis José Rueda, e o Arcebispo de Maracaibo (Venezuela), Dom José Luis Azuaje; a Europa será representada pelo Arcebispo de Marselha (França), Cardeal Jean-Marc Avelline, e pelo Arcebispo de Vilnius (Lituânia), Dom Gintaras Grusas. A África será representada pelo Cardeal Dieudonné Nzapalainga, Arcebispo de Bangui (República Centro-Africana), e pelo Arcebispo Andrew Fuanya Nkea, Arcebispo de Bamenda (Camarões), os dois únicos que repetem do anterior conselho. A Ásia será representada pelo Cardeal Filipe Neri António Sebastião do Rosário Ferrão, Arcebispo de Goa e Damão (Índia), e pelo Bispo Pablo Virgilio S. Dadid, Bispo de Kalookan (Filipinas).

Responsável pela preparação e realização da Assembleia Sinodal

Como o comunicado nos lembra, a eles se juntarão quatro membros nomeados pelo pontífice e, no devido tempo, o chefe do Dicastério da Cúria Romana encarregado do tema do próximo Sínodo. Esse conselho “é responsável pela preparação e implementação da Assembleia Geral Ordinária”, de acordo com a Episcopalis Communio. Eles assumem o cargo no final da Assembleia Geral Ordinária que os elegeu e deixam de exercer o cargo quando ela é dissolvida. O Conselho, presidido pelo Santo Padre, é parte integrante da Secretaria Geral.

O texto também afirma que “o novo Conselho Ordinário desempenhará um papel fundamental tanto na implementação deste processo sinodal sobre sinodalidade quanto na preparação do próximo Sínodo”. O Secretário do Sínodo, Cardeal Mario Grech, desejou-lhes sucesso em seu trabalho e agradeceu aos membros que estão deixando o cargo por sua valiosa colaboração na realização do atual processo sinodal.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1