Ordenação de jovem indígena marca o segundo dia do Jubileu dos Povos Indígenas em Roraima

Comunidade se prepara para celebrar 300 anos de evangelização com peregrinação e ordenação diaconal.

O segundo dia do Jubileu dos Povos Indígenas, que está sendo celebrado na comunidade de Surumu, promete ser marcado por momentos de grande emoção e significado para a Igreja de Roraima e os povos originários. As atividades previstas para este sábado (26) incluirão uma peregrinação, em destaque, a ordenação diaconal do jovem indígena Djavan André da Silva, fortalecendo ainda mais os laços entre a Igreja e as comunidades indígenas na comemoração dos 300 anos de evangelização.

A programação começou logo pela manhã, com a concentração de fiéis no Aeroporto de Surumu, seguida por uma peregrinação até o Centro Indígena de Formação. Lá, será realizada uma celebração eucarística especial, tendo como ponto alto a ordenação do seminarista Djavan, para diácono. 

Emoção e gratidão marcarão o momento. O jovem diácono já antecipou a alegria de viver essa ocasião tão especial: “Será um dia de grande alegria, juntamente com as comunidades indígenas e o povo de Deus que ainda continua chegando aqui. Uma alegria imensa de poder celebrar esse jubileu dos povos indígenas junto com a minha ordenação diaconal. Estou muito feliz e grato a Deus pela vida e pela vocação”, afirmou Djavan em preparação para o evento.

A celebração contará também com a presença da irmã Eliane Cordeiro de Souza, das Irmãs Mercedárias da Caridade e presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), que destacou a importância do evento: “Será uma alegria muito grande estar presente em nome da CRB, representando mais de 30 mil religiosos do Brasil. Encontrarei missionários que diariamente entregam suas vidas à causa dos povos originários — nossos irmãos muitas vezes sofridos, perseguidos e explorados. Estaremos juntos nessa causa de Jesus, que veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância. Este Jubileu será um marco histórico, um caminho bonito que pede mais cuidado com a vida e maior dignidade para todos, filhos e filhas amados de Deus”, afirmou.

Reflexões do primeiro dia de Jubileu

Na sexta-feira (25), a programação foi aberta com uma mesa-redonda à tarde, abordando a presença histórica da Igreja entre os povos indígenas de Roraima. Um dos participantes, o professor Jaci Guilherme, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), antecipou os temas que serão discutidos: ” Refletimos sobre a luta dos povos indígenas e o compromisso da Igreja. Esta Igreja, que deixou de ser associada às fazendas e passou a se tornar parte das comunidades indígenas. A partir de Dom Aldo Mongiano, houve uma opção clara pelos povos originários. Foi essa união entre a Igreja e os povos indígenas que levou à criação do Conselho Indígena de Roraima (CIR), hoje respeitado nacional e internacionalmente”, destacou Jaci.

Sementes de novas vocações

O impacto deste momento histórico também já começa a ser sentido entre os jovens indígenas, como expressou Idelfonso Barbosa da Máso, seminarista indígena da Raposa Serra do Sol, atualmente cursando Teologia no Seminário de Manaus: “A ordenação do Djavan será fruto de muita oração e dedicação dos missionários e das lideranças indígenas. Este momento certamente inspirará e influenciará muitos jovens da nossa Diocese de Roraima. Ver um irmão nosso ser ordenado diácono desperta em nós a vocação missionária e fortalece nossa identidade cultural e religiosa. É uma resposta concreta da fé e da luta do nosso povo”, afirmou Idelfonso, cheio de esperança de que mais jovens sigam o caminho da vocação religiosa.

 FONTE/CRÉDITOS: Filipe Gustavo – RÁDIO MONTE RORAIMA FM

Francisco, o Papa que partiu com seus sapatos pretos

Até o fim, mesmo em sua despedida, Francisco foi fiel a ele mesmo. O último pontífice pode ser considerado um grande metrônomo, que sabia medir o tempo e os gestos. Como um bom jesuíta, ele colocou o ser humano e o fato de ser humano em primeiro lugar e acima de tudo. Esse reconhecimento foi manifestado em seu funeral, que se tornou um grande tributo do povo. Um povo que ele acompanhou até o fim, pois apesar de sua saúde delicada, ele quis estar no meio do povo até seu último dia, dando sua bênção no domingo de Páscoa.

Ele partiu sob aplausos

A simplicidade dos ritos fúnebres, o fato de ser enterrado com seus próprios sapatos, seus famosos sapatos pretos desgastados, lembram sua vida. O arcebispo que andava de metrô, o Papa que se locomovia em carros populares, jamais poderia partir em meio à pompa. Pelo contrário, ele partiu em meio aos aplausos, que reconheciam o fato de que ele havia se tornado pequeno, que ele queria e conseguiu ser um entre muitos, continuar a ser o padre Jorge.

A homilia do Cardeal Re foi um retrato bem enquadrado de seu pontificado. As palavras e o tom de voz de um cardeal de 91 anos são dignos de admirar, dando voz às vivências do Papa que foi gradualmente perdendo sua voz. Uma voz que permanecerá como um legado, uma voz que “tocou mentes e corações”, como disse o cardeal.

Amor concretizado na misericórdia

Não há dúvida do amor de Francisco por Jesus, um amor que ele concretizou na misericórdia para com os descartados. Com isso, ele deixou claro que, em sua missão como pontífice, “não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por todos”. Uma citação do Evangelho que foi lembrada pelo decano do Colégio de Cardeais, que também insistiu que “apesar de sua fragilidade e sofrimento final, o Papa Francisco escolheu trilhar esse caminho de doação até o último dia de sua vida terrena. Ele seguiu os passos de seu Senhor, o Bom Pastor, que amou suas ovelhas a ponto de dar sua própria vida por elas”.

Essas ovelhas sempre tiveram o rosto das ovelhas perdidas, das ovelhas que a sociedade, e às vezes também a Igreja, descartou. Como o Cardeal Re reconheceu, ele prestou “atenção especial às pessoas em dificuldade, entregando-se sem medida, especialmente pelos menores da terra, os marginalizados”. Eles, os mais simples, o entendiam bem, ele falava a língua deles, o jargão do povo, sabia como arrancar um sorriso deles, sabia como fazer uma piada. “Ele tinha uma grande espontaneidade e uma maneira informal de se dirigir a todos”, disse o cardeal em sua homilia. Como bom torcedor, ele sempre provocava os brasileiros com a seguinte pergunta: “Quem é melhor, Pelé ou Maradona?”

O Papa das periferias

Um Papa de todos, todos, todos, como a Igreja que ele sonhava, “ávida por assumir os problemas do povo e os grandes males que dilaceram o mundo contemporâneo; uma Igreja capaz de se inclinar para cada pessoa, para além de qualquer credo ou condição, curando suas feridas”, como lembrava o decano do Colégio Cardinalício. Um Papa das periferias e que acima de tudo viajou para as periferias, iniciando suas viagens em Lampedusa, quase sempre marcadas por estar ao lado dos invisíveis para os detentores do poder, que por outro lado não deixaram de estar ao lado de seu caixão, a grande maioria reconhecendo sua grande contribuição para um mundo ferido por guerras, pobreza, polarização e tantas outras feridas que ele se esforçou para curar seguindo o exemplo do Bom Samaritano.

Uma cura de feridas que levaria a concretizar do Evangelho da misericórdia, que sempre foi a força motriz de sua vida, desde os tempos em que andava pelos becos das favelas de Buenos Aires, para tornar visível que Deus sempre perdoa e perdoa a todos. E fazer isso com alegria, com a Alegria do Evangelho, deixando de lado a cultura do descarte e assumindo a do encontro e da solidariedade, da vida em fraternidade, ideias presentes na homilia de seu funeral.

O cuidado de todas as criaturas

Francisco, sempre preocupado com o cuidado de todas as criaturas, seguindo o exemplo do poverello de Assis. O Papa da ecologia integral, e como lhe somos gratos por isso nós que vivemos na Amazônia, pela qual ele sempre se preocupou e na qual concretizou sua proposta de caminhar juntos como Igreja, na sinodalidade, construindo pontes e não muros.

Por isso, pedimos a ele, como fez o Cardeal Re, que reze por nós, para que sua memória e seus ensinamentos continuem presentes entre nós, para que nos mova a continuar fazendo bagunça, construindo um mundo menos complicado e uma Igreja menos complicada, onde o Evangelho marque o caminho a seguir, onde os últimos possam ser os primeiros, aqueles que usam sapatos velhos ou que, muitas vezes, nem têm sapatos.

CRÉDITOS: LUIZ MIGUEL MODINO – CNBB NORTE 1

Peregrinação marca manhã do Jubileu dos Povos Indígenas em Surumu

O ato reuniu fiéis, lideranças indígenas e missionários, reforçando o espírito de caminhada e esperança.

A manhã deste sábado (26) foi marcada pela peregrinação rumo ao Centro Indígena de Formação, na comunidade de Surumu, durante o Jubileu dos Povos Indígenas. O ato reuniu fiéis, lideranças indígenas e missionários, reforçando o espírito de caminhada e esperança que inspira este grande momento de celebração dos 300 anos de evangelização.

Fotos: Lucas Rossetti – Monte Roraima FM

Às 9h, a concentração de participantes no Aeroporto de Surumu deu início à peregrinação, que percorreu estradas de barro até o Centro, carregando símbolos da fé e da resistência dos povos originários. Para o bispo de Roraima e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Dom Evaristo Spengler, a caminhada traduz o sentido profundo do jubileu.

“Todo jubileu envolve uma peregrinação, para nos lembrar que somos peregrinos neste mundo. O Papa nos recorda que somos peregrinos da esperança, e essa esperança não decepciona. Queremos que este caminho nos ajude a estreitar os laços com a Igreja, a renovar a vida pessoal e a assumir o compromisso com o Deus que caminha conosco”, disse Dom Evaristo durante a celebração.

Fotos: Lucas Rossetti – Monte Roraima FM

A peregrinação também preparou o ambiente espiritual para a ordenação diaconal do jovem indígena Djavan André da Silva, momento especial que ocorrerá ainda neste sábado. Segundo o padre Mattia Bezze, a caminhada carrega um duplo significado. “Esta peregrinação é tanto parte do jubileu quanto uma preparação para a ordenação de Djavan. Caminhar juntos simboliza a trajetória da vida, onde queremos trazer a graça do jubileu e celebrar a escolha do Djavan de servir à Igreja”, afirmou.

Para os indígenas da comunidade, a peregrinação foi ainda um resgate da história de luta e conquista dos povos originários. Djacir Melchior da Silva, pai de Djavan, destacou a importância do caminho percorrido.

“Quando a Igreja chegou entre nós, incentivou o olhar para a vida e para a ajuda mútua. Hoje, nesta peregrinação, lembramos das lideranças que iniciaram esse trabalho, conquistaram a terra e deixaram o exemplo para que nossos jovens continuem buscando uma vida digna e livre”, declarou emocionado.

Mensagem aos jovens

Durante a programação, Dom Evaristo deixou uma mensagem especial aos jovens indígenas, convocando-os a continuar a luta por seus direitos.

“Este jubileu é uma memória agradecida pela luta dos povos indígenas por seus direitos, pela terra e pela liberdade. Jovens, não traiam seu povo, não deixem que caminhem sozinhos. É a vez de vocês assumirem essa causa, especialmente agora, diante da ameaça do marco temporal. O direito dos povos indígenas é ancestral e deve ser respeitado. Permaneçam firmes na fé e no compromisso de formar comunidades vivas, alimentadas pelo Evangelho e pelo sonho do Reino de Deus”, concluiu o bispo.

A programação do Jubileu dos Povos Indígenas segue ao longo do dia, com celebrações e a ordenação de Djavan, reforçando a aliança entre a Igreja e os povos indígenas de Roraima.

 FONTE/CRÉDITOS: Filipe Gustavo – RÁDIO MONTE RORAIMA FM

Peregrinação marca manhã do Jubileu dos Povos Indígenas em Surumu


O ato reuniu fiéis, lideranças indígenas e missionários, reforçando o espírito de caminhada e esperança.

A manhã deste sábado (26) foi marcada pela peregrinação rumo ao Centro Indígena de Formação, na comunidade de Surumu, durante o Jubileu dos Povos Indígenas. O ato reuniu fiéis, lideranças indígenas e missionários, reforçando o espírito de caminhada e esperança que inspira este grande momento de celebração dos 300 anos de evangelização.

Às 9h, a concentração de participantes no Aeroporto de Surumu deu início à peregrinação, que percorreu estradas de barro até o Centro, carregando símbolos da fé e da resistência dos povos originários. Para o bispo de Roraima e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Dom Evaristo Spengler, a caminhada traduz o sentido profundo do jubileu.

“Todo jubileu envolve uma peregrinação, para nos lembrar que somos peregrinos neste mundo. O Papa nos recorda que somos peregrinos da esperança, e essa esperança não decepciona. Queremos que este caminho nos ajude a estreitar os laços com a Igreja, a renovar a vida pessoal e a assumir o compromisso com o Deus que caminha conosco”, disse Dom Evaristo durante a celebração.

A peregrinação também preparou o ambiente espiritual para a ordenação diaconal do jovem indígena Djavan André da Silva, momento especial que ocorrerá ainda neste sábado. Segundo o padre Mattia Bezze, a caminhada carrega um duplo significado. “Esta peregrinação é tanto parte do jubileu quanto uma preparação para a ordenação de Djavan. Caminhar juntos simboliza a trajetória da vida, onde queremos trazer a graça do jubileu e celebrar a escolha do Djavan de servir à Igreja”, afirmou.

Para os indígenas da comunidade, a peregrinação foi ainda um resgate da história de luta e conquista dos povos originários. Djacir Melchior da Silva, pai de Djavan, destacou a importância do caminho percorrido.

“Quando a Igreja chegou entre nós, incentivou o olhar para a vida e para a ajuda mútua. Hoje, nesta peregrinação, lembramos das lideranças que iniciaram esse trabalho, conquistaram a terra e deixaram o exemplo para que nossos jovens continuem buscando uma vida digna e livre”, declarou emocionado.

Mensagem aos jovens

Durante a programação, Dom Evaristo deixou uma mensagem especial aos jovens indígenas, convocando-os a continuar a luta por seus direitos.

“Este jubileu é uma memória agradecida pela luta dos povos indígenas por seus direitos, pela terra e pela liberdade. Jovens, não traiam seu povo, não deixem que caminhem sozinhos. É a vez de vocês assumirem essa causa, especialmente agora, diante da ameaça do marco temporal. O direito dos povos indígenas é ancestral e deve ser respeitado. Permaneçam firmes na fé e no compromisso de formar comunidades vivas, alimentadas pelo Evangelho e pelo sonho do Reino de Deus”, concluiu o bispo.

A programação do Jubileu dos Povos Indígenas segue ao longo do dia, com celebrações e a ordenação de Djavan, reforçando a aliança entre a Igreja e os povos indígenas de Roraima.

Fonte: Filipe Gustavo

Fotos: Lucas Rossetti

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Ordenação de jovem indígena marcará o segundo dia do Jubileu dos Povos Indígenas em Surumu


Comunidade se prepara para celebrar 300 anos de evangelização com peregrinação e ordenação diaconal.

O segundo dia do Jubileu dos Povos Indígenas, que está sendo celebrado na comunidade de Surumu, promete ser marcado por momentos de grande emoção e significado para a Igreja de Roraima e os povos originários. As atividades previstas para este sábado (26) incluirão uma peregrinação, em destaque, a ordenação diaconal do jovem indígena Djavan André da Silva, fortalecendo ainda mais os laços entre a Igreja e as comunidades indígenas na comemoração dos 300 anos de evangelização.

A programação começou logo pela manhã, com a concentração de fiéis no Aeroporto de Surumu, seguida por uma peregrinação até o Centro Indígena de Formação. Lá, será realizada uma celebração eucarística especial, tendo como ponto alto a ordenação de Djavan, natural da Diocese de Roraima.

Emoção e gratidão marcarão o momento. O jovem diácono já antecipou a alegria de viver essa ocasião tão especial: “Será um dia de grande alegria, juntamente com as comunidades indígenas e o povo de Deus que ainda continua chegando aqui. Uma alegria imensa de poder celebrar esse jubileu dos povos indígenas junto com a minha ordenação diaconal. Estou muito feliz e grato a Deus pela vida e pela vocação”, afirmou Djavan em preparação para o evento.

A celebração contará também com a presença da irmã Eliane Cordeiro de Souza, das Irmãs Mercedárias da Caridade e presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), que destacou a importância do evento: “Será uma alegria muito grande estar presente em nome da CRB, representando mais de 30 mil religiosos do Brasil. Encontrarei missionários que diariamente entregam suas vidas à causa dos povos originários — nossos irmãos muitas vezes sofridos, perseguidos e explorados. Estaremos juntos nessa causa de Jesus, que veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância. Este Jubileu será um marco histórico, um caminho bonito que pede mais cuidado com a vida e maior dignidade para todos, filhos e filhas amados de Deus”, afirmou.

Reflexões do primeiro dia de Jubileu

Na sexta-feira (25), a programação foi aberta com uma mesa-redonda à tarde, abordando a presença histórica da Igreja entre os povos indígenas de Roraima. Um dos participantes, o professor Jaci Guilherme, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), antecipou os temas que serão discutidos: ” Refletimos sobre a luta dos povos indígenas e o compromisso da Igreja. Esta Igreja, que deixou de ser associada às fazendas e passou a se tornar parte das comunidades indígenas. A partir de Dom Aldo Mongiano, houve uma opção clara pelos povos originários. Foi essa união entre a Igreja e os povos indígenas que levou à criação do Conselho Indígena de Roraima (CIR), hoje respeitado nacional e internacionalmente”, destacou Jaci.

Sementes de novas vocações

O impacto deste momento histórico também já começa a ser sentido entre os jovens indígenas, como expressou Idelfonso Barbosa da Máso, seminarista indígena da Raposa Serra do Sol, atualmente cursando Teologia no Seminário de Manaus: “A ordenação do Djavan será fruto de muita oração e dedicação dos missionários e das lideranças indígenas. Este momento certamente inspirará e influenciará muitos jovens da nossa Diocese de Roraima. Ver um irmão nosso ser ordenado diácono desperta em nós a vocação missionária e fortalece nossa identidade cultural e religiosa. É uma resposta concreta da fé e da luta do nosso povo”, afirmou Idelfonso, cheio de esperança de que mais jovens sigam o caminho da vocação religiosa.

Fonte: Filipe Gustavo

Fotos : Pablo Sérgio bezerra

Cardeal Steiner agradece no velório do Papa por “nos despertar para com o cuidado para com a Amazônia”

Uma mistura de sentimentos está presente no coração passando diante do corpo daquele que tem sido uma luz para a humanidade e para a grande maioria dos 1,4 bilhão de católicos do mundo nos últimos 12 anos, embora a multidão de pessoas presentes exija que isso seja feito rapidamente.

Reconhecimento de todo o mundo

O velório de Papa Francisco, que será sepultado neste sábado na Basílica de Santa Maria Maggiore, após o funeral na Praça de São Pedro, é um sinal de reconhecimento por parte das pessoas de todo o mundo. Mas também pelas mais de 200 delegações oficiais que viajaram a Roma para mostrar suas condolências.

De uma dessas periferias veio o arcebispo de Manaus, o cardeal Leonardo Ulrich Steiner. A Amazônia sempre ocupou um lugar especial no coração do último pontífice. Lembro-me da última vez que tive a oportunidade de cumprimentá-lo brevemente, quando lhe contei que minha missão era ser pároco na Área Missionária de San José do Rio Negro, na arquidiocese de Manaus, composta por 26 comunidades indígenas e ribeirinhas. Francisco respondeu: “Que missão linda!

Muito a agradecer a Papa Francisco

Um carinho que também está presente naqueles que vivem nessas e em tantas outras comunidades Amazônia afora, que pediram nesses dias que eu também levasse suas vidas para o velório do Papa. Um sentimento de gratidão que o Cardeal Steiner trouxe para Roma. Logo após rezar diante do caixão de Francisco, instalado na Basílica de São Pedro, o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1) ressaltou que “nós da Amazônia temos muito a agradecer a Papa Francisco por de novo trazer a Amazônia para a discussão, mas especialmente nos despertar para com o cuidado para com a Amazônia”.

O arcebispo de Manaus ressaltou que “não só a região amazônica, mas os povos que ali vivem, as culturas”. Segundo o Cardeal Steiner, “tudo isso nós somos muito gratos ao Papa Francisco por nos ter ajudado a repensar e ajudar a incentivar as nossas comunidades a viverem a sua fé nessa realidade da Amazônia”, concluindo suas breves palavras com um “muito obrigado, Papa Francisco”.

O Cardeal Steiner é alguém profundamente alinhado com o Magistério do Papa Francisco, tendo promovido de várias maneiras a sinodalidade, o cuidado com os pobres, especialmente a população em situação de rua, o cuidado com a casa comum, o protagonismo das mulheres e a defesa dos povos indígenas. Soma-se a isso sua grande devoção, como franciscano, a Francisco de Assis, incentivando constantemente a descoberta da presença de Deus em todas as criaturas, sentimento presente no conceito de ecologia integral, promovido pelo Papa argentino.

Gratidão do povo brasileiro

Esse sentimento de gratidão a Francisco também está muito presente nos dias de hoje entre o povo brasileiro. Ele é um Papa muito querido no Brasil, a ponto de, em uma ocasião, um cardeal brasileiro ter dito a Papa Francisco que ele havia conseguido realizar um milagre durante sua vida, que os brasileiros gostassem de um argentino, fazendo o Papa dar uma gargalhada.

Uma grande delegação do governo brasileiro prestou suas condolências diante do caixão do Papa, encabeçada pelo presidente Lula, um admirador declarado do pontífice, sua esposa Janja, os presidentes do Congresso, do Senado, do Supremo Tribunal Federal, ministros, parlamentares e a ex-presidente Dilma, que admitiu, como também era visível em Lula, que estava abalada com a morte de Francisco.

Padres e lideranças indígenas destacam significado do Jubileu 2025 em Roraima

Padres e lideranças indígenas destacam significado do Jubileu 2025 em Roraima

O evento segue até este sábado, na Raposa Serra do Sol.

Padres e lideranças indígenas destacam significado do Jubileu 2025 em Roraima
Pablo Sérgio bezerra – Rádio Monte Roraima

Diocese de Roraima realiza, pela primeira vez, o Jubileu dos Povos Indígenas. A celebração, que acontece em meio às comunidades originárias do estado, propõe um ano de renovação da fé, denúncia das injustiças e valorização da caminhada histórica dos povos indígenas ao lado da Igreja Católica.

Segundo o padre Mattia, da Pastoral Indigenista, o Jubileu é um tempo de graça que convida à reflexão e à ação. “Não é possível pedir perdão a Deus sem sentir as dores do mundo. E entre essas dores, está a negação dos direitos dos povos originários, que há séculos lutam pelo respeito à sua vida e à sua terra”, destacou.

Para ele, o Jubileu é um sinal de esperança, que deve acender o olhar da sociedade para as feridas abertas pelas desigualdades. “O marco temporal é só um dos muitos desafios enfrentados. Também há carência de saúde, educação e oportunidades para a juventude e as mulheres indígenas. O Jubileu é como um refletor que a Diocese acende sobre essa realidade, reafirmando o compromisso com a vida e os direitos fundamentais.”

A celebração também é um gesto de proximidade da Igreja com os povos indígenas, como reforça o missionário padre Joseph Mugerwa, que atua há oito anos na região do Surumu, Raposa Serra do Sol. “Para as comunidades, o Jubileu não é apenas uma festa da Igreja, é a festa dos povos indígenas. É um momento de lembrar que Deus sempre esteve ao lado deles, e que a Igreja nunca os abandonou nessa caminhada.”

Padre Joseph destaca a expectativa e a mobilização nas diferentes regiões do estado: “Amajari, Serra da Lua, São Marcos, Tabaio, Boa Vista… todas estão se organizando com muito entusiasmo. É um marco histórico, especialmente porque também teremos a ordenação de um diácono indígena. Para o povo, isso representa uma grande conquista, ver um deles assumindo um papel dentro da Igreja.”

 Na foto estão: De azul, o missionário padre Joseph Mugerwa, que atua há oito anos na região do Surumu
padre Paulo da Conceição Fernando Mzé, Superior Regional dos Missionários da Consolata
no Brasil, e a jornalista Dennefer Costa.

 

padre Paulo da Conceição Fernando Mzé, Superior Regional dos Missionários da Consolata no Brasil, também veio de São Paulo para participar do Jubileu. Ele acompanha de perto o trabalho dos missionários na Amazônia, onde a congregação atua há 76 anos. “A nossa presença missionária sempre teve como prioridade os povos indígenas. Celebrar esse Jubileu é reconhecer a importância desse povo para a história do Brasil e da Igreja.”

O Superior reforça que sua visita é também uma forma de animação e escuta dos missionários e das comunidades. “Estamos aqui para afirmar que a missão da Igreja precisa ser feita com e para os povos indígenas. Esse Jubileu é um testemunho da fé viva dessas comunidades, da resistência e da esperança que brota do coração da Amazônia.”

Gilmara Barbosa, representante do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), destacou a importância simbólica e pastoral desse momento:
“Celebrar os 300 anos de evangelização com o protagonismo indígena é reconhecer a história viva e a fé encarnada nos povos originários. É uma resposta concreta aos apelos do Papa Francisco por uma Igreja com rosto amazônico, indígena e comprometida com a justiça e a vida.”

O Jubileu, que vem da palavra hebraica “Yobel” — um instrumento antigo que anunciava um tempo de libertação e graça —, é, segundo os missionários, um convite à conversão da sociedade diante das feridas causadas pela omissão e pela violência histórica contra os povos originários.

A expectativa é que o evento fortaleça os laços entre a Igreja e os povos indígenas, e ecoe uma mensagem clara: a vida, a cultura e os direitos dos povos indígenas devem ser respeitados e celebrados.

 FONTE/CRÉDITOS: Dennefer Costa – Rádio Monte Roraima

Jubileu dos Povos Indígenas começa com seminário que resgata a memória e reafirma compromisso da Igreja de Roraima

Jubileu dos Povos Indígenas começa com seminário que resgata a memória e reafirma compromisso da Igreja de Roraima

O evento está ocorrendo no Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol, reunindo fiéis indígenas e não indígenas.

Jubileu dos Povos Indígenas começa com seminário que resgata a memória e reafirma compromisso da Igreja de Roraima

Pablo Sérgio bezerra

Foi dado início nesta sexta-feira, 25 de abril, ao Jubileu dos Povos Indígenas em Roraima. A abertura foi marcada pelo seminário “Memória e compromisso da Igreja de Roraima com os povos indígenas”, realizado no Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol. O evento é um marco no calendário da Diocese de Roraima e reúne representantes de diversas etnias, missionários, religiosas e religiosas, lideranças tradicionais e convidados de várias regiões do Brasil.

Foto: Pablo Sérgio bezerra – Rádio Monte Roraima FM 

Com o tema “Somos peregrinos e peregrinas da esperança”, o jubileu celebra os 300 anos de evangelização da Igreja no Brasil, mas com um olhar especial: a aliança histórica entre os povos indígenas e a Igreja Católica, construída ao longo de décadas por meio da resistência, da fé e da solidariedade.

Logo pela manhã, o bispo de Roraima e presidente da REPAM-Brasil, Dom Evaristo Spengler, deu as boas-vindas aos participantes, destacando a importância simbólica e espiritual da celebração.“Estamos muito felizes por celebrar esse jubileu. A aliança dos povos indígenas com a Igreja é uma aliança histórica que sempre produziu frutos, como a demarcação e a homologação de terras. Estamos lembrando aqui uma caminhada de fé que fortalece, une e nos dá força para continuar lutando pelos direitos dos povos indígenas”,disse.

O evento também contou com a presença de Padre Ronaldo, missionário vindo de São Paulo, e do Padre Pedro, reitor do Seminário Arquidiocesano de Manaus, que destacou o impacto espiritual da convivência com os povos originários “ Sinto aqui a grandeza da vida, da espiritualidade, da união e da fé desse povo. É algo bonito de se ver e de sentir”, completou Dom Evaristo.

Foto: Pablo Sérgio bezerra – Rádio Monte Roraima FM 

A professora Márcia Maria, da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM Brasil), ressaltou o caráter inédito da celebração. “É uma alegria acompanhar esse momento tão importante. Me parece ser o único jubileu da Igreja em nível nacional que eleva os povos indígenas como protagonistas. A Diocese de Roraima historicamente assumiu a causa indígena como missão. Esse jubileu é um marco para toda a Igreja”, relatou.

Já o coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Amarildo Macuxi, destacou o simbolismo do mês de abril para os povos indígenas. “Abril é o mês da resistência. Estamos aqui celebrando esse jubileu com muita alegria, com a presença de várias comunidades e missionários. A história da evangelização em nossos territórios começou em 1915, e desde então formou-se uma aliança entre as lideranças indígenas e a Igreja”,disse.

O seminário se estende ao longo do dia com mesas-redondas e debates, preparando o espírito dos participantes para os demais dias do Jubileu, que segue com atividades litúrgicas, culturais e celebrações até o fim de semana.

A celebração conta ainda com a chegada de representantes da CRB Nacional (Conferência dos Religiosos do Brasil), da FUNAI e de outras instituições ligadas à causa indígena, confirmando o alcance e a relevância nacional do evento.

Este Jubileu não apenas recorda o passado, mas também lança esperança sobre o futuro. Um futuro onde a fé e a luta dos povos originários seguem caminhando juntas, alimentadas pela espiritualidade, pelo compromisso e pela justiça.

 FONTE/CRÉDITOS: Filipe Gustavo

Surumu celebrará Jubileu dos Povos Indígenas e reafirma papel histórico na luta por direitos

Surumu celebrará Jubileu dos Povos Indígenas e reafirma papel histórico na luta por direitos

Local onde nasceram as primeiras assembleias indígenas de Roraima recebe encontro que resgata memória, e resistência dos povos da Raposa Serra do Sol.

Surumu celebrará Jubileu dos Povos Indígenas e reafirma papel histórico na luta por direitos
Foto Lucas Rosseti – Rádio Monte Roraima fm

A Terra Indígena Raposa Serra do Sol, palco de uma das mais emblemáticas lutas pela demarcação de terras no Brasil, volta a ser centro de mobilização, memória e espiritualidade com a realização do Jubileu dos Povos Indígenas neste fim de semana. O evento ocorrerá na região do Surumu, onde a caminhada pela autonomia e pelos direitos dos povos originários de Roraima teve início ainda na década de 1970.

Mais que uma celebração, o Jubileu marca um reencontro com a história e com os princípios que nortearam as primeiras assembleias dos tuxauas, líderes tradicionais que, enfrentando violência e invasões, decidiram se unir para proteger suas terras, culturas e modos de vida. Foi justamente em uma dessas assembleias, realizada na comunidade Barro, em 1971, que germinou a semente de uma grande organização indígena.

Padre Giorgio Dal Bem, missionário italiano que chegou à Raposa Serra do Sol em 1972 e fundou a Missão Maturuca, destaca a profundidade histórica e espiritual deste momento:


“A partir da Palavra, passou-se a um projeto de Deus, e essa jornada foi muito frutífera. Em 1977, houve uma reunião histórica aqui chamada de ‘ou vai ou racha’, na qual algumas lideranças do povo decidiram abandonar a bebida e a desunião, buscando garantir a vida do povo indígena e da comunidade. Desde então, desenvolveram muitos projetos ao longo dessa história.”

Esse encontro, conhecido como a Assembleia do Vai ou Racha, ocorreu na comunidade indígena Maturuca, e representou um divisor de águas. Além de romper com o uso de bebidas alcoólicas, que fragilizavam as comunidades, as lideranças decidiram fortalecer a unidade entre as regiões. Dessa decisão nasceram os conselhos regionais — estruturas que permitiram maior articulação e resistência frente à exploração ilegal das terras por fazendeiros, garimpeiros e outros invasores.

O Conselho Indígena de Roraima (CIR), hoje referência na luta pelos direitos indígenas, teve suas raízes lançadas nesses encontros. A formalização do CIR ocorreu em 1990, logo após a transformação de Roraima em estado, mas a trajetória de organização coletiva vinha de duas décadas antes. Um dos primeiros conselheiros regionais foi o tuxaua Gabriel Macuxi, da região Raposa.

A terra Raposa Serra do Sol foi por décadas alvo de disputas e violência. A luta pelo reconhecimento e pela demarcação durou mais de 30 anos, com confrontos que deixaram marcas profundas nas comunidades. Muitos indígenas foram expulsos, outros assassinados, mas a resistência permaneceu firme. Em 2005, a terra foi finalmente homologada, tornando-se um marco jurídico e político para os direitos indígenas no Brasil.

Projetos como “Uma vaca para o índio”, lançado em 1980 para incentivar a criação comunitária de gado, também surgiram nesse contexto de reconstrução e fortalecimento das comunidades. O projeto permanece até hoje como símbolo da autonomia econômica indígena.

Além da luta pela terra, o Jubileu celebra também conquistas em áreas essenciais como saúde e educação. A criação do Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena, a formação de professores e agentes de saúde indígena, e a implantação do Grupo de Proteção e Vigilância Territorial (GPVIT) são frutos desse longo percurso de resistência.

O evento deste fim de semana é uma continuidade do Jubileu de Ouro da Missão Maturuca, celebrado em 2023 com grandes momentos de espiritualidade, como a romaria com a Cruz Peregrina, a missa solene com Crisma e homenagens às lideranças e missionários que caminharam junto aos povos. Na ocasião, Dom Evaristo Pascoal Spengler destacou: “Essa missão é um testemunho de compromisso e transformação.”

 

 FONTE/CRÉDITOS: Kayla Silva sob supervisão de Dennefer Honorato

Visita Pastoral Jubilar na Área Santa Rosa de Lima

Entre os dias 21 e 23 de abril, Dom Evaristo, juntamente com a equipe diocesana jubilar, realizou a Visita Pastoral Jubilar na Área Santa Rosa de Lima, localizada na periferia de Boa Vista.

Durante a visita, Dom Evaristo percorreu as comunidades que fazem parte da área e conheceu de perto o trabalho desenvolvido pelo Projeto Poço da Samaritana.

A visita jubilar foi encerrada na noite do dia 23, com a celebração eucarística, que contou com a presença da equipe sinodal.