Dom Evaristo Spengler – Mensagem a Diocese de Roraima

Dom Evaristo Pascoal Spengler

MENSAGEM À DIOCESE DE RORAIMA

Querido Povo de Deus da Diocese de Roraima!

Paz e Bem!

Confesso que a nomeação como bispo da Diocese de Roraima foi inesperada, pois não imaginava sair do Marajó neste momento. Estou há apenas seis anos na Prelazia do Marajó e me encantei com a fé do povo simples e com os grandes apelos missionários destas terras e águas Marajoaras. Por outro lado, o Marajó foi minha porta de entrada para a Amazônia com suas belezas e seus encantos, mas também seus dramas, seus desafios sociais e evangelizadores, e me fez descobrir a abertura missionária para toda a querida Amazônia, e a importância da Amazônia para a Igreja e para o mundo.

Recebi a nomeação do Papa Francisco com muita disponibilidade e abertura de coração para acolher a nova realidade e seus desafios como um apelo de Deus. A Circunscrição Eclesiástica de Roraima tem uma longa história, iniciada em 1907, quando se desliga da Diocese do Amazonas. Desde a sua elevação a Diocese já teve quatro bispos. Agradeço a eles e a todos os que desde o início contribuíram no trabalho evangelizador, porque chego em uma Igreja adulta e experiente. Vou com espírito franciscano, na certeza de que em Roraima “o Senhor me dá irmãos”. Os irmãos são sempre um dom, um presente de Deus. Nós não os escolhemos, os acolhemos e amamos. Vou como um irmão na caminhada de fé deste povo para somar, juntamente com os presbíteros, religiosos e religiosas e todos os batizados e batizadas que vivem sua vida de fé em comunidades, movimentos e paróquias, e servem nas pastorais, organismos eclesiais, equipes e conselhos.

Tenho consciência dos desafios na nova missão que me é confiada, pela complexidade da realidade que envolve fronteiras internacionais, povos indígenas, migração, garimpo ilegal, violência, conflito de terras e territórios e o desafio da evangelização nessa realidade. Por outro lado, também sei que a Igreja local é missionária, servidora e profética. A acolhida e o serviço prestado pela Diocese aos migrantes venezuelanos, no período mais forte da migração, com tanta generosidade e dedicação impactou toda a Igreja no Brasil pela habilidade e competência com que agiu e serviu. É uma Igreja que pauta as suas opções iluminada pelo Evangelho e não por aplausos ou críticas. É uma Igreja que tem clareza da sua opção de estar ao lado dos povos indígenas, migrantes e vulneráveis. Sei que sempre há novos desafios, um deles é a tragédia humanitária que enfrenta o povo Yanomami, um escândalo da sociedade brasileira com repercussões internacionais. Quero somar com todos os de boa vontade, no esforço do resgate pelo respeito e dignidade deste povo, que vive a paixão de Cristo diante dos nossos olhos. Quero estar ao lado e apoiar a todos aqueles que defendem a vida, promovem a paz, e desenvolvem o cuidado da Casa Comum.Conheço os limites das minhas forças, mas a fé me assegura que é necessário contar mais com a misericórdia de Deus e a ação do Espírito, do que com as nossas forças, e caminhar sempre com os irmãos em espírito de sinodalidade. Ao longo da minha vida aprofundei o lema da minha ordenação presbiteral, que é a promessa de Deus a Moisés: “Vai, eu estou contigo” (Ex 3,10.12). Sei que onde quer que sejamos enviados, nossa única segurança é a presença do Deus que nos chama e nos envia através do seu Filho Jesus Cristo. Meu lema de ordenação episcopal também não permite que eu me acomode. Quero renovar a cada dia a resposta ao mandato do mestre aos apóstolos na Galiléia, e a todos os seus discípulos ao longo dos séculos: “Avança para Águas Profundas”.Agradeço a todos os que enviaram mensagens de boas-vindas, e que estão rezando e desejando forças e luzes do Espírito para a nova missão. De modo especial agradeço a acolhida e a fraternidade manifestada pelos bispos do Regional Norte 1 da CNBB.Peço que continuem a rezar por mim, e assuguro-lhes que estarei rezando por vocês.Pela intercessão de Nossa Senhora do Carmo, o Senhor os abençoe e os guarde; seja-lhes misericordioso e lhes dê a Paz.

Fraternalmente,

26 de janeiro de 2023.

Dom Evaristo Pascoal Spengler, OFM

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