A eleição dos delegados foi feita no Estado de Roraima rumo a II COMIGRAR no mês de novembro de 2024.
Em um clima de colaboração e comprometimento, foi realizada a seleção de delegados que representarão o Estado de Roraima na 2ª Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia, que ocorrerá em novembro deste ano. Este evento, realizado nos dias 19 e 20 de abril, foi promovido pelo governo federal através da Setrabes (Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social), em colaboração com o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados no Brasil), a Força-Tarefa Humanitária – Operação Acolhida, a OIM (Organização Internacional para as Migrações) e a Sociedade Civil, busca abordar temas cruciais relacionados à migração, refúgio e apatridia no Brasil.
É importante ressaltar que o estado de Roraima, que faz fronteira com a Guiana Inglesa e a Venezuela, é porta de entrada para migrantes que vêm do Haiti, Cuba, Venezuela, Colômbia e outros países. O maior número corresponde aos migrantes venezuelanos, e apenas em 2023 chegaram 192.021 pessoas ao Brasil, um aumento de 18% em relação a 2022. Como principal ponto de entrada de migrantes no país, Roraima conta atualmente com oito abrigos e três alojamentos que atendem à população que sai da Venezuela em busca de melhores condições de vida.
Em números reais, no passado ingressaram no Brasil 30.646 venezuelanos a mais do que os 161.375 de 2022. Atualmente, o fluxo diário de entrada no Brasil pela fronteira, em Pacaraima, é de até 400 pessoas. Desde 2017, quando o governo federal começou a monitorar o fluxo migratório, 1.028.634 venezuelanos entraram no país – destes, 53% permaneceram em solo brasileiro. Este motivo é suficiente para alertar o governo federal sobre a necessidade de modificar algumas políticas em relação à regularização de migrantes, refugiados e apátridas.
Durante dois dias intensos de propostas e discussões, cinco delegados foram escolhidos entre um grupo de participantes de diversas áreas e comunidades de todo el el Estado de Roraima. Entre eles, destacamos a presença do Padre Juan Carlos Greco, de nacionalidade argentina e parte da Diocese de Roraima, que será o único representante religioso neste grupo de delegados. A presença da Igreja Católica nas propostas discutidas destaca a importância de sua participação na formulação de políticas públicas relacionadas a migrantes e refugiados.
Em uma entrevista com o Padre Juan Carlos Greco com Libia López jornalista da Radio Monte Roraima FM, destacou-se a importância desta conferência em um momento de mudanças significativas no país, especialmente no que diz respeito à migração. O Padre expressou seu compromisso com a defesa dos direitos humanos e a promoção de políticas inclusivas que garantam a proteção e o bem-estar dos migrantes, refugiados e apátridas no Brasil. “Todos os delegados selecionados terão a importante responsabilidade de levar as propostas discutidas na conferência estadual de Roraima para o nível nacional, buscando influenciar a formulação de políticas a nível federal que abordem as necessidades e desafios específicos da região. Entre as propostas discutidas, destacam-se a os dereitos dos indígenas, a validação de títulos para profissionais migrantes, a promoção do multilinguismo em zonas fronteiriças como Roraima e a criação de empregos dignos que respeitem os direitos trabalhistas dos migrantes e refugiados”, ressaltou o Padre Greco.
O Padre Juan Carlos Greco enfatizou que ser delegado representa uma grande responsabilidade, tanto para a Igreja Católica quanto para a comunidade migrante de Roraima. “É muito importante trabalhar em colaboração com outras comunidades religiosas e organizações não governamentais para abordar os desafios comuns e promover uma sociedade mais inclusiva e solidária”.
Roraima é um estado importante no tema da migração por ser fronteira com a Venezuela e a Guiana. E no tema da migração também é importante ressaltar que Roraima é o estado que abriga uma importante comunidade indígena, com 12% da população total do país e aproximadamente 10.000 indígenas venezuelanos em todo o território nacional, dos quais quase 3.500 estão neste estado fronteiriço, segundo o Padre Greco. E é precisamente essa diversidade étnica e cultural que apresenta desafios adicionais que devem ser considerados nas políticas e programas voltados para migrantes e refugiados na região.
Os delegados eleitos foram:
Victor Hugo Ruiz Hernandez;
Juan Carlos Greco
Alba Marina González Andrade;
Hennis Marielis Maraleda Borja;
Omar Wilfredo Pérez Lezama.
Esta eleição de delegados para representar Roraima na 2ª Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia no proximo mês de novembro, marca um passo importante no compromisso do estado e do país em abordar os desafios e oportunidades relacionados à migração e ao refúgio. Com a participação ativa de líderes religiosos, indígenas, representantes governamentais, da sociedade civil e migrantes, espera-se que esta conferência contribua para a formulação de políticas mais inclusivas e eficazes para garantir a proteção e o bem-estar dos migrantes e refugiados no Brasil.
Reportagem Libia López