São Pedro Liu Wenyuan, catequista chinês estrangulado por seguir Jesus

Berço
Nasceu em Kong-Tcheu, na China, em uma família pagã. Quando era jovem, casou-se e vários filhos nasceram. Convertido na juventude, por meio de um amigo, ele foi batizado, apesar da oposição da família. Adotou o nome de Pedro. Ele era catequista.

Perseguição e escravidão
Por ser cristão, ele foi preso e levado para Pequim, onde a morte o aguardava por anunciar Jesus Cristo, mas alguns amigos conseguiram libertá-lo. Novamente, em 1814, ele foi preso e exilado na Mongólia entre os tártaros; ele foi vendido como escravo a um tártaro que o fez passar dez anos em dura escravidão. Quando adoeceu, seus amigos o libertaram novamente e ele pôde voltar para casa, em 1827, onde viveu normalmente com sua esposa e dois filhos.

Vida familiar, perseguição e morte
Pedro Liu Wenyuan, conseguiu viver dez anos normalmente com sua esposa e filhos, mas, em 1834, a hora do julgamento chegou novamente. Um filho dele e sua nora, também cristãos fervorosos, junto com outros fiéis, recusaram-se a permitir que um amigo morto, que havia sido cristão, tivesse um funeral pagão. Como resultado dessa recusa, Kouy-Yang foi enviado para a prisão. Pedro foi lá visitá-los e atendê-los, e quando a sentença de exílio chegou para eles, Pedro pediu permissão para acompanhá-los. Então, ele próprio foi acusado de ser cristão e preso. Levado perante o tribunal, ele confessou sua fé e foi condenado ao estrangulamento, que foi realizado em sua aldeia de Kong-Tcheu em 17 de maio de 1834. Ele foi canonizado com outros 119 mártires chineses em 1º de outubro de 2000 pelo Papa João Paulo II.

A minha oração
“Senhor Jesus, tantos são os sofrimentos, no corpo e na alma, de quem se decide pelo caminho da porta estreita. Senhor, esse é o melhor e o único caminho que nos leva à salvação. Dai-nos a graça da perseverança para que as perseguições do tempo presente não sobreponham os males terrenos. Pedimos-te isso por intercessão de Pedro Liu Wenyuan. Amém.”

São Pedro Liu Wenyuan, rogai por nós!


Outros santos e beatos celebrados em 17 de maio:

1.   Em Alexandria, no Egito, Santo Adrião, mártir. († c. s. IV)

2.   Em Roma, junto à Via Salária Antiga, no cemitério de Basila, São Vítor, mártir. († c. s. IV)

3.   Em Novioduno, na Cítia, hoje Isaccea, na Roménia, os santos Heráclio e Paulo, mártires. († c. s. IV)

4.   Na África Proconsular, na actual Tunísia, a comemoração de Santa Restituta, virgem e mártir. († c. 304)

5.   Em Vercelas, na Ligúria, hoje no Piemonte, região da Itália, a trasladação de Santo Emiliano, bispo. († s. VI)

6.   Em Villarreal, perto de Valência, região da Espanha, São Pascoal Bailão, religioso da Ordem dos Frades Menores, que foi sempre diligente e benévolo para com todos e venerou constantemente com ardente amor o mistério da Santíssima Eucaristia. († 1592)

7.     Em Unzen, no Japão, os beatos Joaquim Mine SukedayuPaulo Nishida, Kyuhachi e companheiros mártires. († 1627)

8.    Em Casória, junto de Nápoles, na Campânia, região da Itália, Santa Júlia Salzano, virgem, que fundou a Congregação das Irmãs Catequistas do Sagrado Coração de Jesus para se dedicar ao ensino da doutrina cristã e difundir a devoção à Santíssima Eucaristia. († 1929)

9.   Em Orgosolo, na Sardenha, região da Itália, a Beata Antónia Mesina, virgem e mártir, que se dedicou generosamente às obras da Igreja e, com dezessete anos de idade, defendeu a sua castidade até à morte. († 1935)

10.   No campo prisional da cidade de Oserlag, perto de Irkutsk, na Rússia, o Beato João Ziatyk, presbítero da Congregação do Santíssimo Redentor e mártir, que, em tempo de perseguição contra a fé, mereceu descansar no convívio celeste dos justos. († 1952)


Beato Vital Vladimiro Bajrak, ucraniano perseguido e morto pelos soviéticos

Ucraniano
Vladimiro nasceu na Ucrânia, em 14 de fevereiro de 1907, em uma aldeia na província de Ternopol. 

Infância e vida religiosa
Em 1922, frequentou o ginásio na cidade de Čertkov e, em 4 de setembro de 1924, ingressou na ordem de São Basílio, o Grande, segundo a regra de São Iosafat, tomando o nome monástico de Vitalij. Depois de completar o noviciado em Krechov, estudou teologia nas escolas monásticas de Lavrov, Dobromil e Kristinopol, todas na Ucrânia. 

Serviço na abadia
Aos 26 anos, fez votos solenes e foi ordenado sacerdote em Žovkva, onde foi nomeado vice-responsável do mosteiro e, ao mesmo tempo, coadjutor da Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Em julho de 1941, foi nomeado responsável pelo mosteiro em Drogobyč, província de Lviv, substituindo os anteriores presos e mortos, Serafim Baranik e Ioakim Sen’kovskij.

Perseguição
O padre Vitalij foi preso por agentes da NKVD, a polícia política soviética, em 17 de setembro de 1945, acusado de ter participado na aldeia de Turinka de um funeral no túmulo dos militantes ucranianos do exército subversivo em 1941, de ter feito propaganda antissoviética durante um sermão. Também foi perseguido por publicar um artigo falso contra o partido bolchevique no calendário antissoviético “Missioner” de 1942.

Condenação
Em 13 de novembro de 1945, o padre Vitalij foi condenado pelo tribunal militar a 8 anos de prisão e confisco de ativos.

Ele morreu poucos dias antes da Páscoa de 1946, depois de ter sido brutalmente espancado durante o interrogatório: foi levado de volta para a prisão do NKVD em uma maca e enterrado na própria prisão. 

Beatificação
O padre Vitalij Bajrak foi beatificado, em 27 de junho de 2001, durante a visita do Papa João Paulo II à Ucrânia, junto com outros 24 greco-católicos vítimas da perseguição soviética.

A minha oração
“Senhor Jesus, hoje são outros milhares de ucranianos que sofrem por perseguição, além de religiosa, mas civil e desleal. Que a nossa oração console os ucranianos que sofrem e providencie para cada um o renovar da esperança. Assim seja, por intercessão do Beato Vital Vladimiro Bajrak.”

Beato Vital Vladimiro Bajrak, rogai por nós!


Outros santos e beatos celebrados em 16 de maio:

  1. Santos Félix e Genádio, mártires, na Tunísia. († data inc.)
  2. Santos Florêncio e Diocleciano, mártires, nas Marcas, região da Itália. († data inc.)
  3. Santos mártires Abdas e Edésio, bispos, que foram mortos por ordem do rei Sapor II, juntamente com trinta e oito companheiros, na antiga Pérsia. († 375/376)
  4. São Peregrino, mártir, venerado como primeiro bispo de sua diocese, na França. († s. IV/V)
  5. São Possídio, bispo de Guelma, na Numídia, na atual Argélia, que foi discípulo e amigo de Santo Agostinho, assistiu à sua morte e escreveu a sua memorável biografia. († d. 473)
  6. São Fídolo, presbítero, que, segundo a tradição, foi feito prisioneiro de guerra pelo rei Teodorico, na França. († c. 540)
  7. São Brandão, abade de Clonfert, zeloso propagador da vida monástica, de quem se narra a célebre «navegação de São Brandão», na Irlanda. († 577/583)
  8. Santo Honorato, bispo, na França. († c. 600)
  9. São Carantoco, bispo e abade de Cardigan, na Grã-Bretanha. († s. VII)
  10. Paixão de quarenta e quatro santos monges, que, no tempo do imperador Heráclio, foram massacrados pelos Sarracenos que assaltaram o seu mosteiro de São Sabas, na Palestina. († 614)
  11. São Germério, bispo, que se empenhou em divulgar o culto de São Saturnino e visitar assiduamente o povo que lhe foi confiado, na atual França. († s. VII f.)
  12. Santo Ubaldo, bispo, que trabalhou diligentemente para renovar a vida comunitária dos clérigos, na Úmbria, região da Itália. († 1160)
  13. Santo Adão, abade do mosteiro de São Sabino, nas Marcas, região da Itália. († c.1210)
  14. São Simão Stock, presbítero, que, depois de ter sido eremita na Inglaterra, ingressou na Ordem dos Carmelitas, da qual foi admirável superior, tornando-se célebre pela sua singular devoção à Virgem Maria. († 1265)
  15. Santo André Bobola, presbítero da Companhia de Jesus, que foi zeloso promotor da unidade dos cristãos, até que, arrebatado por soldados, de bom grado deu o supremo testemunho da fé com o derramamento do seu sangue, na Polônia. († 1657)
  16. Beato Miguel Wozniak, presbítero e mártir, que foi deportado da Polônia, ocupada por um regime hostil à dignidade humana e à religião, para o campo de concentração de Dachau e, depois de cruéis torturas, partiu para a glória celeste. († 1942)

Santo Isidoro, o Lavrador, conhecido como padroeiro dos camponeses e agricultores

Padroeiro
Padroeiro dos trabalhadores, camponeses e agricultores de algumas cidades espanholas e italianas.

Resumo
Nascido em Madrid, por volta de 1070, Isidoro torna-se santo rezando, trabalhando nos campos e partilhando os seus bens com os mais pobres. Um agricultor que,  junto com a sua esposa, a Beata Maria de la Cabeza, esperou com empenho no trabalho dos campos, colhendo pacientemente a recompensa celestial ainda mais do que os frutos terrestres, e foi um verdadeiro modelo de agricultor cristão.

Trabalho e Oração
Apesar de trabalhar arduamente no campo, participava todos os dias da Eucaristia e dedicava muito espaço à oração, tanto que alguns colegas invejosos o acusavam, aliás, injustamente, de se afastar horas do trabalho. Inveja não falta, mas ele supera tudo também graças à ajuda de sua esposa Maria. Dessa maneira, revelou a profunda relação e importância entre trabalho santificado e oração. 

Matrimônio
Com sua esposa, Maria de La Cabeza, viveu um casamento que sempre se caracterizou pela grande atenção aos mais pobres, com quem compartilhavam o pouco que possuíam. Ninguém saiu de Isidoro sem ter recebido algo. Os dois se santificaram mutuamente e Maria também foi reconhecida pela Igreja como Beata. 

Morte e canonização
Morreu em 15 de maio de 1130. Foi canonizado em 12 de março de 1622 pelo Papa Gregório XV. Seus restos mortais estão preservados na igreja madrilena de Sant’Andrea.

A minha oração
“Querido santo, tu nos dá testemunho de que oração e trabalho são pilares de espiritualidade. Mostra-nos que a caridade advém também dessa experiência. Interceda para que tenhamos boas colheitas, interceda para que sejamos trabalhadores exemplares e pessoas generosas por excelência. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!”

Santo Isidoro lavrador, rogai por nós!


Outros santos e beatos celebrados em 15 de maio:

  1. Em Lâmpsaco, no Helesponto, na atual Turquia, a paixão dos santos PedroAndréPaulo e Dionísia, mártires. († s. III)
  2. Em Arvena, na Aquitânia, hoje Clermont-Ferrand, na França, os santos Cássio e Vitorino, mártires. († s. III)
  3. Na Sardenha, região da Itália, São Simplício, presbítero. († s. III/IV)
  4. Em Larissa, na Tessália, região da Grécia, Santo Aquileu o Taumaturgo, bispo. († s. IV)
  5. Em Autun, na Gália Lionense, na hodierna França, São Retício, bispo. († s. IV)
  6. Na Etiópia, São Caleb ou Elésban, rei. († c. 535)
  7. Em Septêmpeda, no Piceno, hoje nas Marcas, região da Itália, São Severino, bispo, cujo nome foi dado à cidade. († data inc.)
  8.   Em Bingen, junto ao rio Reno e perto de Mogúncia, atualmente na Alemanha, São Roberto, Duque. († s. VIII)
  9.   Em Córdova, na Andaluzia, região da Espanha, São Vitesindo, mártir. († 855)
  10.   Em Aix-en-Provence, na França, o Beato André Abellon, presbítero da Ordem dos Pregadores. († 1450)

Foi realizada Missa em Ação de Graças pelos 75 Anos das Irmãs Missionárias da Consolata na Diocese de Roraima

Celebração marca sete décadas e meia de amor e dedicação missionária em terras roraimenses.

No dia 12 de maio, às 9h30, na Igreja Catedral Cristo Redentor em Boa Vista foi realizada uma emocionante missa em ação de graças pelos 75 anos das Irmãs Missionárias da Consolata na Diocese de Roraima. Uma jornada marcada por amor e dedicação missionária desde o seu início, em 12 de maio de 1949.

A celebração reuniu não apenas membros da congregação, mas também fiéis da comunidade local, que se uniram para celebrar essa data tão especial. Entre as presentes, estava Irmã Leda Botta, que compartilhou suas memórias e emoções sobre essa jornada de 75 anos. “A minha alegria hoje é que eu tenho 82 anos. Eu sonhava em ver esse período onde me sinto em casa, como quando era criança. Quem me deu uma vocação foi ver uma missionária partir para as missões. Eu só tinha 4 anos, mas lembro-me que saiu de manhã cedo. O meu sonho era dizer aos outros a grande coisa que procurei a vida inteira. O que sonhava aconteceu, estou no Brasil, nasci na Itália, então, me enche de riqueza por tudo que vivemos.”

Irmã Elisa Pagnani, também presente na celebração, compartilhou suas experiências dos últimos 25 anos de missão em Roraima. “Sou Irma Elisa Pagnani, missionária da Consolata, italiana. Um trabalho muito bonito que tivemos com nossos primeiros venezuelanos, recebendo-os e salvando-os, tentando, do outro lado. É um pouco que, nestas situações, ouvia Jesus Cristo me chamando para servir.”

A missa não apenas celebrou o passado e o presente das Irmãs Missionárias da Consolata, mas também inspirou esperança e renovação para os próximos anos de serviço e dedicação à comunidade de Roraima. Que essas mulheres continuem a ser luzes de amor e compaixão, guiadas pelo chamado de Jesus Cristo para servir aos mais necessitados.

Fortalecendo Laços e Vocações: Diocese de Roraima marca presença no Congresso da Pastoral Familiar em Parintins

Realizado desde 3 até 5 de maio na cidade de Parintins, este Encontro destaca a Família como Fonte de Vocações

O I Congresso da Pastoral Familiar no Regional Norte 1, com o tema “Família, Fonte de Vocações”, marcou três dias de intensas reflexões e trocas de experiências na cidade de Parintins, no estado do Amazonas, de 3 a 5 de maio. Com mais de 350 participantes representando todas as paróquias da diocese de Parintins, o evento contou com a presença de Ronildo Viana e Rosé Ferreira, representantes da Pastoral Familiar da diocese de Roraima, além do casal coordenador da Pastoral Familiar Nacional, Alisson e Solange.

O primeiro dia foi marcado por uma série de participações significativas, com destaque para a presença de Dom José Albuquerque, Bispo da diocese de Parintins. Dom José trouxe contribuições importantes, especialmente em relação à 5ª conferência, abordando o tema “A Família e a Amizade Social”. Em sua fala, ele destacou a importância de discutir a atual situação da família, promovendo momentos de partilha entre os presentes.

Falando sobre o evento, Dom José Albuquerque expressou sua satisfação com a participação maciça e o engajamento dos envolvidos nos bastidores. “Estamos muito contentes. A participação está sendo espetacular”, disse o bispo. Ele enfatizou o papel crucial do Congresso em fortalecer a pastoral familiar na Diocese, além de promover a comunhão e a troca de experiências entre os diversos agentes pastorais envolvidos.

Durante o Congresso, foram abordados temas como as diferentes equipes de pós-matrimoniais, pré-matrimoniais e casos especiais, que tiveram a oportunidade de discutir sobre a importância de anunciar o evangelho da família e promover o amor no matrimônio. Dom José ressaltou a necessidade de ajudar as famílias a serem as “igrejas domésticas”, destacando a importância do sacramento do matrimônio e seu papel na formação de vocações para o matrimônio, vida consagrada e ministérios da igreja.

Com uma programação rica em palestras, mesas-redondas e momentos de espiritualidade, o Congresso marcou um momento histórico para a Pastoral Familiar na região Norte 1, promovendo o fortalecimento das famílias e o discernimento vocacional em um contexto desafiador. O legado desse encontro certamente continuará a gerar frutos na evangelização e no cuidado com as famílias, fortalecendo ainda mais o tecido eclesial na região amazônica.

São Filipe e São Tiago, discípulos e apóstolos escolhidos pessoalmente por Jesus


A Igreja celebra, no dia 3 de maio, a memória dos apóstolos São Filipe e São Tiago, companheiros leais de Nosso Senhor, escolhidos por Ele para propagar o Evangelho por todo o mundo. Pouco se sabe sobre a vida desses dois apóstolos além do que consta nos Evangelhos, nos Atos dos Apóstolos e em algumas Cartas do Novo Testamento.

São Tiago

Os Evangelhos citam dois apóstolos chamados Tiago: um, comumente chamado de “Tiago Maior”, era o irmão de São João e filho de Zebedeu; enquanto o outro, identificado como “filho de Alfeu”, natural de Nazaré, portanto, conterrâneo de Jesus, é uma figura sobre quem pairam algumas dúvidas quanto à identidade. Isso porque, com frequência, ele também é identificado como “Tiago, o Menor”, que seria filho de Maria de Cléofas e primo de Jesus. Este Tiago Menor teve papel fundamental na Igreja de Jerusalém – foi o seu primeiro bispo –, especialmente ao dizer (cf. At 15,13) que os pagãos podiam ser acolhidos na Igreja sem antes ter de se submeter à circuncisão. Além disso, São Paulo diz que Jesus apareceu especificamente para ele (cf. 1 Cor 15,7) e o nomeou uma das colunas da Igreja (cf. Gl 2,9). A esse mesmo Tiago Menor é atribuída a Carta que leva seu nome, na qual consta a conhecidíssima afirmação de que “a fé sem obras é morta”.  O famoso historiador judeu Flávio José relata a informação mais antiga sobre a morte de São Tiago. Ele narra que o Sumo Sacerdote Anano, filho de Anás, aproveitou o intervalo entre a deposição de um Procurador romano e a chegada do seu sucessor para decretar a pena de morte de Tiago por lapidação no ano de 62.

São Filipe

Filipe era natural de Betsaida, mesma terra de Pedro e André. Apesar de sua origem hebraica, seu nome é grego, o que indica uma abertura cultural que, ressalta o Papa Bento XVI, não se deve subestimar. Os momentos em que Filipe é citado nos Evangelhos são pontuais, mas significativos: São João diz que ele foi chamado por Jesus e, tendo encontrado Natanael, diz-lhe (Jo 1,45-46): “Encontramos aquele sobre o qual escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, filho de José, natural de Nazaré”. “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” – perguntou Natanael. “Vem e verás”, replica Filipe, demonstrando, conforme aponta o Papa Bento XVI em catequese específica sobre esse apóstolo, as características da verdadeira testemunha, que “não se contenta em propor o anúncio, como uma teoria, mas interpela diretamente o interlocutor, sugerindo-lhe que faça ele mesmo uma experiência pessoal do que foi anunciado”. Filipe aparece novamente por ocasião da multiplicação dos pães, quando Jesus lhe pergunta onde eles comprariam pão para alimentar aquela multidão. Filipe responde de maneira sensata, considerando o número de pessoas ali presentes, dizendo que duzentos denários – ou seja, duzentas vezes o valor da diária de um trabalhador – não bastariam para que cada um comesse um pedaço. Jesus ter se dirigido a Filipe demonstra que ele era uma figura de destaque entre os discípulos, o que é reforçado pelo fato de que ele sempre aparece em quinto lugar nas listas dos apóstolos. Antes da Paixão de Cristo, Filipe é procurado por alguns gregos, que lhe pediram para ver Jesus (Jo 12,20-22). Muito possivelmente, o próprio Filipe falava grego, motivo pelo qual os estrangeiros o procuraram. Por fim, Filipe aparece recebendo uma espécie de reprimenda do Senhor, quando, na Última Ceia, Jesus dissera que o conhecer significava conhecer também o Pai (Jo 14,7-11). Filipe replica pedindo: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso basta!”, ao que Jesus responde: “Há tanto tempo estou convosco e não me conheces, Filipe? Quem me viu, viu o Pai: Como pedes que te mostre o Pai? Não crês que estou no Pai e o Pai em mim?” Após a morte de Jesus e o recebimento do Espírito Santo, certamente Filipe creu que quem via Jesus via o Pai, tanto que se tornou um grande evangelizador, tendo anunciado Cristo na Grécia e na Frígia, onde acabou encontrando a morte pela crucifixão ou lapidação.

O que aprendemos com os dois apóstolos

São Filipe e São Tiago foram privilegiados, porque conviveram de perto com Jesus, foram catequizados, formados pelo Senhor. Não podemos esquecer, contudo, que muitos dos discípulos de Jesus não suportaram seus ensinamentos e O abandonaram, como narrado por São João. A santidade desses dois apóstolos não vem do fato de eles terem sido chamados por Jesus e convivido com Ele, mas pela maneira como eles corresponderam ao chamado, desapegando-se da sua vida por amor ao Senhor, gastando a própria vida para anunciar Jesus e, por fim, perdendo a própria vida para ganhá-la, como ensinou seu Divino Mestre.

Minha oração

São Filipe e São Tiago, vós convivestes com tanta proximidade com Jesus. São Tiago, talvez tu brincaste com Nosso Senhor quando éreis crianças, talvez fostes à sinagoga juntos aprender a Lei de Deus. Vós fostes formados pelo Mestre, ouvistes d’Ele tantos ensinamentos, partilhastes o pão, partilhastes também as perseguições e preocupações! Peço-vos que me ensine, a mim, que só vi a Cristo sob o véu dos sacramentos, a perseverar no seguimento do Evangelho.  Peço-vos que me ajudeis a ter a coragem de me lançar na evangelização, sem medo dos perigos, das censuras, da humilhação.  Peço-vos que rogueis para que eu esteja sempre atento para ajudar aqueles que querem conhecer Jesus como tu estiveste, São Filipe. Peço-vos vossa intercessão para que eu seja firme na defesa da verdade como tu sempre foste, São Tiago. Peço-vos auxílio para nunca ter uma fé apenas da boca para fora, mas sim uma fé sustentada pelas obras, uma fé de quem realmente conheceu a Cristo e se converteu. Uno-me, por fim, à Igreja, que hoje reza:

“Ó mártires ilustres, faróis de tanta luz, na fé e na esperança, já vemos a Jesus.

E um dia em plena glória, então sem véu algum, vejamos face a face o Deus que é trino e um!”

São Filipe e São Tiago, apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo, rogai por nós!

Santo Atanásio, bispo de Alexandria no Egito e doutor da Igreja

Origens

Desde a infância, Atanásio estava convencido de que um bom teólogo deve necessariamente ser também um bom cristão, um santo. E os contatos com Antônio Abate, patriarca do monaquismo, foram-lhe de grande conforto, porque compreendeu como este homem pobre e isolado sabia muito mais e muito melhor do que muitos eruditos da cidade: “Além do estudo e verdadeiro conhecimento das Escrituras, com uma vida justa e uma alma pura e virtude segundo Cristo são necessárias para que, caminhando na virtude, o intelecto possa alcançar e entender o que deseja, tanto quanto a natureza humana pode entender de Deus o Verbo. De fato, sem um intelecto puro e uma vida modelada nos santos, não se pode entender as palavras dos santos. Portanto, quem quiser entender o pensamento dos teólogos deve purificar a alma…” .

A coragem dos mártires, a fraqueza dos lapsi

Nascido em Alexandria por volta de 295 em uma família cristã, recebeu uma boa educação cultural. A sua infância coincidiu com a perseguição de Diocleciano (303-313), e Atanásio pôde admirar, por um lado, a coragem dos mártires e, por outro, a falta de coragem, ditada pela debilidade humana dos lapsi, os “recaídos “, prontos para sacrificar aos deuses diante do perigo, e depois pedir para ser readmitido na comunhão com a Igreja quando a perseguição acabou.

A Trindade: Deus uno e trino

Atanásio viveu tempos difíceis. Por um lado, a Igreja acabava de sair de um duro período de perseguições e ainda não encontrava uma correta relação com a autoridade imperial, visto que esta ainda influenciava as nomeações, as convocações dos Concílios e Sínodos e as formulações doutrinárias; por outro lado, surgiram incompreensões doutrinais que ameaçavam comprometer toda a experiência cristã, especialmente com o arianismo (de Ario, sacerdote da igreja de Alexandria). De fato, na cultura grega, acreditar no único Deus, não era um problema: no entanto, tratava-se de ajudar os novos cristãos a compreender que Deus era Uno e Trino. A difusão de tal “doutrina” teria significado transmitir a mensagem de que a salvação pode ser alcançada com as próprias forças e, portanto, tornaria inútil a encarnação.

O Concílio de Niceia

Em 325, como diácono, participou do Concílio de Niceia como assistente do bispo Alexandre. Aqui, foi abordada a questão de Ário, e os Bispos presentes proclamaram solenemente que o Filho é ” da mesma substância que o Pai”. Em 328, o bispo Alexandre morreu, e Atanásio tornou-se seu sucessor. Como Bispo, ele decidiu visitar os monges de São Pacômio na Tebaida: Atanásio, de fato, sabia que o monaquismo poderia oferecer uma grande contribuição para o povo. No entanto, Pacômio não compareceu àquela visita porque temia ser ordenado sacerdote e se ver envolvido no compromisso pastoral de seu amigo Atanásio, que o entendia cordialmente.

Os meletianos e a defesa de Atanásio

Durante a visita às várias comunidades, os meletianos (discípulos do bispo Meletius de Licopolis – +328) liderados por Giovanni Arkaf, acusaram-no perante o imperador de se ter ordenado bispo muito jovem e de ter imposto tributos injustos aos cristãos. Não foi difícil para Atanásio defender-se das acusações, mas estas foram apenas o prelúdio do que ainda estava para acontecer. No final de 332, ele foi acusado de ter mandado matar o bispo Arsênio de Ipsele, enquanto ele estava simplesmente escondido em um mosteiro de monges e apareceu vivo e bem no tribunal. Foi um grande revés para os acusadores de Atanásio.

Nem os arianos pararam de lhe dar problemas. Os melecianos submeteram-lhe um documento com a fórmula da fé para ser assinado: aparentemente, poderia parecer ortodoxo, mas faltava a expressão “da mesma substância”. O imperador pediu a Atanásio que readmitisse Ário, mas depois de ler o documento, o bispo recusou. Neste ponto, em 335, os bispos arianos e meletianos convocaram um Concílio em Tiro que – em face da maioria controlada de arianos e meletianos – decretou o exílio de Atanásio. Nesse ínterim, Giovanni Arkaf havia sido nomeado bispo em Alexandria, mas sua presença não durou muito, porque logo foi expulso pelos próprios cristãos. A partir desse momento, a cátedra de Alexandria não foi ocupada por outros bispos heréticos, pois os cristãos da cidade reconheceram apenas Atanásio como seu bispo.

A disputa entre os arianos e Atanásio

Após a morte de Constantino, em 337, Atanásio – com o consentimento dos imperadores do Ocidente e do Oriente – retornou a Alexandria. Mas, mais uma vez, os arianos se opuseram e convocaram outro concílio para discutir a posição de Atanásio; neste ponto, ele se aposentou com os monges. O Papa Júlio I, sabendo onde ele estava, convocou-o a Roma para o Concílio Romano, durante o qual Atanásio foi declarado inocente. Porém, impossibilitado de retornar a Alexandria, pôde ensinar com suas catequeses – entre 339 e 346 – que o perigo do arianismo esvaziava a fé cristã. Ao mesmo tempo, difundiu a experiência do monaquismo como prova de que tudo é graça, tudo é dom de Deus para quem n’Ele acredita e se confia a Ele.

O retorno de Atanásio a Alexandria

Somente em 346, após o Concílio de 343 na atual Sofia, o bispo de Alexandria foi declarado deposto e Atanásio convidado a retornar, o que acontecerá apenas três anos depois, em meio a grandes comemorações. Gregory Nazianzen conta que, ao entrar em Alexandria, na frente de seu pastor, as pessoas jogavam seus mantos e palmeiras no chão. A ação pastoral de Atanásio soube conquistar corações e mentes, como ele mesmo escreverá na História dos Arianos contada aos monges: “Quantas mulheres em idade núbil, já preparadas e decididas para o matrimônio, permaneceram virgens para Cristo! Quantos jovens, vendo seu exemplo, abraçaram a vida monástica! Quantos pais persuadiram seus filhos e quantos filhos convenceram seus pais a não abandonarem a vida cristã…”. São Basílio, que naqueles anos iniciava o seu ministério episcopal, reconheceu no já idoso Atanásio o único capaz de dialogar com todos, porque ninguém como ele “tinha a solicitude de todas as Igrejas”. Quando ele morreu, em 2 de maio de 373, Basílio o lembrou como uma “alma grande e apostólica”.]

Santo Atanásio, bispo de Alexandria no Egito e doutor da Igreja, rogai por nós!

Igreja Católica do Brasil marca presença no tema das políticas públicas sobre migrantes, refugiados e apátridas.

A eleição dos delegados foi feita no Estado de Roraima rumo a II COMIGRAR no mês de novembro de 2024.

Em um clima de colaboração e comprometimento, foi realizada a seleção de delegados que representarão o Estado de Roraima na 2ª Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia, que ocorrerá em novembro deste ano. Este evento, realizado nos dias 19 e 20 de abril, foi promovido pelo governo federal através da Setrabes (Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social), em colaboração com o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados no Brasil), a Força-Tarefa Humanitária – Operação Acolhida, a OIM (Organização Internacional para as Migrações) e a Sociedade Civil, busca abordar temas cruciais relacionados à migração, refúgio e apatridia no Brasil.

É importante ressaltar que o estado de Roraima, que faz fronteira com a Guiana Inglesa e a Venezuela, é porta de entrada para migrantes que vêm do Haiti, Cuba, Venezuela, Colômbia e outros países. O maior número corresponde aos migrantes venezuelanos, e apenas em 2023 chegaram 192.021 pessoas ao Brasil, um aumento de 18% em relação a 2022. Como principal ponto de entrada de migrantes no país, Roraima conta atualmente com oito abrigos e três alojamentos que atendem à população que sai da Venezuela em busca de melhores condições de vida.

Em números reais, no passado ingressaram no Brasil 30.646 venezuelanos a mais do que os 161.375 de 2022. Atualmente, o fluxo diário de entrada no Brasil pela fronteira, em Pacaraima, é de até 400 pessoas. Desde 2017, quando o governo federal começou a monitorar o fluxo migratório, 1.028.634 venezuelanos entraram no país – destes, 53% permaneceram em solo brasileiro. Este motivo é suficiente para alertar o governo federal sobre a necessidade de modificar algumas políticas em relação à regularização de migrantes, refugiados e apátridas.

Durante dois dias intensos de propostas e discussões, cinco delegados foram escolhidos entre um grupo de participantes de diversas áreas e comunidades de todo el el Estado de Roraima. Entre eles, destacamos a presença do Padre Juan Carlos Greco, de nacionalidade argentina e parte da Diocese de Roraima, que será o único representante religioso neste grupo de delegados. A presença da Igreja Católica nas propostas discutidas destaca a importância de sua participação na formulação de políticas públicas relacionadas a migrantes e refugiados.

Em uma entrevista com o Padre Juan Carlos Greco com Libia López jornalista da Radio Monte Roraima FM, destacou-se a importância desta conferência em um momento de mudanças significativas no país, especialmente no que diz respeito à migração. O Padre expressou seu compromisso com a defesa dos direitos humanos e a promoção de políticas inclusivas que garantam a proteção e o bem-estar dos migrantes, refugiados e apátridas no Brasil. “Todos os delegados selecionados terão a importante responsabilidade de levar as propostas discutidas na conferência estadual de Roraima para o nível nacional, buscando influenciar a formulação de políticas a nível federal que abordem as necessidades e desafios específicos da região. Entre as propostas discutidas, destacam-se a os dereitos dos indígenas, a validação de títulos para profissionais migrantes, a promoção do multilinguismo em zonas fronteiriças como Roraima e a criação de empregos dignos que respeitem os direitos trabalhistas dos migrantes e refugiados”, ressaltou o Padre Greco.

O Padre Juan Carlos Greco enfatizou que ser delegado representa uma grande responsabilidade, tanto para a Igreja Católica quanto para a comunidade migrante de Roraima. “É muito importante trabalhar em colaboração com outras comunidades religiosas e organizações não governamentais para abordar os desafios comuns e promover uma sociedade mais inclusiva e solidária”.

Roraima é um estado importante no tema da migração por ser fronteira com a Venezuela e a Guiana. E no tema da migração também é importante ressaltar que Roraima é o estado que abriga uma importante comunidade indígena, com 12% da população total do país e aproximadamente 10.000 indígenas venezuelanos em todo o território nacional, dos quais quase 3.500 estão neste estado fronteiriço, segundo o Padre Greco. E é precisamente essa diversidade étnica e cultural que apresenta desafios adicionais que devem ser considerados nas políticas e programas voltados para migrantes e refugiados na região.

Os delegados eleitos foram:

Victor Hugo Ruiz Hernandez;
Juan Carlos Greco
Alba Marina González Andrade;
Hennis Marielis Maraleda Borja;
Omar Wilfredo Pérez Lezama.

Esta eleição de delegados para representar Roraima na 2ª Conferência Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia no proximo mês de novembro, marca um passo importante no compromisso do estado e do país em abordar os desafios e oportunidades relacionados à migração e ao refúgio. Com a participação ativa de líderes religiosos, indígenas, representantes governamentais, da sociedade civil e migrantes, espera-se que esta conferência contribua para a formulação de políticas mais inclusivas e eficazes para garantir a proteção e o bem-estar dos migrantes e refugiados no Brasil.

Reportagem Libia López