
Nos dias 7, 8 e 9 de março, a Assembleia das Pastorais Sociais reuniu vozes e experiências de diferentes regiões de Roraima, com foco especial nos desafios enfrentados pela Amazônia. O encontro destacou que a disputa por terra é uma questão central, onde campo e cidade não estão isolados — tudo está interligado e afeta diretamente as populações locais.

Um dos pontos mais debatidos foi a crescente pressão internacional sobre a Amazônia. Países estrangeiros observam a região com interesse, sobretudo em relação ao crédito de carbono, uma tentativa de compensar a poluição em troca de investimentos em preservação ambiental. No entanto, foi levantada a crítica de que esse sistema tem causado divisão nas comunidades indígenas, uma vez que grandes empresas, ao se associarem a projetos verdes, acabam fragmentando o povo ao invés de fortalecê-lo.
Outro tema relevante foi o encarecimento das terras, que impacta diretamente o preço dos alimentos e a apropriação indevida de territórios, especialmente em estados como Roraima, onde a demarcação de novas terras indígenas está atrasada. A CPI das Terras de Roraima também foi mencionada como um instrumento para investigar as irregularidades fundiárias.
A pergunta que ecoou entre os participantes foi: Por que os recursos prometidos pelo governo para combater o desmatamento e apoiar comunidades não chegam ao destino final?
Além das questões ambientais, a Assembleia abordou a violência crescente contra mulheres, crianças e pessoas LGBTQIAP+. As pastorais questionaram: Será que há uma real valorização das mulheres em nossa sociedade, ou estamos apenas vivendo um modismo? A fala de uma das irmãs presentes destacou a importância de desconstruir visões ultrapassadas dentro da própria Igreja.
Para além das análises críticas, a palavra “resistência” foi a que mais ecoou durante o evento. As Pastorais Sociais reafirmaram seu compromisso em ser um espaço de luta e espiritualidade, com a certeza de que sua existência já é, por si só, um ato de resistência.
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