Cáritas Brasileira suspende projetos emergenciais de apoio a migrantes em Roraima

A instituição informou que a suspensão ocorre a pedido do financiador e diante da inexistência de novos aportes financeiros.

Cáritas Brasileira suspende projetos emergenciais de apoio a migrantes em Roraima

A Cáritas Brasileira anunciou, nesta segunda-feira (17), a suspensão por tempo indeterminado de dois importantes projetos emergenciais voltados para a população migrante e pessoas em situação de vulnerabilidade em Roraima. O “Projeto Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras”, que promovia o acesso à água, saneamento e higiene, e o “Projeto Sumaúma: Nutrindo Vidas”, que oferecia segurança alimentar e nutricional, tiveram suas atividades interrompidas devido à falta de novos recursos financeiros.

A instituição informou que a suspensão ocorre a pedido do financiador e diante da inexistência de novos aportes financeiros, o que inviabiliza a continuidade dos atendimentos. O Projeto Sumaúma era responsável por distribuir cerca de 1.800 refeições diárias no Posto de Recepção e Apoio (PRA) de Boa Vista, enquanto o Projeto Orinoco oferecia instalações para higiene pessoal, como banheiros, duchas, lavanderias e bebedouros, realizando cerca de 1.000 atendimentos diários.

Foto: Leonardo Milano/La Mochila Migrante

Segundo Wellthon Leal, assessor nacional da Cáritas Brasileira, a interrupção dessas atividades impacta diretamente a população em situação de rua e os migrantes que dependiam dos serviços. “A suspensão do Projeto Orinoco já havia ocorrido de forma parcial anteriormente, mas agora, com o esgotamento de recursos oriundos de doações, não conseguimos mais garantir o funcionamento”, explicou.

Ele também ressaltou que a falta de comunicação com o governo dos Estados Unidos, principal financiador dos projetos, inviabilizou a continuidade do fornecimento de alimentos e do pagamento da equipe envolvida no Projeto Sumaúma. “Já estamos mobilizando toda a nossa rede para buscar novos recursos, tanto no Brasil quanto no exterior, e seguimos dialogando com os governos municipal, estadual e federal, além de representantes internacionais, para discutir alternativas”, disse Leal.

Vanessa Ayres, também assessora nacional da Cáritas, alertou para o impacto que a suspensão causará na cidade de Boa Vista. “A sobrecarga sobre os serviços já existentes será enorme. Não são apenas migrantes que utilizavam essas estruturas, mas também brasileiros em situação de alta vulnerabilidade. O encerramento dessas atividades significa uma perda significativa para todos que dependem delas”, afirmou.

Foto: Leonardo Milano/La Mochila Migrante

Mobilização da Igreja e campanha de doação

A Cáritas Brasileira, vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tem recebido apoio da Igreja Católica para manter diversos projetos pelo país. Wellthon Leal revelou que já houve um diálogo com Dom Evaristo Pascoal Spengler, bispo de Roraima, que busca apoio dentro da rede eclesial, inclusive com o Vaticano, para arrecadar recursos que possibilitem a retomada dos programas.

Em meio à crise, a Cáritas também lançou uma campanha emergencial de arrecadação. Segundo Áurea Cruz, coordenadora local do Projeto Sumaúma, a continuidade das atividades depende do apoio da sociedade. “Nosso custo mensal é alto, cerca de R$ 800 mil, principalmente devido aos encargos trabalhistas. Há a possibilidade de doações para compra de alimentos, mas não temos recursos para custear a mão de obra”, explicou. Desde o início do projeto, já foram servidas mais de 1,2 milhão de refeições.

Para garantir a continuidade desses serviços essenciais, a Cáritas Brasileira pede apoio financeiro por meio de doações. Os interessados podem contribuir via PIX (doe@caritas.org.br) ou transferência bancária (Banco do Brasil – Agência: 0452-9, Conta Corrente: 53.377-7). Para doações internacionais, os dados bancários incluem IBAN: BR1600000000004520000533777C1 e Swift: BRASBRRJSBO.

Foto: Leonardo Milano/La Mochila Migrante

Números do impacto dos projetos

  • De julho de 2019 a dezembro de 2024, mais de 100 mil pessoas foram atendidas pelo Projeto Orinoco.
  • No período, foram contabilizados 1,1 milhão de acessos a instalações sanitárias e 82 mil quilos de roupas lavadas.
  • Somente em 2024, foram atendidas mais de 50 mil pessoas, com uma média de 1.000 acessos diários.
  • O Projeto Sumaúma serviu 1.225.159 refeições entre agosto de 2022 e dezembro de 2024.
  • Foram atendidas 40.545 pessoas nesse período, considerando migrantes e brasileiros em situação de vulnerabilidade.

“Seguimos firmes em nossa missão de serviço, solidariedade e esperança, buscando caminhos para continuar atendendo quem mais precisa”, finaliza a nota da instituição.

 FONTE/CRÉDITOS: Filipe Gustavo

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