São José de Cupertino, o padroeiro dos estudantes

Origens

Quando José Maria Desa nasceu, em 17 de junho de 1603, na cidadezinha de Cupertino, na província italiana de Lecce, sua família não levava uma vida fácil. Seu pai, Félix, foi envolvido na falência financeira de um conhecido, a quem havia emprestado dinheiro, acabando na miséria. Por isso, José veio ao mundo em uma estrebaria, como Jesus, e, desde criança, teve de arregaçar as mangas para contribuir com as despesas de casa, trabalhando em uma venda. 

São José de Cupertino até começou a ir à escola, mas foi acometido por uma úlcera gangrenosa, que o obrigou a deixar os estudos por cinco anos. Sua mãe, Francisca Panaca, mulher forte e vigorosa, tentou dar-lhe uma formação básica, mediante a narração da vida dos Santos, como a de São Francisco. Assim, amadureceu em José o desejo de seguir e imitar a vida do “Pobrezinho de Assis”.

Franciscanos

Aos 16 anos, pediu para entrar na Ordem dos Frades Franciscanos Conventuais, no convento da “Grottella”. Entretanto, a sua pouca formação escolar não o ajudou, sendo obrigado a voltar à sua vida de antes. Com o tempo, São José de Cupertino dirigiu-se aos Franciscanos Reformados e, depois, aos Capuchinhos de Martina Franca, mas a resposta era sempre a mesma: pouca instrução, além das suas primeiras manifestações de êxtase, durante as quais deixava cair tudo das mãos, que o tornaram inadequado para a vida comunitária. 

Neste ínterim, o Supremo Tribunal de Nápoles estabeleceu que, ao se tornar maior de idade, José devia trabalhar, sem remuneração, até pagar toda a dívida do pai, já falecido. Diante de tal sentença, que na verdade era uma verdadeira escravidão, o jovem voltou a pedir para entrar no convento de “Grottella”. Os Frades levaram a sério a sua situação e o ajudaram a fazer um verdadeiro percurso de estudos. 

Sacerdócio milagroso

Entre milhares de dificuldades, mas graças à sua grande força de vontade, chegou a hora de enfrentar o exame para o Diaconato. Ali, realizou-se um prodígio: José conhecia a fundo apenas uma passagem do Evangelho, precisamente aquela que, por acaso, o Bispo examinador lhe pediu para comentar. Um acontecimento extraordinário semelhante deu-se, novamente, três anos depois, durante o exame para o Sacerdócio: o Bispo interrogou alguns candidatos e, achando-os particularmente preparados, estendeu a admissão ao Sacerdócio a todos os outros candidatos. Enfim, em 1628, José foi ordenado sacerdote.

“Irmão burro” e dom de ciência infusa

A humildade de São José de Cupertino, porém, permaneceu proverbial: ciente das suas limitações culturais, nunca renunciava aos trabalhos manuais mais simples, chegando até a se apelidar “Irmão burro”; no entanto, dedicava-se ao serviço dos mais pobres. José viveu seu amor à Igreja de forma incondicional: colocou Cristo ao centro da sua vida e tinha uma profunda devoção a Maria, Mãe de Deus. Contudo, quem o ouvia falar reconhecia nele a luz de uma teologia madura, com a qual fazia debates profundos: era o dom da ciência infundida (Deus que revela o conhecimento ao homem), que o tornou um grande sábio.

Êxtases e levitações

No entanto, se acentuavam em José os fenômenos de êxtases e levitações, sobretudo quando pronunciava os nomes de Jesus e Maria. Tais episódios não passaram despercebidos à Inquisição de Nápoles, que o convocou para saber se o jovem de Cupertino estivesse abusando ou não da credulidade popular. E, precisamente, diante dos Juízes, reunidos no Mosteiro de São Gregório Armênio, José teve uma levitação. Por isso, foi absolvido de todas as acusações, mas o Santo Ofício o obrigou ao isolamento, longe das multidões.

O ponto mais alto: a Eucaristia 

Desta forma, o futuro Santo passou de um convento ao outro – Roma, Assis, Pietrarubbia, Fossombrone – até chegar a Ósimo, perto de Ancona. Finalmente, ao chegar ali, em 1656, por ordem do Papa Alexandre VII, encontrou a paz. De fato, ali permaneceu sempre até a morte, levando sempre uma vida humilde, ao serviço do próximo e em colóquio pessoal com Deus, que culminava na celebração Eucarística.

Páscoa

São José de Cupertino faleceu, em 18 de setembro de 1663, aos 60 anos. Bento XIV o beatificou, em 1753, e Clemente XIII o canonizou em 16 de julho de 1767. Hoje, seus restos mortais descansam em uma urna de bronze dourado, na cripta da igreja de Ósimo, a ele dedicada. Foi construído também um Santuário, em sua homenagem, em Cupertino, sobre a estrebaria onde o Santo nasceu.

Padroeiro dos Estudantes

“Capacidade de voar, com a mente e com o corpo”: eis a chave estilística, que caracterizava a vida de São José de Cupertino. No entanto, apesar das suas dificuldades nos estudos, recebeu o dom da ciência infundida e momentos de êxtase com levitações. Isso tornou-o padroeiro dos estudantes e universitários. 

Minha oração

“Tu, que alcançastes as mais altas ciências, não pela via intelectual, mas sim pelas vias místicas, ajudai-nos nos nossos estudos e no desejo mais sincero de conhecer a Deus. Ensinai-nos a descobrir em Jesus o caminho da sabedoria. Amém!”

São José de Cupertino, rogai por nós!

São Roberto Bellarmino, bispo, cardeal e doutor da Igreja

Origens

Nascido em 4 de outubro de 1542, em Montepulciano, perto de Siena, São Roberto Bellarmino era filho dos nobres empobrecidos Vincenzo Bellarmino e Cinzia Cervini, que era irmã do Papa Marcelo II. Ele teve uma excelente educação humanista antes de entrar na Companhia de Jesus em 20 de setembro de 1560. Os estudos em filosofia e teologia, que realizou entre o Colégio Romano, Pádua e Louvain, centraram-se em São Tomás e os padres da Igreja, foram decisivos para sua orientação teológica. Ordenado sacerdote em 25 de março de 1570.

Professor e Orientador da Fé

São Roberto Bellarmino foi professor de teologia em Louvain por alguns anos. Posteriormente, chamado à Roma como professor do Colégio Romano, foi-lhe confiada a cátedra de “Apologética”; na década em que ocupou esse cargo (1576-1586), elaborou um curso de lições que, mais tarde, se fundiu na Controversiae , obra que imediatamente se tornou famosa pela clareza e riqueza de conteúdo e pelo viés predominantemente histórico. O Concílio de Trento acabava de terminar, e para a Igreja Católica era necessário fortalecer e confirmar sua identidade também em relação à Reforma Protestante. A ação do Bellarmino se insere nesse contexto. 

De 1588 a 1594, foi o primeiro pai espiritual dos alunos jesuítas do Colégio Romano, entre os quais conheceu e dirigiu São Luís Gonzaga, e, mais tarde, superior religioso. O Papa Clemente VIII o nomeou teólogo pontifício, consultor do Santo Ofício e reitor do Colégio das Penitenciárias da Basílica de São Pedro. Seu catecismo, Breve Doutrina Cristã , que foi sua obra mais popular, remonta ao biênio 1597-1598.

Cardeal 

Em 3 de março de 1599, foi criado cardeal pelo Papa Clemente VIII e, em 18 de março de 1602, foi nomeado arcebispo de Cápua. Recebeu a ordenação episcopal em 21 de abril do mesmo ano. Nos três anos em que foi bispo diocesano, destacou-se pelo zelo de pregador em sua catedral, pela visita semanal às paróquias, pelos três sínodos diocesanos e por um conselho provincial ao qual deu vida. Depois de ter participado dos conclaves que elegeram o Papa Leão XI e Paulo V, foi chamado a Roma, onde foi membro das Congregações do Santo Ofício, do Índice, dos Ritos, dos Bispos e da Propagação da Fé. Ele também teve cargos diplomáticos, com a República de Veneza e Inglaterra, em defesa dos direitos da Sé Apostólica. 

Páscoa

São Roberto Bellarmino, em seus últimos anos, compôs vários livros sobre espiritualidade, nos quais condensou o fruto de seus exercícios espirituais anuais. Ao lê-los, o povo cristão ainda hoje recebe grande edificação. Morreu em Roma em 17 de setembro de 1621. O Papa Pio XI o beatificou em 1923, o canonizou em 1930 e o proclamou Doutor da Igreja em 1931.

Minha oração

“Grande santo professor e apologista, educa-nos no caminho da fé, livrai-nos das heresias e leva-nos ao conhecimento mais profundo de Jesus Cristo Nosso Senhor. Por meio da tua intercessão, confiamos a Santa Igreja, Cardeais e Bispos, para que sejam modelos do Bom Pastor. Amém!”

São Roberto Bellarmino, rogai por nós!

São Cornélio e São Cipriano, Papa e Bispo

Origens 

A comemoração destes dois mártires, São Cornélio e São Cipriano, no mesmo dia, é muito antiga. O Martirológio de São Jerônimo já os celebrava juntos. Essa data escolhida indica, em particular, a renúncia ao trono papal do primeiro e a morte do segundo por decapitação. 

Cornélio, o Papa

Em Roma, no ano 251, após alguns anos de cargo vacante, devido à perseguição de Décio, Cornélio foi eleito Papa em 251. Era um romano, talvez, de origem nobre, mas, certamente, reconhecido como homem de fé, justo e amoroso.

Contudo, a sua eleição não foi aceita pelo herege Novaciano, que se fez consagrar antipapa e promoveu um cisma precisamente na Cidade de Roma. 

Cornélio — que apoiava a distância o Bispo Cipriano —, foi acusado de ser muito manso com os “lapsos”: estes eram apóstatas, que retornavam à Igreja, sem as devidas penitências. Estes voltavam às atividades, simplesmente com a apresentação de um certificado de reconciliação, obtido de algum suposto confessor.

Além do mais, uma epidemia abateu-se sobre Roma e, depois, teve início também a perseguição anticristã de Galo. O Papa Cornélio foi exilado e preso em Civitavecchia, onde faleceu em 253, mas foi sepultado nas catacumbas de São Calisto, em Roma.

Cipriano, Bispo

Cipriano nasceu em Cartago, no ano 210, era um hábil retórico, que exercia a profissão de advogado. Certo dia, ao ouvir a palavra de Jesus, converteu-se ao Cristianismo. Transcorria o ano 246.

Graças à sua fama de intelectual, foi imediatamente ordenado sacerdote e consagrado Bispo da sua cidade. Mas, em Cartago, a situação dos cristãos não era fácil: agravaram-se as perseguições de Décio, depois de Galo, Valeriano e Galieno. 

Assim, muitos fiéis, ao invés de morrer, decidiram voltar ao paganismo. Com o tempo, alguns se arrependeram, mas a conduta de acolhida e benevolência do Bispo Cipriano com eles não foi aceita pelos rigoristas. Envolvido na contenda dos “lapsos”, lutou contra o Padre Novato, que apoiava o antipapa Novaciano, e contra o diácono Felicissimo, que havia eleito Fortunato como antibispo. 

Em 252, Cipriano conseguiu convocar um Concílio, em Cartago, para condená-los, enquanto o Papa Cornélio, em Roma, confirmava a excomunhão deles. Durante a perseguição de Valeriano, o clandestino Cipriano retornou a Cartago, para dar testemunho da fé, mas ali foi martirizado.

Amor à verdade

A memória dos santos mártires São Cornélio e São Cipriano, os quais celebramos hoje, o mundo cristão os louva a uma só voz, como testemunhas de amor por aquela verdade que não pode ceder, professada por eles em tempos de perseguição diante da Igreja de Deus e do mundo.

Minha oração

“Os santos mártires doaram sua vida pela fé, e quão lindo testemunho é ver os pastores entregando-se como Jesus. Fazei que nossos líderes tenham a mesma coragem e força para sustentar a fé do povo de Deus, assim como testemunhar com a própria vida. Por Cristo, Senhor nosso. Amém!”

São Cornélio e São Cipriano, rogai por nós!

São João Crisóstomo, bispo e doutor da Igreja

Origens 

São João Crisóstomo nasceu por volta do ano 349, em Antioquia, na Síria, Ásia Menor, procedente de uma família muito rica, assim considerada pela sociedade e pelo Estado. Seu pai era comandante de tropas imperiais no Oriente, um cargo que cedo causou sua morte. Sua mãe, Antusa, piedosa e caridosa, agora santa, providenciou para o filho ser educado pelos maiores mestres do seu tempo, tanto científicos quanto religiosos, não prejudicando sua formação.

Bom Orador 

Desde criança, João Crisóstomo foi um campeão da palavra. O famoso reitor Libônio, seu professor, que via no jovem seu sucessor natural. No entanto, ficou desapontado quando aquele estudante promissor preferiu o fascínio da fé ao da retórica, “se os cristãos não me o tivessem roubado”, exclamou!

Na verdade, João foi “roubado” pela atração que nutria pelas palavras sagradas, que estudava com atenção no círculo de amizades de Diodoro, futuro bispo de Tarso. Precisamente, São Paulo foi um dos seus favoritos, ao qual dedicou inúmeros pensamentos e escritos.

Vocação 

O bispo Fabiano o ordenou sacerdote, mas, desde o período de diaconato, João demonstrava claramente que a sua capacidade de falar das Escrituras ao povo era fora do comum.

Antes desta fase de vida, o jovem também fez a experiência eremítica: seis anos no deserto, dos quais, os dois últimos, em uma caverna. Essa experiência consolidou nele um caráter de sobriedade que reforçou ainda mais as suas palavras, que abalavam por sua franqueza.

Amor aos pobres

São João Crisóstomo pregava o amor concreto aos irmãos mais pobres; chamava a atenção dos monges para as obras de caridade e a se desapegarem do dinheiro; exortava os leigos a evitar a teia de aranha da devassidão. Enfim, dava mais espaço ao espírito e menos à carne.

João foi um moralista, no sentido positivo do termo, em uma época em que, extrair dos provérbios bíblicos normas de comportamento coerentes com a vida de um batizado era bastante normal.

A Mudança

Em 397, quando tinha 50 anos, deu-se a grande mudança. São João Crisóstomo estava em Constantinopla para suceder o Patriarca Nectário. Mudou sua função, teve maior visibilidade e proximidade da corte, mas quem não mudou nada foi João. Aquele que combatia a corrupção — que lotava os palácios do poder bizantino —, continuou fiel ao seu estilo. As pessoas o amavam por isso, diziam seus contemporâneos.

Inimigos

Quem começou a detestá-lo, cada vez mais abertamente, era a nobreza e o clero, apegados aos privilégios, mas também por culpa daquele homem que, ao invés de se alinhar com os companheiros do grupo, do qual fazia parte, lançava flechadas com sua língua impetuosa. A indolência e os vícios, sobretudo dos que usavam batina, eram seus alvos favoritos.

Às palavras, seguiram os fatos: muitos padres foram removidos por indignidade, inclusive o bispo de Éfeso. Para muitos, era exagerado demais e, contra um homem, que, no fundo, era mais ingênuo que astuto, começa a série de intrigas.

Condenação 

O partido contra João foi liderado pelo Patriarca de Alexandria, Teófilo, e pela Imperatriz Eudóxia. Em sua ausência, convocaram um sínodo, que obrigou João ao exílio, era o ano 403.

Mas a sua remoção não durou muito. Por furor popular, João Crisóstomo voltou para Constantinopla, porém, seus adversários relançaram o desafio.

Em 9 de junho de 404, uma nova condenação o afastou do centro do Império. O antigo eremita deparou-se com uma solidão forçada.

Páscoa

São João Crisóstomo foi condenado ao exílio, mas essa expulsão da cidade provocou revolta tão intensa na população, a ponto de o bispo ser trazido de volta para reassumir seu cargo. Entretanto, dois meses depois, foi exilado pela segunda vez. Agora, já com a saúde muito debilitada, ele não resistiu. João “boca de ouro”, como foi apelidado mais tarde, faleceu em 407, em Comana, no Ponto.

Minha oração

“Ó Santo, protetor da fé, ajuda-nos a não cair nas ciladas do demônio nem nas diversas ideologias mundanas da atualidade. Fazei que a nossa fé cresça cada dia mais e, com ela, possamos encontrar Jesus verdadeiramente. Pedimos também pelos pregadores da atualidade, a fim de que anunciem o Evangelho com ousadia. Amém!”

São João Crisóstomo, rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 13 de setembro

São Gregório Magno, doutor da Igreja

Origens

Gregório nasceu em Roma, no ano 540, em uma família patrícia, conhecida como Anici, de grande fé cristã. Ele prestou muitos serviços à Sé Apostólica. Seus pais, Gordiano e Silvia – que a Igreja venera como santa em 3 de novembro – transmitiram-lhes nobres valores evangélicos, mediante seu grande exemplo.

De político a Monge

Após seus estudos de Direito, Gregório empreendeu a carreira política e ocupou o cargo de Prefeito da cidade de Roma. Essa experiência o amadureceu e o levou a ter uma maior visão da cidade, as suas problemáticas e um profundo senso da ordem e da disciplina. 

Alguns anos depois, atraído pela vida monacal, decidiu retirar-se da política. Deu seus bens aos pobres e fez da sua vila paterna, no bairro do Celio, um mosteiro dedicado a Santo André. Ali, dedicou-se à oração, ao recolhimento, ao estudo da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja.

Eleito Papa

O Papa Pelágio II nomeou Gregório diácono e o enviou a Constantinopla como seu Representante Apostólico, onde permaneceu seis anos. Além de desempenhar as funções diplomáticas que o Pontífice lhe havia confiado, continuou a viver como monge com outros religiosos. 

Convocado novamente a Roma, voltou ao Celio. Com a morte do Papa Pelágio II, no ano 590, foi eleito seu Sucessor.

Auxílio e consagração a São Miguel 

Gregório teve que enfrentar um período difícil: corrupção dos Lombardos; abundantes chuvas e inundações, que provocaram numerosas vítimas e grandes prejuízos. A escassez atingiu diversas regiões da Itália; a epidemia da peste, que continuava a causar vítimas. 

Então, Gregório exortou os fiéis a fazer penitência, rezar e tomar parte de uma solene procissão penitencial de três dias à Basílica de Santa Maria Maior ao atravessarem a ponte que liga a área do Vaticano ao centro da cidade, hoje chamada Ponte Santo Anjo. São Gregório Magno e a multidão tiveram a visão do arcanjo Miguel sobre a “Mole Adriana”, que foi interpretada como sinal celeste, que anunciava o fim da epidemia. Daqui, o costume de chamar o antigo mausoléu de Castelo Santo Anjo.

Atuação em Roma

Ocupando a Cátedra de Pedro, Gregório reorganizou a administração pontifícia e cuidou da Cúria Romana, onde tantos eclesiásticos e leigos tinham interesses bem diferentes daqueles espirituais e caritativos. 

Assim, confiou a sua direção aos monges beneditinos. Reviu ainda as atividades eclesiásticas nas várias sedes episcopais, estabelecendo que os bens da Igreja fossem utilizados para a própria subsistência e em prol da obra evangelizadora no mundo. Tais bens deviam ser administrados com absoluta retidão, justiça e misericórdia. 

Gregório ofereceu seus próprios bens e testamento à Igreja para ajudar os fiéis; comprou e distribuiu-lhes trigo; socorreu os necessitados; sustentou os sacerdotes, monges e claustrais em dificuldade; arcou com resgastes de prisioneiros; trabalhou por armistícios e tréguas. 

Deve-se a ele também as táticas políticas para salvar Roma – esquecida pelos imperadores – e os tratados com os Lombardos para assegurar a paz na Itália central; estabeleceu relações de fraternidade com eles e se preocupou pela sua conversão; enfim, organizou missões de evangelização entre os Visigodos da Espanha, os Francos e os Saxões. 

Enviou à Bretanha o prior do convento de Santo André no Celio, Agostinho – que depois se tornou Bispo de Cantuária – e quarenta monges.

Reforma Litúrgica e Regras Pastorais

O Papa Gregório I reformou ainda a celebração da Missa, tornando-a mais simples; promoveu o canto litúrgico, que recebeu o nome de gregoriano, e escreveu diversas obras. 

Seu epistolário conta mais de 880 cartas e muitas homilias. Algumas de suas obras famosas: “Magna Moralia in Iob” (comentário moral sobre o livro de Jó), onde afirma que o ideal moral consiste em uma harmoniosa integração entre palavra e ação, pensamento e compromisso, oração e dedicação aos próprios deveres; “Regula Pastoralis”, que traça a figura de um Bispo ideal, insistindo sobre o dever do pastor de reconhecer, todos os dias, a sua miséria, e, por fim, dedica o último capítulo ao tema da humildade. Para demonstrar que a santidade é sempre possível, Gregório redigiu o livro intitulado Diálogos, um texto hagiográfico, onde cita exemplos, deixados por homens e mulheres, canonizados ou não, acompanhados de reflexões teológicas e místicas. Muito conhecido é seu “segundo livro” sobre São Bento de Núrsia. 

Páscoa

Poder-se dizer que Gregório Magno tenha sido o primeiro Papa a utilizar o poder temporal da Igreja, sem deixar de lado o aspecto espiritual do seu ofício. 

No entanto, permaneceu sempre um homem simples, tanto que, nas suas Cartas oficiais, se define “Servus servorum Dei” (“Servo dos servos de Deus”), um apelativo que os Pontífices mantiveram no tempo. São Gregório Magno morreu em 12 de março de 604, e foi sepultado na Basílica de São Pedro.

Minha oração

“São Magno, grande Papa e Doutor da Igreja, ao mesmo tempo homem simples e de grande espiritualidade, ensinai aos líderes de todas as áreas da vida a seguirem o  exemplo de Cristo, servo de todos e em tudo humilde. Também, faça de nós seus imitadores. Amém!”

São Gregório Magno, rogai por nós!

São Cesário de Arles

 

Os santos, como ninguém, entenderam que a graça do Cristo que quer santificar a todos é sempre a mesma na eficiência, abundância e liberalidade. Cesário de Arles foi um desses homens que se abriu ao querer de Deus, e por isso, como bispo, tornou-se uma personalidade marcante do seu tempo.

Cesário nasceu na França, em 470. Ao deixar sua casa, entrou para o mosteiro de Lérins, onde se destacou pela inteligência, bom humor, docilidade e rígida penitência, que mais tarde acabou exigindo imperfeitamente dos monges sob sua administração. Diante dos excessos de penitências, Cesário precisou ir se tratar na cidade de Arles – Sul da França-, local do aprofundamento dos seus estudos e mais tarde da eleição episcopal.

São Cesário de Arles, até entrar no Céu com 73 anos de idade, ocupou-se até o fim com a salvação das almas, e isso fazia, concretamente, pela força da Palavra anunciada e escrita, tornando-se assim o grande orador popular do Ocidente latino e glória para a vida monástica, já que escreveu duas Regras monásticas. Em tudo buscava comunicar a ortodoxia da fé e aquilo que lutava para viver com o Espírito Santo e irmãos, por isso, no campo da moral cristã, Cesário de Arles salientava o cultivo da justiça, prática da misericórdia e o cuidado da castidade.

São Cesário de Arles, rogai por nós!

Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho

Origem 

De origem berbere, Mônica nasceu no ano 331, em Tagaste, norte da África, no seio de uma família opulenta, mas de antigas raízes cristãs. Aplicou-se, com dedicação, aos ensinamentos da Sagrada Escritura; sua forte espiritualidade foi forjada pela oração e assídua prática dos Sacramentos, além dos quais se coloca a serviço da comunidade eclesial. 

Casamento difícil

Casou-se com Patrício, homem ambicioso, pagão, irascível, de caráter difícil, que também lhe foi infiel. Mônica, doce, benévola, capaz de dialogar nos momentos oportunos, com o seu método, composto de espera, paciência e oração, que o sugere até as suas amigas, que lhe confiam seus problemas e incompreensões conjugais – consegue vencer as rudezas do marido, a ponto de levá-lo a abraçar a fé.

Mãe de um santo 

Aos 22 anos, Mônica dá à luz ao primogênito Agostinho, seguido por outro filho, Navígio, e uma filha, da qual não se sabe o nome, e os educa segundo os princípios cristãos. 

Tornando-se viúva aos 39 anos, administrou os bens da família, dedicando-se, com amor incomensurável à sua prole. Quem mais causou preocupações à cuidadosa e astuta mãe foi Agostinho, o “filho de tantas lágrimas”; de coração irrequieto e ambicioso retórico, na busca da verdade, ele se distancia da fé católica e vaga de uma filosofia à outra.

Mônica jamais deixa de rezar por ele; pelo contrário, segue todas as vicissitudes da sua vida e lhe permanece sempre ao lado. Por isso, transfere-se para Cartagena e, depois, para a Itália, quando o filho, no ápice da sua carreira, como docente de retórica, vai morar em Milão. 

Seu carinho materno e as suas orações acompanham a conversão de Agostinho, que, ao receber o batismo pelo santo Bispo Ambrósio, decidiu voltar para Tagaste, onde fundou uma Comunidade de servos de Deus. Mônica estava com ele quando tiveram que embarcar no porto de Óstia com destino à África. Porém, ao esperar o navio, foram obrigados a passar alguns dias ali.

Páscoa

No entanto, Mônica e Agostinho mantêm intensos diálogos espirituais. A um destes se refere o chamado “êxtase em Óstia”, narrado nas suas Confissões (XIX 10, 23-27): 

“Aconteceu encontrar-nos a sós, eu e ela, apoiados em uma janela que dava para o jardim interior da casa em que morávamos. Era em Óstia, sobre a foz do Tibre, onde, longe da multidão, depois do cansaço de uma longa viagem, recobramos forças para a travessia do mar. Ali, sozinhos, conversávamos com grande doçura, esquecendo o passado, ocupados apenas no futuro, indagamos juntos, na presença da Verdade, que és tu, qual seria a vida eterna dos santos… percorremos uma a uma todas as coisas corporais, até o próprio céu… E subimos ainda mais em espírito, meditando, celebrando e admirando tuas obras, e chegamos até o íntimo de nossas almas. E fomos além delas, para alcançar a região da abundância inesgotável… onde a vida é a própria Sabedoria. E enquanto assim falávamos dessa Sabedoria e por ela suspiramos, chegamos a tocá-la com supremo ímpeto de nosso coração”.

Assim, Mônica sente ter atingido o ápice da sua vida e confessa ao filho: “No que me diz respeito, esta vida já não tem mais nenhum atrativo para mim. O que estou fazendo ainda aqui? Não sei. As minhas expectativas aqui na terra já se esgotaram. Somente uma coisa me fazia permanecer aqui em baixo…: ver, antes de morrer, que você se tornou cristão católico. Meu Deus me satisfez completamente, porque vejo que você até despreza a felicidade terrena para servir a Ele. O que estou fazendo aqui?”.

Alguns dias depois, Mônica adoece e morre aos 56 anos. 

As relíquias de Santa Mônica

Seu corpo foi enterrado em Óstia Antiga, na atual igreja de Santa Áurea. O tempo, provavelmente, é uma basílica paleocristã com uma necrópole ao lado. Os restos mortais de Santa Mônica descansam, por muitos séculos, na igreja de Santa Áurea. Hoje, no lugar, pode-se ver apenas uma lápide, porque, no século XV, o Papa Martinho V quis que as relíquias fossem transladadas para Roma, na igreja de São Trifão, confiada aos frades Agostinianos – depois englobada a uma grande Basílica dedicada a Santo Agostinho. Ali, ainda hoje, encontram-se respostas aos tantos porquês diante de um sarcófago de mármore verde, na capela decorada com afrescos, em 1885, por Pietro Gagliardi.

Minha oração

“Vós que fostes uma mãe intercessora, incansável na salvação de seus filhos, ajudai as mães para que não desanimem dessa missão e, rezando, possam ser pontes para que sua família chegue ao céu. Amém!”

Santa Mônica, rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em  27 de agosto:

  • Em Cápua, na Campânia, região da Itália, São Rufo, mártir. († s. III/IV)
  • Em Cítia de Tomis, hoje Constança, na Roménia, os santos mártires Marcelino, tribuno, e Maneia, esposos, e João, seu filho, Serapião, clérigo, e Pedro, soldado. († c. s. IV)
  • Em Bérgamo, na Ligúria, hoje na Lombardia, região da Itália, São Narno, considerado o primeiro bispo desta cidade. († s. IV)
  • Na Tebaida, no Egipto, São Pémenes, abade. († s. IV/V)
  • Em Couserans, na Aquitânia, hoje na França, São Licério, bispo.(† c. 540)
  • Em Arles, na Provença, também na atual França, São Cesário, bispo. († 542)
  • Em Pavia, na Lombardia, região da Itália, São João, bispo. († c. 825)
  • No mosteiro de Petershausen, que tinha fundado, na Suábia, atualmente na Alemanha, o sepultamento de São Gebardo, bispo de Constança. († 995)
  • No mosteiro de Aulps, na Savóia, atualmente na França, o passamento de São Guarino, bispo de Sion. († 1150)
  • Em Lausana, na Suíça, Santo Amadeu, bispo. († 1159)
  • Em Folinho, na Úmbria, região da Itália, o Beato Ângelo Cónti, presbítero da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho. († 1312)
  • Em Leominster, na Inglaterra, o Beato Rogério Cadwallador, presbítero e mártir. († 1610)
  • Em Nagasáki, no Japão, os beatos Francisco de Santa Maria, presbítero da Ordem dos Frades Menores, e catorze companheiros mártires. († 1627)
  • Em Usk, cidade do País de Gales, São David Lewis, presbítero da Companhia de Jesus e mártir. († 1679)
  • Num barco-prisão ancorado ao largo de Rochefort, na França, os beatos mártires João Baptista de Souzy, presbítero, e Ulrico (João Baptista Guillaume), religioso da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs, mártires. († 1794)
  • Em Reading, na Inglaterra, o Beato Domingos da Mãe de Deus Barberi, presbítero da Congregação da Paixão. († 1849)
  • Em Picassent, localidade do território de Valência, na Espanha, o Beato Fernando González Añon, presbítero e mártir. († 1936)
  • Na estrada de Godella para Bétera, na mesma região da Espanha, o Beato Raimundo Marti Soriano, presbítero e mártir. († 1936)
  • Em Madrid, também na Espanha, os beatos José Maria López Carrillo Pedro Ibañez Alonso, presbíteros da Ordem dos Pregadores e mártires. († 1936)
  • Em San Sebastian, também na Espanha, a Beata Maria do Pilar Izquierdo Albero, virgem. († 1945)

Santa Rosa de Lima, Terciária Dominicana

Origens 

Santa Rosa de Lima, antes Isabel, nasceu em Lima em 1586. Era a décima de treze filhos da família Flores de Oliva, nobre espanhola, transferida para o Peru. A sua ama, Mariana, de origem indígena, deu-lhe o nome de Rosa, pela incrível beleza que a caracterizava. 

Depois, este nome foi confirmado na Crisma, e quando, aos vinte e três anos, recebeu o hábito religioso da Ordem Terceira Dominicana, seu modelo de vida foi Santa Catarina de Sena. Ao nome Rosa foi acrescentado também o “de Santa Maria”, como expressão do seu tenro amor, que sempre nutria pela Virgem. Recorria a Mãe de Deus, a todo instante, para pedir proteção. 

Vida

Ainda criança, Rosa teve grande inclinação à oração e à meditação, sendo dotada de dons especiais de profecia. Já adolescente, enquanto rezava diante da imagem da Virgem Maria, decidiu entregar sua vida somente a Cristo. 

Apesar dos apelos da família, que contava com sua ajuda para o sustento, ela ingressou na Ordem Terceira Dominicana, como exemplo de vida Santa Catarina de Sena. 

Dedicou-se, então, ao jejum, às severas penitências e à oração contemplativa, aumentando seus dons de profecia e prodígios. E, para perder a vaidade, cortou os cabelos e engrossou as mãos, trabalhando na lavoura com os pais.

Fragilidade

Rosa conheceu a pobreza quando a sua família caiu na miséria, por falência nos negócios paternos; trabalhou, arduamente, como doméstica, na horta e como bordadeira, até altas horas da noite; quando fazia entrega nas casas dos seus fregueses, aproveitava para levar a Palavra de Cristo e o seu anseio pelo bem e pela justiça, que, na sociedade peruana da época — espezinhada pela Espanha colonizadora —, parecia totalmente ofuscada.

Na casa paterna, criou uma espécie de asilo para os necessitados, onde dava assistência às crianças e aos idosos abandonados, sobretudo de origem indígena.

Clausura 

Desde pequena, Rosa desejava consagrar-se a Deus com a vida claustral, permanecendo “virgem no mundo”; como Terciária Dominicana, trancou-se em uma cela de poucos metros quadrados, construída no jardim da casa paterna, da qual saía apenas para a função religiosa; ali, transcorria grande parte dos dias, dedicando-se à oração e em íntima comunhão com o Senhor.

Visões

Vivendo em contínuo contato com Deus, atingiu um alto grau de vida contemplativa e experiência mística, compreendendo o mistério. Além disso, Rosa reviveu, na sua carne, a Paixão de Jesus, por duas intenções: a conversão dos espanhóis e a evangelização dos índios.

Quando ainda era viva, Rosa foi examinada por uma Comissão mista de religiosos e cientistas, que julgou as suas experiências místicas como verdadeiros “dons da graça”; tanto é verdade que, quando ela morreu, pela enorme multidão que participou do seu enterro, já era considerada Santa.

Páscoa

Rosa faleceu só depois de renovar seus Votos religiosos, repetindo várias vezes: “Jesus, permanecei comigo!”. Transcorria o dia 23 de agosto de 1617.

Após a sua morte, quando seu corpo foi trasladado para a Capela do Rosário, Nossa Senhora sorriu-lhe pela última vez, daquela estátua, diante da qual a Santa havia rezado tantas vezes. Ao ver o ocorrido, a multidão presente gritou: “milagre”!

Primeira Santa da América 

Santa Rosa de Lima foi a primeira mulher a ser canonizada na América. Ela é Padroeira do Peru, da América Latina, das Índias e das Filipinas. É invocada também como protetora dos floricultores e jardineiros, contra as erupções vulcânicas e ainda em casos de feridas ou de brigas familiares.

Via de Santificação

Em 1668, Rosa de Lima foi beatificada pelo Papa Clemente IX e canonizada três anos depois.

Padroeira

Foi proclamada Padroeira da América Latina, das Filipinas e das Índias Orientais. A festa litúrgica marcada para o dia 23 de agosto. A devoção a Santa Rosa de Lima propagou-se rapidamente nos países latino-americanos, sendo venerada pelos fiéis como Padroeira dos Jardineiros e dos Floristas.

Minha oração

“Ó Santa padroeira da América Latina, cuidai deste povo tão sofrido e necessitado. Amparai os doentes, concedei as necessidades dos que são excluídos e marginalizados, consolai os idosos, iluminai os políticos. Que a nossa região seja curada dos problemas sociais. A ti clamamos nossa santa padroeira. Amém!”

Santa Rosa de Lima, rogai por nós!

Nossa Senhora Rainha, mediadora da paz

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Origens 

A festa de Santa Maria Rainha foi instituída pelo Pio XII, na carta encíclica Ad Caeli Reginam, no dia 11 de outubro do ano de 1954, para ser celebrada no dia 31 de maio. Em virtude da reforma pós-conciliar, foi transmitida como memória para oito dias depois da Festa da Assunção de Nossa Senhora.

Contudo, desde os primeiros séculos da Igreja católica, elevou o povo cristão orações e cânticos de louvor e de devoção à Rainha do céu, tanto nos momentos de alegria, como também quando se via ameaçado por graves perigos. 

A realeza de Maria 

Com razão, o povo acreditou fielmente, já nos séculos passados, que a mulher, de quem nasceu o Filho do Altíssimo, recebeu mais que todas as outras criaturas singulares privilégios de graça. E, considerando que há estreita relação entre uma mãe e o seu filho, sem dificuldade reconhece na Mãe de Deus a dignidade real sobre todas as coisas.

Tudo que se refere ao Messias traz a marca da divindade. Assim, todos os cristãos veem em Maria a superabundante generosidade do amor divino, que A acumulou de todos os bens. A Igreja convida o povo a invocá-La não só com o nome de Mãe, e sim com aquele de Rainha, porque Ela foi coroada com o duplo diadema, de virgindade e de maternidade divina.

Rainha, Maria e Mediadora da paz

A festa possui a finalidade de que todos reconheçam mais claramente e melhor honrem o clemente e materno império da Mãe de Deus. Para assim, contribuir para que se conserve, consolide e torne perene a paz dos povos. 

Como se tornou uma festa

No século XX, começaram os movimentos para a proclamação de Nossa Senhora Rainha do Universo, a partir de três congressos marianos daquela época.  O grande impulsor foi Pio XI que, na conclusão do Ano Santo de 1925, proclamou a Festa de Cristo Rei.

Mais tarde, foi uma mulher, Maria Desideri, que, nos anos 1930, em Roma, deu início ao movimento Pro regalitatae Mariae, para recolher petições de todo o mundo em favor da instituição da festa. E foi justamente esse percurso que levou à decisão de Pio XII de instituir a festa litúrgica. 

Um mês depois, em 1954, Papa Pacelli pronunciou um importante discurso em honra de Maria Rainha, antes de fazer uma comovente oração e a coroação da Venerada imagem de Maria “Salus Populi Romani”

Certamente, Pio XII recordava da ajuda que recebera de Nossa Senhora quando – invocada durante a Segunda Guerra Mundial –, evitou que Roma fosse alvo de uma batalha final entre alemães e aliados. 

Não foi por acaso que Pio XII proclamou 1953 Ano Mariano. Inaugurou a tradição da homenagem a Maria por parte dos Papas, no dia 8 de dezembro, e isso permanece até hoje com grande devoção.

Minha oração

“Ó querida Mãezinha, coloca-nos sob a tua proteção e auxílio, que, debaixo do teu manto, sejamos acolhidos, consolados e amparados. Tu és a nossa mãe; e a Ti nos entregamos, mais uma vez, durante este dia dedicado à Tua honra. Reine sobre o mundo inteiro. Amém!”

Nossa Senhora Rainha, rogai por nós!

Outros santos e santas celebrados em 22 de agosto

  • Em Autun, atualmente na França, São Sinforiano, mártir, a quem sua mãe, quando ele era conduzido ao suplício, exortava dos muros da cidade. († s. III-IV)
  • Em Roma, junto à Via Ostiense, São Timóteo, mártir. († 303)
  • Em Tódi, na Itália, São Filipe Benício, presbítero de Florença, homem de exímia humildade e grande impulsionador da Ordem dos Servos de Maria. († 1285)
  • Em Bevagna, na Úmbria, o Beato Tiago Biancóni, presbítero da Ordem dos Pregadores. († 1301)
  • Em Ocre, região da Itália, o Beato Timóteo de Montícchio, presbítero da Ordem dos Menores, admirável pela sua austeridade de vida e fervor de oração. († 1504)
  • Em York, na Inglaterra, o Beato Tomás Percy, mártir, conde de Notúmbria. († 1572)
  • Os beatos Guilherme Lacey e Ricardo Kirkman, presbíteros e mártire. († 1582)
  • Em Worcester, na Inglaterra, São João Wall, presbítero da Ordem dos Frades Menores e mártir. († 1679)
  • Em Hereford, na Inglaterra, no mesmo dia e ano, São João Kemble, presbítero e mártir. († 1679)
  • Em Óffida, na Itália, o Beato Bernardo (Domingos Peróni), religioso da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. († 1694)
  • Num barco-prisão ancorado ao largo de Rochefort, na França, o Beato Elias Leymarie de Laroche, presbítero e mártir. († 1794)
  • Em Peralvillo Bajo, perto de Ciudad Real, na Espanha, o beatos mártires Narciso de Estenaga y Echeverria, bispo, e Júlio Melgar Salgado, presbítero, ambos da diocese de Ciudad Real. († 1936)
  • Em Starunya, na Ucrânia, o Beato Simeão Lukac, bispo e mártir, que, durante um regime inimigo da fé, exerceu clandestinamente o ministério pastoral. († 1964)

Santa Joana Francisca de Chantal, amiga de São Francisco de Sales

Origens 

Ele nasceu em Dijon, em 23 de janeiro de 1572, em uma família da alta nobreza da Borgonha. Seu pai é Benigno Frémyot, segundo presidente do Parlamento. Ela logo perdeu a mãe e cresceu sob a educação e moral de seu pai. Em 29 de dezembro de 1592, Giovanna casou-se com Cristóvão II, barão de Chantal. Ela foi imediatamente chamada de “a dama perfeita” por seus esforços na propriedade Bourbilly e pela atenção e preocupação que reservava ao esposo. Desta união perfeita, nasceram seis filhos: os dois primeiros morrem ao nascer; depois, chegam Celso Benigno, Maria Amata, Francesca e Carlotta. Doce, serena e afável, Giovanna é amada por sua família, assim como pelos criados.

Amizade que santifica

Na história da Igreja, encontramos alguns casos em que homem e mulher atuaram juntos no caminho da santidade, lembramos Francisco e Clara, Elzeario de Sabran e Delfina de Glandève, Teresa de Ávila e Giovanni della Croce, Bento e Escolástica, São Francisco de Sales e Giovanna Francesca Frémyot de Chantal, santa de hoje. Graças ao encontro com o bispo de Genebra, Joana definiu seu caminho de santidade. Os franceses a chamam de Santa Chantal e a veneram em Annecy, onde repousa ao lado de São Francisco de Sales.

Devota dos pobres

Quando Cristoforo se ausenta do castelo para cumprir seus deveres na corte, Giovanna deixa suas roupas elegantes e se dedica aos pobres, a quem oferece não apenas dinheiro, mas sua própria pessoa, servindo-lhes. Sua caridade tornou-se imensa durante a fome que atingiu a Borgonha no inverno de 1600-1601. É aqui que a baronesa transforma o seu lar num verdadeiro hospital para acolher mães e crianças em dificuldade e encarrega-se da construção de um novo forno para poder distribuir pão a todos aqueles que batem à sua porta. Um dia lhe disseram que só restava um saco de centeio no celeiro; ela, sem hesitar, mandou continuar a distribuição do pão. 

Viuvez

Então, vem a primeira grande prova, a morte de Cristóvão, morto por um arcabuz baleado durante uma caçada. Ela continua viúva com apenas 29 anos, mãe de quatro filhos, a primeira com apenas cinco anos e a última alguns dias. Neste tempo de luto e dor, amadurece o desejo de consagrar-se a Cristo, mas os deveres familiares não lhe permitem uma escolha de vida tão drástica.

Enquanto espera conhecer a vontade de Deus,  dedica-se totalmente aos filhos, à administração da casa e à oração. Seu sogro, o barão de Chantal, informa que ela deve se mudar imediatamente para a casa dele em Monthélon, se quiser que seus filhos participem da herança, e ela aceita, sabendo que ficaria encarregada da residência do velho barão. Por muito tempo, ela terá que suportar a opressão deste. Seu nome começa a se tornar conhecido por sua caridade. Ela não é mais chamada de “dama perfeita”, mas de “nossa boa senhora”. 

Prova e providência

Outra prova difícil que ela enfrenta agora: seu guia espiritual não entende sua pessoa, ele não pode ler sua alma. Um dia, seu pai a convida a Dijon, desta vez para ouvir a Quaresma do bispo de Genebra, Francisco de Sales, cuja fama se espalha cada vez mais em Savoy e em toda a França. O primeiro encontro entre Giovanna e o bispo aconteceu em 5 de março de 1604. Desde então, foi estabelecido um caminho extraordinário de união fraterna e espiritual. A direção espiritual de Francisco de Sales realiza-se sobretudo através de correspondências. 

Fundação da Ordem da Visitação

Em 1610, ela assinou uma escritura em frente ao notário em que se desfez de todos os bens em favor de seus filhos. Deixa assim a família e parte para Annecy; a 6 de Junho, juntamente com duas companheiras, Giacomina Favre e Giovanna Carlotta de Bréchard, entra na pequena e humilde «casa da Galeria», berço da Ordem da Visitação. Ela será sempre “mãe”, continuando a amar profundamente e com ternura os seus filhos.

Novas mortes, novas tristezas… tanto que apenas sua filha Francesca sobreviverá a ela entre filhos, irmãos, irmãos e nora. Portanto, Deus se torna para ela a única busca, o único fim de sua vida atual. Quando Francisco de Sales faleceu (28 de dezembro de 1622), Joana se viu sozinha no comando da nova família religiosa da Visitação. Ela se tornou uma peregrina nas ruas da França. Fundou 87 casas da visitação.

Páscoa

Consumida “no amor ao trabalho e no trabalho do amor”, como costumava dizer, faleceu em 13 de dezembro de 1641 no mosteiro de Moulins. As “Cartas de amizade e orientação” são o testemunho mais vivo da grande espiritualidade de Madre Chantal e são a prova de que ela era muito inteligente e “livre”, em vez de reduzida a uma sombra anônima de São Francisco de Sales. Canonizada por Clemente XIII, em 16 de julho de 1767.

Minha oração

“Santa Madre, que, aos moldes de Virgem da visitação, aprende a acolher e amar a todos, que possamos por sua intercessão seguir seus passos e desenvolver a arte do acolhimento. Por Cristo, Nosso Senhor.” 

Santa Joana de Chantal , rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 12 de agosto:

  • Em Catânia, na Sicília, atualmente região da Itália, Santo Euplo, mártir. († 304)
  • Em Nicomédia, na Bitínia, hoje Izmit, na Turquia, os santos Aniceto e Fócio, mártires. († s. IV)
  • Em Killala, na Irlanda, São Muredach, bispo. († c. s. V)
  • Também na Irlanda, no mosteiro que recebeu o seu nome, Santa Lélia, virgem. († s. V)
  • Em Bréscia, na Lombardia, região da Itália, Santo Herculano, bispo. († s. VI)
  • Em Lérins, ilha da Provença, atualmente na França, os santos mártires Porcário, abade, e muitos outros monges. († c. s. VIII)
  • Em Ruthin, no País de Gales setentrional, o Beato Carlos Meehan, presbítero da Ordem dos Frades Menores e mártir. († 1679)
  • Em Roma, o Beato Inocêncio XI, papa. († 1689)
  • Num sórdido barco-prisão ancorado ao largo de Rochefort, na França, o Beato Pedro Jarrige de la Morélie de Puyredon, presbítero e mártir. († 1794)
  • Em Nam Dinh, cidade do Tonquim, hoje no Vietnam, os santos mártires Tiago Dô Mai Nam My, presbítero, António Nguyen Dich, agricultor, e Miguel Hguyen Huy My, médico. († 1838)
  • Em Hornachuelos, vila próxima de Córdova, na Espanha, a Beata Vitória Díez y Bustos de Molina, virgem e mártir. († 1936)
  • Em Valdemoro, próximo de Madrid, também na Espanha, o Beato Flávio (Atilano Dionísio Argüeso González), religioso da Ordem de São João de Deus e mártir. († 1936)
  • Em Barbastro, próximo de Huesca, no território de Aragão, também na Espanha, os beatos Sebastião Calvo Martínez, presbítero, e cinco companheiros, mártires, religiosos da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria. († 1936)
  • Em Tarragona, também na Espanha, o Beato António Perulles Estivill, presbítero da Irmandade de Sacerdotes Operários Diocesanos e mártir. († 1936)
  • Em Fuencarral, na cidade de Madrid, também na Espanha, o Beato Boaventura Garcia Paredes, presbítero da Ordem dos Pregadores e mártir. († 1936)
  • Em Puente del Arzobispo, próximo de Toledo, também na Espanha, o Beato Domingos Sánchez Lázaro, presbítero da diocese de Toledo e mártir. († 1936)
  • Em Villacañas, próximo de Toledo, também na Espanha, o Beato Francisco Maqueda López, candidato ao presbiterado e mártir. († 1936)
  • Em Dachau, próximo de Munique da Baviera, na Alemanha, os beatos Floriano Stepniak, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, e José Straszewski, presbíteros e mártires. († 1942)
  • Em Planegg, também próximo de Munique da Baviera, na Alemanha, o Beato Carlos Leisner, presbítero do Movimento Apostólico de Shönstatt e mártir. († 1945)