Um Legado de Fé e Solidariedade
No dia 14 de junho de 1948, um grupo de missionários da Consolata chegou a Boa Vista, na época a capital do Território Federal do Rio Branco, que hoje corresponde ao estado de Roraima. Esses pioneiros, liderados por José Nepote Fus, administrador apostólico da Prelazia, Mário Chiabrera, Zeferino Fastro, Antônio Maffei, Marcos Lonatti e Ricardo Silvestri, vieram com uma missão clara: substituir os monges beneditinos e propagar a mensagem do Evangelho na região.
Ao longo dos 75 anos de presença missionária em Roraima, os padres, irmãos e irmãs missionárias da Consolata dedicaram-se incansavelmente à evangelização e à promoção humana. Eles deixaram um legado profundo e duradouro, construindo igrejas, casas de missão, escolas, hospitais e outras estruturas que contribuíram significativamente para o desenvolvimento da região.
Uma das características marcantes da missão da Consolata em Roraima foi a atenção e o cuidado voltados para os povos indígenas que habitam essa terra. Os missionários entenderam a importância de se aproximar e acompanhar as comunidades indígenas, respondendo às suas necessidades e novas sensibilidades pastorais. Esse comprometimento desempenhou um papel fundamental na demarcação e homologação de Terras Indígenas, como a TI São Marcos em 1991, a TI Yanomami em 1992 e a TI Raposa Serra do Sol em 2005. A presença constante e o diálogo respeitoso com os povos indígenas foram essenciais para construir pontes de compreensão e solidariedade.
O caminho missionário da Consolata, que teve início no Brasil, continuou a se expandir ao longo das décadas, estendendo-se por várias regiões da Amazônia. A missão se expandiu para a Amazônia colombiana em 1951, a venezuelana em 2006, a equatoriana em 2008 e a peruana em 2011. Essa expansão demonstra o compromisso contínuo da Congregação Missionária da Consolata em levar a mensagem de amor e esperança a todos os cantos da Amazônia, independentemente das fronteiras nacionais.
Hoje, 75 anos após a chegada dos primeiros missionários da Consolata em Roraima, a diocese de Roraima está celebrando esta data significativa com uma programação especial. Missas estão sendo realizadas em diversas comunidades para convidar o povo a refletir sobre o legado desses missionários e agradecer pelo trabalho árduo que eles realizaram ao longo dos anos.
Essa celebração não é apenas uma homenagem aos missionários da Consolata, mas também uma oportunidade para reconhecer a importância da missão em Roraima. A presença da Igreja Católica na região desempenhou um papel fundamental na construção da fé e da identidade cultural, na promoção da educação e na melhoria das condições de vida das comunidades locais. Os missionários não apenas pregaram o Evangelho, mas também estenderam a mão para ajudar os necessitados, contribuindo para o bem-estar social e espiritual de Roraima.
Além disso, o compromisso da Consolata com os povos indígenas e a luta pela demarcação de suas terras é um testemunho poderoso de solidariedade e justiça. O reconhecimento das Terras Indígenas como patrimônio sagrado dos povos originários é um marco na história da região e uma vitória para aqueles que, por tanto tempo, foram marginalizados e oprimidos.
À medida que celebramos os 75 anos de missão da Consolata em Roraima, é importante lembrar que a jornada missionária continua. Os desafios enfrentados pela região, como o desenvolvimento sustentável, a preservação do meio ambiente e a garantia dos direitos dos povos indígenas, exigem uma resposta contínua e dedicada. Os missionários da Consolata e a comunidade local estão unidos nessa busca por um futuro melhor e mais justo para todos.
Neste aniversário especial, prestamos homenagem aos missionários da Consolata que dedicaram suas vidas a servir e amar o povo de Roraima. Que o legado de fé, solidariedade e justiça que eles deixaram continue a inspirar as futuras gerações a trabalhar pela construção de um mundo mais justo e compassivo.
Reportagem: Libia López
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