João nasceu na região italiana da Toscana, talvez na localidade de Sena ou Arezzo, filho de um cavalheiro chamado Constâncio. Tornou-se Papa, em 523, mas pouco se sabe sobre o seu Pontificado. Parece que contribuiu para ampliar e ornar algumas basílicas romanas ao longo das Vias Ardeatina e Ostiense, graças à magnanimidade do imperador Justino I. João I manteve muitos laços de amizade com as Igrejas Orientais.
Contexto histórico
João I foi sucessor do Papa Ormisda, que teve a capacidade de pôr fim ao Cisma entre Roma e Constantinopla, graças à colaboração do imperador romano do Oriente, Justino I, tio de Justiniano. O Cisma eclodiu, em 484, por culpa de Henotikon: uma nova elaboração da fé, por obra do imperador Zenão e do Patriarca de Constantinopla Acácio, que tentaram um compromisso impossível entre a fé católica e a heresia monofisista, que defendia uma única natureza de Jesus Cristo: a divina. O novo Papa, no entanto, teve que se deparar mais com o Arianismo, que defendia a natureza divina do Filho inferior à do Pai. Os Godos, que reinavam na Itália, e seu rei Teodorico, eram de fé ariana.
O drama de Teodorico
Na realidade, a questão religiosa estava fortemente entrelaçada com a política. Em 523, o Imperador do Oriente, Justino I, que tinha grande consideração pelos católicos, promulgou um decreto muito severo contra os Arianos do Oriente, que os obrigava a se retratar e a devolver aos católicos as igrejas ocupadas e os bens confiscados durante as invasões. Ele os proibia também a ocuparem qualquer cargo civil ou militar. Teodorico estava disposto a aceitar tais disposições: era verdade que ele reinava em outro lugar, mas não podia ignorar o fato de que os seguidores da sua própria fé tivessem semelhante tratamento, onde quer que seja. Sua irritação aumentou ainda mais porque, pelo contrário, em seu reino, havia feito muitas concessões aos católicos. Além disso, a aproximação entre Constantinopla e a Santa Sé lhe causava medo. Então, em 524, compôs uma delegação para ser enviada a Constantinopla, da qual tomavam parte legados romanos, mas também alguns Bispos, como o de Fano, Ravena e Cápua, obrigando o Papa João I a guiá-la. O objetivo, naturalmente, era iniciar uma negociação.
A viagem a Constantinopla
João I já era idoso e a viagem ao Oriente era longa, mas se era esta a vontade do Senhor, aceitou sem hesitar. O Pontífice, de fato, temia que sua recusa pudesse representar uma represália contra os católicos de Roma. Era verdade que Teodorico havia concedido liberdade de culto, mas impôs também pesadas taxas ao clero, privando-o de muitas imunidades que tinha anteriormente. Porém, João sabia também que Teodorico esperava que ele conseguisse obter a revogação do decreto, que impedia aos convertidos ao catolicismo retornar ao arianismo. Ao chegar a Constantinopla, João I foi recebido com as maiores honras: presidiu às celebrações do Natal e da Páscoa e obteve algumas concessões para os arianos, mas não todas aquelas que o rei dos Godos lhe havia pedido. Na volta para Roma, enfurecido, Teodorico mandou prendê-lo no cárcere de Ravena, onde morreu pouco tempo depois no ano 526. A seguir, suas relíquias foram trasladadas para a Basílica de São Pietro, onde São João I é venerado como mártir da fé.
«Falar com o coração. “Testemunhando a verdade no amor” (Ef 4, 15)»
Estimados irmãos e irmãs!
Depois de ter refletido, nos anos anteriores, sobre os verbos «ir e ver» e «escutar» como condição necessária para uma boa comunicação, com esta Mensagem para o LVII Dia Mundial das Comunicações Sociais gostaria de me deter sobre o «falar com o coração». Foi o coração que nos moveu para ir, ver e escutar, e é o coração que nos move para uma comunicação aberta e acolhedora. Após o nosso treino na escuta, que requer saber esperar e paciência, e o treino na renúncia a impor em detrimento dos outros o nosso ponto de vista, podemos entrar na dinâmica do diálogo e da partilha que é, em concreto, comunicar cordialmente. E, se escutarmos o outro com coração puro, conseguiremos também falar testemunhando a verdade no amor (cf. Ef 4, 15). Não devemos ter medo de proclamar a verdade, por vezes incómoda, mas de o fazer sem amor, sem coração. Com efeito «o programa do cristão – como escreveu Bento XVI – é “um coração que vê”» [1]. Trata-se de um coração que revela, com o seu palpitar, o nosso verdadeiro ser e, por essa razão, deve ser ouvido. Isto leva o ouvinte a sintonizar-se no mesmo comprimento de onda, chegando ao ponto de sentir no próprio coração também o pulsar do outro. Então pode ter lugar o milagre do encontro, que nos faz olhar uns para os outros com compaixão, acolhendo as fragilidades recíprocas com respeito, em vez de julgar a partir dos boatos semeando discórdia e divisões.
Jesus chama-nos a atenção de que cada árvore se conhece pelo seu fruto (cf. Lc 6, 44). De igual modo «o homem bom, do bom tesouro do seu coração, tira o que é bom; e o mau, do mau tesouro, tira o que é mau; pois a boca fala da abundância do coração» (6, 45). Por conseguinte, para se poder comunicar testemunhando a verdade no amor, é preciso purificar o próprio coração. Só ouvindo e falando com o coração puro é que podemos ver para além das aparências, superando o rumor confuso que, mesmo no campo da informação, não nos ajuda a fazer o discernimento na complexidade do mundo em que vivemos. O apelo para se falar com o coração interpela radicalmente este nosso tempo, tão propenso à indiferença e à indignação, baseada por vezes até na desinformação que falsifica e instrumentaliza a verdade.
Comunicar cordialmente
Comunicar cordialmente quer dizer que a pessoa que nos lê ou escuta é levada a deduzir a nossa participação nas alegrias e receios, nas esperanças e sofrimentos das mulheres e homens do nosso tempo. Quem assim fala, ama o outro, pois preocupa-se com ele e salvaguarda a sua liberdade, sem a violar. Podemos ver este estilo no misterioso Viandante que dialoga com os discípulos a caminho de Emaús depois da tragédia que se consumou no Gólgota. A eles, Jesus ressuscitado fala com o coração, acompanhando com respeito o caminho da sua amargura, propondo-Se e não Se impondo, abrindo-lhes amorosamente a mente à compreensão do sentido mais profundo do sucedido. De facto, eles podem exclamar com alegria que o coração lhes ardia no peito enquanto Ele conversava pelo caminho e lhes explicava as Escrituras (cf. Lc 24, 32).
Num período da história marcado por polarizações e oposições – de que, infelizmente, nem a comunidade eclesial está imune – o empenho em prol duma comunicação «de coração e braços abertos» não diz respeito exclusivamente aos agentes da informação, mas é responsabilidade de cada um. Todos somos chamados a procurar a verdade e a dizê-la, fazendo-o com amor. De modo particular nós, cristãos, somos exortados a guardar continuamente a língua do mal (cf. Sl 34, 14), pois com ela – como ensina a Escritura – podemos bendizer o Senhor e amaldiçoar os homens feitos à semelhança de Deus (cf. Tg 3, 9). Da nossa boca, não deveriam sair palavras más, «mas apenas a que for boa, que edifique, sempre que necessário, para que seja uma graça para aqueles que a escutam» (Ef 4, 29).
Por vezes, o falar amável abre uma brecha até nos corações mais endurecidos. Encontramos vestígios disto na própria literatura; penso naquela página memorável do cap. XXI do livro Promessi Sposi, onde Luzia fala com o coração ao Inominável até que este, desarmado e atormentado por uma benéfica crise interior, cede à força gentil do amor. Experimentamo-lo na convivência social, onde a gentileza não é questão apenas de «etiqueta», mas um verdadeiro antídoto contra a crueldade, que pode, infelizmente, envenenar os corações e intoxicar as relações. Precisamos daquele falar amável no âmbito dos mass media, para que a comunicação não fomente uma aversão que exaspere, gere ódio e conduza ao confronto, mas ajude as pessoas a refletir calmamente, a decifrar com espírito crítico e sempre respeitoso a realidade onde vivem.
A comunicação de coração a coração: «Basta amar bem para dizer bem»
Um dos exemplos mais luminosos e, ainda hoje, fascinantes deste «falar com o coração» temo-lo em São Francisco de Sales, Doutor da Igreja, a quem dediquei recentemente a Carta Apostólica Totum amoris est, nos 400 anos da sua morte. A par deste aniversário importante e relacionado com a mesma circunstância, apraz-me recordar outro que se celebra neste ano de 2023: o centenário da sua proclamação como padroeiro dos jornalistas católicos, feita por Pio XI com a Encíclica Rerum omnium perturbationem. Mente brilhante, escritor fecundo, teólogo de grande profundidade, Francisco de Sales foi bispo de Genebra no início do século XVII, em anos difíceis marcados por animadas disputas com os calvinistas. A sua mansidão, humanidade e predisposição a dialogar pacientemente com todos, e de modo especial com quem se lhe opunha, fizeram dele uma extraordinária testemunha do amor misericordioso de Deus. Dele se pode dizer que as suas «palavras amáveis multiplicam os amigos, a linguagem afável atrai muitas respostas agradáveis» ( Sir 6, 5). Aliás uma das suas afirmações mais célebres – «o coração fala ao coração» – inspirou gerações de fiéis, entre os quais se conta São John Henry Newman que a escolheu para seu lema: Cor ad cor loquitur. «Basta amar bem para dizer bem»: constituía uma das suas convicções. Isto prova como, para ele, a comunicação nunca deveria reduzir-se a um artifício, a uma estratégia de marketing – diríamos nós hoje –, mas era o reflexo do íntimo, a superfície visível dum núcleo de amor invisível aos olhos. Para São Francisco de Sales, precisamente «no coração e através do coração é que se realiza aquele subtil e intenso processo unitário em virtude do qual o homem reconhece a Deus» [2]. «Amando bem», São Francisco conseguiu comunicar com o surdo-mudo Martinho tornando-se seu amigo, e daí ser recordado também como protetor das pessoas com deficiências comunicativas.
É a partir deste «critério do amor» que o santo bispo de Genebra nos recorda, através dos seus escritos e do próprio testemunho de vida, que «somos aquilo que comunicamos»: uma lição contracorrente hoje, num tempo em que, como experimentamos particularmente nas redes sociais, a comunicação é muitas vezes instrumentalizada para que o mundo nos veja, não por aquilo que somos, mas como desejaríamos ser. São Francisco de Sales difundiu em grande número cópias dos seus escritos na comunidade de Genebra. Esta intuição «jornalística» valeu-lhe uma fama que superou rapidamente o perímetro da sua diocese e perdura ainda nos nossos dias. Como observou São Paulo VI, os seus escritos suscitam «uma leitura sumamente agradável, instrutiva e estimulante» [3]. Pensando no atual panorama da comunicação, não são estas precisamente as caraterísticas de que se deveriam revestir um artigo, uma reportagem, um serviço radiotelevisivo ou uma mensagem nas redes sociais? Possam os agentes da comunicação sentir-se inspirados por este Santo da ternura, procurando e narrando a verdade com coragem e liberdade, mas rejeitando a tentação de usar expressões sensacionalistas e agressivas.
Falar com o coração no processo sinodal
Como já tive oportunidade de salientar, «também na Igreja há grande necessidade de escutar e de nos escutarmos. É o dom mais precioso e profícuo que podemos oferecer uns aos outros» [4]. Duma escuta sem preconceitos, atenta e disponível, nasce um falar segundo o estilo de Deus, que se sustenta de proximidade, compaixão e ternura. Na Igreja, temos urgente necessidade duma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs. Sonho uma comunicação eclesial que saiba deixar-se guiar pelo Espírito Santo, gentil e ao mesmo tempo profética, capaz de encontrar novas formas e modalidades para o anúncio maravilhoso que é chamada a proclamar no terceiro milénio. Uma comunicação que coloque no centro a relação com Deus e com o próximo, especialmente o mais necessitado, e esteja mais preocupada em acender o fogo da fé do que em preservar as cinzas duma identidade autorreferencial. Uma comunicação, cujas bases sejam a humildade no escutar e o desassombro no falar e que nunca separe a verdade do amor.
Desarmar os ânimos promovendo uma linguagem de paz
«A língua branda pode até quebrarossos»: lê-se no livro dos Provérbios (25, 15). Hoje é tão necessário falar com o coração para promover uma cultura de paz, onde há guerra; para abrir sendas que permitam o diálogo e a reconciliação, onde campeiam o ódio e a inimizade. No dramático contexto de conflito global que estamos a viver, urge assegurar uma comunicação não hostil. É necessário vencer «o hábito de denegrir rapidamente o adversário, aplicando-lhe atributos humilhantes, em vez de se enfrentarem num diálogo aberto e respeitoso» [5]. Precisamos de comunicadores prontos a dialogar, ocupados na promoção dum desarmamento integral e empenhados em desmantelar a psicose bélica que se aninha nos nossos corações, como exortava profeticamente São João XXIII na Encíclica Pacem in terris: «a verdadeira paz entre os povos não se baseia em tal equilíbrio [de armamentos], mas sim e exclusivamente na confiança mútua» (n.º 113). Uma confiança que precisa de comunicadores não postos à defesa, mas ousados e criativos, prontos a arriscar na procura dum terreno comum onde encontrar-se. Também agora, como há 60 anos, a humanidade vive uma hora escura temendo uma escalada bélica, que deve ser travada o mais depressa possível, inclusivamente em termos de comunicação. Fica-se apavorado ao ouvir com quanta facilidade se pronunciam palavras que invocam a destruição de povos e territórios; palavras que, infelizmente, se convertem muitas vezes em ações bélicas de celerada violência. Por isso mesmo há que rejeitar toda a retórica belicista, assim como toda a forma de propaganda que manipula a verdade, deturpando-a com finalidades ideológicas. Em vez disso seja promovida, a todos os níveis, uma comunicação que ajude a criar as condições para se resolverem as controvérsias entre os povos.
Como cristãos, sabemos que é precisamente na conversão do coração que se decide o destino da paz, pois o vírus da guerra provém do íntimo do coração humano [6]. Do coração brotam as palavras certas para dissipar as sombras dum mundo fechado e dividido e construir uma civilização melhor do que aquela que recebemos. É um esforço que é exigido a todos e cada um de nós, mas faz apelo de modo particular ao sentido de responsabilidade dos agentes da comunicação a fim de realizarem a própria profissão como uma missão.
Que o Senhor Jesus, Palavra pura que brota do coração do Pai, nos ajude a tornar a nossa comunicação livre, limpa e cordial.
Que o Senhor Jesus, Palavra que Se fez carne, nos ajude a colocar-nos à escuta do palpitar dos corações, para nos reconhecermos como irmãos e irmãs e desativarmos a hostilidade que divide.
Que o Senhor Jesus, Palavra de verdade e caridade, nos ajude a dizer a verdade no amor, para nos sentirmos guardiões uns dos outros.
Roma – São João de Latrão, na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2023.
São Pascoal Bailão
Nasceu em Torre Hermosa, no reino de Aragão, na Espanha, filho de Martinho Bailão e Isabel Jubera, a 16 de maio de 1540, festa de Pentecostes, chamada de Páscoa cor de rosa, daí chamar-se Pascoal. Provinha de uma família numerosa, pobre e humilde, na qual se vivia, no entanto, profundo espírito religioso, devido, sobretudo, à mãe que era devotíssima da Eucaristia.
Biógrafos dizem também que era muito generosa em dar esmolas aos pobres. Pascoal não pôde frequentar a escola porque seu pai precisava que ele cuidasse do rebanho, serviço que executou com grande dedicação até mesmo quando este encargo lhe era ocasionalmente conferido por um ou outro pastor.
Executando seu trabalho distante do povoado e da igreja, passava horas inteiras em oração, privando-se de alimentos para dominar ou adestrar seu corpo. Era desses que tinha o hábito da flagelação. Longe do ruído, nas montanhas, cuidando das ovelhas tinha tempo para rezar, meditar, louvar a Deus e venerar Maria.
De trato amável nos relacionamentos, com sua doçura e serenidade, conquistou a amizade de muitos pastores que encontrava nas alturas dos montes e nos vales da Andaluzia e entre os quais começou seu primeiro apostolado com simplicidade e ardor sincero. Procurava pastagens das quais pudesse ver uma igreja em que se conservava a Eucaristia para adorá-la enquanto seus rebanhos pastavam, como confidenciou ao companheiro de trabalho que haveria de dar este testemunho 18 anos depois de sua santa morte.
Quando completou dezoito anos, em Monteforte del Cid, veio a conhecer os franciscanos do convento de Santa Maria de Loreto. Pensava em poder realizar seu sonho de se tornar religioso. Como isso ainda não lhe era possível aceitou de realizar o trabalho de pastor junto a um rico proprietário de ovelhas, Martino Garcia, que lhe dava a permissão de frequentar o Santuário Mariano e residir junto ao convento franciscano.
Enquanto pastoreava não muito distante do convento caía em êxtase ao som do sino que anunciava a elevação no momento da consagração . Por fim, a 2 de fevereiro de 1564, já com fama de santidade, pode vestir o hábito franciscano e, no ano seguinte, fazer sua profissão religiosa no convento dos frades alcantarinos de Orito, onde permaneceu até 1573, dedicando-se a tarefas muito humildes, de modo particular ao mister de porteiro. Muito estimado pela vida de austeridade que levava e favorecido por dons do Espírito Santo, entre os quais do dom da sabedoria infusa, o iletrado Pascoal – que tinha aprendido a ler enquanto pastoreava o rebanho e depois conseguiu apenas escrever alguma coisa, era procurado por pessoas eruditas que vinham se aconselhar com ele. De 1573 até 1589, sua vida transcorreu em diferentes conventos da província de Alicante, passando depois para a Província de Castellon, no convento de Vila Real.
A obediência o obrigou a fazer uma longa e perigosa viagem até Paris. O Ministro Provincial da Espanha, em 1576, necessitava comunicar-se com urgência com o Ministro Geral da Ordem Cristóvão de Cheffontaines. O dito Ministro sabia bem que era difícil uma tal viagem no tempo das perseguições calvinistas. Na verdade, Pascoal foi muito hostilizado e insultado. Em Orleans quase veio a morrer depois de uma discussão a respeito da Eucaristia. Esta não foi a única investida contra o frade menor antes que ele chegasse ao seu destino e entregasse a correspondência que levava para o Ministro Geral. Voltando desta viagem escreveu um livro com sentenças (pensamentos), um pequeno tratado ou compêndio sobre a Eucaristia. Falava, é claro, da presença real de Jesus neste sacramento e também dos poderes transmitidos ao Papa.
Mereceu ele receber o cognome de “teólogo da eucaristia”, não somente por ter resolvido as questões dos adversários na França, mas também pela coletânea de escritos que deixou a respeito do Sacramento da Eucaristia que foi sempre o centro de sua intensa vida espiritual e a marca mais evidente de sua vida. Estando sempre à disposição dos confrades e dos que batiam à porta do convento, Pascoal, além disso, continuava a infligir-se penitências e com isto debilitou sua saúde até o limite de capacidade de resistência.
Os últimos anos de vida de Pascoal se transcorreram no convento de Vila Real, em Valência, exercendo sempre o ofício de porteiro e de esmoler, muito estimado por toda a população, de modo especial pelos mais simples e pelas crianças. Todos queriam receber a bênção do frade ao lhe darem uma pequena oferta. Tudo ia sendo assim feito até o dia em que exercendo seu ministério de esmoler perdeu as forças. Compreendendo que estava próxima a sua morte correu ao seu encontro. De fato, veio a falecer no convento do Rosário, a 17 de maio de 1592, solenidade de Pentecostes, com a idade de 52 anos. Foram muitos os que vieram dar o último adeus ao piedoso frade. Os biógrafos contam, que durante a celebração da missa de exéquias, no momento da elevação do cálice e da patena, seu corpo já enrijecido pela morte reabriu os olhos para fixar o pão e o vinho da eucaristia dando assim seu último testemunho de apreço pelo Santíssimo Sacramento.
Sua santidade foi confirmada por muitos milagres que espalharam sua fama por todo o mundo católico. Vinte e seis anos depois, no dia 29 de outubro de 1618, era proclamado bem-aventurado (beato) por Paulo V e a 16 de outubro de 1690, canonizado por Alexandre VIII. O Papa Leão XIII, no dia 26 de novembro de 1897, proclamou-o patrono das devoções eucarísticas e, pouco depois, também dos congressos eucarísticos internacionais.
Os restos mortais de São Pascoal Bailão, venerados em Vila Real, foram profanados e espalhados durante a guerra civil espanhola (1936-39). Parcialmente recuperados foram restituídos à cidade de Vila Real em 1952.
As imagens do santo sempre o representam próximo a um ostensório Uns vinte pequenos tratados de sua autoria falam de seu profundo amor pela Eucaristia.
(Tradução livre da obra Frati Minori Santi e Beati, publicação da Postulação Geral da Ordem dos Frades Menores, 2009, p. 253-255)
A Igreja também celebra hoje a memória de Santa Basília.
Nesse tempo pascal descobrimos como o Espírito une e cura, e qualquer unidade verdadeira é fruto da presença divina. Quando recordamos a nossa unidade em Cristo, a nossa unidade no batismo e no discipulado, não estamos recordando o nosso compromisso comum, nem a aceitação partilhada de um sistema de ideias, nem a adesão coletiva a uma estrutura; em vez disso, é a presença do Espírito que nos torna um único sacerdócio real, um povo escolhido e uma nação santa. O dom da unidade é uma adição positiva à nossa humanidade. Na unidade do Espírito Santo, o todo é mais do que a soma das partes. Quando pensamos na presença unificadora e reconciliadora do Espírito, temos dificuldade em encontrar paralelos na experiência humana. Uma Igreja que compartilha o mesmo Espírito é cheia de diversidade e não carece da multiplicidade de talentos, cada um deles expressado de forma distinta, que construirão a comunidade de amor. O Espírito é unificador. O Espírito é diversificador. O Espírito pode ser visto de várias outras maneiras. O Espírito, de fato, é infinito ou, como deveríamos constantemente lembrar a nós mesmos, Deus é sempre maior. E nós queremos celebrar essa esperança e esse sonho de uma igreja toda sinodal celebrando o nosso compromisso em construirmos caminhos de unidade. Precisamos assim resgatar o que de melhor e mais valioso o mesmo Espirito Santo semeou no chão e nos corações de nossa igreja particular ao longo desses 300 anos do caminho da evangelização em Roraima. Por isso, em comunhão com o nosso bispo dom Evaristo, o Colégio de Consultores de nossa diocese e a Coordenação diocesana de Evangelização (CODE), conclamamos todo o Povo de Deus em Roraima a celebrarmos a Solenidade de Pentecostes todos em comunhão numa única grande festa que acontecerá no domingo dia 28 de Maio, ás 16h, no Ginásio de Esportes “Senador Hélio Campos” – Canarinho, em Boa Vista, para celebrarmos a vida e a caminhada de todas as comunidades da nossa Igreja diocesana. Às comunidades do interior: pedimos que se organizem para estarem presentes nesse momento; seria muito bom se cada Paroquia conseguisse um ônibus para facilitar a participação de todos os que quiserem participar. Às comunidades da cidade de Boa Vista: pedimos que no dia de domingo, conforme ficou combinado com os padres de nosso presbitério, não haja nenhuma celebração eucarística para darmos prioridade a esse momento de comunhão e de compromisso com a unidade entre todas as comunidades da nossa diocese. Agradecendo de coração pela participação e a colaboração de todas e todos vocês, amadas e amados, invocando sobre todos a intercessão de Maria, a Virgem do Carmo, Padroeira de nossa diocese, e a benção de Deus sobre toda a cidade de Boa Vista e nossa diocese de Roraima, em nome do nosso bispo dom Evaristo despeço-me desejando a todos uma fervorosa preparação à solenidade de Pentecoste, de mãos dadas, a caminho, porque juntos somo mais… Igreja! Aquele abraço!
Pe. Lucio Nicoletto e a Coordenação diocesana de Evangelização – CODE
Ucraniano Vladimiro nasceu na Ucrânia, em 14 de fevereiro de 1907, em uma aldeia na província de Ternopol.
Infância e vida religiosa Em 1922, frequentou o ginásio na cidade de Čertkov e, em 4 de setembro de 1924, ingressou na ordem de São Basílio, o Grande, segundo a regra de São Iosafat, tomando o nome monástico de Vitalij. Depois de completar o noviciado em Krechov, estudou teologia nas escolas monásticas de Lavrov, Dobromil e Kristinopol, todas na Ucrânia.
Serviço na abadia Aos 26 anos, fez votos solenes e foi ordenado sacerdote em Žovkva, onde foi nomeado vice-responsável do mosteiro e, ao mesmo tempo, coadjutor da Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Em julho de 1941, foi nomeado responsável pelo mosteiro em Drogobyč, província de Lviv, substituindo os anteriores presos e mortos, Serafim Baranik e Ioakim Sen’kovskij.
Perseguição O padre Vitalij foi preso por agentes da NKVD, a polícia política soviética, em 17 de setembro de 1945, acusado de ter participado na aldeia de Turinka de um funeral no túmulo dos militantes ucranianos do exército subversivo em 1941, de ter feito propaganda antissoviética durante um sermão. Também foi perseguido por publicar um artigo falso contra o partido bolchevique no calendário antissoviético “Missioner” de 1942.
Condenação Em 13 de novembro de 1945, o padre Vitalij foi condenado pelo tribunal militar a 8 anos de prisão e confisco de ativos.
Ele morreu poucos dias antes da Páscoa de 1946, depois de ter sido brutalmente espancado durante o interrogatório: foi levado de volta para a prisão do NKVD em uma maca e enterrado na própria prisão.
Beatificação O padre Vitalij Bajrak foi beatificado, em 27 de junho de 2001, durante a visita do Papa João Paulo II à Ucrânia, junto com outros 24 greco-católicos vítimas da perseguição soviética.
A minha oração “Senhor Jesus, hoje são outros milhares de ucranianos que sofrem por perseguição, além de religiosa, mas civil e desleal. Que a nossa oração agora, console os ucranianos que sofrem e providencie para cada um, o renovar da esperança. Assim seja, por intercessão do Beato Vital Vladimiro Bajrak”
Beato Vital Vladimiro Bajrak, rogai por nós!
Outros santos e beatos celebrados em 16 de maio:
Santos Félix e Genádio, mártires, na Tunísia. († data inc.)
Santos Florêncio e Diocleciano, mártires, nas Marcas, região da Itália. († data inc.)
Santos mártires Abdas e Edésio, bispos, que foram mortos por ordem do rei Sapor II, juntamente com trinta e oito companheiros, na antiga Pérsia. († 375/376)
São Peregrino, mártir, venerado como primeiro bispo de sua diocese, na França. († s. IV/V)
São Possídio, bispo de Guelma, na Numídia, na atual Argélia, que foi discípulo e amigo de Santo Agostinho, assistiu à sua morte e escreveu a sua memorável biografia. († d. 473)
São Fídolo, presbítero, que, segundo a tradição, foi feito prisioneiro de guerra pelo rei Teodorico, na França. († c. 540)
São Brandão, abade de Clonfert, zeloso propagador da vida monástica, de quem se narra a célebre «navegação de São Brandão», na Irlanda. († 577/583)
Santo Honorato, bispo, na França. († c. 600)
São Carantoco, bispo e abade de Cardigan, na Grã-Bretanha. († s. VII)
Paixão de quarenta e quatro santos monges, que, no tempo do imperador Heráclio, foram massacrados pelos Sarracenos que assaltaram o seu mosteiro de São Sabas, na Palestina. († 614)
São Germério, bispo, que se empenhou em divulgar o culto de São Saturnino e visitar assiduamente o povo que lhe foi confiado, na atual França. († s. VII f.)
Santo Ubaldo, bispo, que trabalhou diligentemente para renovar a vida comunitária dos clérigos, na Úmbria, região da Itália. († 1160)
Santo Adão, abade do mosteiro de São Sabino, nas Marcas, região da Itália. († c.1210)
São Simão Stock, presbítero, que, depois de ter sido eremita na Inglaterra, ingressou na Ordem dos Carmelitas, da qual foi admirável superior, tornando-se célebre pela sua singular devoção à Virgem Maria. († 1265)
Santo André Bobola, presbítero da Companhia de Jesus, que foi zeloso promotor da unidade dos cristãos, até que, arrebatado por soldados, de bom grado deu o supremo testemunho da fé com o derramamento do seu sangue, na Polônia. († 1657)
Beato Miguel Wozniak, presbítero e mártir, que foi deportado da Polônia, ocupada por um regime hostil à dignidade humana e à religião, para o campo de concentração de Dachau e, depois de cruéis torturas, partiu para a glória celeste. († 1942)
Padroeiro Padroeiro dos trabalhadores, camponeses e agricultores de algumas cidades espanholas e italianas.
Resumo Nascido em Madrid, por volta de 1070, Isidoro torna-se santo rezando, trabalhando nos campos e partilhando os seus bens com os mais pobres. Um agricultor que, junto com a sua esposa, a Beata Maria de la Cabeza, esperou com empenho no trabalho dos campos, colhendo pacientemente a recompensa celestial ainda mais do que os frutos terrestres, e foi um verdadeiro modelo de agricultor cristão.
Trabalho e Oração Apesar de trabalhar arduamente no campo, participava todos os dias da Eucaristia e dedicava muito espaço à oração, tanto que alguns colegas invejosos o acusavam, aliás, injustamente, de se afastar horas do trabalho. Inveja não falta, mas ele supera tudo também graças à ajuda de sua esposa Maria. Dessa maneira, revelou a profunda relação e importância entre trabalho santificado e oração.
Matrimônio Com sua esposa, Maria de La Cabeza, viveu um casamento que sempre se caracterizou pela grande atenção aos mais pobres, com quem compartilhavam o pouco que possuíam. Ninguém saiu de Isidoro sem ter recebido algo. Os dois se santificaram mutuamente e Maria também foi reconhecida pela Igreja como Beata.
Morte e canonização Morreu em 15 de maio de 1130. Foi canonizado em 12 de março de 1622 pelo Papa Gregório XV. Seus restos mortais estão preservados na igreja madrilena de Sant’Andrea.
A minha oração “Querido santo, tu nos dá testemunho de que oração e trabalho são pilares de espiritualidade. Mostra-nos que a caridade advém também dessa experiência. Interceda para que tenhamos boas colheitas, interceda para que sejamos trabalhadores exemplares e pessoas generosas por excelência. Por Cristo Nosso Senhor. Amém!”
Santo Isidoro lavrador, rogai por nós!
Outros santos e beatos celebrados em 15 de maio:
Em Lâmpsaco, no Helesponto, na atual Turquia, a paixão dos santos Pedro, André, Paulo e Dionísia, mártires. († s. III)
Em Arvena, na Aquitânia, hoje Clermont-Ferrand, na França, os santos Cássio e Vitorino, mártires. († s. III)
Na Sardenha, região da Itália, São Simplício, presbítero. († s. III/IV)
Em Larissa, na Tessália, região da Grécia, Santo Aquileu o Taumaturgo, bispo. († s. IV)
Em Autun, na Gália Lionense, na hodierna França, São Retício, bispo. († s. IV)
Na Etiópia, São CalebouElésban, rei. († c. 535)
Em Septêmpeda, no Piceno, hoje nas Marcas, região da Itália, São Severino, bispo, cujo nome foi dado à cidade. († data inc.)
Em Bingen, junto ao rio Reno e perto de Mogúncia, atualmente na Alemanha, São Roberto, Duque. († s. VIII)
Em Córdova, na Andaluzia, região da Espanha, São Vitesindo, mártir. († 855)
Em Aix-en-Provence, na França, o Beato AndréAbellon, presbítero da Ordem dos Pregadores. († 1450)
Nossa Senhora de Fátima teve origem na cidade de Fátima, uma cidade de Portugal onde três meninos, Lucia de Jesus Santos, com 10 anos e seus primos Francisco Martos de 9 anos e Jacinta Martos de 7 anos, tiveram a visão de Nossa Senhora.
Aconteceu no ano de 1917. Sete aparições de Nossa Senhora aos três meninos, sempre no dia 13 de cada mês. A primeira foi no dia 13 de maio. Lucia via e conversava com Nossa Senhora de Fátima. Francisco só via e não ouvia os diálogos. Jacinta via e ouvia, mas não falou com Nossa Senhora de Fátima.
História de Nossa Senhora de Fátima
Quando Nossa Senhora de Fátima apareceu aos três, eles descreveram assim a visão: Parecia ter uns 18 anos a Senhora, rodeada de claridade fulgurante, seu vestido era de uma alvura puríssima, assim como o manto ornado de ouro, que lhe cobria a cabeça e grande parte do corpo. O rosto sobrenatural e divino, estava sereno e grave, com uma sombra de tristeza. Em suas mãos, uma cruz de ouro com um terço em contas que pareciam pérolas, e de seu corpo, especialmente do rosto irradiavam feixes de luz, incomparavelmente superior a qualquer beleza humana.
No começo as crianças se assuntaram, mas Nossa Senhora de Fátima as tranquilizaram, dizendo para não terem medo, e que ela era do Céu. Nossa Senhora disse para rezarem o terço todos os dias, para alcançarem a paz e o fim da guerra. A mensagem de Fátima é uma mensagem de conversão e arrependimento.
Nossa Senhora de Fátima insiste na oração do terço. Ela disse que o comunismo só cairia depois de muita oração. E assim aconteceu. A oração e a Igreja, através do Papa João Paulo II tiveram papel decisivo na queda do muro de Berlin e, por conseguinte, do comunismo.
Perseguição contra as crianças de Fátima
Ninguém acreditava nas crianças. Na segunda aparição, somente 50 pessoas estavam presentes para tentar ver alguma coisa. Depois, as crianças sofreram grandes perseguições por parte dos poderes públicos. Chegaram a ser até presas na delegacia de Fátima, mas nunca negaram as aparições.
Oração de Nossa Senhora de Fátima que rezamos até hoje
Em uma das aparições, Nossa Senhora ensinou esta oração aos meninos. Ela foi acrescentada na reza do Rosário: Quando rezarem o terço, digam após cada mistério; ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem.
Após a terceira aparição o povo começou a acreditar, e cada vez mais se aglomeravam mais pessoas, chegando a mais de trinta mil na última aparição.
Milagre de Nossa Senhora de Fátima
Na sexta aparição, Maria Santíssima disse a Lucia que naquele local, com o dinheiro das doações, deveria ser construída uma capela com o nome de Nossa Senhora do Rosário. E quando ela se levantava suavemente para ir embora, o sol apareceu entre as nuvens como um grande disco prateado, brilhando muito, mas sem cegar as pessoas. Começou a girar vertiginosamente e suas bordas se tornaram avermelhadas espalhando raios de fogo, de modo que sua luz refletia nas pessoas nas árvores, e foi vista até quarenta quilômetros de distância do local das aparições.
Por três vezes o sol girou e se precipitou sobre a terra, e todos com medo pediam perdão para Deus. O milagre durou cerca de dez minutos. A partir desses acontecimentos, a devoção a Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora do Rosário, aumentou, se difundiu para o mundo todo, e hoje, em seu enorme santuário, todos os peregrinos vão fazer seus pedidos, agradecimentos e orações.
Oração a Nossa Senhora de Fátima
Santíssima Virgem, que nos montes de Fátima vos dignastes revelar a três humildes pastorinhos os tesouros de graça contidos na prática de vosso Rosário, incuti profundamente em nossa alma o apreço em que devemos ter com essa devoção, para Vós tão querida, a fim de que, meditando os mistérios da Vossa Redenção que nela se comemora, nos aproveitemos de vossos preciosos frutos e alcancemos a graça, que vos pedimos nesta oração, se for para maior glória de Deus, honra vossa e proveito de nossas almas. Amém.
Rainha do Santíssimo Rosário, rogai por nós.
“Todas as estradas levam para Roma”, diz um provérbio, e de Roma saem algumas das mais célebres estradas do mundo. Em duas dessas estradas, a sudeste e oeste, a Ardeatina e a Aurélia, foram sepultados os mártires Nereu, Aquiles e Pancrácio. Embora recordados os três no mesmo dia, 12 de maio, o culto deles foi sempre separado, como dizem os compiladores do novo calendário: “A memória dos santos Nereu e Aquiles e a memória de são Pancrácio são celebradas separadamente com formulários próprios segundo uma antiga tradição romana. Ao contrário, a memória de santa Domitila, introduzida no Calendário romano em 1595, deve ser cancelada, pois o seu culto não encontra fundamento algum na tradição”. Isso resolve também a questão da época em que Nereu e Aquiles deram seu testemunho.
O Papa Dâmaso, que pouco depois da metade do século IV falava com absoluta segurança dos dois mártires, refere que viveram no fim do século III e morreram durante a perseguição militar com a qual se iniciou a “era dos mártires” (de Diocleciano). Eles eram levados à força ao tribunal de um “tirano”. Aí aplicavam as ordens de tortura e de execução dos “rebeldes” cristãos, até que atingidos pela coragem e constância dos mártires cristãos decidiram seguir seu exemplo. Privados das insígnias militares, foram por sua vez conduzidos ao suplício que enfrentaram com coragem e alegria.
A gravura que representa Santo Aquiles atingido pelo verdugo é considerada a mais antiga representação que ficou de martírio. Abandona-se, assim, o que referia uma tardia e lendária paixão do século VI, que unia a tradição do martírio de Nereu e Aquiles com os de Petronila e Domitila, respectivamente filha de São Pedro e sobrinha do imperador Domiciano.
Também a história de Pancrácio, martirizado ainda muito jovem sob Diocleciano, foi enriquecida de tantos elementos lendários pela sua tardia Paixão, que é muito difícil separar os reais acontecimentos históricos deste que foi um dos santos mais populares não só em Roma como também em toda a Itália e ainda no exterior: é o patrono da Juventude de Ação Católica e dedicaram-lhe igrejas e mosteiros: a de Roma foi fundada por são Gregório Magno e a de Londres por santo Agostinho de Canterbury (a são Pancrácio é dedicada também uma estação do metrô de Londres, e inglês era Wiseman que fez de são Pancrácio uma das personagens principais de Fabíola). A lenda o tornou vigoroso vingador da veracidade dos juramentos. Sua basílica era uma das estações quaresmais.
Extraído do livro: Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini. Canção Nova
Nascimento e escola salesiana Zeffirino Namuncurá nasceu em 26 de agosto de 1886, em Chimpay, às margens do rio Negro. Seu pai Manuel, o último grande cacique das tribos indígenas araucanas, havia se rendido três anos antes às tropas da República Argentina. Depois de onze anos de vida rural livre, Manuel Namuncurá envia Zeffirino para estudar em Buenos Aires, para que pudesse defender a sua raça. A atmosfera familiar no colégio salesiano fez com que ele se apaixonasse por Dom Bosco.
Crescimento espiritual A dimensão espiritual cresceu nele e ele começou a desejar ser sacerdote salesiano para evangelizar seu povo. Escolheu Domingos Sávio como modelo e, durante cinco anos, através do esforço extraordinário de entrar numa cultura totalmente nova, ele próprio tornou-se outro Domingos Sávio. O compromisso com a piedade, a caridade, os deveres diários e o exercício ascético é exemplar.
Aspirante salesiano Esse menino, que achou difícil “entrar na fila”, gradualmente se tornou um verdadeiro modelo. Como queria Dom Bosco, estava certo em cumprir seus deveres de estudo e oração. Ele foi o árbitro nas recreações: sua palavra foi bem recebida pelos camaradas em disputa. A lentidão com que ele fazia o sinal da cruz, como se estivesse meditando em cada palavra, era impressionante; e, com seu exemplo, corrigiu os seus companheiros, ensinando-os a fazê-lo devagar e com devoção. Em 1903, Dom Cagliero o aceita no grupo de aspirantes em Viedma, capital do Vicariato Apostólico, para começar o latim.
Itália Por causa de sua saúde precária, o bispo salesiano decide levá-lo à Itália, para que continue seus estudos de maneira mais séria e em um clima que parecia mais adequado. Na Itália, ele conhece o padre Rua e o Papa Pio X, que o abençoam com emoção. Ele frequentou a escola em Turim e, depois, no colégio salesiano de Villa Sora, em Frascati. Ele estuda muito para ser o segundo da classe.
Morte Mas um mal não diagnosticado a tempo, talvez porque nunca reclamou, minou-o: tuberculose. Em 28 de março de 1905, ele foi levado ao hospital Fatebenefratelli, na Ilha Tiberina, em Roma. Ele morreu pacificamente em 11 de maio. A partir de 1924, seus restos mortais descansam em sua terra natal, em Fortín Mercedes, onde multidões de peregrinos vêm venerá-lo.
Os altares – Tornou-se venerável em 22 de junho de 1972; – Beatificado em 11 de novembro de 2007 sob o pontificado de Bento XVI.
A minha oração “Senhor Jesus, o Beato Zeferino Namuncurá rendeu-se ao amor de Deus e abriu mão de sua cultura e costumes para responder ao seu apelo de doação. Que cada um de nós que lemos essa oração, abramos o nosso coração para dizer ao Senhor: Jesus, crava em nosso coração um amor ardente por Ti. Amém.”
Beato Zeferino Namuncurá, rogai por nós!
Outros santos e beatos celebrados em 11 de maio:
São Maiulo, mártir de Adrumeto, que foi condenado às feras, na Tunísia. († s. II f./III in.)
Santo Antimo, mártir. († s. III)
São Mócio, presbítero e mártir, na Turquia. († data inc. )
São Mamerto, bispo, que instituiu o tríduo solene de ladainhas antes da Ascensão do Senhor, na França. († c. 475)
São Gengulfo, na França. († s. VIII)
São Maiolo, abade de Cluny, que, firme na fé, forte na esperança, rico na caridade, reformou muitos mosteiros na Gália e na Itália. († 994)
São Gualter, presbítero e cónego regular, que, instruído desde a infância no serviço de Deus, resplandeceu pela mansidão para com os irmãos e pela caridade para com os pobres, na França. († 1070)
Beato Gregório Célli, presbítero da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, que, expulso do mosteiro pelos irmãos de religião, consta que morreu entre os Irmãos Menores do convento do monte Carnério, na Itália. († 1343)
Beatos mártires João Rochester e Jaime Walwort, presbíteros e monges da Cartuxa de Londres, na Inglaterra. († 1537)
São Francisco de Jerônimo, presbítero da Companhia de Jesus, na Campânia, região da Itália. († 1716)
Santo Inácio de Láconi, religioso da Ordem dos Irmãos Menores Capuchinhos. († 1781)
São Mateus Lê Van Gam, mártir, que depois de passar um ano no cárcere, por decreto do imperador Thieu Tri foi degolado. († 1847)
Contextualizando Era comum, na Antiguidade, que o azeite fabricado nas primeiras prensas do fruto da oliveira fossem destinados aos fins mais nobres: o peso da primeira pedra que produzia o azeite mais puro era usado nos ritos de consagração, as cerimônias de unção. Também o azeite que se fabricava a seguir era utilizado para queimar as lâmpadas “continuamente diante do Senhor” (Lv 24,2). As forjas mais duras produzem o melhor produto, de mais nobre fim!
Na Igreja… Assim também é na vida da Igreja: ao longo de sua história, as forjas da vida produziram, pelo auxílio da graça, verdadeiros dons; homens e mulheres que, mesmo diante das intempéries da existência humana, se deixaram moldar por Deus e se tornaram modelos de seguimento de Cristo. Um desses ‘azeites’ fabricados na forja dos santos, celebramos no dia 10 de maio. Estamos falando de São João D’Ávila, proclamado doutor da Igreja pelo Papa emérito Bento XVI em outubro de 2012.
Sobre o santo João de Ávila nasceu em 6 de janeiro de 1499, em Almodóvar del Campo, na Espanha. Estudou Direito na Universidade de Salamanca, mas passou por uma profunda experiência de conversão, decidindo abandonar os estudos, voltar para casa dos pais e tornar-se sacerdote. Com 27 anos, foi ordenado padre em 1526. Nutria em si o desejo de ser missionário na América, mas a vontade de Deus era outra, e ele acabou exercendo seu ministério no seu país natal. Começava a experimentar na vida as prensas de Deus.
Vida Outra prensa veio pouco tempo depois de ordenado. Em 1931, por causa de uma má interpretação de uma pregação, João foi preso pela Inquisição Real. Passando dois anos no cárcere, deu início à primeira versão da sua obra “Audi, filia”, em que fala do amor esponsal entre Cristo e a sua Igreja, em conselhos de ascética a uma jovem que acompanhava. Segundo Bento XVI, foi ali, naquele tempo de privação, de perseguição injusta e de incompreensão, que João “recebeu a graça de penetrar com profundidade singular no mistério do amor de Deus e no grande benefício feito à humanidade pelo Redentor Jesus Cristo”.
Vontade de Deus Absolvido em 1533, retoma com fervor a pregação do Evangelho na Espanha em várias cidades. O seu único desejo era converter as almas. Era sensível às inspirações do Espírito à Igreja de sua época, que passava por difíceis provas, provenientes do humanismo e do processo de reforma que se instalava na Europa. Atendia incessantemente os penitentes através do Sacramento da Reconciliação.
Particularidade Na vida interior, prezava pela pobreza e pela instrução das crianças e dos jovens, sobretudo daqueles que se preparavam para o sacerdócio. Além de Audi filia, classificado por Bento XVI como um clássico da espiritualidade, escreveu “O Catecismo, ou Doutrina cristã”, “O Tratado do amor de Deus”, “O Tratado sobre o sacerdócio”, “Os Sermões e Homilias”, além de comentários bíblicos da Carta aos Gálatas à Primeira Carta de João.
Méritos Tornou-se um grande teólogo, mas, como filho de seu tempo, também deu contribuições humanistas como invenções de algumas obras de Engenharia, fundação de colégios menores e maiores que, depois do Concílio de Trento, se transformaram em seminários conciliares, criação da Universidade de Baeza, além da proposta da criação de um Tribunal Internacional de arbitragem para evitar as guerras.
Frutos Foi responsável pela conversão de São João de Deus e São Francisco Borgia. No seu processo de beatificação, consta que “nunca pregou um sermão sem que várias almas se convertessem a Deus”. A eficácia de sua oratória estava, segundo o próprio João dizia, em amar muito a Deus, em dedicar-se muito mais à oração que aos livros: em perder-se na presença do Senhor. Era, nas palavras de Paulo VI, que o canonizou, “uma cópia fiel de São Paulo”.
Amigos santos Foi contemporâneo e amigo de outros santos: Inácio de Loyola, Pedro de Alcântara, Teresa de Jesus, João da Cruz… Sinais de que uma vida cercada de santas amizades nunca é estéril. “Um grande Amigo, que é Deus, o qual arrebata os nossos corações para o seu amor […] e Ele pede-nos que tenhamos muitos outros amigos, que são os seus santos”, escreveu João de Ávila (Carta 222).
Uma dessas amizades lhe levaria a viver mais uma prensa. Pela proximidade com Santo Inácio de Loyola, pensou em se tornar jesuíta, mas o projeto foi inviabilizado pelo comprometimento da saúde de João de Ávila. O Mestre de Ávila, como ficou conhecido, passou os últimos 16 anos da sua vida gravemente doente. Quase cego, morreu com 79 anos, em 10 de Maio de 1569, com um crucifixo na mão, na cidadezinha de Montilla.
A minha oração “Senhor Jesus, assim como escreveu o santo: ‘que a cruz é elemento inegociável da vida de um cristão; que as prensas quando são vividas por um coração apaixonado por Deus produzem os mais nobres azeites dos altares do Senhor’, dá-me a graça de passar pela cruz crendo em Ti.”
São João D’Ávila, rogai por nós!
Outros santos e beatos celebrados em 10 de maio:
Em Mira, na Lícia, na atual Turquia, São Dioscórides, mártir. († data inc.)
Em Lentíni, na Sicília, região da Itália, os santos Álfio, Filadélfio e Cirínio, mártires. († s. III)
Em Roma, junto à Via Latina, São Gordiano, mártir, que foi sepultado na cripta onde já anteriormente se veneravam as relíquias do mártir Santo Epímaco. († c. 300)
Também em Roma, a comemoração dos santos Quarto e Quinto, mártires. († c.s. IV)
Na Irlanda, São Congal, abade, que fundou o célebre mosteiro de Bangor e sempre procedeu como pai sábio e guia prudente de uma grande pléiade de monges. († 622)
Em Táranto, na Apúlia, região da Itália, São Cataldo, bispo e peregrino, provavelmente oriundo da Escócia. († c. s VII)
Em Bourges, na Aquitânia, atualmente na França, Santa Solângia, virgem, que, segundo a tradição, se sujeitou ao martírio para conservar a castidade. († c. s. IX)
Em Pontoise, junto de Paris, na França, São Guilherme, presbítero, natural de Inglaterra, que foi pároco insigne pela sua piedade e zelo das almas. († 1195)
Em Pádua, no Vêneto, região da Itália, a Beata Beatriz d’Este, virgem, que fundou o mosteiro de Gémmola nas colinas Euganeias e, no breve tempo da sua vida monástica, percorreu um caminho árduo de santidade. († 1226)
Em Sena, na Etrúria, hoje na Toscana, região da Itália, o passamento do Beato Nicolau Albergáti, bispo de Bolonha, que entrou ainda jovem na Ordem Cartusiana e, ordenado bispo, ajudou muito a Igreja com o seu zelo pastoral e as suas missões apostólicas. († 1443)
Em Montilla, localidade da Andaluzia, na Espanha, São João de Ávila, presbítero, que percorreu toda a região como pregador de Cristo e, injustamente acusado de heresia, foi encerrado num cárcere, onde escreveu a parte mais importante da sua doutrina espiritual. († 1569)
Em Zagreb, na Croácia, o Beato João Merz, que, tendo-se dedicado aos estudos humanísticos e ao ensino, deu aos jovens um preclaro exemplo de educador fundamentado na fé em Cristo e de leigo cristão empenhado no progresso da sociedade. († 1928)
Em Cremona, na Itália, o Beato Henrique Recuschíni, presbítero da Ordem dos Clérigos Regrantes Ministros dos Enfermos, que prestou serviço com profunda simplicidade aos doentes nos hospitais. († 1938)