Nos dias 5 e 6 de outubro, o Núcleo Roraima da Coordenação da Vida Religiosa Consagrada (CRV) testemunhou um momento de renovação e comprometimento com os princípios da Igreja Católica durante sua assembleia eletiva. Os membros da CRV reuniram-se para eleger sua nova coordenação, em conformidade com a visão sinodal preconizada pelo Papa Francisco.
A assembleia, que contou com a participação de religiosos de diversas congregações, foi marcada por dois dias de debates, análises e reflexões sobre o caminho sinodal, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Santa Sé. A busca por uma liderança comprometida com a missão da Igreja e os desafios do mundo contemporâneo permearam todas as discussões.
A nova equipe de coordenação da CRV do Núcleo Roraima foi eleita com entusiasmo e esperança para liderar a comunidade religiosa local em sua jornada de serviço à fé e à sociedade. Os eleitos são:
Irmão Enos Ahgelo-Marista
Irmã Josiane Sousa Horta – Religiosas Missionárias de Nossa Sra. das Dores
Padre Osar Liofo – Missionários da Consolata
Irmã Maria das Graças Silva – Instituto São José
Padre Deivith Zanioli – Missionários Combonianos
A nomeação desses líderes representa um passo significativo para a comunidade religiosa de Roraima, uma vez que se comprometem a orientar e fortalecer a presença da Igreja Católica na região. Cada um dos membros da nova coordenação traz consigo uma rica experiência e uma profunda dedicação à vida religiosa e à missão da Igreja.
A assembleia eletiva foi um momento de união e solidariedade entre as diferentes congregações religiosas presentes em Roraima. Foi também um testemunho do compromisso da comunidade religiosa local em responder aos desafios e oportunidades que surgem em um mundo em constante transformação.
Parabenizamos a nova coordenação da CRV e gratidão aos membros que se dedicaram a esse importante processo de eleição. As orações e o apoio estão com os líderes recém-eleitos, na certeza de que continuarão a guiar a comunidade religiosa de Roraima com sabedoria e amor.
Que Deus abençoe a nova coordenação e todos os membros da comunidade religiosa de Roraima em sua jornada de fé e serviço.
Roraima, um estado abençoado pela natureza e pelas manifestações de fé de seu povo, tem uma história devoção especial a Nossa Senhora Aparecida que remonta a tempos passados, marcando profundamente a cultura religiosa da região. O Padre Vantu Neto, compartilhou conosco três momentos cruciais dessa jornada de fé, que culminam com a construção do Santuário de Nossa Senhora Aparecida.
Os Primeiros Passos da Devoção: A história dessa devoção começa no tempo dos padres Beneditinos, quando uma pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida foi colocada na igreja matriz da missão de Nossa Senhora do Carmo, em Boa Vista. Essa imagem era o símbolo de uma fé crescente na região, um sinal do amor que os fiéis nutriam pela Virgem Maria.
A Fundação da Comunidade: Em 1968, um marco significativo foi alcançado quando foi fundada uma comunidade dedicada à Nossa Senhora Aparecida. A partir desse momento, os eventos ligados à devoção a Nossa Senhora Aparecida começaram a se tornar parte essencial da vida religiosa em Roraima.
A Romaria e a Instituição do Santuário: Em 1984, o Bispo da época, Dom Aldo Mogiano, instituiu a primeira Romaria Diocesana, com o título “Romaria Roraima”. Este evento marcante cresceu ao longo dos anos e, até o próximo ano, celebraremos a trigésima nona versão da romaria. O evento se tornou a maior manifestação religiosa da diocese, unindo toda a cidade de Boa Vista em uma procissão até a Capelinha de Nossa Senhora Aparecida. Esse foi o início de um movimento que demonstrava não apenas a religiosidade popular, mas também um profundo sentimento mariano na diocese.
Durante a pandemia de 2020, foram contratados arquitetos e artistas renomados para dar vida a essa visão. Atualmente, as primeiras plantas e desenhos já estão prontos, e a construção do Santuário é um sonho que está prestes a se tornar realidade.
No dia 12 de outubro, durante a celebração das festas de Nossa Senhora Aparecida, Dom Evaristo lançará oficialmente a campanha para a construção do Santuário. Este é um convite à comunidade de Boa Vista e a todos os fiéis a participarem ativamente desse projeto de fé e devoção.
Além disso, as festividades que antecedem o grande dia incluem momentos de oração, novena e celebrações eucarísticas diárias às 5 da manhã e às 7 da noite. O auge acontece no dia 12, com uma pedalada matinal e uma grandiosa romaria as 19h saindo da igreja de Nossa Senhora da Consolata em direção ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida.
Esta jornada de fé é um testemunho da devoção e união da comunidade de Boa Vista e de Roraima como um todo. O Santuário de Nossa Senhora Aparecida será um marco que perpetuará essa devoção por gerações vindouras, unindo a fé em uma das figuras mais amadas da fé católica.
A celebração continua, e todos estão convidados a fazerem parte dessa jornada de amor e fé.
São Dionísio — de origem italiana —, era um jovem missionário enviado pelo Papa Fabiano para evangelizar a antiga Gália do norte em meados do ano 250, portanto no século III.
Contra o imperador
São Dionísio fundou a primeira comunidade católica em Lutécia, atual Paris, sendo eleito o seu primeiro bispo. O sucesso de sua missão, porém, começou a incomodar os magos gauleses e os romanos fiéis ao imperador Valeriano, que perseguia duramente os cristãos. Os gauleses acusaram-no de bruxaria e práticas maléficas, e os romanos prenderam-no porque São Dinis não reconhecia o imperador como um Deus. Forçado a negar a fé em Jesus Cristo, São Dinis preferiu a morte.
Epíscopo mártir em Paris
Ao lado do bispo Dinis, o diácono Rústico e o sacerdote Eleutério, seus companheiros, também testemunharam sua fé cristã sendo decapitados. Logo depois, levou os restos mortais de seus companheiros para Paris onde também sofreu o martírio, sendo decapitado no local, hoje conhecido como Montmartre, isto é, “Colina do Mártir”. Santo Dionísio, popularmente conhecido como São Dinis de Paris e comemorado neste dia, foi venerado como único padroeiro da França durante muito tempo.
São Dionísio: o Mártir Cefalóforo
Páscoa
São Dionísio, ou Dinis, segue sendo aclamado pela mais antiga tradição cristã francesa, que o venera como um mártir cefalóforo, ou seja, carregador de cabeça. Esse nome se dá por causa do extraordinário acontecimento após sua decapitação. A tradição conta que ele se levantou, tomou sua cabeça nas mãos e saiu em direção a Montmartre, onde foi enterrado. Por outro lado, os corpos de seus companheiros haviam sido atirados no rio Sena, então foram resgatados e enterrados junto ao companheiro bispo. Sobre o túmulo em Montmartre, mais tarde, foi edificada uma basílica, junto à qual, no ano 630, o rei Dagoberto fundou uma abadia.
A Abadia e o império
A Abadia de Saint-Denis, em Paris, tornou-se tradicionalmente o local onde todos os reis da França, do séc. X ao XVIII, foram enterrados. Além disso, muitas rainhas escolheram ser coroadas nessa abadia. Nesse período medieval, a Igreja estava aliada com os francos, e por isso seus reis e rainhas buscavam lugares sagrados para serem enterrados ou coroados. Queriam encontrar, na intercessão do santo padroeiro da França, uma segurança para seu posto, patrocínio espiritual e honraria sagrada.
Devoção
Hoje, o “apóstolo da Gália” é invocado pelo povo cristão contra dores de cabeça e possessões demoníacas, além de ser homenageado como um dos primeiros pais da França. São Dionísio e seus companheiros demonstram a fidelidade a Cristo por meio do martírio, bem como esse espírito evangelizador que é capaz de desbravar e instalar a religião em novos lugares. Os trabalhos realizados naquele país geram frutos para as gerações futuras, deixando um testemunho para toda a França.
Minha oração
“Ao apóstolo da Gália, pedimos por aqueles que estão enfermos na mente, aqueles que tem grandes enxaquecas e diversas outras doenças. Rogamos com confiança sabendo que através do teu martírio podemos alcançar as graças de Jesus. Amém. ”
São Dionísio, rogai por nós!
Outros santos e beatos celebrados em 9 de outubro
São JoãoLeonardo, presbítero, que, na Itália, fundou a Ordem dos Clérigos Regrantes, mais tarde designada da Mãe de Deus. Também deu início ao Colégio de Propaganda Fídei em Roma. († 1609)
Comemoração de Santo Abraão, patriarca e pai de todos os crentes, que, chamado por Deus, saiu da sua pátria, a cidade de Ur dos Caldeus, e se pôs a caminho da terra prometida por Deus.
Em Laodiceia, hoje Litaquia, na Síria, a paixão dos santos Diodoro, Diomedes e Dídimo. († data inc.)
Em Fidenza, na província de Parma, junto à Via Cláudia, na Itália, São Donino, mártir. († s. IV in.)
Em Antioquia, na Síria, hoje Antakya, na Turquia, a comemoração de Santa Públia, que, depois da morte do esposo, entrou num mosteiro. († c. s. IV)
No território de Bigorre, nas encostas dos montes Pireneus, na hodierna França, São Sabino, eremita, que ilustrou a vida monástica na Aquitânia. († s. V)
Em Città di Castello, na Úmbria, região da Itália, São Donino, eremita. († 610)
No território do Hainaut, na Austrásia, na atual França, São Gisleno, que viveu como monge numa cela por ele mesmo construída. († c. 681-685)
No mosteiro de Montecassino, no Lácio, região da Itália, São DeusdéditouDeusdado, abade. († 834)
No mosteiro de Brevnov, na Boémia, na Chéquia, o sepultamento de São Guntero, eremita. († 1045)
No mosteiro de Montsalvy, na França, São BernardodeRodez, abade dos Cónegos Regrantes deste cenóbio. († 1110)
Em Valência, na Espanha, São LuísBeltrão, presbítero da Ordem dos Pregadores. († 1581)
Em Birmigham, na Inglaterra, São João Henrique Newman, presbítero anglicano, depois da sua conversão, serviu como presbítero e posteriormente como Cardeal. († 1890)
Em Turon, localidade das Astúrias, região da Espanha, os santos mártires Inocêncioda Imaculada, presbítero da Congregação da Paixão, e oitocompanheiros, da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs. († 1934)
Visa realizar um serviço verdadeiramente sinodal conforme o convite do Papa Francisco.
O Convite realizado pelo Dom Evaristo, Bispo de Roraima para um encontro especial dedicado à comunidade de Roraima. O evento marca o anúncio e a celebração da inauguração da Casa da Caridade Papa Francisco, agendada para o próximo dia 13 de outubro, às 19 horas, na Rua Floriano Peixoto, ao lado da sede da Rádio Monte Roraima, próximo à igreja matriz.
Com palavras de entusiasmo, o Padre Lúcio Nicoletto, Vigario Geral, compartilhou a história e a importância do projeto Casa da Caridade. O Padre destacou a rica herança histórica ligada a esse projeto, que remonta à fundação da Diocese de Roraima em 1907, com a presença dos monges beneditinos, que desempenharam um papel fundamental na trajetória da fé local.
O Padre ressaltou ainda a contribuição das monjas beneditinas, que em 1921, a pedido do Bispo Dom Pedro Eguerar, construíram o Hospital Nossa Senhora de Fátima, tornando-se a única unidade hospitalar pública na bacia do Rio Branco na época. A casa das monjas também desempenhou um papel importante na comunidade, servindo como centro de pastoral e, posteriormente, como um projeto conhecido como “Nós Existimos”, que operou até 2014.
No entanto, a casa ficou fechada e embargada devido a questões judiciais. O empenho incansável do economo diocesano, Dr. Vivaldo, e do advogado Dr. Sena, finalmente, liberou o edifício de todas as pendências legais. Foi então que o projeto da Casa da Caridade Papa Francisco começou a tomar forma.
Padre Lúcio Nicoletto mencionou que a ideia foi apresentada ao Papa Francisco durante sua visita aos bispos do Norte, onde ele representou a Diocese de Roraima. O Papa apoiou a visão de reformar a antiga casa das monjas beneditinas para reunir todas as pastorais, movimentos e serviços organizados em nível diocesano, com o propósito de trabalhar em conjunto na dimensão da caridade.
O projeto consiste em dois blocos: a Casa da Caridade 1, na antiga casa das monjas beneditinas, e a Casa da Caridade 2, que incluirá o bloco das pastorais sociais localizado nas proximidades do Colégio São José. Entre as pastorais que trabalharão na Casa da Caridade, estão a Pastoral da Criança, a Pastoral de Imigrantes, a Cáritas, a Comissão da Pastoral da Terra, a Pastoral da Saúde, a Pastoral Carcerária, a Pastoral da Juventude, a Pastoral Indigenista, o SIME, a REPAM e a coordenação das pastorais sociais.
Celebrando 70 Anos da Igreja São Francisco das Chagas em Boa Vista.
A comunidade de São Francisco, em Boa Vista, viveu um dia repleto de fé, devoção e alegria nesta quarta-feira, 5 de outubro, ao celebrar a Festa de São Francisco e os 70 anos da Igreja São Francisco das Chagas. Esta festa atraiu centenas de fiéis para comemorar esta data especial e reforçar os laços de fé que unem a comunidade há décadas.
As festividades começaram com a tradicional procissão, que teve início às 17h. Fiéis de todas as idades, seguiram a imagem de São Francisco pelas ruas da comunidade, cantando hinos religiosos e demonstrando sua devoção ao santo padroeiro. Durante a procissão, conversamos com Elenilzo, um dos fiéis que acompanhou o evento e disse: “Eu sou de Ceará, á 8 anos que fiquei neste Estado e participar da procissão de São Francisco, é uma tradição que passa de geração em geração na minha famíliae da minha esposa. Fizemos uma promessa e a gente sempre vêm regularmente. É uma questão de devoção mesmo, momento de união e renovação da fé.“
Após a procissão, os fiéis se reuniram na igreja para a missa solene em homenagem a São Francisco das Chagas. O Padre Lucio Nicoletto, conduziu a Procissão e celebração, ressaltando a importância da devoção a São Francisco e o significado dos 70 anos da igreja na comunidade. Durante a missa, houve cânticos e orações especiais para agradecer pelas bênçãos e pela história da paróquia.
O ponto alto da celebração foi o Jubileu de Vinho, que marca os 70 anos da Igreja São Francisco das Chagas. Este momento especial foi celebrado com muita alegria e emoção pela comunidade, que se uniu para agradecer e celebrar as sete décadas de história da igreja que desempenhou um papel fundamental na vida espiritual dos moradores de São Francisco.
Após a missa, os fiéis continuaram a festa no arraial, que contou com uma grande diversidade de comidas típicas, brincadeiras tradicionais e um animado bingão. As famílias se reuniram para compartilhar momentos de convívio e alegria, reforçando os laços comunitários e celebrando a fé que os une.
O Festejo de São Francisco das Chagas na comunidade de São Francisco em Boa Vista e a história de 70 anos da Igreja São Francisco é uma história de fé, devoção e amor que continua a ser escrita pelas gerações presentes e futuras. Que São Francisco continue a abençoar e guiar a comunidade de São Francisco por muitos anos.
Filho de Pedro e Dona Pica Bernardone, Francisco nasceu entre 1181 e 1182, na cidade de Assis, Itália. Seu pai era um rico e próspero comerciante. Foi batizado em Santa Maria Maior com o nome de João (Giovanni). Mas quando Pietro Bernardone voltou de uma viagem à França, mudou de ideia e resolveu trocar o nome do filho para Francisco, prestando uma homenagem àquela terra.
Ambições
Segundo a maioria dos biógrafos de São Francisco de Assis, o caráter e as qualidades melhores lhe vieram da mãe. Como todo jovem ambicioso de sua época, Francisco desejava conquistar, além da fortuna, também a fama e o título de nobreza. Para tal, fazia-se necessário tornar-se herói em uma dessas frequentes batalhas. No ano de 1201, incentivado por seu pai, ele partiu para uma guerra que os senhores feudais haviam declarado contra a Comuna de Assis.
Entre 1202 e 1205, encontramos um Francisco inquieto. Não é apenas a consequência de uma doença longa e misteriosa. É a inquietude de quem está incerto quanto ao sentido de sua vida. Ele decide ser cavaleiro e vai em nome da honra defender a Igreja e seus interesses, convocados pelo Papa Inocêncio III.
O Encontro e a Renúncia dos Bens
Na cidade de Espoleto, sintomas de febre fizeram com que Francisco não pudesse partir. Ali pensou ter ouvido a voz do Senhor, com quem dialogou: “Francisco, o que é mais importante, servir ao Senhor ou servir ao servo? Servir ao Senhor, é claro. Respondeu o jovem. Então, por que te alistas nas fileiras do servo? Senhor, o que quereis que eu faça? Volta a Assis e ali te será dito, diz a Voz”.
Em busca de respostas, decidiu viajar para Roma, isso no ano de 1205. Visitou a tumba do Apóstolo São Pedro e exclamou: “É uma vergonha que os homens sejam tão miseráveis com o Príncipe dos Apóstolos!” E jogou um grande punhado de moedas de ouro, contrastando com as escassas esmolas de outros fiéis menos generosos. A seguir, trocou seus ricos trajes com os de um mendigo e fez sua primeira experiência de viver na pobreza. Voltou a Assis, à casa paterna, entregando-se ainda mais à oração e ao silêncio.
O Pedido de São Damião
Em 1206, passeando a cavalo pelas campinas de Assis, viu um leproso, repugnante à vista e ao olfato, lhe causando nojo. Mas, então, movido por Deus, colocou seu dinheiro naquelas mãos sangrentas e deu-lhe um beijo. Falando depois a respeito desse momento, ele diz: “O que antes me era amargo, mudou-se então em doçura da alma e do corpo. A partir desse momento, pude afastar-me do mundo e entregar-me a Deus”. Pouco depois, entrou para rezar e meditar na pequena capela de São Damião, semidestruída pelo abandono. Estava ajoelhado em oração aos pés de um crucifixo quando uma voz, saída do crucifixo, lhe falou: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja que está em ruínas”.
Afastamento da Família e dos Amigos
Seu Pai se indignava cada vez mais e resolveu exigir que seu filho lhe devolvesse tudo quanto recebera dele, levou perante o bispo para que o julgasse. Francisco, ciente da sentença de Cristo: “Quem ama o seu pai ou a sua mãe mais que a Mim, não é digno de Mim” (Mt 19,29), sem vacilar um momento se despojou de tudo até ficar nu, jogou os trajes e o dinheiro aos pés de seu pai, e exclamou: “Até agora chamei de pai a Pedro Bernardone. Doravante não terei outro pai, senão o Pai Celeste”. O Bispo, então, o acolheu. Daquele momento em diante, cantando “Sou o arauto do Grande Rei, Jesus Cristo”, afastou-se de sua família e de seus amigos e entregou-se ao serviço dos leprosos e à reconstrução das capelas da cidade.
Viver puramente o Evangelho
Quando estava quase encerrando a reconstrução da capelinha de Santa Maria dos Anjos, perguntava-se o que faria, o que Deus queria dele. Então, certo dia, Francisco escutou, durante a missa, a leitura do Evangelho: “sem túnicas, sem bastão, sem sandálias, sem provisões, sem dinheiro no bolso …” (Lc 9,3). Tais palavras encontraram eco em seu coração e foram para ele como intensa luz. E exclamou, cheio de alegria: “É isso precisamente o que eu quero! É isso que desejo de todo o coração!” E sem demora, começou a viver, como o faria em toda a sua vida, a pura letra do Evangelho. Repetia sempre para si e, mais tarde, também para seus companheiros: “Nossa regra de vida é viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”!
Não queria seguidores, somente viver sua vida austera e evangelizar
A partir de então, Francisco saiu a pregar percorrendo as vizinhanças e levando o Evangelho. Não tinha intenção nenhuma de adquirir seguidores, somente viver sua vida austera e evangelizar. Porém, logo Bernardo de Quintaval se juntou a ele e pelo caminho juntou-se aos dois Pedro de Catânia.
Por três vezes abriram o livro do Evangelho, e as três respostas que encontraram foram as seguintes: “Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá-o aos pobres. Depois vem e segue-me” (Mt 19,21). “Não leveis nada pelo caminho, nem bastão, nem alforge, nem uma segunda túnica…” (Lc 9,3). “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me” (Mt 16,24). “Isto é o que devemos fazer, e é o que farão todos quantos quiserem vir conosco” – exclamou Francisco, que subitamente viu brilhar uma luz sobre o caminho que ele e seus companheiros deveriam seguir.
Fundação da Fraternidade dos Irmãos Menores
Finalmente, encontrou o que por tanto tempo havia procurado! Isto aconteceu a 24 de fevereiro de 1208, dando início à fundação da Fraternidade dos Irmãos Menores.
Em 1209, Francisco e seus companheiros foram até o Papa Inocêncio III para pedir a aprovação de seu carisma. Ele ficou maravilhado com o propósito de vida daquele grupo e, especialmente, com a figura de São Francisco de Assis, a clareza de sua opção e a firmeza que demonstrava. Reconheceu nele o homem que há pouco vira em sonho, segurando as colunas da Igreja de Latrão, que ameaçava ruir.
O Reconhecimento do Próprio Deus na sua Obra
O Papa reconheceu que era o próprio Deus quem inspirava São Francisco de Assis a viver radicalmente o Evangelho, trazendo vida nova a toda a Igreja. Por isso, deu a seu modo de viver o Evangelho a aprovação oficial. Autorizou Francisco e seus seguidores a pregarem o Evangelho nas igrejas e fora delas.
Inspiração de Clara
Francisco inspirou Clara para a santidade, dela surgiram as clarissas. Tomás de Celano diz: “Então, se submeteu toda ao conselho de Francisco, tomando-o como condutor de seu caminho, depois de Deus. Por isso, sua alma ficou pendente de suas santas exortações, e a acolhia num coração caloroso tudo que ele lhe ensinava sobre o bom Jesus. Já tinha dificuldade para suportar a elegância dos enfeites mundanos, e desprezava como lixo tudo que aplaudem lá fora, para poder ganhar a Cristo”.
Páscoa
Todos os anos, de 15 de agosto a 29 de setembro, São Francisco de Assis tinha o costume de preparar-se com uma quaresma de oração e jejum para a festa de São Miguel Arcanjo. No ano de 1224, ele teve a visão do Serafim alado e recebe os estigmas. Seu estado de saúde piora muito a partir daí. Era final de agosto, em 1226, pede para ser levado à Porciúncula. No dia 3 de outubro, à tarde, São Francisco de Assis morreu cantando “mortem suscepit”. No domingo seguinte, foi sepultado na igreja de São Jorge, na cidade de Assis.
Via de Santificação
No dia 16 de julho de 1228, São Francisco de Assis foi canonizado pelo Papa Gregório IX. Tornou-se o padroeiro dos animais, pela sua admiração e relação estreita com a natureza. Também foi elevado a padroeiro principal da Itália, em 1939 por Pio XII.
Oração de São Francisco de Assis:
“Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa Paz. Onde houver Ódio, que eu leve o Amor. Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão. Onde houver Discórdia, que eu leve a União. Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé. Onde houver Erro, que eu leve a Verdade. Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança. Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria. Onde houver Trevas, que eu leve a Luz! Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando, que se recebe. Perdoando, que se é perdoado e é morrendo, que se vive para a vida eterna! Amém.”
Minha oração
“Ó grande reformador da Igreja, pai de uma multidão de santos e religiosos, concedei a nós imitar as suas virtudes de caridade, pobreza e castidade, assim como nos espelhar na tua espiritualidade que formou tantas almas. Que o Amor encarnado seja amado! Amém.”
São Francisco de Assis, rogai por nós!
Outros santos e beatos celebrados em 04 de outubro
Em Bolonha, hoje na Emília-Romanha, na região da Itália, São Petrônio, bispo. († c. 450)
No território da Gália Turonense, na hodierna França, São Quintino, mártir. († s. VI)
Em Paris, na Gália, hoje na França, Santa Áurea, abadessa, designada por Santo Elígio para presidir ao mosteiro que ele tinha fundado dentro da cidade segundo a regra de São Columbano. († 856)
Em New Orleans, na Luisiana, nos Estados Unidos da América do Norte, o Beato FranciscoXavierSeelos, presbítero da Congregação do Santíssimo Redentor. († 1867)
Em Xaraco, povoação da província de Valência, na Espanha, o Beato Henrique Morant Pellicer, presbítero e mártir. († 1936)
Perto de Gandia, na mesma província de Valência, o Beato José Canet Giner, presbítero e mártir. († 1936)
Em Bellrreguart, também na província de Valência, o Beato AlfredoPellicerMuñoz (Jaime), religioso da Ordem dos Frades Menores e mártir.
Fonte:
Franciscanos.org.br
Livro “Um santo para cada dia” – Mário Sgarbossa – Luigi Giovannini [Paulus, Roma, 1978]
Livro “Relação dos Santos e Beatos da Igreja” – Prof. Felipe Aquino [Cléofas 2007]
“É muito cômodo usar dacondenação das mulheres como arma para defender a vida de um provável devir de ser humano. E é também mais cômodo atribuir a Deus as suas decisões rígidas sem abrir as portas do coração à compaixão necessária à sobrevivência humana e do planeta”, escreve Ivone Gebara, religiosa pertencente à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, filósofa e teóloga, que lecionou durante quase 17 anos no Instituto Teológico do Recife – ITER e que dedicou-se a escrever e a ministrar cursos e palestras, em diversos países do mundo, sobre hermenêuticas feministas, novas referências éticas e antropológicas e os fundamentos filosóficos e teológicos do discurso religioso.
Eis o artigo.
Escrevem os bispos católicos brasileiros a respeito da ADPF ou Arguição de Descumprimento do Preceito Fundamental e da posição da ministra Sra. Rosa Weber que foi a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.
“Jamais aceitaremos quaisquer iniciativas que pretendam apoiar e promover o aborto”.
“Jamais um direito pode ser exigido às custas de outro ser humano, mesmo estando apenas em formação”.
“Se até hoje o aborto não foi aprovado como querem os autores da ADPF não é por omissão do Parlamento, senão por absoluta ausência de interesse do povo brasileiro, de quem todo poder emana, conforme o parágrafo único do artigo primeiro da Constituição Federal”. (Cf. Nota da CNBB – Vida: direito inviolável – 14 de setembro 2023)
Atrevo-me a comentar em grandes linhas esse texto que me moveu as entranhas de tristeza e espanto frente a ‘insustentável leveza” de seus argumentos. Um pensamento tão categórico e tão cheio de argumentações conclusivas e limitadas como esse merece uma breve reflexão filosófica feminista como convite ao pensamento. Exige que abramos pequenos espaços de reflexão sobre a moralidade e religiosidade que marcam nossas condutas no interior do complexo pluralismo no qual vivemos. O pluralismo atual convida-nos a uma reflexão que vai mais além de nossas velhas tradições, convicções e temores muitas vezes implantados em nós como uma segunda ou até primeira natureza. Convida-nos a uma atenção mais aguda aos valores que dizemos viver e sua real possibilidade traduzidos como comportamentos habituais.
A questão do aborto é apenas a ponta de um iceberg que toca a compreensão que o cristianismo patriarcal tem dos seres humanos e das forças que o constituem. Compreensão significa pensamento e pensamento situado e datado a partir dos vários aspectos da vida humana. Compreender é apreender algo a partir da situação vivida. Por exemplo, se falamos que somos seres violentos por natureza, muitos imediatamente tentarão negar isso e afirmar a perfeição através da chamada ‘não violência’ como se a oposição não estivesse contida na própria afirmação.
Uma lógica dualista persiste na formação filosófica e teológica dos prelados que não conseguiram ainda apreender na prática a unicidade e interdependência de tudo com tudo. A não violência é também uma sementeira de violências. E é isso que está presente também nas elucubrações absolutas e dogmáticas dos senhores bispos fundadas em uma limitada compreensão da chamada ‘vontade divina’.
Sabemos bem que todo problema nasce de uma situação dada. Se modificamos a situação modifica-se o problema e até a possível solução. Dependendo da situação um suicídio pode ser válido, diante de outra situação matar pode ser uma saída frente a uma ameaça que exija defesa da própria vida. Servir o exército e ser convocado para uma guerra é admitir que se pode matar o outro considerado inimigo. E nas muitas ‘guerras santas’ empreendidas também pela Igreja Católica aliada dos poderes estabelecidos, jovens guerreiros sabiam que iam matar ou morrer. Por isso, o uso do jamais é uma petição de princípio dentro da mais elementar lógica clássica, uma petição de princípio também inaceitável dentro da lógica do próprio Evangelho que os bispos afirmam conhecer, difundir e amar.
Por que pensam ou falam especificamente de crime e de defesa da vida quando se trata de interrupção da gravidez? O que sabem das razões e situações das várias interrupções da gravidez? É quem são as pessoas vítimas das advertências dos bispos?
E mais, por que culpabilizam as mulheres e se esquecem dos homens, dos estupradores, da violência impetrada continuamente contra mulheres e crianças? Por que se arvoram a exigir do Estado laico a obediência às suas normas religiosas e não exigem cuidados e direitos às cidadãs e aos cidadãos marginalizados ou excluídos?
Além disso, sabemos bem que na prática quem tem dinheiro tem direito ao aborto! Para que possui o ‘vil metal’ esse procedimento é tornado legal, pois não sofre nenhuma censura pública. O dinheiro é capaz de encobrir tudo o que não se quer mostrar e dar a impressão de legalidade. Por essa razão bem conhecida, me parece que os bispos dirigem sua advertência à população pobre, notadamente aquelas mulheres vítimas da falta de condições econômicas que precisam se sujeitar às leis do país e aos diferentes grupos que as manipulam para terem um tratamento de saúde minimalista. É triste constatar isso quando gastamos anos na Igreja Católica falando da opção preferencial pelos pobres!
Não poderíamos pensar a partir de outra lógica entre as muitas que povoam nossas vidas e culturas? Porque não pensar que a vida nos obriga muitas vezes a escolher no imediato e, escolher não é sempre escolher o melhor, mas aquilo que é possível na luta pela sobrevivência de cada dia. É como ter que privilegiar uma vida e não outra por múltiplas razões. É assumir o limitado e triste poder de ter que privilegiar ou até substituir uma vida pela outra e afundar-se na imperfeição dos seres humanos, dos nossos limites, de nossa precária imanência constitutiva, nas dores e dúvidas que tudo isso nos causa.
A interrupção da gravidez poderia ser considerada uma substituição de uma vida em germe por outra com responsabilidade social, com obrigações, direitos e deveres, com história vivida, com escolhas, com certa independência e responsabilidade de vida. Os argumentos sempre podem conter dúvidas, porém a dúvida é parte da vida e dos riscos que vivemos. Alguns homens cristãos nos campos de concentração foram capazes de morrer para que outros vivessem sobretudo em eventos de troca de prisioneiros. É uma vida por outra e isto está bem presente na tradição cristã e em outras tradições.
Um pai aceita morrer doando ao filho um órgão vital para transplante. Uma mãe prefere morrer para que a filha viva. Essa ‘troca’ está na lógica da vida e da tradição do Movimento de Jesus a partir da qual até se afirmou que Jesus morreu por nós.
O espantoso é que os homens da Igreja, sobretudo alguns que detêm responsabilidades religiosas e sociais, não percebem que a lógica do JAMAIS está distante da vida ordinária que vivemos. Continuam usando uma lógica absoluta sobretudo quando se trata da vida das mulheres. Por quê? De onde nos vêm esse privilégio às avessas?
Vida e morte estão absolutamente entrelaçadas, é obvio. Por isso, temos que fazer as perguntas que podem ser respondidas de forma sempre diversa pelas pessoas de nosso tempo. O JAMAIS não responde a nada. Apenas levanta muros, cria ilusões, falsos argumentos e mentiras. Por isso, suspeito que há um outro fundo oculto do problema nesse problema do aborto abordado pelos bispos. E este se chama sexualidade ou simplesmente sexo. No fundo o cristianismo sobretudo católico sempre temeu a força vital do sexo por sua impressionante magnitude, pelo lugar que ocupa nas relações humanas, pelo inebriamento e atração dos corpos que provoca sobretudo naqueles que prometeram viver como célibes negando ou renunciando a essa força em si mesmos. A negação do sexo seria a negação do prazer, a negação do prazer corpóreo, da natureza constitutiva dos corpos. Seria a pretensão de viver para além do corpo no corpo, seria fazer-se ‘eunuco pelo reino de Deus’, como costumam dizer. Filosoficamente seria a oposição e luta contínua entre espírito e matéria apostando-se na vitória do espírito.
Entretanto, quando o sexo se apresenta de forma violenta trazendo as consequências de uma gravidez, castiga-se a vítima, sobretudo a menina, a mulher porque ela é considerada a tentadora, ela é a iniciadora da confusão dos corpos e é dela que depende em grande parte a continuação da espécie. Os velhos fantasmas do sexo voltam e buscam os dogmatismos para defender-se da verdade que habita no fundo de cada uma/um de nós.
O princípio idealista e imaginário do respeito absoluto à vida vem então à tona e se apela a ele como última instância legisladora dos comportamentos. Não se percebe que a mobilidade da vida com suas afirmações e negações está presente nesse princípio como uma espécie de horizonte para o qual tendemos e tentamos caminhar sempre. Da mesma forma, o sistema arcaico de pureza que se impôs na Igreja e se impõe ainda hoje leva a continuas transgressões de comportamento e falsidades discursivas que acabam atingindo sempre a vida dos mais pobres.
A crise existencial está instaurada de diferentes maneiras, inclusive no apego aos dogmatismos e moralismos que se manifestam em muitas instituições religiosas. Não se ousa mudar porque perde-se poder e perde-se o frágil equilíbrio pessoal e institucional. Então se fala em JAMAIS e se argumenta através de perfeições impossíveis.
A ambiguidade da vida, os limites da condição humana, as mentiras que nos sustentam assim como as verdades exigem de cada um/uma de nós o esforço para sair de uma fé imaginária, de uma afirmação ilusória das exigências de Deus que sustenta o poder de muitos. Sei que estou talvez pedindo muito, porém um esforço em vista de acolher o que é ‘nossa vida de fato’ e não apenas o que ‘deveria ser’ poderia se tornar um processo educativo transformativo e eficaz em vista do bem comum.
Infelizmente a real situação da vida de muitas mulheres, adolescentes e crianças cuja vida é constantemente ameaçada, inclusive pelos detentores do poder religioso, nos levam a perceber o quanto é mais fácil preferir uma ilusão, uma imagem aparentemente justa mas ao mesmo tempo mentirosa da vida do que acolher a verdade de nossas limitações e ações. E, a partir desse realismo maior ajustado à nossa condição, trabalhar para nos ajudar mutuamente a sair da mentira. Sinto o quanto para muitos a ilusão se tornou ‘sagrada’ e as dores humanas, e em especial as dores das mulheres que eles mesmos alimentam, são consideradas ‘profana’ e é até proclamadas como pecado ou profanação da vida. Os prelados não tocam os corpos reais, as histórias reais, as mulheres de carne e osso com suas misérias e qualidades, com suas grandezas e pequenezes. Giram em torno de princípios abstratos e com eles continuam cúmplices dos sistemas de opressão e das políticas excludentes que louvam apenas uma ideia de vida, mas amaldiçoam as vidas reais, seus escorregos contínuos e seus breves prazeres. Assim os que julgam as outras em nome de Deus talvez acreditem que eles mesmos são puros, que defendem a transcendência da vida, a ética divina. Mas de qual vida defendem a transcendência? Na mesma linha se arrogam igualmente o direito de julgá-las e de proibir que leis justas de cuidado provindas do Estado possam ajudá-las a viver e seguir assumindo o atribulado curso de suas vidas.
Menina de 9 anos estuprada pelo pai. Grávida!
Jovem perseguida por uma gang e estuprada por 5 homens. Grávida!
Mãe de 3 filhos com problemas graves de saúde. Grávida!
Religiosa estuprada por seu confessor. Grávida!
Milhares de mulheres pobres mortas por abortos clandestinos mal feitos! Mulheres pobres condenadas e aprisionadas por escolherem caminhos abortivos de proteção de si não legalizados! Ódios de homens e de mulheres contra mulheres que abortaram!
Sem dúvida alguns dirão que em caso de estupro ou mal formação fetal as leis do país permitem a interrupção da gravidez, porém sabemos também que a burocracia para a verificação dos diferentes casos é um tormento para as pobres que vivem o problema.
Apostar na capacidade e no critério das mulheres envolvidas em situações trágicas e nos critérios das pessoas que as ajudam deve ser um comportamento que indica solidariedade e compreensão da bondade que também nos habita. A ajuda mútua e a solidariedade efetiva ainda brotam em nosso chão!
Muitos dos senhores e muitos grupos sociais seguem vivendo em renovadas ilusões, defendendo-se contra uma compreensão mais integral e complexa da vida. Não ouvem os clamores reais das mulheres e, no entanto, dizem ‘ouvir os clamores do povo’ e ‘fazer a vontade de Deus’. Como fazem isso frente aos diferentes problemas que nos assolam?
Nessa linha ouso dizer que o JAMAIS dos bispos declara a morte dessas mulheres. Condena-as ao julgamento da terra e ao fogo do inferno. Impede a aprovação de leis mais justas necessárias à manutenção precária da vida.
Mais uma vez, que dizem e fazem de concreto os bispos com os estupradores? Acaso os procuram, conversam com eles, têm diretivas para eles? Falam da vida que desrespeitaram? Propõem caminhos de educação? Talvez essa seja uma pauta importante a ser proposta e desenvolvida!
Senhores bispos e outros responsáveis revejam sua lógica filosófica, revejam o reducionismo de seu pensamento cristão e o limite imaginário de sua teologia. Apegados a seus princípios, os senhores se negam a enfrentar-se às dores reais do mundo, ao sofrimento das mulheres, às vítimas da humanidade contra ela mesma. O desprezo à causa das mulheres em nome de um princípio imaginário tornado absoluto os conduz cada vez mais a uma representação falsa e decadente do Evangelho de Jesus que aceitou os limites e contradições da vida lembrando-nos de atirar a primeira pedra se nos julgamos santos ou inocentes de qualquer pecado.
Consentir aos nossos limites inevitáveis abre as portas da misericórdia e da solidariedade humana. De fato, não somos inocentes. Sabemos bem disso. E sabemos o quanto os jogos do poder e a adesão a Narciso são sedutores também para os clérigos e epíscopos que dizem obrar em nome de Deus. É muito cômodo usar dacondenação das mulheres como arma para defender a vida de um provável devir de ser humano. E é também mais cômodo atribuir a Deus as suas decisões rígidas sem abrir as portas do coração à compaixão necessária à sobrevivência humana e do planeta.
Acolhamos a finitude de nosso mundo humano, único lugar onde o amor para além das leis é possível. Não temamos as causas que nos movem as entranhas, que nos enchem de calafrios, de dúvidas e de medos. Não temamos colocar-nos no lugar daquelas que sofrem, a imaginarmo-nos em seus corpos, em suas carências, em suas angústias, em seus temores diários. Não temamos ser imperfeitos, visto que não podemos ser perfeitos. O amor é sempre imperfeito e aí está a sua força renovada e renovadora.
Este é o nosso limitado mundo e é nele que há que escolher as causas que abraçamos e acolher sobretudo que nada é puro, mas apenas misturado e limitado. Porém, ainda ouso dizer para concluir: quando nossa fraqueza for grande demais e as trevas da confusão nos atingirem e impedirem de falar com propriedade é melhor escolher o silêncio do que levantar impropriamente a voz e impedir o caminho e as escolhas que representam a luta vital de muitas pessoas. Calar pode ser também um caminho que freia as tentações absolutistas do JAMAIS dos senhores.
“É muito cômodo usar dacondenação das mulheres como arma para defender a vida de um provável devir de ser humano. E é também mais cômodo atribuir a Deus as suas decisões rígidas sem abrir as portas do coração à compaixão necessária à sobrevivência humana e do planeta”, escreve Ivone Gebara, religiosa pertencente à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, filósofa e teóloga, que lecionou durante quase 17 anos no Instituto Teológico do Recife – ITER e que dedicou-se a escrever e a ministrar cursos e palestras, em diversos países do mundo, sobre hermenêuticas feministas, novas referências éticas e antropológicas e os fundamentos filosóficos e teológicos do discurso religioso.
Eis o artigo.
Escrevem os bispos católicos brasileiros a respeito da ADPF ou Arguição de Descumprimento do Preceito Fundamental e da posição da ministra Sra. Rosa Weber que foi a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.
“Jamais aceitaremos quaisquer iniciativas que pretendam apoiar e promover o aborto”.
“Jamais um direito pode ser exigido às custas de outro ser humano, mesmo estando apenas em formação”.
“Se até hoje o aborto não foi aprovado como querem os autores da ADPF não é por omissão do Parlamento, senão por absoluta ausência de interesse do povo brasileiro, de quem todo poder emana, conforme o parágrafo único do artigo primeiro da Constituição Federal”. (Cf. Nota da CNBB – Vida: direito inviolável – 14 de setembro 2023)
Atrevo-me a comentar em grandes linhas esse texto que me moveu as entranhas de tristeza e espanto frente a ‘insustentável leveza” de seus argumentos. Um pensamento tão categórico e tão cheio de argumentações conclusivas e limitadas como esse merece uma breve reflexão filosófica feminista como convite ao pensamento. Exige que abramos pequenos espaços de reflexão sobre a moralidade e religiosidade que marcam nossas condutas no interior do complexo pluralismo no qual vivemos. O pluralismo atual convida-nos a uma reflexão que vai mais além de nossas velhas tradições, convicções e temores muitas vezes implantados em nós como uma segunda ou até primeira natureza. Convida-nos a uma atenção mais aguda aos valores que dizemos viver e sua real possibilidade traduzidos como comportamentos habituais.
A questão do aborto é apenas a ponta de um iceberg que toca a compreensão que o cristianismo patriarcal tem dos seres humanos e das forças que o constituem. Compreensão significa pensamento e pensamento situado e datado a partir dos vários aspectos da vida humana. Compreender é apreender algo a partir da situação vivida. Por exemplo, se falamos que somos seres violentos por natureza, muitos imediatamente tentarão negar isso e afirmar a perfeição através da chamada ‘não violência’ como se a oposição não estivesse contida na própria afirmação.
Uma lógica dualista persiste na formação filosófica e teológica dos prelados que não conseguiram ainda apreender na prática a unicidade e interdependência de tudo com tudo. A não violência é também uma sementeira de violências. E é isso que está presente também nas elucubrações absolutas e dogmáticas dos senhores bispos fundadas em uma limitada compreensão da chamada ‘vontade divina’.
Sabemos bem que todo problema nasce de uma situação dada. Se modificamos a situação modifica-se o problema e até a possível solução. Dependendo da situação um suicídio pode ser válido, diante de outra situação matar pode ser uma saída frente a uma ameaça que exija defesa da própria vida. Servir o exército e ser convocado para uma guerra é admitir que se pode matar o outro considerado inimigo. E nas muitas ‘guerras santas’ empreendidas também pela Igreja Católica aliada dos poderes estabelecidos, jovens guerreiros sabiam que iam matar ou morrer. Por isso, o uso do jamais é uma petição de princípio dentro da mais elementar lógica clássica, uma petição de princípio também inaceitável dentro da lógica do próprio Evangelho que os bispos afirmam conhecer, difundir e amar.
Por que pensam ou falam especificamente de crime e de defesa da vida quando se trata de interrupção da gravidez? O que sabem das razões e situações das várias interrupções da gravidez? É quem são as pessoas vítimas das advertências dos bispos?
E mais, por que culpabilizam as mulheres e se esquecem dos homens, dos estupradores, da violência impetrada continuamente contra mulheres e crianças? Por que se arvoram a exigir do Estado laico a obediência às suas normas religiosas e não exigem cuidados e direitos às cidadãs e aos cidadãos marginalizados ou excluídos?
Além disso, sabemos bem que na prática quem tem dinheiro tem direito ao aborto! Para que possui o ‘vil metal’ esse procedimento é tornado legal, pois não sofre nenhuma censura pública. O dinheiro é capaz de encobrir tudo o que não se quer mostrar e dar a impressão de legalidade. Por essa razão bem conhecida, me parece que os bispos dirigem sua advertência à população pobre, notadamente aquelas mulheres vítimas da falta de condições econômicas que precisam se sujeitar às leis do país e aos diferentes grupos que as manipulam para terem um tratamento de saúde minimalista. É triste constatar isso quando gastamos anos na Igreja Católica falando da opção preferencial pelos pobres!
Não poderíamos pensar a partir de outra lógica entre as muitas que povoam nossas vidas e culturas? Porque não pensar que a vida nos obriga muitas vezes a escolher no imediato e, escolher não é sempre escolher o melhor, mas aquilo que é possível na luta pela sobrevivência de cada dia. É como ter que privilegiar uma vida e não outra por múltiplas razões. É assumir o limitado e triste poder de ter que privilegiar ou até substituir uma vida pela outra e afundar-se na imperfeição dos seres humanos, dos nossos limites, de nossa precária imanência constitutiva, nas dores e dúvidas que tudo isso nos causa.
A interrupção da gravidez poderia ser considerada uma substituição de uma vida em germe por outra com responsabilidade social, com obrigações, direitos e deveres, com história vivida, com escolhas, com certa independência e responsabilidade de vida. Os argumentos sempre podem conter dúvidas, porém a dúvida é parte da vida e dos riscos que vivemos. Alguns homens cristãos nos campos de concentração foram capazes de morrer para que outros vivessem sobretudo em eventos de troca de prisioneiros. É uma vida por outra e isto está bem presente na tradição cristã e em outras tradições.
Um pai aceita morrer doando ao filho um órgão vital para transplante. Uma mãe prefere morrer para que a filha viva. Essa ‘troca’ está na lógica da vida e da tradição do Movimento de Jesus a partir da qual até se afirmou que Jesus morreu por nós.
O espantoso é que os homens da Igreja, sobretudo alguns que detêm responsabilidades religiosas e sociais, não percebem que a lógica do JAMAIS está distante da vida ordinária que vivemos. Continuam usando uma lógica absoluta sobretudo quando se trata da vida das mulheres. Por quê? De onde nos vêm esse privilégio às avessas?
Vida e morte estão absolutamente entrelaçadas, é obvio. Por isso, temos que fazer as perguntas que podem ser respondidas de forma sempre diversa pelas pessoas de nosso tempo. O JAMAIS não responde a nada. Apenas levanta muros, cria ilusões, falsos argumentos e mentiras. Por isso, suspeito que há um outro fundo oculto do problema nesse problema do aborto abordado pelos bispos. E este se chama sexualidade ou simplesmente sexo. No fundo o cristianismo sobretudo católico sempre temeu a força vital do sexo por sua impressionante magnitude, pelo lugar que ocupa nas relações humanas, pelo inebriamento e atração dos corpos que provoca sobretudo naqueles que prometeram viver como célibes negando ou renunciando a essa força em si mesmos. A negação do sexo seria a negação do prazer, a negação do prazer corpóreo, da natureza constitutiva dos corpos. Seria a pretensão de viver para além do corpo no corpo, seria fazer-se ‘eunuco pelo reino de Deus’, como costumam dizer. Filosoficamente seria a oposição e luta contínua entre espírito e matéria apostando-se na vitória do espírito.
Entretanto, quando o sexo se apresenta de forma violenta trazendo as consequências de uma gravidez, castiga-se a vítima, sobretudo a menina, a mulher porque ela é considerada a tentadora, ela é a iniciadora da confusão dos corpos e é dela que depende em grande parte a continuação da espécie. Os velhos fantasmas do sexo voltam e buscam os dogmatismos para defender-se da verdade que habita no fundo de cada uma/um de nós.
O princípio idealista e imaginário do respeito absoluto à vida vem então à tona e se apela a ele como última instância legisladora dos comportamentos. Não se percebe que a mobilidade da vida com suas afirmações e negações está presente nesse princípio como uma espécie de horizonte para o qual tendemos e tentamos caminhar sempre. Da mesma forma, o sistema arcaico de pureza que se impôs na Igreja e se impõe ainda hoje leva a continuas transgressões de comportamento e falsidades discursivas que acabam atingindo sempre a vida dos mais pobres.
A crise existencial está instaurada de diferentes maneiras, inclusive no apego aos dogmatismos e moralismos que se manifestam em muitas instituições religiosas. Não se ousa mudar porque perde-se poder e perde-se o frágil equilíbrio pessoal e institucional. Então se fala em JAMAIS e se argumenta através de perfeições impossíveis.
A ambiguidade da vida, os limites da condição humana, as mentiras que nos sustentam assim como as verdades exigem de cada um/uma de nós o esforço para sair de uma fé imaginária, de uma afirmação ilusória das exigências de Deus que sustenta o poder de muitos. Sei que estou talvez pedindo muito, porém um esforço em vista de acolher o que é ‘nossa vida de fato’ e não apenas o que ‘deveria ser’ poderia se tornar um processo educativo transformativo e eficaz em vista do bem comum.
Infelizmente a real situação da vida de muitas mulheres, adolescentes e crianças cuja vida é constantemente ameaçada, inclusive pelos detentores do poder religioso, nos levam a perceber o quanto é mais fácil preferir uma ilusão, uma imagem aparentemente justa mas ao mesmo tempo mentirosa da vida do que acolher a verdade de nossas limitações e ações. E, a partir desse realismo maior ajustado à nossa condição, trabalhar para nos ajudar mutuamente a sair da mentira. Sinto o quanto para muitos a ilusão se tornou ‘sagrada’ e as dores humanas, e em especial as dores das mulheres que eles mesmos alimentam, são consideradas ‘profana’ e é até proclamadas como pecado ou profanação da vida. Os prelados não tocam os corpos reais, as histórias reais, as mulheres de carne e osso com suas misérias e qualidades, com suas grandezas e pequenezes. Giram em torno de princípios abstratos e com eles continuam cúmplices dos sistemas de opressão e das políticas excludentes que louvam apenas uma ideia de vida, mas amaldiçoam as vidas reais, seus escorregos contínuos e seus breves prazeres. Assim os que julgam as outras em nome de Deus talvez acreditem que eles mesmos são puros, que defendem a transcendência da vida, a ética divina. Mas de qual vida defendem a transcendência? Na mesma linha se arrogam igualmente o direito de julgá-las e de proibir que leis justas de cuidado provindas do Estado possam ajudá-las a viver e seguir assumindo o atribulado curso de suas vidas.
Menina de 9 anos estuprada pelo pai. Grávida!
Jovem perseguida por uma gang e estuprada por 5 homens. Grávida!
Mãe de 3 filhos com problemas graves de saúde. Grávida!
Religiosa estuprada por seu confessor. Grávida!
Milhares de mulheres pobres mortas por abortos clandestinos mal feitos! Mulheres pobres condenadas e aprisionadas por escolherem caminhos abortivos de proteção de si não legalizados! Ódios de homens e de mulheres contra mulheres que abortaram!
Sem dúvida alguns dirão que em caso de estupro ou mal formação fetal as leis do país permitem a interrupção da gravidez, porém sabemos também que a burocracia para a verificação dos diferentes casos é um tormento para as pobres que vivem o problema.
Apostar na capacidade e no critério das mulheres envolvidas em situações trágicas e nos critérios das pessoas que as ajudam deve ser um comportamento que indica solidariedade e compreensão da bondade que também nos habita. A ajuda mútua e a solidariedade efetiva ainda brotam em nosso chão!
Muitos dos senhores e muitos grupos sociais seguem vivendo em renovadas ilusões, defendendo-se contra uma compreensão mais integral e complexa da vida. Não ouvem os clamores reais das mulheres e, no entanto, dizem ‘ouvir os clamores do povo’ e ‘fazer a vontade de Deus’. Como fazem isso frente aos diferentes problemas que nos assolam?
Nessa linha ouso dizer que o JAMAIS dos bispos declara a morte dessas mulheres. Condena-as ao julgamento da terra e ao fogo do inferno. Impede a aprovação de leis mais justas necessárias à manutenção precária da vida.
Mais uma vez, que dizem e fazem de concreto os bispos com os estupradores? Acaso os procuram, conversam com eles, têm diretivas para eles? Falam da vida que desrespeitaram? Propõem caminhos de educação? Talvez essa seja uma pauta importante a ser proposta e desenvolvida!
Senhores bispos e outros responsáveis revejam sua lógica filosófica, revejam o reducionismo de seu pensamento cristão e o limite imaginário de sua teologia. Apegados a seus princípios, os senhores se negam a enfrentar-se às dores reais do mundo, ao sofrimento das mulheres, às vítimas da humanidade contra ela mesma. O desprezo à causa das mulheres em nome de um princípio imaginário tornado absoluto os conduz cada vez mais a uma representação falsa e decadente do Evangelho de Jesus que aceitou os limites e contradições da vida lembrando-nos de atirar a primeira pedra se nos julgamos santos ou inocentes de qualquer pecado.
Consentir aos nossos limites inevitáveis abre as portas da misericórdia e da solidariedade humana. De fato, não somos inocentes. Sabemos bem disso. E sabemos o quanto os jogos do poder e a adesão a Narciso são sedutores também para os clérigos e epíscopos que dizem obrar em nome de Deus. É muito cômodo usar dacondenação das mulheres como arma para defender a vida de um provável devir de ser humano. E é também mais cômodo atribuir a Deus as suas decisões rígidas sem abrir as portas do coração à compaixão necessária à sobrevivência humana e do planeta.
Acolhamos a finitude de nosso mundo humano, único lugar onde o amor para além das leis é possível. Não temamos as causas que nos movem as entranhas, que nos enchem de calafrios, de dúvidas e de medos. Não temamos colocar-nos no lugar daquelas que sofrem, a imaginarmo-nos em seus corpos, em suas carências, em suas angústias, em seus temores diários. Não temamos ser imperfeitos, visto que não podemos ser perfeitos. O amor é sempre imperfeito e aí está a sua força renovada e renovadora.
Este é o nosso limitado mundo e é nele que há que escolher as causas que abraçamos e acolher sobretudo que nada é puro, mas apenas misturado e limitado. Porém, ainda ouso dizer para concluir: quando nossa fraqueza for grande demais e as trevas da confusão nos atingirem e impedirem de falar com propriedade é melhor escolher o silêncio do que levantar impropriamente a voz e impedir o caminho e as escolhas que representam a luta vital de muitas pessoas. Calar pode ser também um caminho que freia as tentações absolutistas do JAMAIS dos senhores.
No cenário atual, onde a preservação do meio ambiente tornou-se uma prioridade global, a sociedade roraimense se prepara para a II edição da Caminhada Ecológica em defesa da Amazônia e contra a construção da hidrelétrica. Essa mobilização, que teve seu início em 2019, ganha força a cada ano, reunindo cidadãos preocupados com o patrimônio ambiental e a sustentabilidade.
A primeira Caminhada Ecológica, realizada em 2019, foi um marco na conscientização da comunidade local sobre os desafios enfrentados pela Amazônia. Mais de 100 pessoas se uniram para percorrer a vicinal do Bem Querer, cuja entrada está localizada no KM 125 da BR 174, no município de Caracaraí. O evento serviu como um chamado para a preservação da região e uma manifestação contra a construção da hidrelétrica.
A segunda edição da Caminhada Ecológica está marcada para o dia 7 de outubro de 2023, em Caracaraí, RR, e promete ser ainda mais impactante. O objetivo continua o mesmo: defender o patrimônio ambiental da Amazônia, proteger vidas e pedir o arquivamento da proposta da hidrelétrica pelo governo federal.
Um dos principais argumentos dos organizadores da caminhada é que os investimentos planejados para a construção da hidrelétrica do Bem Querer, que chegam a R$ 10 bilhões, poderiam ser direcionados para o desenvolvimento de outras matrizes de geração de energia, como a energia fotovoltaica, mais limpa e sustentável.
A concentração está marcada para as 8h30, com a saída da caminhada prevista para as 9h. Para aqueles que desejam participar e são de Boa Vista, há um ônibus programado para partir às 6h.
O evento é uma oportunidade não apenas de manifestar preocupações, mas também de celebrar a beleza da natureza e fortalecer os laços da comunidade. As corredeiras do Bem Querer, a apenas 3 km do local de partida da caminhada, oferecem uma paisagem deslumbrante e servirão como pano de fundo para a mobilização.
O arco-íris de participantes, incluindo representantes da Igreja Católica, ativistas ambientais, membros de movimentos sociais, líderes comunitários e o povo local, representa a unidade e determinação da comunidade de Roraima em proteger seu ambiente natural.
A II Caminhada Ecológica não é apenas um evento, mas uma expressão poderosa da voz do povo, clamando por um futuro sustentável e pela proteção da Amazônia. É uma lembrança de que cada passo dado é um passo em direção à preservação do nosso planeta e à construção de um mundo mais verde e harmonioso.
Se abre Inscrições para 100 Casais em Boa Vista, Roraima
Boa Vista, Roraima – As inscrições estão oficialmente abertas para o aguardado Casamento Coletivo “Enfim, Casados!” – Edição “Sem Fronteiras”, uma iniciativa promovida em parceria com a Vara da Justiça Itinerante do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima, a Operação “Acolhida”, o Serviço Pastoral do Migrante da Diocese de Roraima e os Cartórios. Este evento singular busca unir 100 casais residentes no município de Boa Vista, Roraima, através de um processo gratuito de legitimação da união, permitindo que casais regularizem seu estado matrimonial e familiar.
O grande dia está marcado para 7 de dezembro de 2023, às 16h00, e o evento acontecerá na Sede Cível da Defensoria Pública de Roraima, localizada na Avenida Sebastião Diniz, 1165, Centro, Boa Vista, próximo ao terminal de integração.
Requisitos para Participação
Para participar deste emocionante evento, existem alguns requisitos importantes:
Um dos pretendentes deve ser migrante internacional: Pelo menos um dos parceiros deve ser um migrante internacional com residência em Boa Vista, Roraima, e ambos devem ser maiores de 16 anos de idade.
Estado civil: Os casais podem ser solteiros, legalmente divorciados ou viúvos.
Documentação: Os casais devem apresentar todos os documentos necessários.
Recursos financeiros: Os participantes devem declarar não possuir recursos próprios para custear as despesas do casamento.
Inscrições e Documentação
Os casais interessados em participar devem comparecer ao local de inscrição nas datas e horários designados. Além disso, é importante levar a seguinte documentação:
Registro Nacional Migratório ou o Protocolo.
CPF.
Certidão de Nascimento ou Cédula de Identidade ou Passaporte.
Comprovante ou declaração de residência.
Informações Adicionais
Para obter mais informações sobre o Casamento Coletivo “Enfim, Casados!” – Edição “Sem Fronteiras”, os interessados podem entrar em contato com a Defensoria Pública de Roraima através dos telefones (95) 98419-6570 (somente WhatsApp) e (95) 98419-6031 (somente WhatsApp).
Esta iniciativa visa promover a união e a legalização de casais, celebrando o amor sem fronteiras e contribuindo para a construção de famílias fortes e felizes em Boa Vista, Roraima. Não perca a oportunidade de fazer parte deste evento especial que celebra o amor e a união de casais de diferentes origens em uma só comunidade.