









Origens
São Zeferino tornou-se Papa e permaneceu à frente da Igreja por cerca de 20 anos, além disso, viu-se diante da heresia modalista, que tinha uma concepção errônea da relação entre o Pai e o Filho. Ele foi o primeiro dos Papas que foram enterrados em Calisto na Via Appia.
Pontificado
Papa no ano 199, no período de terror de Septímio Severo, Zeferino lutou contra o modalismo, a heresia que tinha uma concepção errada da relação entre o Pai e o Filho. Encarregou seu diácono Calisto para construir o cemitério da Igreja de Roma na Via Ápia, onde foi sepultado o primeiro Papa.
Enfrentou um período difícil e tumultuado, com perseguições para os cristãos e de heresias entre eles próprios. Que abalou a Igreja mais do que os próprios martírios. As heresias residiam no desejo de alguns em elaborar só com dados filosóficos o nascimento, a vida e a morte de Jesus Cristo. A confusão era generalizada, uns negavam a divindade de Jesus Cristo, outros se apresentavam como a própria revelação do Espírito Santo. Havia aqueles profetizando e pregando o fim do mundo.
Iluminado pelo Espírito Santo
O Papa Zeferino, que não era teólogo, foi muito sensato e, amparado pelo poder do Espírito Santo, livrou-se dos hereges. Para isso uniu-se aos grandes sábios da época, como santo Irineu, Hipólito e Tertuliano. Dando um fim ao tumulto e livrando os cristãos da mentira e dos rigorismos.
Contra a cremação
O Papa Zeferino era dotado de inspiração e visão especial. Seu grande mérito foi ter valorizado a capacidade de Calisto, um pagão convertido e membro do clero romano, que depois foi seu sucessor. Ele determinou que Calisto organizasse cemitérios cristãos separados daqueles dos pagãos. Isso porque os cristãos não aceitavam cremar seus corpos e também queriam estar livres para tributarem o culto aos mártires.
O Papa Zeferino conseguiu que as nobres famílias cristãs, possuidoras de tumbas amplas e profundas, transferissem-nas para a Igreja. Calisto começou a fazer galerias subterrâneas ligando umas às outras, nas laterais foi abrindo túmulos para os cristãos e para os mártires. Todo esse complexo deu origem às catacumbas, mais tarde chamadas de catacumbas de Calisto.
Fim do Papado
Esse foi o longo pontificado de Zeferino. Encerrado pela intensificação das perseguições e pela proibição das atividades da Igreja, impostas pelo imperador Sétimo Severo.
O Papa São Zeferino foi martirizado junto com o bispo santo Irineu em 217. Foi sepultado numa capela nas catacumbas que ele mandou construir em Roma, Itália.
Minha oração
“Querido pastor das almas, semelhante a Jesus Bom Pastor, cuidai das vossas ovelhas desgarradas. Aqueles que se afastaram do catolicismo, buscai e trazei-os de volta como ovelhas perdidas. Auxiliai também o nosso Papa para que exerça a mesma função.”
São Zeferino, rogai por nós!
Origens
Sobre São Bartolomeu, tudo o que sabemos sobre a sua vida vem dos textos evangélicos, especialmente do Evangelho de São João. Bartolomeu era um pescador de Caná, mas conhecia bem Nazaré, situada a apenas 8 km de distância, mas não confiava naqueles montanheses. Por isso, era um pouco cético quando seu amigo Filipe lhe falou sobre Jesus. Mas ele lhe respondeu simplesmente: “venha e veja”. Assim, Bartolomeu foi e, logo que Jesus o viu, lhe demonstrou ter uma confiança sem precedentes: finalmente um israelita sincero.
Natanael
No Evangelho, ele também é chamado de Natanael. Em hebraico, a palavra “bar” que dizer “filho” e “tholmai” significa “agricultor”. Por isso, os historiadores são unânimes em afirmar que Bartolomeu-Natanael trata-se de uma só pessoa.
Encontro com Jesus
No primeiro encontro com Jesus, Bartolomeu era cético e, às vezes, irônico com relação às coisas de Deus.
Ele era um homem concreto, apegado à tradição e que meditava diariamente a Bíblia, conforme a Lei exigia. Contudo, depois de toda aquela desconfiança, a adesão de Bartolomeu a Jesus foi total: “Vós sois o Rei de Israel!”, exclamou!
Depois de convertido, tornou-se um dos apóstolos mais ativos e presentes na vida pública de Jesus. A melhor descrição que temos de Bartolomeu foi feita pelo próprio Mestre: “Aqui está um verdadeiro israelita, no qual não há fingimento”.
Devido à sua origem, presume-se que Bartolomeu podia estar presente nas Bodas de Caná, palco do primeiro milagre de Jesus, mas não há provas nos textos.
Conversão de Povos
Após a morte de Jesus, sabemos quais Apóstolos estavam reunidos em oração no Cenáculo, porque os Atos mostram uma lista precisa de nomes. Entre eles também estava Bartolomeu.
O que este apóstolo fez depois não se sabe historicamente, mas parece que foi pregar a Palavra em várias regiões do Oriente, da Mesopotâmia à Índia. Realizou milagres e curas milagrosas até chegar à Armênia.
Ali, além de converter as populações de 12 cidades, conseguiu até evangelizar o rei Polímio e sua esposa, causando ira entre os sacerdotes das divindades locais.
Páscoa
Astiage, irmão do rei Polímio, convencido pelos próprios sacerdotes, mandou condená-lo à morte. Seu martírio ocorreu em Albanópolis, por volta do ano 68.
Ao longo dos séculos, depois de milhares de peripécias, suas relíquias chegaram a Roma. Graças à mediação do imperador Otão III, onde descansam na Basílica a ele dedicada na Ilha Tiberina.
A Igreja comemora São Bartolomeu Apóstolo no dia de sua morte. Ele se tornou o modelo para quem se deixa conduzir pelo outro ao Senhor Jesus Cristo.
Minha oração
“À grande testemunha do ressuscitado, rogamos que nos torne testemunhas da vida de Cristo hoje. Que Ele seja amado, adorado e acolhido acima de tudo e todos. A partir da nossa vida, todos vejam que Ele vive e Reina. Amém.”
São Bartolomeu, rogai por nós!
Outros santos e beatos celebrados em 24 de agosto
Origens
Santa Rosa de Lima, antes Isabel, nasceu em Lima em 1586. Era a décima de treze filhos da família Flores de Oliva, nobre espanhola, transferida para o Peru. A sua ama, Mariana, de origem indígena, deu-lhe o nome de Rosa, pela incrível beleza que a caracterizava.
Depois, este nome foi confirmado na Crisma, e quando, aos vinte e três anos, recebeu o hábito religioso da Ordem Terceira Dominicana, seu modelo de vida foi Santa Catarina de Sena. Ao nome Rosa foi acrescentado também o “de Santa Maria”, como expressão do seu tenro amor, que sempre nutria pela Virgem. Recorria a Mãe de Deus, a todo instante, para pedir proteção.
Vida
Ainda criança, Rosa teve grande inclinação à oração e à meditação, sendo dotada de dons especiais de profecia. Já adolescente, enquanto rezava diante da imagem da Virgem Maria, decidiu entregar sua vida somente a Cristo.
Apesar dos apelos da família, que contava com sua ajuda para o sustento, ela ingressou na Ordem Terceira Dominicana, como exemplo de vida Santa Catarina de Sena.
Dedicou-se, então, ao jejum, às severas penitências e à oração contemplativa, aumentando seus dons de profecia e prodígios. E, para perder a vaidade, cortou os cabelos e engrossou as mãos, trabalhando na lavoura com os pais.
Fragilidade
Rosa conheceu a pobreza quando a sua família caiu na miséria, por falência nos negócios paternos; trabalhou, arduamente, como doméstica, na horta e como bordadeira, até altas horas da noite; quando fazia entrega nas casas dos seus fregueses, aproveitava para levar a Palavra de Cristo e o seu anseio pelo bem e pela justiça, que, na sociedade peruana da época — espezinhada pela Espanha colonizadora —, parecia totalmente ofuscada.
Na casa paterna, criou uma espécie de asilo para os necessitados, onde dava assistência às crianças e aos idosos abandonados, sobretudo de origem indígena.
Clausura
Desde pequena, Rosa desejava consagrar-se a Deus com a vida claustral, permanecendo “virgem no mundo”; como Terciária Dominicana, trancou-se em uma cela de poucos metros quadrados, construída no jardim da casa paterna, da qual saía apenas para a função religiosa; ali, transcorria grande parte dos dias, dedicando-se à oração e em íntima comunhão com o Senhor.
Visões
Vivendo em contínuo contato com Deus, atingiu um alto grau de vida contemplativa e experiência mística, compreendendo o mistério. Além disso, Rosa reviveu, na sua carne, a Paixão de Jesus, por duas intenções: a conversão dos espanhóis e a evangelização dos índios.
Quando ainda era viva, Rosa foi examinada por uma Comissão mista de religiosos e cientistas, que julgou as suas experiências místicas como verdadeiros “dons da graça”; tanto é verdade que, quando ela morreu, pela enorme multidão que participou do seu enterro, já era considerada Santa.
Páscoa
Rosa faleceu só depois de renovar seus Votos religiosos, repetindo várias vezes: “Jesus, permanecei comigo!”. Transcorria o dia 23 de agosto de 1617.
Após a sua morte, quando seu corpo foi trasladado para a Capela do Rosário, Nossa Senhora sorriu-lhe pela última vez, daquela estátua, diante da qual a Santa havia rezado tantas vezes. Ao ver o ocorrido, a multidão presente gritou: “milagre”!
Primeira Santa da América
Santa Rosa de Lima foi a primeira mulher a ser canonizada na América. Ela é Padroeira do Peru, da América Latina, das Índias e das Filipinas. É invocada também como protetora dos floricultores e jardineiros, contra as erupções vulcânicas e ainda em casos de feridas ou de brigas familiares.
Via de Santificação
Em 1668, Rosa de Lima foi beatificada pelo Papa Clemente IX e canonizada três anos depois.
Padroeira
Foi proclamada Padroeira da América Latina, das Filipinas e das Índias Orientais. A festa litúrgica marcada para o dia 23 de agosto. A devoção a Santa Rosa de Lima propagou-se rapidamente nos países latino-americanos, sendo venerada pelos fiéis como Padroeira dos Jardineiros e dos Floristas.
Minha oração
“Ó Santa padroeira da América Latina, cuidai deste povo tão sofrido e necessitado. Amparai os doentes, concedei as necessidades dos que são excluídos e marginalizados, consolai os idosos, iluminai os políticos. Que a nossa região seja curada dos problemas sociais. A ti clamamos nossa santa padroeira. Amém!”
Santa Rosa de Lima, rogai por nós!
O V Encontro da Igreja na Amazônia Legal, que reuniu desde segunda-feira, 19 de agosto, mais de 80 participantes em Manaus, com o tema “A Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: Memória e Esperança”, foi encerrado com um chamado a assumir compromissos que possam ajudar no anúncio do Evangelho e na construção do Reino da Igreja na região.
Um encontro que à luz das leituras da Festa de Nossa Senhora Rainha, nos leva a “despertar em nós algumas atitudes”, segundo o arcebispo de São Luiz (MA) e presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O arcebispo refletiu sobre quatro atitudes, sendo a primeira a alegria, “ajudar a nosso povo a vir à luz, a encontrar a luz”. Ele lembrou as partilhas ao longo do encontro, “as nossas dificuldades, os nossos desafios: o individualismo, clericalismo, a espiritualidade desencarnada da realidade, a ameaça do Marco Temporal, a situação do agronegócio, da monocultura, da mineração destruindo a casa comum e a vida das pessoas”, e diante disso, “o Senhor nos pede que não percamos a alegria, sem alegria a vida se torna difícil e dura”, e ter consciência que “nós estamos solidários uns com os outros”.
Uma segunda atitude é “essa certeza de que o Senhor está contigo, Deus nos acompanha e também nos defende, e nos proporciona sempre o bem”, sobretudo quando caminhamos juntos. Como terceira atitude, dom Gilberto ressaltou “não temas, não tenhais medo de uma história difícil”, advertindo sobre os muitos medos, dentre eles o medo à missão, ao fracasso, à doença, à morte, pudendo “sentir medo de nossas incompreensões e incoerências”. Por isso, o presidente da CEA sublinhou que “o medo sufoca a vida, paralisa as força, nos impede de caminhar”.
Finalmente, a exemplo de Maria, acolher a graça de Deus e nos deixamos conduzir por ela, “despertar em nós a confiança em Deus e a alegria de sabermos acolhidos por Ele”, e nos deixarmos ser acompanhados por Deus. O arcebispo afirmou que “só se pode ser alegre em comunhão com os que sofrem, em solidariedade com os que choram. Só pode ser feliz para acordar felizes os outros”.
Os compromissos nascidos do V Encontro da Igreja na Amazônia Legal, estruturados em passos, pistas e responsáveis, são divididos em seis caminhos: Caminhos da formação; Caminhos da ministerialidade; Caminhos de Participação das Mulheres; Caminhos do cuidado da Casa Comum; Caminhos da corresponsabilidade e sustentabilidade; Caminhos da Caridade e a Profecia.
Para a Igreja na Amazônia a COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025, tem uma grande importância. A Conferência das Partes é o encontro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em vista do debate e das soluções. A Igreja do Brasil, que em 2025 terá como tema da Campanha da Fraternidade a Ecologia Integral, está se mobilizando em vista da COP 30, e tem criado uma equipe de coordenação.
O Papa Francisco, na Laudate deum, afirma que “as alterações climáticas são um dos principais desafios que a sociedade e a comunidade global têm de enfrentar”. Nessa perspectiva, a Igreja do Brasil quer “fortalecer o grau de incidência da Igreja em vista da conversão ecológica e da transformação socioambiental do planeta, à luz da Doutrina Social da Igreja.” Foram apresentados os atores e escalas, os cenários, as diretrizes e as ações previstas. Durante a COP30 está previsto a realização do Jubileu da Igreja da Amazônia, com diversas atividades que estão sendo propostas a ser realizadas no tempo da COP.
Uma Igreja que, em palavras do bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, tem “a admiração pela perseverança diante de desafios tão difíceis”, da Igreja do Brasil. É por isso, que ele manifestou seu compromisso de partilhar com o resto da Igreja do Brasil a realidade da Igreja da Amazônia.
Dom Gilberto Pastana encerrou o encontro agradecendo a participação, a partilha, a colaboração e o discernimento comum em obediência ao Espírito, em um processo que tem que nos levar a uma conversão permanente, na pastoral, no relacionamento e nas estruturas, sempre ao serviço da vida, a assumir a missão da Igreja em sinodalidade. Palavras que antecederam a celebração de envio, encerrada com a benção de um dos grandes profetas da Igreja da Amazônia, o bispo emérito do Xingú, dom Erwin Kräutler.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
Após 3 dias de intensos trabalhos, os participantes do encontro elegeram caminhos práticos para se concretizar as intuições estabelecidas em Santarém e no Sínodo para a Amazônia
Com a publicação de uma carta com compromissos comuns, bispos da Igreja da Amazônia legal finalizam encontro. Realizado em Manaus, no Centro de Formação Maromba, entre os dias 19 e 22 de agosto, o evento também contou com a participação de religiosos, leigas e leigos e lideranças convidadas da REPAM e CEAMA. Juntos, eles avaliaram a caminhada da Igreja pós-Sínodo para a Amazônia e encontro de Santarém, em que caminhos foram pensados para a evangelização no território.
“A memória da caminhada sinodal da Igreja na Amazônia nos iluminou e nos impulsionou. Sem esta perene consciência do agir de Deus, que nos precede, e da atuação dos primeiros evangelizadores, perderíamos a capacidade de uma fé histórica, encarnada, e do comprometimento profético diante dos desafios de hoje”, afirma o texto da carta situando a necessidade de se olhar para o caminho realizado até aqui.
Na carta, os participantes do encontro pontuam caminhos a serem percorridos a partir de 6 eixos: formação, ministerialidade, participação das mulheres, Casa Comum, sustentabilidade e caridade e profecia. Para cada um dos caminhos, são apresentados passos a serem dados, pistas de ações e responsáveis pela execução. E os bispos reforçam, ainda, “a necessidade de ferramentas que nos permitam um acompanhamento sistemático de nossa ação evangelizadora por meio de planejamento participado, estratégias de atuação e avaliação de processos. Meios que nos ajudem a bem ler os sinais dos tempos, que nos abram a novos horizontes e que nos permitam identificar a presença do Reino”
Atentos aos sinais dos tempos e do Espírito, na carta, eles afirmam que a “Amazônia não precisa de pastores indiferentes ao seu povo, que andam longe do rebanho, indiferentes às suas dores e aos seus sofrimentos, mas homens e mulheres sensíveis e comprometidos capazes de dar a vida até o fim”. E sobre a presença das mulheres na Igreja, reforçam que sentem “o forte apelo para que a ministerialidade que é exercida de fato tenha reconhecimento oficial.”
Com olhar de esperança, eles concluem a carta falando da necessidade de se alargar a tenda e os horizontes. “As interpelações que brotam incessantemente desse chão amazônico nos colocam em comunhão com a realidade de toda terra. Nossa disponibilidade de resposta aos desafios locais nos faz dispostos, também, aos desafios que ecoam nos lugares mais distantes: da Igreja Local aos confins do mundo”, afirmam os bispos e todos os presentes no encontro.
Gerar alegria e felicidade no coração do povo
Dom Gilberto Pastana, presidente da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia (CEA), presidiu a celebração da manhã do último dia do encontro. Iluminados pela liturgia do dia, da festa de Nossa Senhora Rainha, mediadora da paz, ele motivou os participantes a refletirem sobre algumas atitudes de Maria no anúncio do anjo. “A primeira delas é a alegria, o que maria ouviu do anjo. Precisamos animar o nosso povo. Nos últimos dias partilhamos alguns dos nossos desafios, ameaça do Marco Temporal, expansão da mineração, monocultura…é nesse contexto que Deus pede que não percamos a alegria”, afirmou Dom Gilberto. “A alegria não é um otimismo focado, mas a alegria de quem não está sozinho. Somos uma comunidade, somos um presbitério, somos uma Igreja na Amazônia e somos solidários uns com os outros”, destacou.
Outra atitude apontada pelo presidente da CEA é a confiança de que “o senhor está conosco”. De acordo com o bispo “Ele nos acompanha e nos defende, e nos quer sempre o bem. Está conosco em nossas assembleias, em nossos conselhos, em nossas comunidades.”
A terceira atitude é do não temor. “São muitos os medos que podem se manifestar em nós: o fracasso, a doença… Podemos sentir medo das nossas contradições, o medo é mal. Paralisa as forças, nos impede de caminhar”, pontou Dom Pastana. “Precisamos de confiança, de sermos contagiados pela luz e, por isso, não tenhamos medo, o Senhor está conosco”, alertou.
A última atitude apontada por Dom Gilberto é a de encontrar graça diante de Deus. “A vida prossegue com suas dificuldades e preocupações. Felizes quando acolhemos essa graça e nos deixamos conduzir por elas. Tudo muda quando o ser humano se sente acompanhado por Deus. Deixemo-nos ser acompanhados por ele”, destacou. “A alegria verdadeira só é possível no coração daquele que deseja a alegria e a fraternidade para todos. Só se pode ser alegre em comunhão com os que sofrem e em solidariedade com os que choram”, afirmou o bispo convidando os participantes do encontro a continuarem a caminhada gerando alegria e felicidade no coração do povo.
Memória do Encontro
O V Encontro da Igreja na Amazônia teve início na última segunda-feira, à noite, com uma celebração seguida de uma mesa em que as lideranças do encontro apresentaram a proposta da atividade e acolheram os participantes. Na ocasião, a Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas esteve presente e entregou um caderno de respostas do Governo Federal às demandas da Igreja, como retorno às ações de incidência realizadas no final do ano passado pela REPAM-Brasil e CEA junto a uma série de ministérios e órgãos do governo.
O primeiro dia de encontro foi dedicado a um olhar para a realidade da Igreja na Amazônia. Na primeira parte do dia, os regionais apresentaram uma síntese do que vem sendo realizado nas Igrejas particulares à luz do Sínodo para a Amazônia e indicativos do Santarém 2022, apontando as conquistas e entraves. À tarde, foi feita uma análise conjuntura, quando foram destacados alguns pontos de alerta para a realidade contemporânea na Amazônia, que tocam diretamente os povos, a natureza e a Igreja. O dia foi concluído com uma apresentação da REPAM e CEAMA. O Cardeal Pedro Barreto, presidente da CEAMA, e Irmão João Gutemberg, secretário executivo da REPAM destacaram a caminhada dos organismos na trajetória após o Sínodo.
Retomar as linhas prioritárias afirmadas em Santarém 2022 e pensar compromissos comuns foi o trabalho realizado na manhã do segundo dia do encontro. Em pequenos grupos, os participantes fizeram sugestões de atividades concretas para serem implementadas. O material foi acolhido pela equipe de metodologia que sistematizou as contribuições e submeteu à plenária no final do dia. No período da tarde, foram discutidos alguns desdobramentos do caminho pós-Sínodo. Pe. Agenor Brighenti apresentou o caminho que vem sendo construído, desde 2020, na elaboração do Rito Amazônico. Ir. Sônia Matos partilhou sobre a experiência do regional Norte 1 em relação ao desdobramento da Ministerialidade. Ao final do dia, o grupo aprovou uma carta do encontro que será encaminhada ao Papa Francisco.
No terceiro e último dia de encontro, os participantes do encontro dialogaram sobre a presença da Igreja da Amazônia na Conferência do Clima (COP30). Dom Paulo Andreolli e Melillo Dinis apresentaram o que vem sendo construído e motivaram as lideranças eclesiais na articulação em vista da construção de ações de conscientização e mobilização para a COP30.
Dom Antônio de Assis, bispo auxiliar de Belém, apresentou a proposta para a celebração do Jubileu da Igreja da Amazônia. De acordo com ele, a ideia é que seja realizada concomitante ao processo da COP30, com um grande pavilhão e uma série de atividades que consigam atender a multiplicidade de participantes que estarão em Belém ao logo da Conferência. Para tanto, pretende-se envolver parceiros na realização da proposta, tais como escolas católicas, mídia, Conferência Nacional dos Religiosos e Religiosas do Brasil, entre outros. Foi destacado pela plenária, também, a necessidade de se pensar em estratégias locais para celebrações mais próximas das Igrejas particulares.
Avaliação dos Participantes
De acordo com Dom José Altevir da Silva, bispo prelado de Tefé, o encontro foi muito bom porque viemos fazendo memória do que foi proposto desde 1972, no primeiro encontro em Santarém, do que foi retomado 50 anos depois de Santarém, em 2022, e, principalmente, as expectativas do Sínodo para Amazônia. Para ele a retomada da caminhada, “vindo à tona esses momentos fortes para não cair no esquecimento, nos faz começar a colocar em prática dentro da nossa querida Amazônia todo essa novidade que o Evangelho de Jesus Cristo nos traz, principalmente através do Papa Francisco”, concluiu.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) participou ativamente do encontro, por meio da presença de Dom Ricardo Hoepers, secretário geral. “Como presidência da CNBB, queremos dar todo o apoio, todo o suporte necessário, não só para que essa região possa se articular mais, mas para que todo o Brasil conheça essa realidade, e o grande momento que teremos é o tema da Campanha da Fraternidade ano que vem, que vai tratar da Ecologia Integral”, destacou Dom Ricardo. Para ele, a CF 2025 pode ser um momento significativo para sensibilizar o Brasil para a o cuidado com a nossa querida Amazônia.
Ir. Sônia Matos participou do encontro e afirma que “foi muito importante, no sentido de um espaço de escuta recíproca, de aprofundamento, de coragem de enfrentar alguns temas, de levar adiante algumas reflexões, como a questão ministerialidade e do Rito Amazônico”. Ela destacou, ainda, a necessidade de se envolver mais pessoas no encontro para que não seja “só um encontro dos bispos da Amazônia, seja o encontro realmente eclesial, que se abra mais na sua eclesialalidade para que outros agentes de pastoral possam participar, sobretudo, aqueles que estão nas bases”, afirmou.
“Foram dias muitos fraternos de estudo e é uma oportunidade que o episcopado tem de se encontrar”, observou Dom João Muniz Alves, bispo do Xingu. Para ele, o tema da participação das mulheres na Igreja chamou bastante a atenção. “A mulher tem uma ação muito bonita no nosso território da Amazônia. O que seria da ação da Igreja sem a presença ativa e efetiva da mulher na Amazônia, questionou o bispo.
“Só o fato de a gente se encontrar já é importante”, afirmou Dom José Ionilton Lisboa, bispo prelado do Marajó. “Depois essa integração entre os diversos regionais, que a gente acaba acompanhando somente pelas redes sociais, nas notícias, até mesmo internamente do nosso próprio regional, é a oportunidade que a gente tem aqui de conhecer mais de perto alguns irmãos” destacou. Ele avaliou ser de fundamental importância a avaliação desses 2 anos após o lançamento do documento de Santarém 2022, revendo o que foi possível avançar desde lá.
Martha Bispo, secretária do regional Nordeste 5 afirmou que o gostou do encontro, “sobretudo das propostas que saem a partir das prioridades assumidas no encontro de 2022, em Santarém.” Para ela também foram importantes as cartas para o Papa Francisco e sobre as eleições. “Eu vou levando muita riqueza, muita coisa boa para o nosso regional”, finalizou.
Assesoria de Comunicação
Cecília Barja Chamas, representante do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano, está em Roraima para fortalecer a missão da Igreja na promoção dos direitos humanos e escutar as pastorais locais. Após sua visita a Boa Vista, ela seguirá para Manaus, onde se encontrará com Dom Evaristo Spengler e dará continuidade aos trabalhos na Amazônia.