Conheça a história do jovem indígena de Roraima que será ordenado no Jubileu dos Povos Indígenas

Essa é a primeira ordenação indígena em um jubileu dedicado aos povos originários no Brasil.

Neste sábado (26), a Diocese de Roraima celebra um momento histórico para a Igreja e para os povos originários: a ordenação diaconal do seminarista Djavan André da Silva, jovem indígena do povo Macuxi. A celebração será presidida por Dom Evaristo Pascoal Spengler, bispo da Diocese de Roraima, no Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol, na Comunidade Indígena Surumu, durante o Jubileu dos Povos Indígenas.

É neste solo de memória, resistência e fé que será celebrado o 1º Jubileu dos Povos Indígenas do país, dentro das comemorações dos 300 anos de evangelização na região amazônica e em sintonia com o Jubileu da Esperança, convocado pelo Papa Francisco (In memorian) para o ano de 2025.

A ordenação diaconal representa o primeiro grau do sacramento da ordem, caracterizando-se como um ministério de serviço à Igreja e às comunidades. Para Djavan, esse chamado é, acima de tudo, um sinal de fé e entrega. “Para mim é um chamado que me fortalece. A cada dia Deus tem me chamado e eu tenho respondido com o meu sim para continuar aqui na Igreja de Roraima a evangelização”, afirmou o futuro diácono.

Dom Evaristo Spengler expressa sua alegria nessa nova etapa vocacional de Djavan. Segundo o bispo, o jovem “foi convidado a servir a Deus nessa nossa Diocese de Roraima. A sua vocação é um grande sinal do amor de Deus e da sua fidelidade para com os povos indígenas e todo o povo de Deus.”

Nascido em 12 de abril de 1997, na Comunidade Indígena Maturuca, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, Djavan recebeu aos 13 anos o sacramento da Eucaristia, e em 2015, a Crisma. Seu processo vocacional começou cedo, ainda na comunidade. “Meu processo vocacional surge ali na Comunidade Indígena, onde meus pais moram, onde aquele povo que habita a Terra Indígena, a maioria do povo Macuxi, onde eu também faço parte”, relembra.

Em 2016, Djavan ingressou no Seminário Diocesano Nossa Senhora Aparecida, em Boa Vista. No ano seguinte, foi para Manaus, onde continuou sua formação no Seminário Arquidiocesano São José. Entre 2017 e 2023, cursou Filosofia e Teologia. Em 2023, retornou a Roraima para dar continuidade à sua caminhada pastoral.

vigário geral da Diocese de Roraima, padre Josimar Lobo, destaca a sensibilidade pastoral e a disposição missionária de Djavan, que fez estágio pastoral em diversas comunidades.

Vigário geral da Diocese de Roraima, padre Josimar Lobo – Foto: Dennefer Honorato 

“Ele é uma vocação do nosso tempo, do nosso povo, da nossa Igreja local. Um jovem que cresceu, amadureceu na fé, sempre aberto ao diálogo, à escuta e à vida comunitária. Ele fez a escolha de servir e agora será ordenado diácono no meio do seu povo, na terra onde nasceu”.

Durante sua formação, Djavan realizou estágios pastorais em comunidades urbanas, ribeirinhas e indígenas, entre elas, a Raposa Serra do Sol, o Baixo Rio Branco, Pacaraima, Caracaraí, Iracema e a Área Missionária Santa Rosa de Lima, onde exercerá seu ministério diaconal. O vigário geral da Diocese, Padre Josimar Lobo, que acompanhou de perto sua trajetória, destacou: “É uma vocação diocesana que surge no meio das comunidades para as comunidades”.

Seus pais, Djacir Melchior da Silva e Sarlene André,  foram fundamentais em sua formação cristã. ” Ver meu filho Djavan se tornando diácono no Jubileu dos Povos Indígenas enche meu coração de orgulho. Desde criança ele foi diferente – obediente, calmo e dedicado aos estudos. Quando nos mudamos para a cidade para que ele e os irmãos pudessem estudar, foi Dom Roque quem nos ajudou a entender sua vocação. Ele comparou esse processo ao amadurecer de uma manga: devagar, no tempo certo. Hoje, como povo Macuxi, vemos nele a realização de um sonho coletivo – ter nosso primeiro diácono indígena ordenado em terras sagradas do Surumu, onde nossos ancestrais resistiram, disse o pai.

Segundo a Sarlene André, este é um sonho realizado, “Antes mesmo de Djavan nascer, eu sonhava: ‘Se for menino, que seja padre’. Desde pequeno ele mostrava esse chamado – brincava de celebrar missa com bolachas e reunia as crianças da comunidade. Aos 12 anos, me disse firmemente: ‘Mãe, não vou casar’. Chorava muito, pois ele é meu caçula, mas sempre apoiei seu sonho. Quando entrou no seminário, entendi que Deus estava cumprindo aquela promessa. Agora, ver seu nome ligado ao primeiro Jubileu dos Povos Indígenas me enche de alegria. Rezo para que ele seja luz não só para nossa família, mas para todos os povos originários que buscam seu lugar na Igreja.”

Pais do jovem Djavan. Senhor Djacir Melchior da Silva e Sarlene André. Foto: Diocese de Roraima.

Djavan também conta com o apoio de pessoas que marcaram sua caminhada, como sua madrinha de batismo, Deolinda Melchior da Silva. Segundo ela, “essa ordenação representa um chamado, é um convite para os jovens, principalmente indígenas que estão iniciando na fé. Ele é um exemplo”.

O seminarista partilha o sentimento que o move nesta caminhada: “É uma caminhada vocacional que exige muito empenho, esforço, dedicação, disponibilidade, na qual a gente se entrega mesmo para o serviço da Igreja.” E conclui com emoção: “Mãe, meu sonho vai ser realizado.”

Dom Evaristo acredita que esta ordenação será exemplo para tantos jovens que querem seguir essa vocação. “Assim como o Djavan respondeu ao chamado de Deus, certamente muitos outros jovens também atenderão a este chamado”, afirmou.

 FONTE/CRÉDITOS: Kayla Silva sob supervisão de Dennefer Honorato

 

O corpo do Papa Francisco da Casa Santa Marta à Basílica de São Pedro

O corpo do Papa Francisco no interior da Basílica vaticana  (ANSA)

Vatican News

Da sua residência na Casa Santa Marta à Basílica de São Pedro, onde os restos mortais do Papa Francisco, que faleceu na segunda-feira de Páscoa, receberão a homenagem dos fiéis antes da Missa das Exéquias programada para sábado. Primeiro a oração introdutória na capela da Casa Santa Marta, depois a procissão com os cardeais, os patriarcas, o cardeal Camerlengo Kevin Farrell e o mestre das celebrações papais, dom Diego Ravelli. Sobre os ombros dos “sediários” pontifícios, o caixão como corpo do Papa percorreu a Via della Sacrestia, passando pela Praça dos Protomártires Romanos e saindo para a Praça São Pedro pelo Arco dos Sinos. Vinte mil pessoas, com longos aplausos, saudaram a passagem do corpo do Papa Francisco. A procissão chegou ao interior da Basílica e, em frente ao Altar da Confissão, o caixão com o corpo do Papa foi colocado no chão. Às 11h o início a homenagem dos fiéis. A Basílica permanecerá aberta até a meia-noite. Amanhã, a abertura está programada para as 7h e o fechamento à meia-noite. Na sexta-feira, véspera do funeral, ela estará aberta das 7h às 19h.

Fonte/créditos: Vaticans News

CNBB suspende sua 62ª Assembleia Geral em virtude da morte do Papa

Reunião anual do episcopado brasileiro foi transferida para 2026; decisão foi deliberada em reunião extraordinária do Conselho Permanente da CNBB.

Com o falecimento do Papa Francisco, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) decidiu suspender sua 62ª Assembleia Geral que seria realizada de 30 de abril a 9 de maio em Aparecida (SP). 

O Conselho Permanente da CNBB reuniu-se ontem, de forma extraordinária, para deliberar a respeito. Com a complexidade de encontrar novas datas e locais para a realização da Assembleia ainda este ano, decidiu-se transferi-la para 2026. A nova data é de 15 a 24 de abril. 

Entre os temas centrais da 62ª Assembleia Geral da CNBB estavam a missão da Igreja no Brasil e da realidade brasileira. De forma particular, destaque para a recepção do Sínodo sobre a Sinodalidade e aprovação das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE).

Dentre os bispos que participam da Assembleia Geral, alguns são cardeais e se preparam para ir a Roma para o Conclave. Atualmente, o Brasil tem oito cardeais, dos quais sete votam, por não terem completado a idade de 80 anos, definida como limite para a participação como um cardeal eleitor. Mas todos podem ser votados. São eles:

– o arcebispo de São Paulo (SP), Cardeal Odilo Scherer (75 anos)

– o arcebispo emérito de Aparecida (SP), Cardeal Raymundo Damasceno Assis (88 anos)

– o arcebispo emérito de Brasília (DF), Cardeal João Braz de Aviz (77 anos)

– o arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), Cardeal Orani João Tempesta (74 anos)

– o arcebispo de Salvador (BA), Cardeal Sérgio da Rocha (65 anos)

– o arcebispo de Brasília (DF), Cardeal Paulo Cezar Costa (57 anos)

– o arcebispo de Manaus (AM), Cardeal Leonardo Steiner (74 anos)

– o arcebispo de Porto Alegre (RS), Cardeal Jaime Spengler (64 anos)

 FONTE/CRÉDITOS: Com informações: CNBB