Fé e resistência marcam o encerramento do Jubileu dos Povos Indígenas em Roraima

O evento reuniu povos originários de diversas regiões do estado, missionários, religiosas e representantes da Igreja Católica de toda a Diocese de Roraima

Pablo Sérgio Bezerra – Apoio Rádio Monte Roraima
Foi encerrado neste sábado (26) o Jubileu dos Povos Indígenas, realizado na comunidade do Surumu, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. O evento reuniu povos originários de diversas regiões do estado, missionários, religiosas e representantes da Igreja Católica de toda a Diocese de Roraima.


Com o tema “Somos peregrinos e peregrinas da esperança”, o Jubileu deste ano foi um tempo de celebração da fé e da resistência dos povos indígenas, reafirmando a presença viva e atuante da Igreja junto às comunidades tradicionais. Durante os dias de programação, aconteceram momentos de espiritualidade, reflexões sobre os desafios enfrentados pelos povos originários, partilhas culturais e celebrações eucarísticas.
O bispo aproveitou o momento para relembrar a luta dos povos indígenas em relação as suas terras.


“Muitas dessas terras foram invadidas por fazendeiros, por garimpeiros e por outros exploradores. Os indígenas que aqui viviam eram explorados como escravos. Perderam suas terras, seus direitos, a sua liberdade. Esse jubileu de Roraima é real e tem um sentido profundo ao ser celebrado, essa terra em que nós pisamos é tradicionalmente dos povos indígenas”, afirmou Dom Evaristo. 


Um ponto marcante do Jubileu foi a ordenação diaconal de Djavan André, o primeiro indígena da Diocese de Roraima a assumir esse ministério. 
Além da ordenação, o Jubileu foi espaço para manifestações culturais, danças, rezas tradicionais e relatos de luta e resistência. As comunidades presentes denunciaram ameaças aos seus territórios, impactos ambientais, desrespeito aos seus direitos e clamaram por justiça e paz para seus povos.


“O jubileu é um programa muito significativo na tradição judaico-cristã, com origem lá na Bíblia, no antigo testamento, do livro do Levítico, capítulo 25, que descreveu o jubileu como um ano de libertação, de restauração a cada 50 anos. Durante o ano jubilar, as dívidas dos pobres eram perdoadas, os escravos eram libertados e as terras que haviam sido vendidas por alguma necessidade eram devolvidas aos seus donos originários”, explicou Dom Evaristo.


Layra Del Pozo, Paroquiana do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, esteve no evento e também destacou a força simbólica do evento.


“Estamos vivendo a mesma liturgia mas com uma visão totalmente diferente a cultura dos povos indígenas, e essa junção da ordenação do Djavan com o jubileu, me mostra que a liturgia vai muito além da vivência dos domingos na capital. Está sendo muito bonito.”


O encerramento foi marcado por uma grande celebração com rituais indígenas e bênçãos, reafirmando a fé de um povo que caminha com os pés na terra e o coração em Deus. O Jubileu deste ano entra para a história da Diocese de Roraima como um marco de renovação espiritual, missão e compromisso com uma Igreja de rosto indígena, amazônico e profético.

 FONTE/CRÉDITOS: Luana de Oliveira – Rádio Monte Roraima FM

Djavan André é Ordenado Primeiro Diácono Indígena da Diocese de Roraima

Ordenação de Djavan une espiritualidade indígena e missão cristã na Raposa Serra do Sol.

Em um marco histórico para a Igreja Católica e para os povos indígenas do Brasil, Djavan André foi ordenado diácono na manhã deste sábado (26), durante as celebrações do Jubileu dos Povos Indígenas, realizado na comunidade do Surumu, localizada na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

O rito de ordenação foi presidido por Dom Evaristo Pascoal Spengler, bispo da Diocese de Roraima, e contou com a presença da família de Djavan, lideranças indígenas, representantes de comunidades católicas de todo o estado e religiosos de várias regiões.

Dom Evaristo falou a respeito da representatividade que o diácono Djavan terá à frente da comunidade indígena e afirmou:

“Djavan, que hoje será diácono nesse chão, nessa cena eucarística, é um dos preciosos frutos dessa longa história de aliança.”

O diácono não escondeu a emoção diante do significado daquele momento tão especial. Ele compartilhou palavras simples, mas carregadas de gratidão e fé:

“É uma alegria imensa estar aqui, onde a Igreja está celebrando o Jubileu dos Povos Indígenas e minha ordenação diaconal. Estou muito feliz e grato a Deus pela vida e pela vocação”, disse o diácono.

Sarlene André, mãe do então diácono Djavan, falou da emoção de ver seu filho sendo ordenado.

”Eu fiquei emocionada por ver meu filho, a gente chora de emoção, ao ver todos dando força para ele. Quero agradecer a todos, os missionários, as irmãs, todo o povo de Boa Vista e de Manaus também que foi onde ele estudou. Eu agradeço à Deus por ter me dado um filho tão obediente”, disse ela emocionada.

“O Jubileu é um programa muito significativo na tradição judaica e cristã. Com origem lá na Bíblia, no livro do Levítico, capítulo 25, descreve-se o Jubileu como um ano de libertação e restauração a cada 50 anos. Durante o ano jubilar, as dívidas dos pobres eram perdoadas e os escravos, libertados. Era um tempo de renovação espiritual e social, refletindo a misericórdia e a justiça de Deus”, reforçou o bispo.

Marcos Costa, da Paróquia Catedral, esteve presente na ordenação de Djavan e afirmou que o momento serviu para reanimar a fé daqueles que clamam por justiça:

“A ordenação serviu para reanimar a nossa fé. A nossa fé em uma Igreja que é peregrina, que está ao lado dos povos, que está ao lado daqueles que clamam por justiça, assim como os povos indígenas aqui de Roraima.”

O Jubileu deste ano, junto à ordenação de Djavan André, se tornou um símbolo vivo dessa caminhada. Um momento que ficará marcado não apenas na história da Diocese de Roraima, mas também na memória dos povos indígenas que seguem firmes, unindo fé, cultura e resistência.

Entenda o que é a ordenação diaconal

A ordenação diaconal é uma cerimônia da Igreja Católica em que a pessoa se torna diácono, alguém que serve à comunidade na fé. O diácono pode pregar, batizar, celebrar casamentos (sem missa) e ajudar nas missas e ações sociais. No caso de Djavan, ele foi ordenado diácono permanente e vai servir especialmente à sua comunidade indígena.

FONTE: LUANA DE OLIVEIRA

FOTOS: RÁDIO MONTE RORAIMA FM

Diocese de Roraima denuncia ameaças aos povos indígenas e lança Carta do Jubileu na Raposa Serra do Sol

Carta divulgada em evento no Surumu critica modelo econômico e a tese do marco temporal.

Neste sábado, 26 de abril, no último dia das celebrações do Jubileu dos Povos Indígenas, a Diocese de Roraima lança oficialmente a Carta do Jubileu da Aliança com os Povos Indígenas de Roraima. O evento acontece na Missão Surumu, localizada na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e marca um importante gesto de compromisso e apoio da Igreja junto às causas dos povos originários.

A celebração contou com a presença de importantes autoridades civis e religiosas, entre elas: Prefeito de Pacaraima, waldery d’avila sampaio e a primeira-dama Lira Ferreira; Prefeito de Uiramutã,  Tuxaua Benisio ; Presidente da Funai, Joenia Wapichana; Monsenhor Gonzalo Ontiveros, Bispo do Vicariato de Caroní, na Venezuela, acompanhado de uma delegação de padres venezuelanos; Irmã, Lenir, provincial das irmãs Cristo Rei; Além de representantes da pastoral indigenista e do Cimi. 

Inspirado pelo Jubileu da Esperança, proclamado pelo Papa Francisco em dezembro de 2024, o Jubileu dos Povos Indígenas em Roraima é um tempo de renovação da fé, da justiça e do cuidado com a criação. Em sua carta, a Diocese reafirma seu compromisso histórico com a defesa dos povos indígenas, destacando a importância de fortalecer suas comunidades, respeitar seus direitos territoriais e lutar contra iniciativas que ameaçam suas conquistas, como a tese do marco temporal e a PEC 48.

A Carta do Jubileu também denuncia as ameaças impostas pelo atual modelo econômico, que privilegia o lucro em detrimento da vida dos povos indígenas e da preservação da Casa Comum, e reforça o chamado à luta:

  • Pela derrubada das leis injustas;
  • Pelo apoio à demarcação de terras;
  • Pela proteção das florestas e dos guardiões da natureza.

Durante a programação, o Bispo de Roraima, Dom Evaristo Pascoal Spengler, falou sobre a dimensão e o impacto desse Jubileu para Roraima e para o Brasil:

“Esse Jubileu dos Povos Indígenas aqui em Roraima repercutiu não só no nosso Estado, não só na nossa Igreja, mas repercutiu em outros ambientes aqui do nosso país. Todos estão rezando conosco, muitas pessoas que conhecem Roraima estão rezando por esse momento, para que a Igreja seja cada vez mais fiel a esse chamado de caminhar na aliança com os povos indígenas, dessa Igreja que quer, de fato, testemunhar o serviço e escutar também aquilo que as lideranças indígenas, os mais sábios do povo, os anciãos, têm a nos dizer.
Um jubileu é esse momento de retomar a vida de uma outra forma, seja religiosamente, seja socialmente. O jubileu significa um perdão de dívidas, acabar com todo tipo de escravidão, significa devolver a terra aos nossos povos indígenas. Isso significa que agora continuaremos pela luta contra o marco temporal que quer ameaçar o direito dos povos indígenas à sua terra, e muitos que perdem a terra vão voltar a ser escravos dos fazendeiros, dos garimpeiros.
Queremos um ano de graça, de liberdade e de paz para o nosso povo. Que essa paz perdure para sempre.”

A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, também esteve presente e ressaltou a importância histórica do momento para os povos indígenas de Roraima:

“Esse é um momento histórico para a Diocese e para os povos indígenas de Roraima, aqui no Centro do Surumu. É a história de vida dos povos indígenas que completa 48 anos de decisão, de assembleia, de comemoração do Tuxaua Ashasi e de grandes lideranças que sempre lutaram pela vida e pelos direitos constitucionais. Estou aqui como presidente da Funai, a convite dos povos indígenas e da Diocese de Roraima, para registrar que estamos em outros tempos, 48 anos depois, mas seguimos na mesma aliança e no mesmo objetivo: defender a vida e os direitos dos povos indígenas.”

A Diocese de Roraima, há mais de 300 anos, caminha junto aos povos indígenas em seu processo de resistência, autonomia e defesa da dignidade, reafirmando que “unidos, lutamos pela justiça e pela vida, testemunhando a Páscoa!”

Confira a carta na íntegra

 FONTE/CRÉDITOS: Dennefer Costa – Rádio Monte Roraima FM

Ordenação de jovem indígena marca o segundo dia do Jubileu dos Povos Indígenas em Roraima

Comunidade se prepara para celebrar 300 anos de evangelização com peregrinação e ordenação diaconal.

O segundo dia do Jubileu dos Povos Indígenas, que está sendo celebrado na comunidade de Surumu, promete ser marcado por momentos de grande emoção e significado para a Igreja de Roraima e os povos originários. As atividades previstas para este sábado (26) incluirão uma peregrinação, em destaque, a ordenação diaconal do jovem indígena Djavan André da Silva, fortalecendo ainda mais os laços entre a Igreja e as comunidades indígenas na comemoração dos 300 anos de evangelização.

A programação começou logo pela manhã, com a concentração de fiéis no Aeroporto de Surumu, seguida por uma peregrinação até o Centro Indígena de Formação. Lá, será realizada uma celebração eucarística especial, tendo como ponto alto a ordenação do seminarista Djavan, para diácono. 

Emoção e gratidão marcarão o momento. O jovem diácono já antecipou a alegria de viver essa ocasião tão especial: “Será um dia de grande alegria, juntamente com as comunidades indígenas e o povo de Deus que ainda continua chegando aqui. Uma alegria imensa de poder celebrar esse jubileu dos povos indígenas junto com a minha ordenação diaconal. Estou muito feliz e grato a Deus pela vida e pela vocação”, afirmou Djavan em preparação para o evento.

A celebração contará também com a presença da irmã Eliane Cordeiro de Souza, das Irmãs Mercedárias da Caridade e presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), que destacou a importância do evento: “Será uma alegria muito grande estar presente em nome da CRB, representando mais de 30 mil religiosos do Brasil. Encontrarei missionários que diariamente entregam suas vidas à causa dos povos originários — nossos irmãos muitas vezes sofridos, perseguidos e explorados. Estaremos juntos nessa causa de Jesus, que veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância. Este Jubileu será um marco histórico, um caminho bonito que pede mais cuidado com a vida e maior dignidade para todos, filhos e filhas amados de Deus”, afirmou.

Reflexões do primeiro dia de Jubileu

Na sexta-feira (25), a programação foi aberta com uma mesa-redonda à tarde, abordando a presença histórica da Igreja entre os povos indígenas de Roraima. Um dos participantes, o professor Jaci Guilherme, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), antecipou os temas que serão discutidos: ” Refletimos sobre a luta dos povos indígenas e o compromisso da Igreja. Esta Igreja, que deixou de ser associada às fazendas e passou a se tornar parte das comunidades indígenas. A partir de Dom Aldo Mongiano, houve uma opção clara pelos povos originários. Foi essa união entre a Igreja e os povos indígenas que levou à criação do Conselho Indígena de Roraima (CIR), hoje respeitado nacional e internacionalmente”, destacou Jaci.

Sementes de novas vocações

O impacto deste momento histórico também já começa a ser sentido entre os jovens indígenas, como expressou Idelfonso Barbosa da Máso, seminarista indígena da Raposa Serra do Sol, atualmente cursando Teologia no Seminário de Manaus: “A ordenação do Djavan será fruto de muita oração e dedicação dos missionários e das lideranças indígenas. Este momento certamente inspirará e influenciará muitos jovens da nossa Diocese de Roraima. Ver um irmão nosso ser ordenado diácono desperta em nós a vocação missionária e fortalece nossa identidade cultural e religiosa. É uma resposta concreta da fé e da luta do nosso povo”, afirmou Idelfonso, cheio de esperança de que mais jovens sigam o caminho da vocação religiosa.

 FONTE/CRÉDITOS: Filipe Gustavo – RÁDIO MONTE RORAIMA FM

Francisco, o Papa que partiu com seus sapatos pretos

Até o fim, mesmo em sua despedida, Francisco foi fiel a ele mesmo. O último pontífice pode ser considerado um grande metrônomo, que sabia medir o tempo e os gestos. Como um bom jesuíta, ele colocou o ser humano e o fato de ser humano em primeiro lugar e acima de tudo. Esse reconhecimento foi manifestado em seu funeral, que se tornou um grande tributo do povo. Um povo que ele acompanhou até o fim, pois apesar de sua saúde delicada, ele quis estar no meio do povo até seu último dia, dando sua bênção no domingo de Páscoa.

Ele partiu sob aplausos

A simplicidade dos ritos fúnebres, o fato de ser enterrado com seus próprios sapatos, seus famosos sapatos pretos desgastados, lembram sua vida. O arcebispo que andava de metrô, o Papa que se locomovia em carros populares, jamais poderia partir em meio à pompa. Pelo contrário, ele partiu em meio aos aplausos, que reconheciam o fato de que ele havia se tornado pequeno, que ele queria e conseguiu ser um entre muitos, continuar a ser o padre Jorge.

A homilia do Cardeal Re foi um retrato bem enquadrado de seu pontificado. As palavras e o tom de voz de um cardeal de 91 anos são dignos de admirar, dando voz às vivências do Papa que foi gradualmente perdendo sua voz. Uma voz que permanecerá como um legado, uma voz que “tocou mentes e corações”, como disse o cardeal.

Amor concretizado na misericórdia

Não há dúvida do amor de Francisco por Jesus, um amor que ele concretizou na misericórdia para com os descartados. Com isso, ele deixou claro que, em sua missão como pontífice, “não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por todos”. Uma citação do Evangelho que foi lembrada pelo decano do Colégio de Cardeais, que também insistiu que “apesar de sua fragilidade e sofrimento final, o Papa Francisco escolheu trilhar esse caminho de doação até o último dia de sua vida terrena. Ele seguiu os passos de seu Senhor, o Bom Pastor, que amou suas ovelhas a ponto de dar sua própria vida por elas”.

Essas ovelhas sempre tiveram o rosto das ovelhas perdidas, das ovelhas que a sociedade, e às vezes também a Igreja, descartou. Como o Cardeal Re reconheceu, ele prestou “atenção especial às pessoas em dificuldade, entregando-se sem medida, especialmente pelos menores da terra, os marginalizados”. Eles, os mais simples, o entendiam bem, ele falava a língua deles, o jargão do povo, sabia como arrancar um sorriso deles, sabia como fazer uma piada. “Ele tinha uma grande espontaneidade e uma maneira informal de se dirigir a todos”, disse o cardeal em sua homilia. Como bom torcedor, ele sempre provocava os brasileiros com a seguinte pergunta: “Quem é melhor, Pelé ou Maradona?”

O Papa das periferias

Um Papa de todos, todos, todos, como a Igreja que ele sonhava, “ávida por assumir os problemas do povo e os grandes males que dilaceram o mundo contemporâneo; uma Igreja capaz de se inclinar para cada pessoa, para além de qualquer credo ou condição, curando suas feridas”, como lembrava o decano do Colégio Cardinalício. Um Papa das periferias e que acima de tudo viajou para as periferias, iniciando suas viagens em Lampedusa, quase sempre marcadas por estar ao lado dos invisíveis para os detentores do poder, que por outro lado não deixaram de estar ao lado de seu caixão, a grande maioria reconhecendo sua grande contribuição para um mundo ferido por guerras, pobreza, polarização e tantas outras feridas que ele se esforçou para curar seguindo o exemplo do Bom Samaritano.

Uma cura de feridas que levaria a concretizar do Evangelho da misericórdia, que sempre foi a força motriz de sua vida, desde os tempos em que andava pelos becos das favelas de Buenos Aires, para tornar visível que Deus sempre perdoa e perdoa a todos. E fazer isso com alegria, com a Alegria do Evangelho, deixando de lado a cultura do descarte e assumindo a do encontro e da solidariedade, da vida em fraternidade, ideias presentes na homilia de seu funeral.

O cuidado de todas as criaturas

Francisco, sempre preocupado com o cuidado de todas as criaturas, seguindo o exemplo do poverello de Assis. O Papa da ecologia integral, e como lhe somos gratos por isso nós que vivemos na Amazônia, pela qual ele sempre se preocupou e na qual concretizou sua proposta de caminhar juntos como Igreja, na sinodalidade, construindo pontes e não muros.

Por isso, pedimos a ele, como fez o Cardeal Re, que reze por nós, para que sua memória e seus ensinamentos continuem presentes entre nós, para que nos mova a continuar fazendo bagunça, construindo um mundo menos complicado e uma Igreja menos complicada, onde o Evangelho marque o caminho a seguir, onde os últimos possam ser os primeiros, aqueles que usam sapatos velhos ou que, muitas vezes, nem têm sapatos.

CRÉDITOS: LUIZ MIGUEL MODINO – CNBB NORTE 1

Peregrinação marca manhã do Jubileu dos Povos Indígenas em Surumu

O ato reuniu fiéis, lideranças indígenas e missionários, reforçando o espírito de caminhada e esperança.

A manhã deste sábado (26) foi marcada pela peregrinação rumo ao Centro Indígena de Formação, na comunidade de Surumu, durante o Jubileu dos Povos Indígenas. O ato reuniu fiéis, lideranças indígenas e missionários, reforçando o espírito de caminhada e esperança que inspira este grande momento de celebração dos 300 anos de evangelização.

Fotos: Lucas Rossetti – Monte Roraima FM

Às 9h, a concentração de participantes no Aeroporto de Surumu deu início à peregrinação, que percorreu estradas de barro até o Centro, carregando símbolos da fé e da resistência dos povos originários. Para o bispo de Roraima e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Dom Evaristo Spengler, a caminhada traduz o sentido profundo do jubileu.

“Todo jubileu envolve uma peregrinação, para nos lembrar que somos peregrinos neste mundo. O Papa nos recorda que somos peregrinos da esperança, e essa esperança não decepciona. Queremos que este caminho nos ajude a estreitar os laços com a Igreja, a renovar a vida pessoal e a assumir o compromisso com o Deus que caminha conosco”, disse Dom Evaristo durante a celebração.

Fotos: Lucas Rossetti – Monte Roraima FM

A peregrinação também preparou o ambiente espiritual para a ordenação diaconal do jovem indígena Djavan André da Silva, momento especial que ocorrerá ainda neste sábado. Segundo o padre Mattia Bezze, a caminhada carrega um duplo significado. “Esta peregrinação é tanto parte do jubileu quanto uma preparação para a ordenação de Djavan. Caminhar juntos simboliza a trajetória da vida, onde queremos trazer a graça do jubileu e celebrar a escolha do Djavan de servir à Igreja”, afirmou.

Para os indígenas da comunidade, a peregrinação foi ainda um resgate da história de luta e conquista dos povos originários. Djacir Melchior da Silva, pai de Djavan, destacou a importância do caminho percorrido.

“Quando a Igreja chegou entre nós, incentivou o olhar para a vida e para a ajuda mútua. Hoje, nesta peregrinação, lembramos das lideranças que iniciaram esse trabalho, conquistaram a terra e deixaram o exemplo para que nossos jovens continuem buscando uma vida digna e livre”, declarou emocionado.

Mensagem aos jovens

Durante a programação, Dom Evaristo deixou uma mensagem especial aos jovens indígenas, convocando-os a continuar a luta por seus direitos.

“Este jubileu é uma memória agradecida pela luta dos povos indígenas por seus direitos, pela terra e pela liberdade. Jovens, não traiam seu povo, não deixem que caminhem sozinhos. É a vez de vocês assumirem essa causa, especialmente agora, diante da ameaça do marco temporal. O direito dos povos indígenas é ancestral e deve ser respeitado. Permaneçam firmes na fé e no compromisso de formar comunidades vivas, alimentadas pelo Evangelho e pelo sonho do Reino de Deus”, concluiu o bispo.

A programação do Jubileu dos Povos Indígenas segue ao longo do dia, com celebrações e a ordenação de Djavan, reforçando a aliança entre a Igreja e os povos indígenas de Roraima.

 FONTE/CRÉDITOS: Filipe Gustavo – RÁDIO MONTE RORAIMA FM

Peregrinação marca manhã do Jubileu dos Povos Indígenas em Surumu


O ato reuniu fiéis, lideranças indígenas e missionários, reforçando o espírito de caminhada e esperança.

A manhã deste sábado (26) foi marcada pela peregrinação rumo ao Centro Indígena de Formação, na comunidade de Surumu, durante o Jubileu dos Povos Indígenas. O ato reuniu fiéis, lideranças indígenas e missionários, reforçando o espírito de caminhada e esperança que inspira este grande momento de celebração dos 300 anos de evangelização.

Às 9h, a concentração de participantes no Aeroporto de Surumu deu início à peregrinação, que percorreu estradas de barro até o Centro, carregando símbolos da fé e da resistência dos povos originários. Para o bispo de Roraima e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Dom Evaristo Spengler, a caminhada traduz o sentido profundo do jubileu.

“Todo jubileu envolve uma peregrinação, para nos lembrar que somos peregrinos neste mundo. O Papa nos recorda que somos peregrinos da esperança, e essa esperança não decepciona. Queremos que este caminho nos ajude a estreitar os laços com a Igreja, a renovar a vida pessoal e a assumir o compromisso com o Deus que caminha conosco”, disse Dom Evaristo durante a celebração.

A peregrinação também preparou o ambiente espiritual para a ordenação diaconal do jovem indígena Djavan André da Silva, momento especial que ocorrerá ainda neste sábado. Segundo o padre Mattia Bezze, a caminhada carrega um duplo significado. “Esta peregrinação é tanto parte do jubileu quanto uma preparação para a ordenação de Djavan. Caminhar juntos simboliza a trajetória da vida, onde queremos trazer a graça do jubileu e celebrar a escolha do Djavan de servir à Igreja”, afirmou.

Para os indígenas da comunidade, a peregrinação foi ainda um resgate da história de luta e conquista dos povos originários. Djacir Melchior da Silva, pai de Djavan, destacou a importância do caminho percorrido.

“Quando a Igreja chegou entre nós, incentivou o olhar para a vida e para a ajuda mútua. Hoje, nesta peregrinação, lembramos das lideranças que iniciaram esse trabalho, conquistaram a terra e deixaram o exemplo para que nossos jovens continuem buscando uma vida digna e livre”, declarou emocionado.

Mensagem aos jovens

Durante a programação, Dom Evaristo deixou uma mensagem especial aos jovens indígenas, convocando-os a continuar a luta por seus direitos.

“Este jubileu é uma memória agradecida pela luta dos povos indígenas por seus direitos, pela terra e pela liberdade. Jovens, não traiam seu povo, não deixem que caminhem sozinhos. É a vez de vocês assumirem essa causa, especialmente agora, diante da ameaça do marco temporal. O direito dos povos indígenas é ancestral e deve ser respeitado. Permaneçam firmes na fé e no compromisso de formar comunidades vivas, alimentadas pelo Evangelho e pelo sonho do Reino de Deus”, concluiu o bispo.

A programação do Jubileu dos Povos Indígenas segue ao longo do dia, com celebrações e a ordenação de Djavan, reforçando a aliança entre a Igreja e os povos indígenas de Roraima.

Fonte: Filipe Gustavo

Fotos: Lucas Rossetti

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Ordenação de jovem indígena marcará o segundo dia do Jubileu dos Povos Indígenas em Surumu


Comunidade se prepara para celebrar 300 anos de evangelização com peregrinação e ordenação diaconal.

O segundo dia do Jubileu dos Povos Indígenas, que está sendo celebrado na comunidade de Surumu, promete ser marcado por momentos de grande emoção e significado para a Igreja de Roraima e os povos originários. As atividades previstas para este sábado (26) incluirão uma peregrinação, em destaque, a ordenação diaconal do jovem indígena Djavan André da Silva, fortalecendo ainda mais os laços entre a Igreja e as comunidades indígenas na comemoração dos 300 anos de evangelização.

A programação começou logo pela manhã, com a concentração de fiéis no Aeroporto de Surumu, seguida por uma peregrinação até o Centro Indígena de Formação. Lá, será realizada uma celebração eucarística especial, tendo como ponto alto a ordenação de Djavan, natural da Diocese de Roraima.

Emoção e gratidão marcarão o momento. O jovem diácono já antecipou a alegria de viver essa ocasião tão especial: “Será um dia de grande alegria, juntamente com as comunidades indígenas e o povo de Deus que ainda continua chegando aqui. Uma alegria imensa de poder celebrar esse jubileu dos povos indígenas junto com a minha ordenação diaconal. Estou muito feliz e grato a Deus pela vida e pela vocação”, afirmou Djavan em preparação para o evento.

A celebração contará também com a presença da irmã Eliane Cordeiro de Souza, das Irmãs Mercedárias da Caridade e presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), que destacou a importância do evento: “Será uma alegria muito grande estar presente em nome da CRB, representando mais de 30 mil religiosos do Brasil. Encontrarei missionários que diariamente entregam suas vidas à causa dos povos originários — nossos irmãos muitas vezes sofridos, perseguidos e explorados. Estaremos juntos nessa causa de Jesus, que veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância. Este Jubileu será um marco histórico, um caminho bonito que pede mais cuidado com a vida e maior dignidade para todos, filhos e filhas amados de Deus”, afirmou.

Reflexões do primeiro dia de Jubileu

Na sexta-feira (25), a programação foi aberta com uma mesa-redonda à tarde, abordando a presença histórica da Igreja entre os povos indígenas de Roraima. Um dos participantes, o professor Jaci Guilherme, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), antecipou os temas que serão discutidos: ” Refletimos sobre a luta dos povos indígenas e o compromisso da Igreja. Esta Igreja, que deixou de ser associada às fazendas e passou a se tornar parte das comunidades indígenas. A partir de Dom Aldo Mongiano, houve uma opção clara pelos povos originários. Foi essa união entre a Igreja e os povos indígenas que levou à criação do Conselho Indígena de Roraima (CIR), hoje respeitado nacional e internacionalmente”, destacou Jaci.

Sementes de novas vocações

O impacto deste momento histórico também já começa a ser sentido entre os jovens indígenas, como expressou Idelfonso Barbosa da Máso, seminarista indígena da Raposa Serra do Sol, atualmente cursando Teologia no Seminário de Manaus: “A ordenação do Djavan será fruto de muita oração e dedicação dos missionários e das lideranças indígenas. Este momento certamente inspirará e influenciará muitos jovens da nossa Diocese de Roraima. Ver um irmão nosso ser ordenado diácono desperta em nós a vocação missionária e fortalece nossa identidade cultural e religiosa. É uma resposta concreta da fé e da luta do nosso povo”, afirmou Idelfonso, cheio de esperança de que mais jovens sigam o caminho da vocação religiosa.

Fonte: Filipe Gustavo

Fotos : Pablo Sérgio bezerra