Assembleia eletiva da Cáritas Diocesana de Roraima inicia nesta sexta-feira, 22

Nos dias 23 e 24 de maio, na Casa da Caridade acontece a Assembleia Eletiva da Cáritas Diocesana, esse encontro reforça o compromisso da entidade com a ação social e a esperança. O evento contará com a presença de especialistas em direitos humanos e representantes da sociedade civil, promovendo reflexões sobre os desafios atuais sob a perspectiva da Igreja.

Na sexta-feira (23), a programação terá como destaque uma análise conjuntural sobre a realidade social, conduzida por especialistas, seguida de apresentações culturais à noite. No sábado (24), o foco será a caridade e a esperança, com momentos de partilha entre as Cáritas Paroquiais da diocese, que trocarão experiências e fortalecerão a rede de solidariedade.

Entre os convidados estão Daniel Seidel, secretário-executivo da Comissão Justiça e Paz Nacional, e Márcia Miranda, articuladora regional da Cáritas, que trarão insights sobre justiça social e ações transformadoras.

A coordenadora da Pastoral dos Migrantes, Irmã Terezinha Santin, partilha sobre a missão da instituição:

“A Cáritas Diocesana é um espaço, uma instituição que, como disse o Papa Francisco e também os documentos sociais da Igreja, é o braço social da Igreja, atendendo às diferentes necessidades das pessoas. Mas, acima disso, ela é o elo de unidade e solidariedade, que faz acontecer nos espaços mais remotos, nos recônditos mais longínquos, onde poucas pessoas conseguem chegar.”

A Orilene Marques, atual coordenadora, compartilhou sua experiência à frente da Cáritas durantes esses dois anos:

“Estar na coordenação da Cáritas durante esse período foi uma das missões mais lindas que já vivi em nosso território. Tenho um coração cheio de gratidão por tudo o que vivenciei num espaço profundamente enriquecedor, tanto no aspecto pessoal quanto coletivo. Foi um tempo de aprendizado, escuta e serviço, onde acompanhei de perto a luta e a resistência das pessoas que a Cáritas atende e acolhe. Assumir esse papel significou também animar a prática da solidariedade, da justiça social e da defesa intransigente dos direitos humanos, mesmo diante de muitos desafios. Foi uma jornada de fé, compromisso e entrega.”

A Orilene Marques, deixa uma mensagem para a futura coordenação “Espero que a nova coordenação siga com o mesmo compromisso ético, político e evangélico que inspira a ação da Cáritas. Que mantenham o olhar atento aos mais empobrecidos, escutem as comunidades com humildade e fortaleçam os laços da rede. Que seja uma coordenação que caminhe com coragem, fraternidade, diálogo e espírito de missão, contribuindo para uma sociedade mais justa, equitativa, solidária e fraterna.”

Fonte: Da redação, Kayla Silva, Rádio Monte Roraima fm – sob supervisão Dennefer Costa

Santa Rita de Cássia, intercessora das famílias e das causas impossíveis

Uma infância cheia de devoção

A pequena periferia de Roccaporena, na Úmbria, foi berço de Margarida Lotti, provavelmente por volta de 1371, chamada com o diminutivo de “Rita”. Seus pais, humildes camponeses e pacificadores, procuraram dar-lhe uma boa educação escolar e religiosa na vizinha cidade de Cássia, onde a instrução era confiada aos Agostinianos. Naquele contexto, amadurece a devoção a Santo Agostinho, São João Batista e São Nicolau de Tolentino, que Rita escolheu como seus protetores.

Mulher e mãe dedicada

Por volta de 1385, a jovem se uniu em matrimônio com Paulo de Ferdinando de Mancino. A sociedade de então era caracterizada por diversas contendas e rivalidades políticas, nas quais seu marido estava envolvido. Mas a jovem esposa, através da sua oração, serenidade e capacidade de apaziguar, herdadas pelos pais, o ajudou a viver, aos poucos, como cristão de modo mais autêntico. Com amor, compreensão e paciência, a união entre Rita e Paulo tornou-se fecunda, embelezada pelo nascimento de dois filhos: Giangiacomo e Paulo Maria. Porém, a espiral de ódio das facções políticas da época acometeram seu lar doméstico.

Assassinato do esposo e perdão

O esposo de Rita, que se encontrava envolvido também por vínculos de parentela, foi assassinado. Para evitar a vingança dos filhos, escondeu a camisa ensanguentada do pai. Em seu coração, Rita perdoou os assassinos do seu marido, mas a família Mancino não se resignou e fazia pressão, a ponto de desatar rancores e hostilidades. Rita continuava a rezar, para que não fosse derramado mais sangue, fazendo da oração a sua arma e consolação. 

Doença dos filhos

Entretanto, as tribulações não faltaram. Uma doença causou a morte de Giangiacomo e de Paulo Maria; seu único conforto foi pensar que, pelo menos, suas almas foram salvas, sem mais correr o risco de serem envolvidos pelo clima de represálias, provocado pelo assassinato do marido. Tendo ficado sozinha, Rita intensificou sua vida de oração, seja pelos seus queridos defuntos, seja pela família de Mancino, para que perdoasse e encontrasse a paz.  

Pedido recusado

Com a idade de 36 anos, Rita pediu para ser admitida na comunidade das monjas agostinianas do Mosteiro de Santa Maria Madalena de Cássia. Porém, seu pedido foi recusado: as religiosas temiam, talvez, que a entrada da viúva de um homem assassinado pudesse comprometer a segurança do Convento. No entanto, as orações de Rita e as intercessões dos seus Santos protetores levaram à pacificação das famílias envolvidas na morte de Paulo de Mancino e, após tantas dificuldades, ela conseguiu entrar para o Mosteiro.

Monja Agostiniana

Narra-se que, durante o Noviciado, para provar a humildade de Rita, a Abadessa pediu-lhe para regar o tronco seco de uma planta, e sua obediência foi premiada por Deus, pois a videira, até hoje, é vigorosa. Com o passar dos anos, Rita distinguiu-se como religiosa humilde, zelosa na oração e nos trabalhos que lhe eram confiados, capaz de fazer frequentes jejuns e penitências. Suas virtudes tornaram-se famosas até fora dos muros do Mosteiro, também por causa das suas obras de caridade, juntamente com algumas coirmãs; além da sua vida de oração, ela visitava os idosos, cuidava dos enfermos e assistia aos pobres.

A Santa das rosas

Cada vez mais imersa na contemplação de Cristo, Rita pediu-lhe para participar da Sua Paixão. Em 1432, absorvida em oração, recebeu a ferida na fronte de um espinho da coroa do Crucifixo. O estigma permaneceu, por quinze anos, até a sua morte. No inverno, que precedeu a sua morte, enferma e obrigada a ficar acamada, Rita pediu a uma prima, que lhe veio visitar em Roccaporena, dois figos e uma rosa do jardim da casa paterna. Era janeiro, período de inverno na Itália, mas a jovem aceitou seu pedido, pensando que Rita estivesse delirando por causa da doença. Ao voltar para casa, ficou maravilhada por ver a rosa e os figos no jardim e, imediatamente, os levou a Rita. Para ela, estes eram sinais da bondade de Deus, que acolheu no Céu seus dois filhos e seu marido.

Veneração de Rita

Santa Rita expirou na noite entre 21 e 22 de maio de 1447. Devido ao grande culto que brotou logo depois da sua morte, o corpo de Rita nunca foi enterrado, mas mantido em uma urna de vidro. Rita conseguiu reflorescer, apesar dos espinhos que a vida lhe reservou, espalhando o bom perfume de Cristo e aquecendo tantos corações no seu gélido inverno. Por este motivo e em recordação do prodígio de Roccaporena, a rosa é, por excelência, o símbolo de Rita.

A minha oração

“Rita, grande intercessora das famílias, a ti pedimos verdadeiras graças de conversão sobre aqueles aos quais amamos. Tuas rosas são sinais de salvação, por isso, te pedidos a paciência e o perdão, a oração e intercessão, ajuda-nos de forma concreta nesta luta. Amém!”

Santa Rita de Cássia , rogai por nós!

Dom Hudson Ribeiro: Maior incidência política das universidades para obter resultados na COP 30

O II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum que acontece na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), conta com a presença de representantes de universidades de toda América, da Espanha, Portugal e Reino Unido. Entre os participantes está o diretor da Faculdade Católica do Amazonas, dom Hudson Ribeiro.

O melhor somos nós

Na reflexão em torno ao sonho cultural, o bispo auxiliar de Manaus, em vista da COP 30, contava que durante o mestrado na Universidade Católica de Milão, ele teve uma experiência no Benin, que tem como símbolo um pássaro chamado sankofa, que no desenho olha para trás e tem um ovo na boca. Sem saber o que significava, diante dos poucos recursos da comunidade, ele murmurou que lá não tinham nada. Diante disso, uma senhora irritada disse assim para ele: “você não vê, aqui nós temos o melhor e o melhor desse lugar somos nós”.

Um ensinamento que lhe levou a aprender a trabalhar com o que nós temos, o melhor somos nós. Uma realidade que o bispo auxiliar de Manaus disse ter encontrado também na Amazônia, “escutando as comunidades indígenas, escutando as comunidades ribeirinhas, que o elemento chave para facilitar o diálogo, preservar a cultura, seria a memória”. Segundo ele, “a memória está no centro daquilo que a gente professa como fé, como cristãos católicos”. Algo presente na Eucaristia e na Bíblia, dado que “quando o povo perdia a memória, a memória se retomava”. Nesse sentido, “a retomada da memória ela persegue a história da salvação”.

Ir se encontrando

Diante da mudança cultural que leva a olhar para frente, de progredir, isso faz com que “essa mudança epistemológica cultural tem os destroços, porque a gente não olha para trás”, segundo o bispo. Ele relatou o que acontece em Manaus com o encontro das águas do Rio Negro com o Rio Solimões. Rios que vem de longe, mas que ajudam a entender encontros como este, onde “a gente faz parte dos afluentes desses rios que vão se encontrando”. O encontro das águas, onde os dois rios caminham juntos por 14 quilómetros, é visto como expressão de um diálogo tão grande, que os leva a se juntar em um rio, a Amazonas, que se alarga.

Falando da tecnologia social, ele disse que aí, “nós trazemos presente a temática do fazer memória. E fazer memória é o que tem ajudado as nossas comunidades ribeirinhas, os povos indígenas, de fato, a sobreviver e a saber tirar da floresta, de fato, a preservação”. Dom Hudson Ribeiro referiu-se a diversos elementos que ajudam a resgatar a memória, questionando “quanto nós estamos valorizando a memória, ao nos aproximarmos das nossas pesquisas, do nosso ensino, estamos olhando para frente, quanto olhamos para trás, para aprendermos do que não é possível mais fazer, para manter aquilo que já era possível e viável para que a gente continue de fato caminhando lado a lado como dois rios até se encontrar e desaguar no mar ou no oceano, dando sequência à vida.

Necessidade de incidência política nas universidades

Ele também se posicionou sobre o cada vez menor espaço das mulheres. Diante disso, ele reclamou das universidades maior incidência política como caminho para obter resultados na COP 30, porque quem vai debater lá na COP são chefes de Estado. “Então, nós podemos pensar nessas provocações a partir de ocupações de espaços políticos de agenda pública”, ressaltou dom Hudson Ribeiro. Nesse sentido, ele disse que “sem isso, os nossos avanços serão bastante limitados”, mostrando que a Faculdade Católica do Amazonas começou a investir nas escolas de formação.

O bispo auxiliar de Manaus recordou, seguindo o pensamento de Papa Francisco, no Pacto Global pela Educação, a importância de “escutar as crianças, os adolescentes e os jovens, torná-los protagonistas. Não falar sobre, mas eles estarem conosco dizendo o que eles pensam, o que eles querem”. Nessa perspectiva, “essa nova formação de uma geração que possa ser escutada com possibilidade de incidência política, a gente precisa responder nas nossas instituições. Não dá para fazer isso dizendo que isso não é nosso. Isso é nosso. A gente precisa ocupar, voltar a ocupar os espaços que eram e que nós fomos perdendo”.

Fonte:  Luis Miguel Modino – CNBB Regional Norte 1

10 anos da Laudato si´: Impulsar a necessidade de cuidar a Casa Comum

No dia 24 de maio completa 10 anos da encíclica Laudato si´, um documento que impulsou a necessidade de cuidar da Casa Comum. Papa Francisco nos ajudou a ter maior consciência dos clamores da Terra e os clamores dos pobres, a perceber que sem o necessário cuidado, o futuro da humanidade, especialmente dos mais pobres, cada vez é mais complicado.

O texto que agora completa 10 anos tem nos ajudado a entender que a salvação da humanidade e do Planeta exige o compromisso de todos. Nessa perspectiva somos chamados a fomentar a vida em comunidade, superando o individualismo que nos distancia dos outros, mas também nos afasta do mundo, criado por Deus não para ser dominado e sim para ser cuidado.

Para isso se faz necessário entrar no caminho da conversão ecológica, uma proposta que Papa Francisco faz em Laudato si´. A grande questão é se nós queremos entrar nesse caminho de conversão, de mudança de vida que nos aproxime da ecologia integral, que tem em conta o cuidado do ambiente, mas também o cuidado das pessoas.

Um chamado que é para toda a humanidade, mas que cobra uma força maior na Amazônia. Uma região que só aparece citada uma vez na Laudato si´, mas que inspira o texto escrito por Papa Francisco. A vida que flui na Amazônia, nos seus rios, florestas e povos se faz presente na primeira encíclica de Papa Francisco. Ele foi o Papa que voltou os olhos da humanidade para a região amazônica.

O desafio é como dar continuidade a essa dinâmica do cuidado, como nos envolvermos cada vez mais na defesa da Amazônia e dos povos que a habitam. A Laudato si´, 10 anos depois de sua publicação, continua sendo um espelho onde nos olharmos como humanidade, como cristãos, mas também cada um e cada uma de nós, pessoalmente. Assumir a proposta de vida que aparece nas palavras de Papa Francisco é uma demanda que tem plena atualidade hoje.

É tempo de olhar para frente, de continuar sonhando, seguindo a proposta de Papa Francisco na Querida Amazônia, uma exortação que nos ajuda a, reconhecendo os aportes do passado, construir um futuro melhor, sustentado no bem viver. Uma proposta de vida que tem acompanhado os povos originários a construir um modo de vida que enxerga a presença do Criador em todas as criaturas.

Continuemos sonhando com as propostas de Laudato si´, com um modo de vida fundamentado no cuidado do ambiente, no cuidado das pessoas, no cuidado de toda criatura. Continuar sob a guia da Laudato si´ é o melhor modo de continuar o processo iniciado pelo Papa Francisco. Não desistamos no cuidado, pois isso nos faz melhores criaturas e a reconhecer a mão do Criador em tudo e em todos.

Fonte/Créditos: Luis Miguel Modino – CNBB – Regional Norte 1

Leão XIV faz sua primeira nomeação de uma mulher na Cúria

Ir. Tiziana Merletti será secretária do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, que já é chefiado por uma mulher, a Ir. Simona Brambilla.

Vatican News

O Papa Leão XIV fez a primeira nomeação de uma mulher na Cúria. Trata-se da Ir. Tiziana Merletti, que será secretária do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

Este departamento do Vaticano que cuida dos religiosos em todo o mundo foi o primeiro na Cúria a ser chefiado por uma mulher. De fato, Francisco nomeou a Ir. Simona Brambilla em janeiro deste ano, substituindo o cardeal brasileiro João Braz de Aviz.

Assim, com a nomeação deste 22 de maio, o Dicastério tem seja a prefeita, seja a secretária mulheres.

Ir.Tiziana Merletti pertence às Irmãs Franciscanas dos Pobres. Ela nasceu em 30 de setembro de 1959 em Pineto, na região dos Abruços, centro da Itália. Em 1986, emitiu a primeira profissão religiosa no Instituto das Irmãs Franciscana dos Pobres. Formou-se em Direito em 1984 e em 1992 fez o Doutorado em Direito Canônico na Pontifícia Universidade Lateranense em Roma. 

De 2004 a 2013 foi Superiora-Geral do seu Instituto religioso. Atualmente, é Docente na Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia Universidade Antonianum em Roma e colabora na qualidade de canonista com a União Internacional das Superioras Gerais.

Fonte: Vatican News

A RUC apela a novos modelos de formação inspirados nas culturas originárias

A Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC) está reunida na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) para o II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum. O encontro busca construir pontes entre o Norte e o Sul com as universidades, segundo Emilce Cuda, secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina. Um congresso, promovido pelo Cardeal Prevost, agora Leão XIV, e pelo Cardeal Tolentino, que gere conexão entre os diversos atores, que provoque, por meio dos painéis, um debate entre todos, com a participação de todos, reforçou a teóloga argentina.

O sonho cultural

Seguindo os sonhos do Papa Francisco em Querida Amazônia, o Congresso abordou o sonho cultural em seu segundo dia de trabalhos. Vale lembrar, como Francisco disse aos participantes do primeiro encontro da RUC, realizado no Vaticano em 2023, que “cultura é o que permanece depois que esquecemos o que aprendemos“. É por isso que alertou sobre os universitários de laboratório e a necessidade de formar na linguagem da cabeça, do coração e da mão.

O estado atual da nossa Casa Comum estimula a reflexão e a ação nas universidades em vista do desenvolvimento sustentável, levando ao ensino pelo exemplo e a trabalhar a incidência, como destacou Rafaela Diegoli, do Instituto Tecnológico de Monterrey. Não podemos ignorar as palavras de Francisco, que disse que “profissionais de sucesso não podem ser formados em sociedades fracassadas“. Uma realidade que exige entender como aplicar a tecnologia em cada contexto, conhecê-la para adotá-la e aderir a ela, como disse Alejandro Guevara, da Universidade Ibero do México.

Novas abordagens educacionais

De acordo com María Eugenia García Moreno, da Universidade Mayor de San Andrés, na Bolívia, são necessárias abordagens diferentes das tradicionais na educação. Essas abordagens oferecem formação universitária para aqueles sem educação formal, mas que possuem conhecimento ancestral. O desafio é pensar de forma sustentável para agir de forma sustentável, o que exige uma mudança cultural e uma formação integral, como propõe Ester Sánchez, da Universidade Nacional de Cuyo, na Argentina.

Falar em Biodiversidade e Tecnologia é um dos grandes desafios hoje. O argentino Axel Barceló, da Fundação H. A. Barceló, reconhecendo o papel da tecnologia como uma ferramenta que reduz o trabalho, ele vê a necessidade de a humanidade controlar essa tecnologia. A biodiversidade é uma questão fundamental para a COP 30, afirma Peter Rozic, da Universidade de Oxford, que enfatizou a importância da ecologia integral, que “quer ouvir o chamado da Terra, que estamos matando, o chamado dos pobres, dos defensores do território“. Uma biodiversidade que está ligada ao tema cultural, refletindo sobre a importância de codificar práticas de biodiversidade em diversas línguas indígenas.

Levar em consideração os povos indígenas

Nesse sonho social, o caminho do Rio até Belém deve, segundo John Martens, da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, levar em conta o conhecimento dos povos indígenas para que a educação seja integral. Isso ocorre porque o verdadeiro conhecimento é sabedoria, com um componente ético e religioso. Nesse sentido, Eugenio Martín de Palma, da Universidade de Santa Fé, Argentina, afirma a necessidade de trabalhar os ensinamentos de Francisco em relação ao tema das universidades, visto que um novo modelo de universidade está surgindo. Ele estava se referindo ao que Francisco chamou de Universidade do Sentido, que, em contraste com o modelo racionalista e cientificista da modernidade, exalta cada homem e o homem inteiro.

Temos que ter consciência da necessidade de aprender a trabalhar com o que temos, disse Dom Hudson Ribeiro, bispo auxiliar de Manaus e diretor da Faculdade Católica do Amazonas. Com base em seu conhecimento sobre comunidades indígenas e ribeirinhas, ele enfatizou a necessidade de preservar a memória para preservar a cultura, olhando para trás e tendo em mente o que o futuro reserva. Algo que ele vê no Encontro das Águas, fenômeno natural em Manaus, onde por 14 km os rios Negro e Solimões continuam se misturando até formar o Amazonas. A partir daí, ele pediu que se questione até que ponto a tecnologia nos ajuda a fazer memória e como a pesquisa universitária dá valor à memória.

Mudança nos modelos de formação

Esses conteúdos levaram os participantes a refletir em grupos que ajudaram a descobrir perspectivas. Trata-se de redefinir elementos que ajudem a mudar os modelos de formação, com novas práticas e propostas que reflitam o compromisso social das universidades para além das soluções acadêmicas ou tecnológicas, com planejamento, promovendo mecanismos que reduzam as lacunas de conhecimento e com planos locais que fomentem o compromisso comunitário com o cuidado da nossa casa comum.

Devemos abordar os conflitos e impactos ambientais de forma responsável, reconhecendo que os desastres socioambientais não são apenas o resultado de novos fenômenos naturais, mas também de disputas pelo acesso ao habitat. Da mesma forma, como garantir os direitos trabalhistas em diálogo com os novos formatos gerados pela tecnologia e pela terceirização. O desafio é levar conhecimento para além da universidade, transferir cultura e criar espaços interculturais que promovam o cuidado com a nossa casa comum. Daí a importância da conscientização para reconhecer o presente que recebemos da biodiversidade.

Trata-se de começar a ver o mundo de forma diferente, reconhecendo as contribuições do conhecimento ancestral para a educação, sabendo que ele vem do território, que eles protegem com suas próprias vidas. Daí a necessidade de os grandes projetos realizar estudos de impacto cultural e ambiental, usando a tecnologia a serviço da sociedade e das culturas. Isso requer uma educação integral que abranja conhecimento científico e tecnológico, mas que também tenha caráter humanístico e seja um caminho para a responsabilidade ambiental e ética.

Pontes entre a OEI e a RUC

Da Organização dos Estados Ibero-americanos, seu Diretor de Cultura, Raphael Caillou, afirma que a cultura contribui para a inclusão e é um mecanismo importante para a coesão social e a criação de uma cultura de paz. Da mesma forma, ele refletiu sobre a relação entre cultura e o fortalecimento de políticas públicas e o aumento da educação formal. A educação é um espaço de construção de pontes e consensos, afirma, pensando na criação de mecanismos de financiamento para uma educação de qualidade.

Na construção de pontes entre as universidades e a OEI, espaços como este congresso são importantes para criar um roteiro, estratégias compartilhadas e coordenadas entre diversas partes interessadas, mas com problemas comuns e objetivos claros e compartilhados.

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Luis Miguel Modino

Foi eleita a nova coordenação da CRB Roraima

Na Assembleia Eletiva da CRB que aconteceu nos dias 19 e 20 de maio de 2025, religiosos e religiosas elegeram a nova coordenação que atuará no próximo biênio. O encontro contou com a presença da Irmã Gervis Monteiro, Coordenadora Regional da CRB Amazonas/Roraima.

A nova equipe de coordenação do Núcleo de Roraima é composta por:

                •             Irmã Ângela Maria Mabarzo Santana, fmmdp – Coordenadora

                •             Irmã Patrícia Santos, fcr – Secretária

                •             Irmã Antônia Storti, uscm – Tesoureira

                •             Pe. David Romero, sj – Conselheiro

                •             Irmã Lusete Morelli, fb – Conselheira

                •             Irmã Uezineire Ribeiro da Silva, ijbp – Conselheira

              Foto: arquivo CRB Roraima

A nova coordenação assume a missão de animar, fortalecer e acompanhar a caminhada da Vida Religiosa Consagrada em Roraima pelos próximos dois anos.

 

Leão XIV na Audiência Geral: a Palavra de Deus é para todos, mas atua diferente em cada um

Na sua primeira Audiência Geral, o Papa retomou o ciclo de catequeses proposto por Francisco para refletir sobre as parábolas. Leão XIV escolheu aquela do semeador e afirmou que “A Palavra de Jesus é para todos, mas atua de uma forma diferente em cada pessoa”, dependendo do solo encontrado, de quando estamos “mais superficiais e distraídos” ou “disponíveis e acolhedores”. Mas “Ele nos ama assim: não espera que nos tornemos o melhor solo, Ele nos dá sempre generosamente a Sua palavra”.

“Estou feliz em receber vocês nesta minha primeira Audiência Geral”, disse o Papa Leão XIV, logo no início da catequese, a sua primeira no encontro semanal e com cerca de 40 mil fiéis na Praça São Pedro. Também é a segunda do ciclo de catequeses jubilares, preparada pelo Papa Francisco e divulgada pela Sala de Imprensa da Santa Sé em 16 de abril, durante o período de convalescença de Bergoglio que veio a falecer 5 dias depois e há exatamente um mês. Francisco tinha o desejo de “refletir sobre algumas parábolas” e Leão XIV retomou o tema “Jesus Cristo, nossa esperança”, escolhido por Bergoglio para este Ano Santo do Jubileu. Nesta quarta-feira (21/05), assim, o Papa meditou sobre a parábola do semeador (ver Mt 13,1-17), que fala da dinâmica e dos efeitos da Palavra de Deus, “e o que ela produz”, que é como semente deitada no terreno do nosso coração e no terreno do mundo.

As provocações e os questionamentos

“Cada parábola conta uma história retirada do quotidiano”, recordou Leão XIV, fazendo “nascer em nós perguntas” como: “onde estou eu nesta história? O que diz esta imagem à minha vida?”. De fato, continuou o Pontífice, “cada palavra do Evangelho é como uma semente lançada no solo da nossa vida”:

“No capítulo 13 do Evangelho de Mateus, a parábola do semeador introduz uma série de outras pequenas parábolas, algumas das quais falam precisamente do que acontece no solo: o trigo e o joio, o grão de mostarda, o tesouro escondido no campo. Então, o que é este solo? É o nosso coração, mas é também o mundo, a comunidade, a Igreja. A palavra de Deus, com efeito, fecunda e provoca toda a realidade.”

Deus, assim, espalha abundantemente a Palavra, ainda que ela nem sempre encontre terreno bom para produzir. “A Palavra de Jesus é para todos, mas atua de uma forma diferente em cada pessoa”, reforçou Leão XIV. “Estamos habituados a calcular as coisas – e às vezes é necessário – mas isso não vale no amor!”. E, apesar de atuar em nós de modo diverso, a Palavra conserva sempre o poder de fecundar as situações da vida de cada um, pois vem de Deus e Ele nunca desiste:

“Jesus nos diz que Deus lança a semente da sua Palavra em todo o tipo de solo, ou seja, em qualquer das nossas situações: ora somos mais superficiais e distraídos, ora deixamo-nos levar pelo entusiasmo, ora somos oprimidos pelas preocupações da vida, mas também há momentos em que estamos disponíveis e acolhedores. Deus está confiante e espera que mais cedo ou mais tarde a semente floresça. Ele nos ama assim: não espera que nos tornemos o melhor solo, Ele nos dá sempre generosamente a Sua Palavra.”

"Semeador no Pôr do Sol", de Vincent van Gogh

“Semeador no Pôr do Sol”, de Vincent van Gogh

Leão XIV então, convidou os peregrinos a analisar uma obra de Vincent van Gogh (1853-1890), a do Semeador no Pôr do Sol. O pintor holandês, mundialmente conhecido que chegou a produzir quase 900 telas em menos de 10 dias, pintou um agricultor, com o trigo já maduro e “sob o sol abrasador” que domina a cena de esperança, lembrando que é Deus “quem move a história, mesmo que por vezes pareça ausente ou distante. É o sol que aquece os torrões da terra e faz amadurecer a semente”. E o Papa deixou a sua mensagem final de reflexão:

“Queridos irmãos e irmãs, em que situação da vida nos chega hoje a Palavra de Deus? Peçamos ao Senhor a graça de acolher sempre esta semente que é a sua palavra. E se percebermos que não somos solo fértil, não desanimemos, mas peçamos-Lhe que trabalhe mais em nós para nos tornarmos um solo melhor.”

 

Fonte: Andressa Collet – Vatican News

 

 

Seminaristas e Vida Religiosa realizam formação sobre Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis

Na manhã desta terça-feira, 20 de maio, a Comissão de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis da Arquidiocese de Manaus realizou uma formação no Seminário São José com todos os seminaristas diocesanos, religiosos e religiosas e das comunidades de vida. A formação foi conduzida por Pe. Gilson Pinto e Pietro Bianco Epis, com foco no “Decreto, Regulamento e Manual de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis”.

Causa permanente no Regional Norte 1

O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1) tem como causa permanente em suas Diretrizes para a Ação Evangelizadora o enfrentamento ao abuso sexual e a exploração de crianças e adolescentes. Uma urgência que tem avançado com passos concretos que ajudam a ir adiante no caminho percorrido pelo Regional e pelas nove igrejas locais que fazem parte dele.

Daí a importância da formação nesse campo com os seminaristas das Igrejas locais que fazem parte do Regional Norte 1, que realizam seu processo formativo no Seminário São José da Arquidiocese de Manaus. O conhecimento dessa realidade representa um elemento fundamental dentro do processo de formação. Daí o empenho da equipe formativa e do reitor, padre Pedro Cavalcante.

Encontros em todos os níveis

O encontro faz parte dos muitos encontros que vem sendo realizados no Regional Norte 1 da CNBB, nas comunidades, paróquias, prelazias, dioceses, movimentos e pastorais. Dentre eles, cabe lembrar o encontro realizado na quinta-feira 15 de maio de 2025 com as atendentes das áreas missionárias e paróquias da Arquidiocese de Manaus, com a assessoria do padre Flávio Gomes dos Santos, Karen Lima do Amaral e Pietro Bianco Epis.

Nesse encontro, além de ser trabalhado o “Decreto, Regulamento e Manual de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis”, foi abordada a questão dos sinais nas crianças que são abusadas, temática que foi aprofundada pela psicóloga Karen Lima do Amaral.

Mais um passo para a Comissão de Escuta e Proteção Crianças, Adolescentes e pessoas Vulneráveis do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que ao longo do ano 2025 vai atingindo todos os níveis: casas religiosas, escolas, diáconos, presbíteros, buscando a orientação diante dessa realidade, segundo afirmou o padre Flávio Gomes dos Santos.

Luis Miguel Modino

Encontro da RUC: “Educar para o cuidado, gerar propostas concretas para organizar a esperança”

Em clima sinodal, buscando caminhar juntos, está sendo realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), de 20 a 24 de maio de 2025, o II Encontro Sinodal de Reitores Universitários para o Cuidado da Casa Comum, com o apoio da Pontifícia Comissão para a América Latina (PCAL). Um encontro realizado em coordenação com o Dicastério para a Cultura e a Educação, o Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (CELAM), a Caritas América Latina e Caribe, a Associação de Universidades Confiadas à Companhia de Jesus na América Latina (AUSJAL) e o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI).

Dívida Ecológica e Esperança Pública

O encontro tem como tema “Dívida Ecológica e Esperança Pública” e comemora o 10º aniversário da Laudato si’. Em vista de preparar a COP 30, conta com representantes de universidades das Américas, Espanha, Portugal e Reino Unido. O objetivo é “organizar a esperança” e, para isso, durante cinco dias haverá um diálogo sinodal sobre os quatro sonhos propostos pelo Papa Francisco na exortação apostólica “Querida Amazônia”, que incorpora os debates sobre Dívida Pública e Esperança Pública.

Para isso, será seguido o método de ver, discernir e agir, com palestras que motivarão o discernimento em pequenos grupos com base no método sinodal. Isso busca assumir a responsabilidade e trabalhar seriamente para mudar o curso do desenvolvimento, como disse o secretário executivo da RUC, Francisco Piñón. Tudo isso em um congresso onde “estamos fazendo um evento político, estamos nos posicionando”, nas palavras do reitor da PUC-Rio, Anderson Pedroso.

O jesuíta compartilhou os passos que estão sendo dados nesta universidade por meio do Projeto Amazonizar, que envolve entender a lógica, a complexidade e a potência da ecologia integral a partir da perspectiva da Querida Amazônia e seus quatro sonhos, com foco no sonho eclesial, renomeado como sonho comunitário, entendendo que a comunidade, mais do que somar forças, é um espaço de entrega de cada indivíduo, “retirando um pouco de si para dar espaço ao que é comum”. Tudo isso porque “o lugar da esperança é a comunidade, um lugar para algo novo nascer”.

Homenagem ao Papa Francisco

Um encontro que é uma homenagem ao Papa Francisco, como disse Agustina Rodríguez Saa, Reitora da Universidade Nacional de Comechingones e Presidente da Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum da Argentina. O Papa Francisco é visto como alguém que deixa “uma palavra que irá inspirar e guiar aqueles de nós que acreditam que outra forma de habitar a Terra é possível”. Recordando o chamado a ser ponte que Leão XIV pede, ela pediu para organizar a esperança nas universidades em três níveis: internamente, a partir do aprofundamento da interdisciplinaridade e do diálogo dos saberes; ser comunidade em rede, a partir da diversidade, com pluralidade de vozes unidas sob uma preocupação comum, o cuidado da nossa casa comum e a criação de novos espaços; construindo pontes entre ciência e política, entre academia e sociedade, entre Norte e Sul.

O objetivo é refletir, dialogar e sonhar com novos caminhos para o cuidado da nossa casa comum, segundo o Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta. Mas também para tomar consciência de que “não estamos sozinhos, que precisamos uns dos outros”, como recordou o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, Cardeal José Tolentino de Mendoça. Ele fez isso refletindo sobre os desafios, os valores a serem promovidos e os recursos disponíveis, servindo como pontes.

Ideias presentes na mensagem do Papa Leão XIV, que destacou a importância do Congresso como “um trabalho sinodal de discernimento em preparação à COP30” e um espaço para “refletir juntos sobre uma possível remissão entre a dívida pública e a dívida ecológica, proposta que o Papa Francisco havia sugerido em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz”. Para isso, ele encorajou os reitores “nesta missão que assumiram: ser construtores de pontes de integração entre as Américas e com a Península Ibérica, trabalhando pela justiça ecológica, social e ambiental”.

Coordenação Comunitária Internacional

Um caminho que exige a constituição de uma “Coordenação Comunitária Intercontinental para o Desenvolvimento Sustentável“, tema da conferência de abertura, da qual participaram Román Ángel Pardo Manrique, decano de Teologia da Universidade de Salamanca e diretor da Subcomissão Episcopal de Caridade e Ação Social da Conferência Episcopal Espanhola, e Jorge Calzoni, reitor da Universidade de Avellaneda, na Argentina.

Uma reflexão que busca como ser uma comunidade organizada, tendo consciência das dificuldades de organizar a esperança. Para isso, é preciso ir além dos pequenos grupos e educar para o cuidado, gerando propostas concretas para organizar a esperança como RUC. Isso deve levar a uma reflexão sobre o peso da dívida externa dos países, transformando o peso da dívida em um recurso educativo para gerar uma cultura do encontro. Uma reflexão que ofereceu ferramentas para o trabalho em grupo, que juntos contribuíram com elementos para ajudar a desenvolver um documento para a COP30.

Um caminho do Rio para Belém

Este documento é um caminho, o caminho do Rio a Belém, do congresso da RUC à COP30. Não podemos esquecer que as universidades são “uma interface entre a base e os órgãos governamentais”, como destacou Mauricio López Oropeza, diretor do Programa Universitário da Amazônia (PUAM). Um caminho para Belém, que seja um caminho para a periferia, para os excluídos, a longo prazo e com participação popular efetiva.

Construindo pontes, como está sendo feito na Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, de acordo com seu representante no congresso, Christopher Ljungquist. Pontes que levem a Doutrina Social da Igreja aos políticos americanos, trazendo a periferia para o centro para que a periferia possa falar por si mesma, buscando fazer a ponte entre as ideias e a realidade, tarefa na qual a Igreja Católica se destaca.

De fato, afirmou Federico Montero, secretário organizacional da Federação Nacional de Professores Universitários (CONADU), a educação é uma ponte, e o papel do professor é construir essa ponte por meio do processo pedagógico. Para isso, é necessário criar laços comunitários que permitam fortalecer-nos mutuamente, garantir maior participação nos processos decisórios dos processos educativos e fomentar uma educação centrada no trabalho como categoria integral, humanística, com uma visão holística do indivíduo. Ele também reforçou a importância de percorrer o caminho, de entender que a Igreja Católica prepara o terreno para aqueles que conseguem chegar a acordos apoiados por atores sociais com capacidade de torná-los realidade no futuro.

Pontes de Integração, Reconciliação e Fraternidade

O objetivo é construir “Pontes de Integração, Reconciliação e Fraternidade”. Uma reflexão que resume os passos dados no primeiro dia do Congresso com Rita Gajate, Reitora da Universidade Católica de La Plata, e o Arcebispo de Lima, Cardeal Carlos Castillo. Um passo do caos para a ordem, da urgência para o trabalho, da crise para a esperança, como disse Gajate, “a crise não se resolve, ela se habita”.

Em um tempo de amor gratuito, o Cardeal Castillo propôs o avanço da humanidade em todas as suas dimensões, para o qual devemos enfrentar o desafio de reinserir as universidades nos processos da sociedade, nos movimentos invisíveis presentes na vida daqueles que sofrem, iniciativas que muitas vezes são esquecidas. Para isso, as universidades enfrentam o desafio de ir além da elaboração teórica e científica para promover novas formas de conhecimento, para revelar o Deus oculto, que escolhe por último, aqueles de quem Deus regenera a humanidade. Daí o apelo às universidades para que “bebam daquilo que não aparece”, diante de um poder político que não reconhece os problemas do povo.

Comunhão com os jovens

A reitora da Universidade de La Plata defendeu sua paixão por uma universidade: uma universidade aberta, extrovertida, que busque conhecimento, forneça soluções e contribua para um mundo melhor. Isso requer trabalhar em comunhão com os jovens, o que “pode rejuvenescer nossa maneira de ver as coisas”, valorizando os jovens a partir de uma síntese das diversas realidades presentes na sala de aula, com vistas a uma comunhão que leve a universidade a se tornar uma força na resolução dos problemas sociais, por meio do discernimento, da ação e da imaginação do possível.

A universidade deve nos ajudar a seguir em frente, argumentou o cardeal peruano, exortando-nos a ouvir atentamente as novas e complexas situações presentes na sociedade, especialmente entre os jovens. Daí a necessidade de apostar na compreensão dos jovens, de ter paciência e ajudar a sistematizar iniciativas, de promover a reflexão crítica e a sinodalidade, dado que só sairemos disto com o apoio de todos e através do diálogo, como caminho a seguir num mundo muito complexo.

Luis Miguel Modino