Cardeal Prevost – Leão XIV: Combate aos abusos e avanço na proteção dos vulneráveis

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Sobre a questão do abuso “há uma continuidade absoluta, embora com nuances, nos últimos quatro papas”, diz Jordi Bertomeu, Oficial do Dicastério para a Doutrina da Fé e Enviado Pessoal para Missões Especiais. Uma luta contra os abusos que o Cardeal Robert Prevost, agora Leão XIV, assumiu, sem sombra de dúvida. São inaceitáveis as tentativas de difamá-lo e colocar em dúvida sua integridade, originadas em círculos próximos ao Sodalicio de Vida Cristã, com a colaboração da mídia relacionada, que chegou ao ponto de entrar nas congregações gerais antes do Conclave e assediar o então Cardeal Prevost.

Medidas pastorais e não canônicas

De acordo com Bertomeu, na década de 1980, a Igreja na América do Norte percebeu que o direito penal canônico, embora consagrado no Código de Direito Canónico de 1983, não estava sendo aplicado. Desde o Concílio Vaticano II, optou-se por resolver problemas graves de indisciplina com medidas “pastorais”, distinguindo-as das “canônicas”. Na maioria das dioceses, havia uma falta de estrutura judicial e de pessoal treinado, algo que foi percebido pelo então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Ratzinger, a partir das visitas ad limina de bispos do mundo de língua inglesa e da Europa Central. Particularmente nos Estados Unidos, os bispos costumavam resolver os problemas causados por padres pedófilos fazendo acordos financeiros com as vítimas, mas logo perceberam que era quase impossível remover esses padres e diáconos do estado clerical.

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Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores e Vulneráveis

Após o pontificado de Bento XVI, veio um papa latino-americano. Francisco, assim que chegou, deu um passo adiante e criou a Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis. Isso mostra que a Igreja leva o abuso a sério.

Um divisor de águas ocorreu em 2018, com a crise que eclodiu no Chile. Lá, o Papa descobriu que, além do abuso, havia em muitos lugares um problema de encobrimento por parte de alguns bispos. Francisco, depois de conhecer pessoalmente as três vítimas de Karadima, reagiu pessoalmente. Como admitiu mais tarde a um jornalista, ele havia se convertido. Ele enviou o bispo Scicluna e o bispo Bertomeu ao Chile para investigar. Mais tarde, eles seriam seus olhos e ouvidos em muitas outras missões especiais.

Em sua Carta ao Povo de Deus de 20 de agosto de 2018, Francisco colocou todos os abusos na Igreja no mesmo nível de compreensão: sejam eles sexuais, de poder ou de consciência. Depois, em fevereiro de 2019, ele também convocou os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo em Roma, talvez em uma tentativa de fazer com que toda a Igreja deixasse de ser “surda” aos abusos e reagisse imediatamente, tomando o partido das vítimas. Três temas foram abordados: transparência, responsabilidade e prestação de contas.

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Evitando que as alegações caiam em ouvidos moucos

A partir dessa cúpula, Francisco deixou clara a necessidade de uma lei para evitar, de uma vez por todas, que as denúncias caiam em ouvidos moucos. O Papa percebe que existe uma lei, mas ela não é aplicada porque as denúncias não chegam ao público. Assim, em junho de 2019, foi emitido o Motu Proprio “Vos Estis Lux Mundi”, que obriga todas as dioceses do mundo a ter um escritório para receber, investigar e lidar com denúncias. Junto com isso, a responsabilidade criminal é estabelecida no caso de negligência no recebimento de reclamações.

Da mesma forma, o Papa percebe que esse problema não pode ser deixado apenas para a hierarquia. De fato, ele percebe que todo tipo de abuso, seja de consciência, espiritual ou sexual, é fruto do clericalismo e do elitismo, daqueles que se consideram uma casta com privilégios que ninguém lhes concedeu. Uma nova fase está iniciando, na qual os abusos estão começando a ser confrontados de forma sinodal. A razão para essa nova dinâmica está no fato de que Francisco, nas palavras de Bertomeu, “percebe que a Igreja tem sido surda à realidade do abuso, que o abuso nada mais é do que o poder exercido de forma tóxica”.

Abuso sexual e abuso de poder

De acordo com Bertomeu, “há abuso sexual porque há abuso de poder e esse é sempre um exercício tóxico de poder que, na Igreja, deveria ser puro serviço”. Diante disso, ele ressalta a necessidade de “todo o povo de Deus entrar em uma dinâmica de repensar como o poder é exercido na Igreja”, algo que deve ser feito não de forma ideológica, mas teológica, ou seja, pensando em si mesmo como um povo de batizados que se põe a caminho, desinstalando-se de seus confortos, para olhar suas vidas à luz do Espírito Santo como um lugar de revelação de um Deus que está próximo a eles. Dessa forma, consegue entender que é “todo o povo de Deus que participa da tomada de decisões, porque todos são batizados, porque todos participam do mesmo Espírito, mesmo que haja uma parte do povo de Deus que tenha recebido um carisma especial para conduzi-lo”, enfatiza Bertomeu.

Ele não tem dúvidas de que, diante dos abusos na Igreja, Leão XIV dará continuidade ao que Francisco tem feito. Ele dá como exemplo o que aconteceu com o Sodalício, onde “o problema não é tanto o abuso sexual de menores, mas um abuso de poder e de consciência de adultos muito vulneráveis”. É por isso que, nos últimos anos, querendo combater todos os tipos de abuso, a Igreja “está entrando em uma nova dinâmica de maior e melhor tutela de todo o povo de Deus, mas especialmente dos mais vulneráveis”. Uma Igreja mãe e mestra, em vez de ser vista como uma organização criminosa, se levar a sério a gestão jurídica do abuso e sua prevenção, pode ser uma luz em um mundo onde há muito abuso. Mostrar que Deus, ao se encarnar, nos diz que “a chave para o poder é o amor, é o serviço, é a entrega radical aos outros: seu poder é o amor e, paradoxalmente, é quando você está mais vulnerável”.

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Falsas acusações do Sodalício

As falsas acusações contra Leon XIV de ter encoberto abusos na diocese de Chiclayo (Peru), foram promovidas pelo Sodalício a partir de maio de 2024. Essa poderosa instituição no Peru, com uma estrutura empresarial muito poderosa, redes e imunidade quase total, não ficou parada quando foi ameaçada pela “Missão Especial Scicluna-Bertomeu” que o Papa enviou ao Peru em julho de 2023. Após a denúncia dos jornalistas Salinas e Ugaz, envolvendo até mesmo o então arcebispo de Piura, José Antônio Eguren, ele os processou em 2018 e eles estavam quase prestes a ir para a cadeia. Isso não aconteceu devido ao apoio de quatro bispos peruanos, incluindo o bispo Prevost.

Em 10 de novembro de 2022, uma dessas jornalistas, Paola Ugaz, foi recebida em audiência por Francisco e explicou a ele o tipo de pressão que estavam recebendo do Sodalício. Isso levou o papa a enviar a “missão pessoal” especial mencionada acima ao Peru, composta por Scicluna e Bertomeu, para reunir evidências objetivas sobre o que os jornalistas estavam dizendo, para ouvir as vítimas com empatia. O fruto das informações coletadas foi o pedido de renúncia que o Prefeito dos Bispos, Cardeal Prevost, fez ao Bispo Eguren, com base em evidências objetivas. Um processo no qual o arcebispo de Piura foi ouvido e pôde se defender.

Acusações de um ex-agostiniano ao Cardeal Prevost

É curioso que, três semanas depois, um ex-agostiniano, Ricardo Coronado, sacerdote incardinado no Peru, na diocese de Cajamarca, mas que estava em Colorado Springs há mais de 20 anos, muito próximo do Sodalício de Denver (EUA) e com um processo canônico aberto contra ele perante o Dicastério do Clero por crimes contra o sexto mandamento, se oferece a algumas vítimas em Chiclayo que disseram que quando Dom Prevost era bispo ali, ele não investigou o caso delas e foi negligente, acusando o atual pontífice de ter encoberto casos de abuso. A estratégia de Coronado não era tanto promover um suplemento investigativo, mas divulgar na mídia que o cardeal Prevost havia acobertado, o que parecia ser uma simples vingança organizada pelo Sodalício. Não só isso: com essa difamação, eles estavam basicamente pressionando a Missão Especial a interromper sua investigação.

O cardeal Prevost seguiu em todos os momentos, como afirmou o atual bispo de Chiclayo, os protocolos do Vaticano: investigou, enviou a denúncia a Roma, incentivou as vítimas a apresentarem uma denúncia civil e ofereceu-lhes assistência psicológica. As vítimas levaram o caso à promotoria pública e o bispo Prevost, em acordo com Roma, decidiu esperar a conclusão da investigação civil.

Nesse sentido, Bertomeu afirma que “a investigação civil sempre tem mais chance de chegar à verdade porque tem os meios”. A queixa era contra um padre que tinha boa reputação na diocese e que não tinha registro criminal. O problema surgiu quando o caso foi encerrado pelo sistema de justiça civil, o que aconteceu uma semana antes de cardeal Prevost assumir seu novo cargo como Prefeito do Dicastério dos Bispos em Roma, em abril de 2023, embora ele soubesse da nomeação três meses antes.

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Supressão do Sodalício

As vítimas trouxeram tudo isso à tona novamente na mídia no final de 2023. Então, em maio de 2024, Ricardo Coronado se ofereceu para representá-las e atacou diretamente o Cardeal Prevost. O resto é história conhecida. De fato, as investigações realizadas pela “Missão Especial” levaram à supressão do Sodalício e, é claro, a todos os tipos de pressão contra o cardeal Prevost e o próprio Bertomeu.

“Basicamente, o que sempre me magoou nessa situação foi a instrumentalização das vítimas. Em nenhum momento Coronado ou os líderes do Sodalício que adotaram a estratégia de manchar o arquivo de cardeal Prevost pensaram nelas ou em defendê-las”, conclui Bertomeu. Em 8 de maio de 2025, quando o cardeal Prevost, atacado e vilipendiado até o último momento, apareceu na Loggia das Bênçãos como o novo Papa Leão XIV, Deus mais uma vez mostrou sua maneira irônica de lidar com a história.

Fonte/créditos: CNBB – Regional Norte 1 – Luis Miguel Modino

Programação de Nossa Senhora de Fátima – Diocese de Roraima

📍 Locais das Celebrações

Confira os endereços onde acontecerão as missas e procissões em honra a Nossa Senhora de Fátima

Área Missionária Santa Rosa de Lima – Nossa Senhora de Fátima

📌 Endereço: Rua Rio Guaíba, 511 – Bela Vista, Boa Vista – RR

Área Missionária São Raimundo Nonato

📌 Endereço: Rua Boreal, 604 – Jardim Equatorial, Boa Vista – RR

Paróquia Frei Galvão

📌 Endereço: Av. Abrahão Felix Lima, 95 – Jardim Tropical, Boa Vista – RR

Área Missionária São João Batista

📌 Endereço: BR 174 – Monte Cristo II, Boa Vista – RR

Paróquia Nossa Senhora de Fátima – Mucajaí

📌 Endereço: Av. Nossa Senhora de Fátima, 212 B – Centro, Mucajaí – RR

Santuário Nossa Senhora Aparecida

📌 Endereço: Rua Roberto Costa, 519 – Bairro Aparecida, Boa Vista – RR

Comunicadores do Regional Norte 1 unidos para fortalecer participação no 14º Muticom e organizar a comunicação regional

Representantes da comunicação das igrejas que integram o Regional Norte 1 (Amazonas e Roraima) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reuniram-se online no dia 7 de maio para definir estratégias de mobilização e incentivar a participação de comunicadores no 14º Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom), agendado para Manaus (AM) de 25 a 27 de setembro de 2025. O encontro também proporcionou um diálogo sobre a articulação da comunicação no âmbito regional.

Nove igrejas locais

O Regional Norte 1 é organizado pela Arquidiocese de Manaus (AM) e pelas Dioceses do Alto Solimões, Coari, Parintins, São Gabriel da Cachoeira, Borba e Roraima. A circunscrição eclesiástica também abrange as Prelazias de Itacoatiara e Tefé, totalizando nove igrejas locais distribuídas nos estados do Amazonas e Roraima.

Durante a reunião, os comunicadores dialogaram formas de divulgar o 14º Muticom e motivar a participação de agentes de pastoral, radialistas, jornalistas, influenciadores digitais, estudantes e pesquisadores da área de comunicação e todos aqueles que atuam na comunicação a serviço da evangelização.

Qualificação e troca de conhecimentos

importância da qualificação e da troca de conhecimentos para articular a comunicação nas igrejas locais na Amazônia e em Roraima também foi um ponto de diálogo.

O 14º Muticom, com sua temática “Comunicação e Ecologia Integral: transformação e sustentabilidade justa”, ressoa profundamente com a realidade do Regional Norte 1, marcado por sua riqueza ímpar, desafios socioambientais e a cultura potente.

Organização da comunicação no Regional

Segundo o bispo auxiliar de Manaus e referente da comunicação no Regional Norte 1, dom Zenildo Lima, destacou a necessidade de transformar as iniciativas comunicativas nas igrejas locais “numa ferramenta mais sistematizada, quer dizer, esse levantamento do que existe de articulação da comunicação em nossas igrejas locais, poderíamos documentá-lo”. Para isso, ele sugeriu a possibilidade de um pequeno texto que recolha o que cada igreja local tem com relação à comunicação: PASCOM, Rádio, Assessoria de comunicação ou simplesmente um compartilhamento de informações.

Junto com isso, destacou a possibilidade de “progressivamente ir nos apropriando do que nós temos como referencial teórico. A dinâmica de comunicação, que recolhe o Diretório de Comunicação da Igreja do Brasil, ele parece bastante conceitual, mas ele nos ajuda muito a filtrar, a ter elementos que nos fazem organizar melhor essa dinâmica de comunicação”.

O bispo auxiliar de Manaus também falou da questão da articulação, buscando “como é que a partir de nós podemos ir articulando melhor a comunicação nas igrejas locais. E depois qual a possibilidade de uma articulação entre nós como grupo de responsáveis pela comunicação a partir das igrejas locais”. Finalmente, dom Zenildo Lima falou sobre a necessidade de estabelecer linhas de comunicação para a igreja do Regional Norte 1. Passos que paulatinamente devem ir avançando.

Fonte Créditos: CNBB NORTE 1 – Osnilda Lima / Luis Miguel Modino

Conclave, o juramento de funcionários e assistentes

Imagem: Vatican News

Na Capela Paulina, na tarde de segunda-feira, 5 de maio, aqueles que estarão envolvidos no Conclave prestaram juramento, conforme previsto pela Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis. Entre eles, os cerimoniários pontifícios, os funcionários da sacristia e da limpeza, os médicos, enfermeiros, os confessores.

Vatican News

“Prometo e juro observar o segredo absoluto com quem quer que seja que não faça parte do Colégio de Cardeais eleitores, e isso perpetuamente, a menos que receba uma faculdade especial dada expressamente pelo novo Pontífice eleito ou por seus Sucessores, em relação a tudo o que diz respeito direta ou indiretamente à votação e aos escrutínios para a eleição do Sumo Pontífice”.

Absoluto segredo também no futuro sobre o que se realiza na Cidade do Vaticano, durante o Conclave, e em particular sobre o que “tem relação com as operações ligadas à eleição” do Papa; respeito à proibição de instrumentos de gravação de áudio e vídeo, sob pena de excomunhão latae sententiae reservada à Sé Apostólica. Esse é o conteúdo do juramento feito esta segunda-feira, 5 de maio, que ocorreu na Capela Paulina, conforme exigido pela Universi Dominici Gregis, a Constituição Apostólica promulgada pelo Papa João Paulo II em 22 de fevereiro de 1996. O juramento foi feito por “todos aqueles que desempenharão funções no próximo Conclave, tanto eclesiásticos quanto leigos, aprovados pelo cardeal camerlengo e pelos três cardeais assistentes”.

Além do secretário do Colégio cardinalício e do mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, dom Diego Ravelli, estavam presentes 7 cerimoniários pontifícios; o eclesiástico escolhido pelo cardeal que preside o Conclave para ajudá-lo em sua função; dois religiosos agostinianos encarregados da Sacristia Pontifícia; os religiosos de vários idiomas para confissões; os médicos e enfermeiros; os ascensoristas do Palácio Apostólico; o pessoal encarregado do refeitório e dos serviços de limpeza; o pessoal da Floricultura e dos Serviços Técnicos; as pessoas encarregadas do transporte dos eleitores da Casa Santa Marta para o Palácio Apostólico; o coronel e um major da Guarda Suíça Pontifícia, encarregados da vigilância perto da Capela Sistina; o diretor dos Serviços de Segurança e da Proteção Civil do Estado da Cidade do Vaticano com alguns de seus colaboradores.

Depois de serem instruídos sobre o significado do juramento, todos eles pronunciaram e assinaram pessoalmente a fórmula prescrita, diante do cardeal Kevin Joseph Farrell, camerlengo da Santa Igreja Romana, e de dois protonotários apostólicos de Números Participantes como testemunhas.

Fonte/Créditos: Vatican News

Um Papa sem medo de sujar seus sapatos

A cada dia que passa, o ritmo cardíaco vai acelerando. A poucos dias do início de um Conclave incerto, embora haja nomes circulando, fala-se mais de atitudes, de maneiras de entender a Igreja e o papado. As poucas informações que saem da Sala do Sínodo, onde ocorrem as congregações gerais, dão origem a indagações, embora também possamos dizer que elas nos levam a sonhar.

A missão é fundamento da Igreja

Há elementos que não podem ser ignorados; eles são fundamentais para ser uma comunidade de discípulos e discípulas. Ninguém pode ignorar o fato de que a missão é o alicerce da Igreja. O mandamento de Jesus aos seus discípulos, incluindo todos nós que somos ou queremos ser hoje, obviamente todos os cardeais e o possível Papa, é “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”.

Pode ser usado o argumento de que todos os cardeais consideram a missão como algo fundamental em suas vidas, mas quando se fala em missão, pensa-se em realmente ir até os confins da terra. Trata-se de chegar às periferias, como Francisco tanto disse, especialmente naqueles lugares onde você suja os sapatos e entre aqueles com quem você pode sujar as mãos.

Um Papa samaritano

Esse é um perfil que não falta entre os eleitores. Há vários cardeais sem pompa, homens simples que já percorreram muitos quilômetros em estradas empoeiradas, que nunca tiveram o menor receio de se misturar com os descartados, de levantar os vulneráveis, de se mostrar samaritanos. Para que a misericórdia se torne carne, estender a mão aos pequenos é uma premissa necessária.

Estamos saindo de um papado que é acusado de não ter olhado para a parte interna, para a estrutura eclesiástica. Algo que, por outro lado, Francisco nunca escondeu, pois optou por uma Igreja em saída, uma Igreja pobre e para os pobres. Admitindo a possibilidade de um papado mais equilibrado, seria um erro alguém se preocupar demais com o bem-estar da Igreja, com a estrutura, com o que está dentro, com a sacristia. Não podemos nos esquecer de que o testemunho é válido quando deixamos transparecer as atitudes de Jesus de Nazaré.

Uma Igreja que não tem medo de se expor

Uma Igreja e um Papa com sapatos sujos nos ajudam a tornar presente Aquele que andou pelos caminhos da Galileia, que saiu para encontrar as pessoas, que não ficou trancado em sua zona de conforto. Uma Igreja que se coloca em campo aberto, que assume riscos, movida por sua confiança no Senhor, para ir aonde a maioria não quer ir, aonde o medo não nos permite chegar.

As perguntas são claras: o estilo de vida de Francisco influenciará a escolha de seu sucessor? A Igreja em saída, pobre para os pobres, que suja e gasta seus sapatos, terá continuidade? É um tempo de oração, de espera pelo sopro do Espírito Santo. Mas sem ignorar o fato de que o próximo pontífice será aquele que obtiver dois terços dos votos dos 133 cardeais que entrarão na Capela Sistina na tarde de 7 de maio.

CNBB – Regional Norte 1 – Luis Miguel Modino

“Essas leis trazem sofrimento, mas a esperança dos povos permanece viva”, ressalta Diocese de Roraima durante Jubileu dos Povos Indígenas

O evento, realizado na TI Raposa Serra do Sol, reuniu povos originários de diversas regiões do estado, missionários, religiosas e representantes da Diocese de Roraima

Por assessoria de comunicação do Cimi, com informações da Rádio Monte Roraima

Entre 25 e 26 de abril, a Diocese de Roraima celebrou o Jubileu dos Povos Indígenas, com o tema “Somos peregrinos e peregrinas da esperança”. Realizado na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, o evento reuniu povos originários de diversas regiões do estado, missionários, religiosas e representantes de toda a Diocese de Roraima.

Dom Evaristo Spengler, bispo de Roraima, explicou que, na tradição judaico-cristã, o jubileu é um ano de libertação, de restauração. “Durante o ano jubilar, as dívidas dos pobres eram perdoadas, os escravos eram libertados e as terras que haviam sido vendidas por alguma necessidade eram devolvidas aos seus donos originários”.

“Muitas dessas terras foram invadidas por fazendeiros, por garimpeiros e por outros exploradores. Os indígenas que aqui viviam eram explorados como escravos. Perderam suas terras, seus direitos, sua liberdade. Esse jubileu de Roraima é real e tem um sentido profundo ao ser celebrado, essa terra em que nós pisamos é tradicionalmente dos povos indígenas”, ressaltou o bispo.

Durante o jubileu, Djavan André tornou-se o primeiro indígena a assumir a ordenação diaconal da Diocese de Roraima. Além da ordenação, o Jubileu foi espaço para manifestações culturais, danças, rezas tradicionais e relatos de luta e resistência. As comunidades presentes denunciaram ameaças aos seus territórios, impactos ambientais, desrespeito aos seus direitos e clamaram por justiça e paz para seus povos.

Na carta final do evento, a Diocese de Roraima afirma que a harmonia da Casa Comum foi rompida pelos projetos de conquista e colonização, causando violências, dor e extermínio.

“Denunciamos a tese do Marco Temporal, que ameaça os direitos indígenas. Esta tese impõe e viola conquistas históricas e a Constituição Federal. Temos como exemplo a proposta da PEC 48 e da Lei 14.701/23, atualmente em vigor. Some-se a isso a criação da Câmara de Conciliação e Arbitragem pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a questão. Ela ameaça retirar direitos e favorecer interesses econômicos. O nosso marco é ancestral!”.

Confira a carta final na íntegra:

CARTA DO JUBILEU DA ALIANÇA COM OS POVOS INDÍGENAS DE RORAIMA

“É um privilégio ter os povos indígenas em nossa Diocese” (Dom Aldo Mongiano)

No dia 24 de dezembro de 2024, o Papa Francisco deu início ao Jubileu da Esperança, um tempo de renovação da fé, da justiça e do cuidado com a criação. As palavras do Papa Francisco nos inspiram a “transbordar de esperança” (cf. Rm 15,13). Este Jubileu convida a viver a misericórdia, o perdão e a defesa da vida. É um chamado para devolver as terras aos povos originários, cancelar dívidas que oprimem os pobres e lutar pela libertação de todas as formas de escravidão (cf. Lv 25).

Os povos indígenas são guardiões das florestas, dos lavrados, bem como de tantos outros biomas. Vivem em harmonia com a Casa Comum. Exemplo disso é a importante liderança indígena e xamã, Davi Kopenawa, que recolhe os anseios de seu povo. Ele destaca em seus discursos que Omama, nome com o qual os Yanomami se referem ao criador e principal ancestral, criou e deu a floresta (urihi) a eles. Os Yanomami podem dispor de tudo o que precisam e têm a responsabilidade de cuidar da floresta. Há milênios, os indígenas protegem não apenas seus territórios, mas também o equilíbrio do planeta.

No entanto, o modelo econômico, que idolatra o lucro e o dinheiro, provoca uma ruptura. Os avanços da derrubada da floresta, da pecuária extensiva, do monocultivo, dos megaprojetos e da mineração ameaçam a sobrevivência dos povos indígenas e a de todos nós. A harmonia da Casa Comum foi rompida pelos projetos de conquista e colonização, realizados de modo cruel, causando violências, dor e extermínio.

Há 300 anos a Igreja em Roraima caminha ao lado dos povos indígenas, ouvindo seus clamores e sonhos. Juntos, construímos iniciativas que fortalecem suas comunidades: as cantinas (venda de produtos básicos a preços acessíveis) e o projeto M-Cruz (criação de gado), que garantem autonomia econômica; a formação em educação, saúde e gestão coletiva, que valoriza seus saberes; a luta pela demarcação de terras e a resistência contra invasões ilegais; o diálogo entre a fé cristã e as tradições indígenas, que cria pontes de respeito mútuo.

Denunciamos a tese do Marco Temporal, que ameaça os direitos indígenas. Esta tese impõe e viola conquistas históricas e a Constituição Federal. Temos como exemplo a proposta da PEC 48 e da Lei 14.701/23, atualmente em vigor. Some-se a isso a criação da Câmara de Conciliação e Arbitragem pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a questão. Ela ameaça retirar direitos e favorecer interesses econômicos. O nosso marco é ancestral!

Essas leis trazem dor e sofrimento, mas a esperança dos povos indígenas permanece viva. Eles clamam pelo respeito a seus territórios, culturas e modos de vida. Renovamos nossa aliança e convidamos todos a se unirem nesta luta:

• Exigindo a derrubada dessas leis injustas e tantas outras tentativas de retirada de direitos;

• Apoiando a demarcação de terras indígenas;

• Protegendo a floresta e seus guardiões.

A Páscoa de Cristo é a nossa ESPERANÇA, garantindo que a VIDA vence a morte. A cruz não O derrotou – Ele a venceu! Esta Esperança não pode ser silenciada! Celebrar este Jubileu reforça que a vida triunfa. Juntos, escrevemos uma história de justiça e de paz para os povos indígenas e para toda a humanidade. Unidos, lutemos pela justiça e pela vida, testemunhando a Páscoa!

Diocese de Roraima

Missão Surumu, Raposa Serra do Sol, 25 e 26 de abril de 2025.

Fonte/Créditos: CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO – CIMI

Sala Stampa divulga detalhes do pre-conclave que prepara eleição do sucessor de Francisco

As congregações gerais, onde os cardeais preparam o Conclave que será iniciado na tarde da quarta-feira, 7 de maio, continuaram com seus trabalhos nesta terça-feira. Estavam presentes 183 cardeais, de quais mais de 120 eleitores. Um dos participantes, que também irá entrar na Capela Sistina como eleitor, é o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 (CNBB Norte1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner.

133 cardeais eleitores na Capela Sistina

Segundo informou o diretor da Sala Stampa da Santa Sé, Mateo Bruni, dois cardeais eleitores, dos quais não foram revelados os nomes, não participarão do Conclave por motivos de saúde. Isso reduz o número de cardeais que irão entrar na Capela Sistina a 133, ficando sem contato com o mundo até a famosa fumata branca.

Na congregação geral desta terça-feira teve cerca de 20 intervenções, que foram precedidas pela reflexão espiritual de dom Donato Ogliari, abade da Basílica de São Paulo Fora dos Muros. As intervenções foram principalmente sobre a Igreja e sobre os desafios a serem enfrentados pelo sucessor de Papa Francisco. Foram intervenções de cardeais de diversas procedências geográficas, ressaltando a reflexão em torno que à resposta que a Igreja pode dar.

Agradecimento do Colégio Cardinalício

O Colégio Cardinalício decidiu enviar um comunicado ao mundo, às autoridades e ao povo de Deus, para agradecer pela participação e pela proximidade no momento da morte de Papa Francisco. Na mensagem aparece a “gratidão pela solidariedade demonstrada no momento de dor”, afirmando que a presença dos representantes do poder político mundial “foi particularmente apreciada como uma participação na dor da Igreja e da Santa Sé pela morte do Papa e como um tributo ao seu compromisso incessante em favor da fé, da paz e da fraternidade entre todos os povos da terra”.

Também agradecem a todos aqueles que trabalharam, afirmando “que contribuíram, com grande empenho e generosidade, para a preparação de tudo o que era necessário para as várias celebrações, reconhecendo que, graças ao seu trabalho, tudo ocorreu em ordem e tranquilidade”. Igualmente mostram “gratidão aos milhares de adolescentes e jovens que participaram do Jubileu no domingo, 27 de abril, demonstrando o rosto de uma Igreja viva com a vida de seu Senhor Ressuscitado, e a todo o povo de Deus que caminha com esperança rumo ao futuro”. 

Foram revelados detalhes do próximo Conclave, como o juramento do pessoal que irá ajudar: os enfermeiros, pessoal litúrgico, e outras pessoas, que será no 5 de maio. Igualmente foi anunciado que a Missa pro elegendo Pontífice será no dia 7 de maio às 10 da manhã, no horário de Roma, 4 da manhã em Manaus. No mesmo dia, às 16:30 será realizada a oração previa à entrada dos cardeais eleitores na Capela Sistina.

CNBB – REGIONAL NORTE 1 – Luis Miguel Modino

Cardeal Steiner pede a inspiração do Espírito Santo para dar à Igreja um Papa da paz, da esperança e da misericórdia

Um homem da paz, um homem da esperança, um homem da misericórdia. Esse é o Papa que o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner gostaria fosse eleito no Conclave que inicia na quarta-feira 7 de maio. Uma eleição que está sendo preparada nas congregações gerais que acontecem até dia 6 de maio e onde participam os membros do Colégio Cardinalício.

Um Papa para este tempo

São 134 eleitores, depois da renúncia a participar do cardeal Antônio Cañizares, arcebispo emérito de Valência (Espanha), por motivos de saúde, e da renúncia definitiva do cardeal Ângelo Becciu, segundo foi confirmado por fonte vaticanas. Para eles, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1) pede a inspiração do Espírito Santo, para que “possamos dar à Igreja um Papa nesse tempo em que nós vivemos”.

O cardeal Steiner disse que “as reuniões que antecedem ao Conclave estão caminhando muito bem”. Aos poucos os cardeais, tanto os eleitores, como os cardeais que já completaram 80 anos, que participam das congregações gerais, mas não entrarão na Capela Sistina na tarde de 7 de maio, vão partilhando suas reflexões em torno à situação atual da Igreja e à figura do futuro Papa.

Amor de Papa Francisco pela Amazônia

O arcebispo de Manaus participou das exéquias de Papa Francisco, realizadas na manhã do sábado 26 de abril, com a participação de 250 mil pessoas, além das mais de 150 mil que acompanharam o cortejo fúnebre no caminho da Praça de São Pedro até a Basílica de Santa Maria Maior, onde foi sepultado. Sobre a figura do último pontífice, o cardeal Steiner enfatizou mais uma vez, como ele vem fazendo desde o falecimento do Santo Padre que “Papa Francisco demostrou sempre um amor tão grande pela nossa querida Amazônia”.

Igualmente, o cardeal brasileiro, um dos sete eleitores brasileiros do próximo Papa, disse que “no momento da celebração lembrei de todos e todos os queridos irmãos no episcopado, de todas nossas comunidades, que tanto receberam do Papa Francisco”. Finalmente, o arcebispo de Manaus pediu “que ele do céu nos acompanhe e que Deus abençoe a todos nós”.

CNBB – REGIONAL NORTE 1 – Luis Miguel Modino

Roraimense relembra encontro com papa: ‘Estendeu a mão para me cumprimentar’

Papa Francisco cumprimenta Elizabeth Vida durante missa no Vaticano; roraimense participou de processo de canonização de José Allamano (Fotos: Arquivo pessoal)

A roraimense Elizabeth Vida, 67, relembrou o único encontro que teve com o papa Francisco. Em outubro passado, ela foi convidada a participar da Santa Missa de Canonização, no Vaticano, pelo Instituto Missões Consolata, por ter integrado a equipe que ajudou a canonizar o padre italiano José Allamano (1851-1926).

Durante o evento, a secretária voluntária da Diocese de Roraima integrou o ofertório ao pontífice e esteve de frente com ele, ladeada por um queniano.

“Isso foi uma honra, me senti muito abençoada, porque eu queria dar um abraço, mas a gente sabe que é difícil demais e muito complicado. Mas ele cumprimentou meu parceiro, fizemos oferenda pra ele e ele esticou a mão direita pra me cumprimentar. Era tudo que eu queria”, rememorou ela, que também disse ter ficado muito próxima do papa João Paulo II, em outubro de 1990, enquanto foi romeira na missa que beatificou Allamano. “São momentos únicos em nossas vidas. Quanto privilégio tive, tenho que ser grata a Deus”.

Na missa de outubro passado, Allamano foi canonizado após ser atribuído a ele um suposto milagre da salvação da vida de um indígena yanomami vítima de um ataque de onça, no dia 7 de fevereiro de 1996, na Terra Indígena Yanomami.

Com a caixa craniana gravemente ferida, Sorino Yanomami foi levado para hospitalização em Boa Vista. Irmãs missionárias da Consolata intercederam ao fundador desta instituição, no primeiro dia da novena dedicada a Allamano.

Sorino se recuperou em poucos meses e ainda hoje vive em sua comunidade indígena. O processo de canonização foi concluído em 23 de maio de 2024, com a aprovação do decreto que reconheceu o milagre.

Nesse processo, Elizabeth Vida, que trabalha na Diocese de Roraima desde 1983, foi responsável pelas pesquisas e transcrições dos depoimentos das testemunhas do ataque a Sorino e do suposto milagre.

Morte do papa

O argentino Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, morreu na segunda-feira (21), aos 88 anos, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) seguido de insuficiência cardíaca. Ele liderou a Igreja Católica por 12 anos. O velório do pontífice será encerrado nesta sexta-feira (25) e o funeral está marcado para esse sábado (26).

Elizabeth Vida encarou a morte do papa com naturalidade, uma vez que ele já se preparava para este momento. “Estamos aceitando numa boa, não temos o que fazer. Vamos torcer para que saia logo o próximo papa, que a gente não sabe quem será”.

Fonte/Crédito: Lucas Luckezie – Folha de Boa Vista

Diocese de Roraima denuncia ameaças aos povos indígenas e lança Carta do Jubileu na Raposa Serra do Sol

Carta divulgada em evento no Surumu critica modelo econômico e a tese do marco temporal.

Neste sábado, 26 de abril, no último dia das celebrações do Jubileu dos Povos Indígenas, a Diocese de Roraima lança oficialmente a Carta do Jubileu da Aliança com os Povos Indígenas de Roraima. O evento acontece na Missão Surumu, localizada na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e marca um importante gesto de compromisso e apoio da Igreja junto às causas dos povos originários.

A celebração contou com a presença de importantes autoridades civis e religiosas, entre elas: Prefeito de Pacaraima, waldery d’avila sampaio e a primeira-dama Lira Ferreira; Prefeito de Uiramutã,  Tuxaua Benisio ; Presidente da Funai, Joenia Wapichana; Monsenhor Gonzalo Ontiveros, Bispo do Vicariato de Caroní, na Venezuela, acompanhado de uma delegação de padres venezuelanos; Irmã, Lenir, provincial das irmãs Cristo Rei; Além de representantes da pastoral indigenista e do Cimi. 

Inspirado pelo Jubileu da Esperança, proclamado pelo Papa Francisco em dezembro de 2024, o Jubileu dos Povos Indígenas em Roraima é um tempo de renovação da fé, da justiça e do cuidado com a criação. Em sua carta, a Diocese reafirma seu compromisso histórico com a defesa dos povos indígenas, destacando a importância de fortalecer suas comunidades, respeitar seus direitos territoriais e lutar contra iniciativas que ameaçam suas conquistas, como a tese do marco temporal e a PEC 48.

A Carta do Jubileu também denuncia as ameaças impostas pelo atual modelo econômico, que privilegia o lucro em detrimento da vida dos povos indígenas e da preservação da Casa Comum, e reforça o chamado à luta:

  • Pela derrubada das leis injustas;
  • Pelo apoio à demarcação de terras;
  • Pela proteção das florestas e dos guardiões da natureza.

Durante a programação, o Bispo de Roraima, Dom Evaristo Pascoal Spengler, falou sobre a dimensão e o impacto desse Jubileu para Roraima e para o Brasil:

“Esse Jubileu dos Povos Indígenas aqui em Roraima repercutiu não só no nosso Estado, não só na nossa Igreja, mas repercutiu em outros ambientes aqui do nosso país. Todos estão rezando conosco, muitas pessoas que conhecem Roraima estão rezando por esse momento, para que a Igreja seja cada vez mais fiel a esse chamado de caminhar na aliança com os povos indígenas, dessa Igreja que quer, de fato, testemunhar o serviço e escutar também aquilo que as lideranças indígenas, os mais sábios do povo, os anciãos, têm a nos dizer.
Um jubileu é esse momento de retomar a vida de uma outra forma, seja religiosamente, seja socialmente. O jubileu significa um perdão de dívidas, acabar com todo tipo de escravidão, significa devolver a terra aos nossos povos indígenas. Isso significa que agora continuaremos pela luta contra o marco temporal que quer ameaçar o direito dos povos indígenas à sua terra, e muitos que perdem a terra vão voltar a ser escravos dos fazendeiros, dos garimpeiros.
Queremos um ano de graça, de liberdade e de paz para o nosso povo. Que essa paz perdure para sempre.”

A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, também esteve presente e ressaltou a importância histórica do momento para os povos indígenas de Roraima:

“Esse é um momento histórico para a Diocese e para os povos indígenas de Roraima, aqui no Centro do Surumu. É a história de vida dos povos indígenas que completa 48 anos de decisão, de assembleia, de comemoração do Tuxaua Ashasi e de grandes lideranças que sempre lutaram pela vida e pelos direitos constitucionais. Estou aqui como presidente da Funai, a convite dos povos indígenas e da Diocese de Roraima, para registrar que estamos em outros tempos, 48 anos depois, mas seguimos na mesma aliança e no mesmo objetivo: defender a vida e os direitos dos povos indígenas.”

A Diocese de Roraima, há mais de 300 anos, caminha junto aos povos indígenas em seu processo de resistência, autonomia e defesa da dignidade, reafirmando que “unidos, lutamos pela justiça e pela vida, testemunhando a Páscoa!”

Confira a carta na íntegra

 FONTE/CRÉDITOS: Dennefer Costa – Rádio Monte Roraima FM