A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua Presidência, publicou na sexta-feira, 20 de setembro, uma nota sobre os eventos climáticos extremos. No documento, a CNBB aponta que “a gravidade deste momento exige de todos coragem, sensatez e pronta correção de rumos”.
A nota chama a atenção para as alterações no clima que ultimamente tem mudado numa velocidade impressionante. A enchente no sul do país, uma das maiores secas em amplo território nacional e o aumento assustador de queimadas são sintomas desta mudança apontada pela Conferência.
“Aproximando-nos da festa de São Francisco de Assis, somos instados a reconhecer o momento crucial e decisivo para a proteção do equilíbrio ambiental e climático em todo planeta”, diz um trecho do documento.
Proteção dos Biomas
A nota afirma ainda que os povos e comunidades que mais demonstram habilidade e cuidado na proteção dos biomas são, paradoxalmente, os mais ameaçados e desconsiderados. A nota aponta a urgência dos poderes públicos adotarem intervenções rápidas, eficazes e estruturadas para enfrentar os eventos climáticos e garantir o cumprimento da legislação, fiscalização e punição dos culpados e investimento em prol de políticas ambientais que promovam os direitos de toda Criação.
A CNBB se solidariza com todas as vítimas de eventos climáticos extremos no país e conclama o povo brasileiro à corresponsabilidade, compromisso e o cuidado com a Casa Comum. Confira, abaixo, a íntegra da nota.
75 representantes dos diversos regionais da Conferência Nacional dos bispos do Brasil (CNBB), dentre eles a psicóloga Maria de Nazaré Souza Gomes Castro, que acompanha os seminaristas do Seminário Arquidiocesano São José, onde se formam os seminaristas do Regional Norte1, e o bispo de Parintins e membro da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, dom José Albuquerque de Araújo, participaram de 20 a 22 de setembro de 2024, do Encontro Nacional de atualização para psicólogos, realizado em Guarulhos (SP).
Realizado pela Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (OSIB Nacional), tem como tema “A Contribuição da Formação Humano-Afetiva para a dimensão pastoral dos futuros presbíteros”. Um encontro anual que, cada ano aborda uma das dimensões da formação, e que neste ano está centrado na dimensão pastoral do processo formativo.
O encontro tem sido assessorado pelo bispo de Santo Amaro (SP), dom José Negri, doutor em Psicologia, e pelo padre Henrique Batista, da diocese de Osasco (SP), também doutor em Psicologia. Segundo dom José Albuquerque de Araújo, ambos refletiram sobre a importância da formação humano-afetiva, de modo especial, a atuação e acompanhamento dos psicólogos e psicólogas nas diversas etapas”.
O bispo de Parintins considera o resultado muito proveitoso, destacando que “estamos, a partir deste ano, refletindo nesses encontros quais situações precisa melhorar nas nossas Diretrizes para a formação presbiteral no Brasil”, a partir do Documento 110 da CNBB. O bispo lembra que, a partir do ano que vem, essas Diretrizes vão ser revisadas, uma vez que o tempo ad experimentum do texto já foi ultrapassado.
Nessa perspectiva, buscando aprovar as Diretrizes, esses encontros servem para poder refletir sobre o acompanhamento dos psicólogos, procurando ouvir contribuições para a melhoria desse texto, afirmou dom José Albuquerque de Araújo.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
São Pio nasceu em 25 de maio de 1887, no seio de uma família de camponeses, em Pietrelcina, na arquidiocese de Benevento, filho de Grazio Forgione e Maria Giuseppa De Nunzio.
Ele foi batizado no dia seguinte com o nome de Francesco Forgione. Aos 12 anos, recebeu o sacramento da Confirmação e da Primeira Comunhão. Aos 16 anos, entrou para o Noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em Morcone, adotando o nome de Frei Pio.
Vida Sacerdotal
Em 1910, recebeu a ordenação sacerdotal. Seis anos depois, entrou para o Convento de Santa Maria das Graças, em San Giovanni Rotondo, onde dedicava muitas horas do dia ao sacramento da Confissão. O cume das suas atividades pastorais era a celebração da Santa Missa. Ele se definia “um pobre frade que reza”. “A oração – afirmava – é a melhor arma que temos, é a chave que abre o coração de Deus”.
Vocação
Padre Pio viveu em plenitude a vocação de contribuir para a redenção do homem, segundo a missão especial que caracterizou toda a sua vida e que realizou por meio da direção espiritual dos fiéis, pela reconciliação sacramental dos penitentes e pela celebração da Eucaristia. O momento mais alto de sua atividade apostólica foi aquele em que celebrou a Santa Missa. Os fiéis que dela participaram perceberam o ápice e a plenitude de sua espiritualidade.
Caridade
O amor de Deus o encheu, satisfazendo todas as suas expectativas; a caridade era o princípio inspirador de seus dias: Deus ser amado e ser amado. Sua preocupação particular: crescer e fazer crescer na caridade.
Ele expressou o máximo de sua caridade para com o próximo, ao acolher, por mais de 50 anos, muitas pessoas que acorreram ao seu ministério e ao seu confessionário, ao seu conselho e ao seu conforto. Era quase um cerco: procuravam-no na igreja, na sacristia, no convento. E ele se entregou a todos, vivificando a fé, distribuindo graça, trazendo luz. Mas sobretudo nos pobres, nos sofredores e nos doentes, ele viu a imagem de Cristo e se entregou especialmente por eles.
Ao nível da caridade social, trabalhou para aliviar a dor e a miséria de muitas famílias, principalmente com a fundação da “Casa Alívio do Sofrimento”, inaugurada em 5 de maio de 1956.
A Fé
Para Padre Pio, fé era vida: ele queria tudo e fazia tudo à luz da fé. Ele estava assiduamente engajado em oração. Passava o dia e a maior parte da noite conversando com Deus. A fé sempre o levou a aceitar a misteriosa vontade de Deus.
Ele sempre esteve imerso em realidades sobrenaturais. Não só era um homem de esperança e de total confiança em Deus, mas incutia estas virtudes em todos os que se aproximavam dele, com palavras e exemplo.
Confiança em Deus
A virtude da fortaleza brilhava nele. Logo compreendeu que seu caminho seria o da Cruz e o aceitou com coragem e por amor. Ele experimentou os sofrimentos da alma por muitos anos. Durante anos ele suportou as dores de suas feridas com admirável serenidade.
Quando teve que passar por investigações e restrições em seu serviço sacerdotal, aceitou tudo com profunda humildade e resignação. Diante de acusações e calúnias injustificadas, sempre se calou, confiando no julgamento de Deus, de seus superiores diretos e de sua própria consciência.
Páscoa
Sua saúde, desde a juventude, não foi muito próspera e, principalmente nos últimos anos de sua vida, declinou rapidamente. A Irmã Morte o pegou preparado e sereno em 23 de setembro de 1968, aos 81 anos. Seu funeral foi caracterizado por um concurso de pessoas completamente extraordinário.
Via de Santificação
Foi beatificado em 02 de maio de 1999. Em 16 de junho de 2002, foi proclamado Santo pelo Papa João Paulo II, que afirmou na sua homilia: “A vida e a missão do Padre Pio são um testemunho das dificuldades e dores, que, se aceitos por amor, se transformam em um caminho privilegiado de santidade, que se abre ainda mais rumo a perspectivas de um bem muito maior, aceitável somente pelo Senhor”. Na notificação da canonização de São Pio de Pietrelcina, apresenta a motivação de sua canonização:
“A Igreja, ao inscrever o Beato Pio de Pietrelcina no Registo dos Santos, oferece aos fiéis uma imagem viva da bondade do Pai, imitador apaixonado de Jesus Crucificado e instrumento dócil do Espírito Santo ao serviço dos fiéis enfermos em corpo e espírito.”
Seus restos mortais são venerados em San Giovanni Rotondo, no santuário dedicado a ele.
Minha oração
“Tu foste modelo de entrega de vida, mas, acima de tudo, modelo de sacerdote e vítima, rogai pelos padre do mundo todo. Socorrei os teus filhos espirituais e aqueles que querem juntar-se a eles. Dai a nós um ardente amor a Jesus, como tu tiveste. Amém!”
Nota do Dicastério para a Doutrina da Fé, aprovado pelo Papa Francisco, não se pronunciou sobre o caráter sobrenatural das aparições, mas deu um juízo positivo sobre o valor pastoral dos fatos
Da redação, com Vatican News
Imagem de Nossa Senhora Rainha da Paz, em Medjugorje /Foto: Denis Kapetanovic/PIXSELL/Sipa USA
“É chegado o momento de concluir uma longa e complexa história em torno dos fenômenos espirituais de Medjugorje. Trata-se de uma história em que se sucederam opiniões divergentes de bispos, teólogos, comissões e analistas”. Estas são as palavras iniciais de “A Rainha da Paz”, uma nota sobre a experiência espiritual ligada a Medjugorje, assinada pelo Cardeal Víctor Manuel Fernándeze por Monsenhor Armando Matteo, respectivamente prefeito e secretário da seção doutrinal do Dicastério para a Doutrina da Fé. O texto foi aprovado pelo Papa Francisco em 28 de agosto.
O Dicastério para a Doutrina da Fé reconhece a bondade dos frutos espirituais ligados à experiência de Medjugorje, autorizando os fiéis a aderir a ela – de acordo com as novas Normas para o discernimento desses fenômenos – uma vez que “foram verificados muitos frutos positivos e não se difundiram no Povo de Deus efeitos negativos ou arriscados”. Em geral, o juízo das mensagens também é positivo, embora com alguns esclarecimentos sobre algumas expressões. Também é enfatizado que “as conclusões desta nota não implicam um juízo acerca da vida moral dos presumidos videntes” e que, em todo caso, os dons espirituais “não exigem necessariamente a perfeição moral das pessoas envolvidas para poder agir”.
Frutos positivos
Os lugares ligados ao fenômeno de Medjugorje são visitados por peregrinos do mundo inteiro. “Os frutos positivos revelam-se sobretudo na promoção de uma sadia prática da vida de fé”, de acordo com a tradição da Igreja. Há “abundantes conversões” de pessoas que descobriram ou redescobriram a fé; o retorno à confissão e à comunhão sacramental, numerosas vocações, “muitas reconciliações entre cônjuges e a renovação da vida matrimonial e familiar”.
“É preciso mencionar – afirma a nota – que tais experiências acontecem sobretudo no contexto das peregrinações aos lugares dos eventos originários, mais do que durante os encontros com os ’videntes’ para presenciar as presumidas aparições”. Relatam-se também “numerosíssimas curas”. A paróquia da pequena localidade da Herzegovina é um lugar de adoração, oração, seminários, retiros espirituais, encontros de jovens e “parece que as pessoas vão a Medjugorje sobretudo para renovar a própria fé e não por causa de pedidos específicos”. Surgiram também obras de caridade que se ocupam de órfãos, dependentes químicos, deficientes e também há grupos de cristãos ortodoxos e de muçulmanos.
A mensagem da paz
A Nota do Dicastério prossegue examinando os aspectos centrais das mensagens, começando pelo da paz entendida não só como ausência de guerra, mas também em um sentido espiritual, familiar e social: o título mais original que Nossa Senhora atribui a si mesma é de fato “Rainha da Paz”. “Eu me apresentei aqui como Rainha da Paz para dizer a todos que a paz é necessária para a salvação do mundo. Somente em Deus se encontra a verdadeira alegria da qual deriva a verdadeira paz. Por isso, peço a conversão” (16.06.1983). É uma paz que é fruto da caridade vivida, que “implica também o amor por aqueles que não são católicos”. Um aspecto que se entende melhor “no contexto ecumênico e inter-religioso da Bósnia-Herzegovina, marcado por uma terrível guerra com fortes componentes religiosos”.
Deus no centro
O convite ao abandono confiante em Deus, que é amor, surge com frequência: “Podemos reconhecer um núcleo de mensagens nas quais Nossa Senhora não se põe a si mesma no centro, mas se mostra plenamente orientada para a nossa união com Deus”. Além disso, “a intercessão e a obra de Maria aparecem claramente submissas a Jesus Cristo, como autor da graça e da salvação em cada pessoa”. Maria intercede, mas é Cristo quem “nos dá a força, portanto, toda a sua obra materna consiste em motivar-nos a ir para Cristo”: “Ele vos dará força e a alegria neste tempo. Eu estou próxima de vós com a minha intercessão” (25.11.1993). Mais ainda, muitas mensagens convidam a reconhecer a importância de pedir a ajuda do Espírito Santo: “As pessoas erram quando se dirigem unicamente aos santos para pedir alguma coisa. O importante é rezar ao Espírito Santo para que desça sobre vós. Tendo-o, tem-se tudo” (21.10.1983).
Chamado à conversão
Nas mensagens aparece “um constante convite a abandonar um estilo de vida mundano e um excessivo apego aos bens terrenos, com frequentes convites à conversão, que torna possível a verdadeira paz no mundo”. A conversão parece ser o centro da mensagem de Medjugorje. Há também uma “insistente exortação a não subestimar a gravidade do mal e do pecado e a tomar muito a sério o chamado de Deus para lutar contra o mal e contra a influência de Satanás”, indicado como origem do ódio, da violência e da divisão. Também são fundamentais o papel da oração e do jejum, bem como a centralidade da Missa, a importância da comunhão fraterna e a busca do significado último da existência na vida eterna.
Esclarecimentos necessários
A segunda parte do documento destaca como “algumas poucas” mensagens se afastam do conteúdo listado até agora. E, portanto, “para evitar que este tesouro de Medjugorje seja comprometido, é necessário esclarecer algumas possíveis confusões que podem conduzir grupos minoritários a distorcer a preciosa proposta desta experiência espiritual”.
Se algumas mensagens forem lidas parcialmente, elas podem parecer “conexas a experiências humanas confusas, a expressões imprecisas do ponto de vista teológico ou a interesses não totalmente legítimos”, embora algum erro possa não ser “devido à má intenção, mas à percepção subjetiva do fenômeno”. Em alguns casos, “Nossa Senhora parece mostrar certa irritação porque não foram seguidas algumas de suas indicações; adverte assim sobre sinais ameaçadores e sobre a possibilidade de não aparecer mais”. Mas, na realidade, outras mensagens oferecem uma interpretação correta: “Aqueles que fazem predições catastróficas são falsos profetas. Eles dizem: ‘Em tal ano, em tal dia, acontecerá uma catástrofe’. Eu sempre disse que o castigo virá se o mundo não se converter. Por isso, convido todos à conversão” (15.12.1983).
Insistência nas mensagens
Depois, há mensagens para a paróquia nas quais Nossa Senhora parece desejar ter um controle sobre detalhes do caminho espiritual e pastoral, “dando assim a impressão de querer substituir-se aos organismos ordinários de participação”. Em outros momentos, insiste sobre a escuta e aceitação das mensagens, uma insistência provavelmente provinda “do amor e do generoso fervor dos presumidos videntes, que com boa vontade temiam que os chamados da Mãe à conversão e à paz fossem ignorados”. Esta insistência se torna ainda mais problemática quando as mensagens “se referem a pedidos de improvável origem sobrenatural, como quando Nossa Senhora dá ordens sobre datas, lugares, aspectos práticos e toma decisões sobre questões ordinárias”. Na verdade, é a própria Nossa Senhora que convida a relativizar as próprias mensagens, submetendo-as ao valor inigualável da Palavra revelada nas Sagradas Escrituras: “Não busqueis coisas extraordinárias, mas antes tomai o Evangelho, lede-o e tudo vos será claro” (12.11.1982); “Por que fazeis tantas perguntas? Toda resposta está no Evangelho” (19.09.1981). “Não acrediteis nas vozes mentirosas que vos falam de coisas falsas, de uma falsa luz. Vós, filhos meus, tornai à Escritura!” (02.02.2018).
Resumo do Evangelho
A nota indica como problemáticas aquelas mensagens que atribuem a Nossa Senhora as expressões “o meu plano”, “o meu projeto”, expressões que “poderiam confundir. Na verdade, tudo quanto Maria realiza é sempre a serviço do projeto do Senhor e do seu plano divino de salvação”. Assim como não se deve erroneamente “atribuir a Maria um lugar que é único e exclusivo do Filho de Deus feito homem”. Por sua vez, o Dicastério para a Doutrina da Fé sublinha uma mensagem que pode ser considerada como uma síntese da proposta do Evangelho através de Medjugorje: “Desejo aproximar-vos sempre mais a Jesus e ao seu Coração ferido” (25.11.1991).
Culto público autorizado
“Ainda que isto não implique uma declaração do caráter sobrenatural” e recordando que os fiéis não são obrigados a crer nele, o nihil obstat – emitido pelo bispo de Mostar-Duvno em acordo com a Santa Sé – indica que eles “podem receber um estímulo positivo para sua vida cristã através desta proposta espiritual e autoriza o culto público”.
A nota também especifica que “a avaliação positiva da maior parte das mensagens de Medjugorje como textos edificantes não implica declarar que tenham uma direta origem sobrenatural”. E mesmo se possam subsistir – como é sabido – pareceres diversos “sobre a autenticidade de alguns fatos ou sobre alguns aspectos desta experiência espiritual, as autoridades eclesiásticas dos lugares onde ela esteja presente são convidadas a apreciar o valor pastoral e a promover a difusão desta proposta espiritual”. Permanece inalterado o poder de cada bispo diocesano de tomar decisões prudenciais no caso de haver pessoas ou grupos que “utilizando inadequadamente este fenômeno espiritual, atuem de modo errado”.
Por fim, o Dicastério convida aqueles que vão a Medjugorje “a aceitar que as peregrinações não são feitas para encontrar-se com os presumidos videntes, mas para ter um encontro com Maria, Rainha da Paz”.
O prefeito da Doutrina da Fé apresenta na Sala de Imprensa Vaticana o documento “A Rainha da Paz” sobre a experiência espiritual no vilarejo bósnio: devoção respeitada por três Papas. O importante é o aspecto pastoral, não as avaliações sobre a sobrenaturalidade. Para o Papa, o nihil obstat é suficiente, não é necessário ir além. Sobre as mensagens: “As acolhemos como textos edificantes”. Não se vai em peregrinação para encontrar os videntes.
Das mensagens a serem acolhidas “como textos edificantes” que podem estimular uma “bela experiência espiritual”, ainda que não haja “certeza de que sejam da Virgem Maria”, ao “grande respeito” mostrado pelos últimos três Papas em relação à “devoção difundida” de Medjugorje. Das inúmeras obras de caridade surgidas em torno dessa experiência espiritual, das muitas conversões, confissões, frutos de bondade, aos “problemas” causados por “imperfeições humanas” e até às controvérsias internas (há até quem tenha chegado a definir o fenômeno como “demoníaco”).
Foi uma intervenção longa e de amplo alcance, tocando em história, atualidade e até algumas experiências pessoais, aquela que o cardeal Victor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, expôs em uma Sala de Imprensa Vaticana lotada para a conferência de apresentação da Nota “A Rainha da Paz”. Nota cuja trajetória o cardeal argentino relembrou, enumerando luzes e sombras de uma história que envolve a espiritualidade de milhões de fiéis e através da qual, como disse, “Deus, em seus desígnios misteriosos, mesmo em meio às imperfeições humanas, encontrou uma maneira de fazer fluir um rio de bondade e beleza”.
O documento do Dicastério para a Doutrina da Fé aprovado por Francisco não se pronuncia sobre a sobrenaturalidade, mas reconhece os abundantes frutos espirituais ligados à …
Problemas e obstáculos
O purpurado não deixou de mencionar os “problemas” importantes que “em uma pequena porcentagem (5 ou 6 dioceses)” no mundo ocorreram e que impedem de “falar de efeitos apenas positivos” em Medjugorje. Ele apontou como “o ponto mais obscuro e triste” o longo “conflito” entre os franciscanos rebeldes e os bispos e, com grande clareza, também mencionou o caso controverso do padre Tomislav Vlasic, famoso por ser considerado “pai espiritual” dos seis videntes e depois, em 2009, reduzido ao estado laical por vários crimes.
O olhar de três Papas
O cardeal abordou o fenômeno de Medjugorje sob a perspectiva dos últimos três Papas: João Paulo II que, como revelam cartas privadas, manifestou o “intenso desejo” de visitar aquele local, Bento XVI que, como prefeito da então Congregação para a Doutrina da Fé, em 1985, expressou um “pensamento claro” sobre a separação da possível “sobrenaturalidade” do fenômeno de seus frutos espirituais. Por fim, Francisco, que no voo de retorno de Fátima em 2017, ao falar sobre o “relatório muito bom” da Comissão Ruini, afirmou que “o núcleo” é “o fato espiritual, o fato pastoral, pessoas que vão lá e se convertem, pessoas que encontram Deus, que mudam de vida… Não há uma varinha mágica, esse fato espiritual-pastoral não pode ser negado”.
“O que sobressai nos Pontífices – destacou Fernández – é uma atitude de grande respeito diante de uma devoção tão difundida no povo de Deus”, que se traduz em “uma análise do fenômeno espiritual positivo” e não “em uma conclusão sobre a origem sobrenatural ou não do fenômeno”. De fato, o Papa Francisco, revelou o cardeal, em um recente encontro entre eles, reiterou que é “absolutamente suficiente” o nihil obstat e que “não há necessidade de ir além com uma declaração de sobrenaturalidade”. Ou seja, é suficiente “dizer aos fiéis: bem, vocês podem rezar, o culto é público, podem ser feitas peregrinações e essas mensagens podem ser lidas sem perigo”.
Comissões de Estudo e pronunciamentos dos bispos: publicamos um amplo trecho da apresentação de monsenhor Armando Matteo, secretário do Dicastério para a Doutrina da Fé, que …
As mensagens da “Gospa”
Sobre as mensagens da “Gospa”, o cardeal prefeito explicou que a maioria delas tem um “belo conteúdo” que pode “estimular” a conversão; muitas retomam palavras mais próximas à linguagem popular; algumas, porém, contêm “frases que não são exatamente de Santo Tomás de Aquino”. No entanto, Fernández esclareceu que, “quando há experiências espirituais de diferentes tipos, não há um ditado”, “a pessoa percebe um conteúdo e faz o esforço de lembrá-lo e expressá-lo da melhor forma possível”. Portanto, essas mensagens não devem ser lidas como “um texto magisterial”, mas deve-se captar “o pensamento profundo” por trás de algumas “imperfeições nas palavras”.
A proposta da paz
“Nós – acrescentou o prefeito da Doutrina da Fé – agora acolhemos essas mensagens não como revelações privadas, porque não temos certeza de que sejam mensagens da Virgem Maria, mas as acolhemos apenas como textos edificantes que podem estimular uma verdadeira e bela experiência espiritual”. As mensagens, recomendou Fernández, “devem ser avaliadas em seu conjunto”. Porque é apenas na visão geral que surgem “as grandes exortações”. Por exemplo, a da paz, “a grande proposta de Medjugorje”. “A mensagem de paz implica amar até mesmo aqueles que não são católicos. E isso é compreendido no contexto ecumênico e inter-religioso da Bósnia-Herzegovina”, dilacerada por uma guerra alimentada também por motivações religiosas. “Olhem para a história que se repete hoje com a Ucrânia”, observou o cardeal.
Os riscos
É claro que há “pontos fracos” nessas mensagens, começando pela “frequência” ou insistência na necessidade de ouvi-las: “‘Ouçam minhas mensagens’, ‘acolham minhas mensagens’. Às vezes cansa um pouco… A Virgem Maria fala de seus planos de salvação – ‘meus planos’ – que devem ser acolhidos, como se fossem diferentes dos de Deus. Isso confunde, cria o perigo de uma dependência excessiva das aparições e das mensagens”.
Mensagens futuras
Tanto em sua intervenção quanto nas perguntas dos jornalistas, o cardeal Fernández também abordou a questão das futuras mensagens, “se houver”: “Se houver, deverão ser avaliadas e aprovadas para eventual publicação, e enquanto não forem analisadas, recomenda-se que os fiéis não as considerem como textos edificantes”. É sempre necessário “prudência”, com a consciência de que Nossa Senhora “não ordena que algo seja comunicado necessariamente ou imediatamente; não nos usa como marionetes ou instrumentos mortos, sempre deixa espaço para nosso discernimento”. Não é, portanto, uma “Virgem carteiro”, enfatizou o prefeito do ex-Santo Ofício, recordando as palavras do Papa Francisco.
O nada obsta para Medjugorje foi possível graças ao reconhecimento dos frutos positivos da experiência espiritual vivida naquele lugar e à abordagem pastoral do Papa.
A devoção no povo
O chefe do Dicastério também quis destacar a difusão mundial da devoção à Rainha da Paz, com “tantos grupos de oração e devoção mariana”, e as obras de caridade para órfãos, dependentes químicos, alcoólatras e deficientes. “Um fenômeno popular” que não se baseia em mensagens ou discussões sobre a origem sobrenatural: “O que atrai é a Rainha da Paz e a presença de sua imagem nos lugares mais diversos”.
A imagem da Virgem em cada país
O próprio Fernández confidenciou ter encontrado a imagem de Nossa Senhora até nos menores vilarejos rurais. Até na Argentina, contou, quando, como pároco, propôs aos fiéis de diferentes bairros construir capelinhas com uma imagem mariana, “a primeira que me propuseram foi a da Rainha da Paz. Apenas uma freira disse: ‘Mas é autorizada?’. E o bispo respondeu: ‘Mas que mal pode fazer essa imagem?'”.
Relação com os videntes “não aconselhável”
Quanto à relação com os videntes, o cardeal explicou que “não é proibida, mas também não aconselhável”, até mesmo para eles. “O espírito de Medjugorje não é seguir os videntes, mas rezar à Rainha da Paz”. Fernández relatou que não teve contato com eles nesse período, mas enviou uma pequena carta “com alguns conselhos ou palavras”, destinada a permanecer confidencial.
As intervenções dos outros palestrantes
À mesa dos palestrantes, juntamente com Fernández, estavam também monsenhor Armando Matteo, secretário do Dicastério para a Doutrina da Fé, e o diretor editorial dos meios de comunicação vaticanos, Andrea Tornielli. Monsenhor Matteo destacou que a Nota de hoje é o “fruto” de um “amplo trabalho de discernimento” iniciado em maio com a publicação das Normas sobre os fenômenos sobrenaturais. Trabalho que envolveu decisões sobre casos na Itália, Espanha, Índia, Holanda e em outros lugares.
Por sua vez, Tornielli, recorrendo também a uma experiência pessoal de peregrinação, destacou alguns “dados estatísticos interessantes”, como o número de Comunhões distribuídas na paróquia e nos locais ligados à aparição: mais de 47 milhões (47.413.740, para ser exato), de 1985 a 2024; ou o número de sacerdotes que concelebraram em Medjugorje de dezembro de 1986 a junho de 2024: 1.060.799. Números altos, como os dos fiéis que, todos os anos, lotam o vilarejo bósnio, atraídos pela Adoração Eucarística, meditação e confissão, o sacramento mais praticado em Medjugorje
Cuidar dos vulneráveis é uma necessidade, ainda mais nos espaços eclesiais. O Papa Francisco afirma que “o abuso, em todas as suas formas, é inaceitável. O abuso sexual de crianças é particularmente grave porque ofende a vida em seu florescimento. Em vez de florescer, a pessoa abusada é ferida, às vezes de forma indelével.” Ele tem se empenhado na prevenção desse crime nos espaços eclesiais, publicando a Carta Apostólica Vos Estis Lux Mundi, a fim de estabelecer procedimentos claros e objetivos diante desta situação.
No Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), foi criada a Comissão Metropolitana para a proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis, anexada ao Tribunal Eclesiástico, com cinco membros, que também conta com responsáveis pelas dioceses, prelazias, o Seminário São José, a Faculdade Católica do Amazonas e a Caritas Arquidiocesana de Manaus.
Para avançar nesse caminho foi elaborado o “Decreto, Regulamento e Manual de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis”. O Regional Norte1 assumiu essa causa há 8 anos, mas ainda não tem um trabalho sistemático nos espaços eclesiais, passando com o decreto a trabalhar isso nos espaços eclesiais para evitar ter que curar depois as feridas, segundo mostraram os membros da comissão aos participantes na Assembleia Regional, realizada em Manaus de 16 a 19 de setembro.
Segundo os membros da Comissão, a Igreja católica perdeu a credibilidade em consequência dos abusos e recuperará essa credibilidade com o trabalho de prevenção desses abusos. Para isso se faz necessário ser claros, falar abertamente nos espaços eclesiais: catequese, grupos de jovens, grupos de coroinhas, Pastoral Familiar, com um olhar para dentro do espaço eclesial. Isso para conseguir que os espaços eclesiais sejam espaços saudáveis.
Para isso é necessário que essas temáticas entrem na pauta, dado que há um tabu imenso nos espaços eclesiais em falar sobre a sexualidade saudável. Não podemos esquecer que é responsabilidade de cada um de nós construir uma cultura sem violação de direitos. Esse é um caminho lento, que exige capacitação constante, e nesse sentido o Manual é um suporte para o Regional.
Os membros da Comissão apresentaram as diversas partes do Manual insistindo em que cada igreja local tem que definir os compromissos que irá assumir e onde e como vai ser trabalhado o Manual. Igualmente foi insistido nas atitudes práticas a ser tomadas, resolvendo as dúvidas dos participantes da assembleia.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
No dia em que se encerra a Assembleia Regional Norte1, que de 16 a 19 de setembro de 2024 reuniu na Maromba de Manaus 80 representantes das igrejas locais, pastorais e organismos para refletir a partir do tema “Igreja Sinodal que caminha na Esperança”, é momento de encaminhar aquilo que pode ajudar a continuar avançando para ser uma Igreja mais sinodal e ministerial.
Não podemos esquecer, segundo afirmou o bispo de Parintins, dom José Albuquerque de Araújo, na celebração eucarística do dia, que “o farisaísmo se tornou sinónimo de hipocrisia, os mais religiosos se tornaram sinónimo de gente prepotente”, sendo criticados por Jesus diante de sua atitude para com a mulher, que “é cidadã e na Igreja, ela é protagonista”. O bispo pediu para a coordenadora da Conferência dos Religiosos no Regional Norte1, Ir. Gervis Monteiro, comentar a Palavra.
Analisando a passagem do Evangelho, a religiosa destacou que a mulher não tem nome, uma mulher que ouviu falar que Jesus tinha sido convidado na casa de um fariseu. Ela destacou, querendo fazer um paralelo com a Assembleia Regional e a reflexão sobre a ministerialidade, que “a mulher vem por trás e ela traz o perfume, ela se coloca aos pés de Jesus”, destacando a grande sensibilidade de Jesus, “o olhar de Jesus, a acolhida de Jesus para com a mulher”, questionando como tornar visível aquilo que as mulheres fazem hoje na Igreja.
Segundo a Ir. Gervis, “Jesus, ele não tem medo de se contaminar, ele deixa, ele não está preocupado com a Lei dos fariseus”. Uma atitude que tem que nos levar hoje, afirmou a religiosa, “a ter a sensibilidade para com aquelas pessoas que necessitam”, colocando o exemplo daquela mulher sem nome, a quem Jesus eleva à dignidade de pessoa, pois para ele “todos nós somos iguais e somos chamados e chamadas a evangelizar”, a “somar e trabalhar juntos como Igreja”.
Independentemente do ministério que cada um assume na Igreja, no Regional Norte1 se percebem elementos comuns a todos e todas, especialmente naquilo que tem a ver com a presença das mulheres em espaços de decisão, inclusive entre os bispos, que reafirmam a necessidade de que as mulheres sejam reconhecidas a partir das comunidades e da Igreja local. Algo que é constatado por todos, que pedem avanços na ministerialidade do laicato, sobretudo entre as mulheres, reconhecer os ministérios que as mulheres já exercem.
Uma Igreja regional que aposta na defesa da vida integral e o cuidado da casa comum, na pastoral de conjunto, em processos de escuta e estudo para melhor entender os ministérios, na formação continuada do laicato nas bases, especialmente no interior, mas também formação permanente para o clero, respeitando sempre a cultura local, na vivência da Palavra, em uma evangelização que leva à conversão. Uma Igreja encarnada e libertadora, com ação transformadora, que apoia a causas indígenas, a homologação de suas terras e o resgate das culturas e línguas.
Na vida da Igreja da Amazônia e do Regional Norte1 sempre teve um papel decisivo a Vida Religiosa, com congregações que estão presentes de forma continuada por mais de um século. A Vida Religiosa, representada na Assembleia por alguns e algumas provinciais, é desafiada a continuar caminhando em comunhão e assumir os processos da Igreja no Regional. Vida Religiosa que soma no exercício da missionariedade em seus diversos elementos, fortalecendo as forças evangelizadoras nas igrejas locais, abraçando a missão.
Tendo como fundamento que a Igreja toda ela é ministerial, os assessores da assembleia, Pe. Raimundo Gordiano, Ir. Sônia Matos e Pe. Elcivan Alencar, insistiram em que os dons vêm do Espírito e a organização parte do povo. Daí a importância de destacar que os ministérios são confiados a partir do batismo, e que os dons, carismas e ministérios são assumidos como vocação. Ninguém pode esquecer que é o batismo a porta de entrada como testemunhas da evangelização, e que viver de modo sinodal, faz germinar e florescer a ministerialidade como espaço de serviço, dando voz e vez a todos e todas.
Ser Igreja missionária, ministerial e sinodal, faz parte da identidade da Igreja do Regional Norte1, uma dinâmica presente desde o Encontro de Santarém, em 1972. Uma Igreja com ressonância na vida social, que ainda tem muitos passos a serem traçados, pensados e assumidos. Os ministérios não podem nascer de cima para baixo, é por isso que antes de instituir, vale a pena continuar o processo de formação e tomada de consciência com relação à ministerialidade. Isso porque o caminho da sinodalidade é percorrido fazendo processos, buscando chegar juntos ao mesmo objetivo.
Para percorrer esse caminho é importante ter clareza nos conteúdos, e se faz necessário reconhecer as atividades que são realizadas pelas mulheres, que são expressões de ministerialidade, insistindo em que o exercício da ministerialidade não é status, mas reconhecimento e mudança paradigmática. Para avançar na ministerialidade, as igrejas locais têm que investir em formação do laicato, pois enquanto isso não acontecer teremos uma Igreja de suplentes. Igualmente, para que essa ministerialidad possa avançar, a reflexão abordada na assembleia tem que chegar nas bases, nas comunidades, dado que a sinodalidade e a ministerialidade dizem muito às comunidades do Regional Norte1.
Para avançar são propostos alguns caminhos, que tem a ver com a formação, dos seminaristas, do clero e a vida religiosa, das lideranças leigas; com a mulher, para quem se insiste em inclui-la nos espaços de decisão e serem instituídas nos ministérios; e com a vida e a casa comum, assumindo a consolação, a causa indígena, a interculturalidade e a defesa da territorialidade, a ecologia integral. As luzes para avançar nesses caminhos são a sinodalidade, a ministerialidade, as conclusões do Encontro de Santarém 2022, que insistiu na espiritualidade encarnada e libertadora.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
Após celebrarem a Eucaristia junto ao túmulo do apóstolo Pedro, os 17 bispos presentes encontraram-se com o Papa Francisco.
De 15 a 21 de setembro, ocorre o “Curso anual de formação para os novos bispos”, promovido pelo Dicastério para os Bispos, em Roma. Do Brasil, participam 22 bispos, entre nomeados pelo Papa Francisco no último ano e outros nomeados anteriormente que não puderam participar da última edição. Do mundo todo, são mais de 200 participantes.
Dom Joaquín Pertíñez, bispo da Diocese de Rio Branco, com mais 16 bispos, representando o Regional Norte 1 da CNBB (Estados do Amazonas e Roraima) e o Noroeste (Acre, sul do Amazonas e Rondônia), foram recebidos no Vaticano. Após celebrarem a Eucaristia junto ao túmulo do apóstolo Pedro, os 17 bispos presentes encontraram-se com o Papa Francisco.
O curso tem como tema “Pastores enraizados em Cristo – A serviço de uma Igreja chamada a habitar o presente e custodiar a semente do futuro”. A cada dia de formação, são oferecidas conferências com membros da Cúria Romana nas quais são abordadas diferentes perspectivas da atuação dos pastores em suas dioceses e na comunhão com a Igreja Universal.
A dinâmica do encontro também conta com momentos de diálogo fraterno e círculos menores por grupo linguístico, além de encontros e visitas institucionais.Custódia e transmissão da fé
No primeiro dia, as formações seguiram a temática do serviço do bispo para a custódia e a transmissão da fé. Eles puderam aprofundar a visão teológica do Papa Francisco sobre a transmissão da Fé, a colegialidade e a sinodalidade. A exposição foi conduzida pelo cardeal Víctor Manual Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé.
Outra conferência tratou do Motu Proprio “Tradicionis Custodes”, sobre Liturgia, conduzida pelo secretário do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, dom Francesco Viola.
A Igreja no mundo em diálogo
Na terça-feira, 17 de setembro, o tema central das reflexões foi “A Igreja no mundo em diálogo”. Na abertura das atividades, missa presidida pelo cardeal brasileiro dom João Braz de Aviz, prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
As conferências trataram do relacionamento da Santa Sé com os governos locais, com exposição do cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano; do diálogo inter-religioso e intercultural, com o cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação; e dos dois eventos que tocam a Igreja: a conclusão do Sínodo dos Bispos e o Jubileu 2025. As exposições sobre o Sínodo e o Jubileu foram feitas, respectivamente, pelo cardeal Mário Grech, secretário geral do Sínodo, e por dom Rino Fisichella, pro-prefeito do Dicastério para a Evangelização.
Desenvolvimento humano integral
Na quarta-feira, as reflexões abordam o serviço do bispo para um desenvolvimento humano integral. A primeira exposição tratou da gestão pastoral das divisões e dos conflitos por motivos étnicos e/ou políticos, refletindo sobre “como propor itinerários de reconciliação e de paz”. Essa conferência ficou sob a responsabilidade do prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny.
Outro tema desta quarta-feira foi o apostolado dos leigos, com o cardeal Kevin Farrel, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e as subsecretárias do mesmo dicastério, Linda Ghisoni e Gabriella Gambino.Encontro com o Papa
Na quinta-feira, 19 de setembro, está marcada a audiência com o Papa Francisco. Os bispos dedicarão a missa do início dos trabalhos na intenção pelo Pontífice e vão abordar a unidade do ministério episcopal, com auxílio do cardeal Gianfranco Ghirlanda. As reflexões também tratam do acompanhamento do clero e da condução pastoral da diocese.
Recentemente Roraima, enviou dois bispos ordenados, Dom Vanthuy Neto, para São Gabriel da Cachoreira no (AM), e Dom Lúcio Nicoletto, para São Félix do Araguaia (MT).
Como é bom caminhar juntos e reconhecer a importância daquilo que é feito pelos outros, por todos e todas. Na Igreja católica isso se chama sinodalidade e ministerialidade, algo que não é fácil de ser assumido, mas que na Igreja do Regional Norte1 tem dado sentido ao caminho percorrido pelas dioceses e prelazias.
Hoje se encerra a Assembleia Regional Norte1, que desde segunda-feira 16 de setembro, reuniu na Maromba de Manaus 80 representantes das nove igrejas locais que fazem parte do regional. Uma assembleia com a presença de leigos e leigas, religiosos e religiosas, diáconos, padres e bispos, onde todo mundo tem voz e vez, onde o caminho a seguir é discernido entre todos e todas, pois a voz de cada um, de cada uma, é importante, e deve ser ouvida.
É importante saber escutar, sem preconceitos, dispostos a aprender com aquele em quem somos desafiados a descobrir a voz de Deus, que nos orienta e ilumina, que se faz presente em nossa vida de diversos modos e momentos, do seu jeito, e com quem nós somos chamados a entrar em sintonia, para assim enxergar o que Ele quer de cada um de nós e de todos juntos como Igreja, mas também como sociedade.
Vivemos um momento histórico em que a diversidade não é valorizada. Bem pelo contrário, quem é diferente, quem pensa diferente, é atacado abertamente, o que dificulta o caminhar juntos. Falta capacidade para entender que a diversidade nos enriquece, mas para isso é decisivo querer aprender com todos e todas, também com aqueles que pensamos que nada podem nos ensinar. De todos e todas podemos aprender e somos obrigados a ter consciência disso.
Quando a gente se isola, a gente se faz pequeno, vai se apequenando, perdendo aquilo que garante nossa vitalidade. Daí a importância de assumir que juntos somos mais e todos somos importantes, algo que tem a ver com todas as dimensões da vida. Não podemos continuar olhando para o outro como um inimigo, como alguém a quem temos que derrubar.
A polarização não pode tomar conta da nossa vida, não podemos nos deixar dominar por uma dinâmica que vai acabando com nosso convívio. Um modo de ser e viver que deve ser cultivado e espalhado, para nos convencermos e assim convencer os outros que esse modo de se posicionar é o caminho a seguir para fazer realidade um mundo melhor para todos e todas, de construir o Reino de Deus, para quem é cristão. Vamos lá, vale a pena entrar nessa!
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar
A sinodalidade e a ministerialidade é algo presente na vida das igrejas do Regional Norte1. Na assembleia regional que acontece em Manaus de 16 a 19 de setembro, com o tema “Igreja Sinodal que caminha na Esperança”, tem sido oportunidade para partilhar os sinais desse modo de ser Igreja.
Nas igrejas locais, é comum que todos os batizados e batizadas participem dos processos de planejamento, e em muitos lugares, surgiram paróquias com a coordenação de religiosas e leigos e leigas. Uma Igreja que valoriza e reconhece o serviço de todos e todas, como parte essencial da evangelização, especialmente a colaboração direta dos leigos e leigas. Uma Igreja que precisa de todos os ministérios e serviços, marcada pela diversidade de carismas e serviços, que pede o reconhecimento e oficialização de novos ministérios, identificados nas linhas pastorais que norteiam a missão evangelizadora.
Uma Igreja que fomenta a formação, a defesa da vida, ações de cuidado com a casa comum, dentre outras. Uma Igreja descentralizada, itinerante e missionária, presente nas comunidades, muitas delas lideradas por mulheres, que pensam a caminhada e assumem os diversos ministérios. Se faz necessário refletir que não é suficiente criar ministérios se depois os novos ministros e ministras também vão centralizar e manter o modelo existente.
Igualmente, assumir que a ministerialidade feminina na Igreja Local será uma bênção e deve ser reconhecido como sinal da graça de Deus. Mesmo sendo visível o caminho sinodal em muitas igrejas locais, caminhar juntos, viver a sinodalidade não é fácil, pois ainda existem algumas instâncias eclesiais que não seguem aquilo que é proposto como caminho a seguir.
A Igreja do Regional Norte1 é uma Igreja discípula missionária e discípula da Palavra, com comunidades sinodais nutridas pela Palavra. Pode se dizer que, nessa Igreja, o Espírito é como um olho d’água que joga para nós o movimento de vida, que se concretiza em serviços e ministérios de diversos tipos: ligados à Casa Comum, do catequista, da consolação, litúrgicos, de assessoria, de cuidado com a vida, da mulher, considerando algo necessário que seja reconhecido aquilo que as mulheres fazem há muitos anos.
Um caminhar junto que vai sendo construído aos poucos, e que a Assembleia Regional Norte1, refletiu em diversos grupos, buscando descobrir aquilo que é reafirmado e assumido no caminhar juntos e juntas. Os desafios existem, mas a esperança tem que falar mais alto para poder concretizar essa Igreja que na sinodalidade quer ser discípula e missionária.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1