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Um ano da Retomada na Serra da Lua: uma árdua caminhada. Artigo de Gabriel Vilardi

Retomada Serra da Lua. (Foto: Gabriel Vilardi)

07 Março 2024

Conscientes desse injusto aparato estatal que funciona para restringir os seus direitos, os Povos Indígenas da Terra Manoá-Pium celebraram, no último dia 24 de fevereiro, um ano da Retomada do território ancestral. Membros das várias comunidades da Terra Indígena, acompanhados pelas lideranças tradicionais, decidiram que era chegada a hora de finalmente recuperar o chão sagrado roubado de seus avós.

O artigo é de Gabriel dos Anjos Vilardi, jesuíta, bacharel em Direito pela PUC-SP e bacharel em Filosofia pela FAJE. É mestrando no PPG em Direito da Unisinos e foi membro da Pastoral Indigenista da Diocese de Roraima (2022-2023), tendo convivido com os povos Wapichana e Macuxi, na região Serra da Lua. Colaborador no Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

Eis o artigo.

Não é época para se despojar de desejos,
e os miseráveis não pensam tampouco nisto,
mas sonham que um dia poderão satisfazer seus desejos.
Ernst Bloch

“O que caracteriza a relação povos indígenas/Estado nacional é a permanência das estruturas coloniais”. E essa nefasta permanência “subjuga os povos indígenas através duma dominação econômica e cultural“[2], já apontava com clareza o assessor teológico do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Paulo Suess, há mais de 40 anos. A constatação é brutal, mas assertiva e desconcertantemente atual, “fuzil e violência justificam e executam o saque”, arremata o indigenista sem tergiversar.

Conscientes desse injusto aparato estatal que funciona para restringir os seus direitos, os Povos Indígenas da Terra Manoá-Pium celebraram, no último dia 24 de fevereiro, um ano da Retomada do território ancestral. Membros das várias comunidades da Terra Indígena, acompanhados pelas lideranças tradicionais, decidiram que era chegada a hora de finalmente recuperar o chão sagrado roubado de seus avós.

O que caracteriza a relação povos indígenas/Estado nacional é a permanência das estruturas coloniais – Paulo Suess Tweet

Sim, é preciso coragem para nomear o que se passou! Os autonomeados “pioneiros de Roraima” chegaram para ocupar a região como se não existisse ninguém mais naquele território. Enriqueceram à custa de terras e muita exploração indígena, como bem registrado pelos estudiosos:

“No final do século XIX e primeira metade do século XX, a pecuária despontava como a mola propulsora da economia da região. O êxito da instalação da pecuária se deu pela sua característica na criação do gado em Roraima. Como já descrevemos anteriormente, o gado bovino era criado de forma livre e solto no lavrado, percorrendo grandes áreas em busca de pasto e de água, um gado sem fronteiras (DINIZ 1972, LEMOS 1998, SANTILLI 1994). Segundo Vieira (2007). A grande quantidade de campos, associada à mão de obra indígena (explorada) e o gado solto, seria um atrativo econômico de baixo custo, uma vez que não havia necessidade de empreender recursos para a captura (do gado) e compra de terra para essa finalidade”.[3]

Desde o começo dos anos 2000 existem inúmeros documentos das assembleias dos tuxauas da Serra da Lua reafirmando o desejo de retornar à terra tradicional e demandando as devidas providências do poder público. A resposta oficial? Não passou de um solene e desrespeitoso silêncio, acrescido de uma imoral inércia em cumprir seu dever constitucional! O que esperava o Estado brasileiro das comunidades indígenas: que permanecessem subjugadas e apáticas?

Foto: Gabriel Vilardi

A disputa pela terra na Amazônia e no restante do país sempre foi uma luta desigual em meios e extremamente violenta em desfavor dos marginalizados. Os indígenas foram sendo dizimados ou empurrados para o interior, conforme a “civilização” ia avançado ameaçadoramente sedenta por lucros. Tudo aquilo que não estava alinhado ao modelo do progresso, precisava ser destruído. Afinal, o velho e arcaico dariam lugar ao novo e moderno Brasil.

Em Roraima os filhos de Macunaima não ficaram incólumes à fúria desenvolvimentista e foram encurralados e cercados pelos extensos latifúndios, como demonstra esse laudo antropológico do órgão indigenista:

“Em 1986, era constatado que 39% das malocas Wapichana tinha em média de uma a três fazendas na área considerada de uso da maloca; o restante, entre quatro a doze fazendas, algumas na própria área, provocando invasão contínua do gado nas roças e nas malocas (Funai, p. 12)”.[4]

Os legítimos donos do território, os povos Wapichana e Macuxi, sofreram um processo histórico e prolongado de invasão e espoliação de terras orquestrado há séculos pelos sucessivos governos local e central, o que foi aprofundado pela míope e criminosa ideologia da ditadura militar. No final desse triste e terrível período que o país viveu, após muita luta das comunidades indígenas, aconteceu a demarcação da Terra Indígena Manoá-Pium (1982).

Como sempre se sucede quando interesses poderosos são contrariados, a pressão sobre as lideranças indígenas para que renunciassem aos seus direitos foi acintosa. Em troca de nada mais do que a risível promessa de que a demarcação do território seria acelerada. No horizonte, pairava a cruel ameaça de que caso não aceitassem a negociação escabrosa, o processo se arrastaria por longuíssimos anos. Assim contextualiza a estudiosa Nádia Farage sobre o conturbado desenrolar do reconhecimento dos territórios indígenas:

“Uma evidente e lastimável injustiça foi cometida neste caso: foram isoladas, enquanto áreas segmentadas, aldeias vizinhas, cujo território de caça, pesca e circulação é tradicionalmente comum. Além disso, o que é mais grave, as ilhas liberaram terras para instalação de fazendas que vêm sistematicamente invadindo os limites já estreitos de tais áreas”.[5]

Infelizmente, o vergonhoso e obsceno assédio aos povos originários não foi uma mera exceção circunscrita ao caso dos indígenas do território Manoá-Pium, que viram um terço de suas terras roubadas em detrimento de tacanhos interesses privados. Ao contrário trata-se de uma prática sistêmica do Estado brasileiro, sustentado por uma “elite do atraso”, como muito bem pontua Jessé de Souza. Uma classe dominante que possui como modus operandi o uso do medo para tentar amordaçar aqueles e aquelas que ousam se insurgir contra o sistema vigente.

Com a absurda aprovação pelo Congresso Nacional da Lei 14.701/2023, que instituiu a estapafúrdia e já declarada inconstitucional tese do Marco Temporal, as intimidações voltaram com mais força. No início de fevereiro o fazendeiro que ocupava a área da Retomada tentou reerguer a cerca, que havia sido derrubada pelos indígenas como sinal de retorno a um território coletivo. Não satisfeito, conforme relato das lideranças indígenas, há duas semanas mandou seus emissários investigar as pessoas que se encontravam no local, com claro viés intimidativo.

Com a absurda aprovação pelo Congresso Nacional da Lei 14.701/2023, que instituiu a estapafúrdia e já declarada inconstitucional tese do Marco Temporal, as intimidações voltaram com mais força – Gabriel Vilardi Tweet

Outras comunidades das 21 que formam a Região Serra da Lua, tais como MoscouCanauanim e Malacacheta, também sofreram ameaças e propostas enganosas de toda ordem. As mais diversas táticas invariavelmente envolvem ilusórias vantagens e míseras promessas com o intuito de dividir e enfraquecer as lideranças comprometidas com a libertação do seu povo:

“O governo do antigo Território de Roraima, por sua vez, criou uma colônia dentro dos limites da área indígena Recanto da Saudade, conhecida ainda como Maloca do Moscou, sem que houvesse qualquer contestação da Funai. Já os Wapichana da Maloca Canauanim acusavam a Funai de pressioná-los a aceitar uma redução da área delimitada, que estava sendo cortada pela construção de uma estrada estadual. A mesma proposta teria sido feita à área indígena da Malacacheta que recebera ainda uma proposta de loteamento individual (op. cit. p. 150)”.[6]

Segundo dados do excelente e infelizmente necessário Caderno de Conflitos no Campo da Comissão Pastoral da Terra (CPT), apenas no primeiro semestre de 2023, foram registrados 791 conflitos pela terra no país, outros 102 casos de trabalho escravo rural e 80 disputas pela água, com 527 mil pessoas envolvidas. Números alarmantes para um país com dimensões continentais e um enorme estoque de terras agriculturáveis disponíveis, porém concentradas nas mãos de uma parcela ínfima de grileiros e herdeiros das Capitanias do Brasil Colônia.

Foto: Ronivaldo Wapichana

Nessas ocasiões de conflito agrário a nem tão cega Justiça pende invariavelmente para o lado dos donos do dinheiro e a Polícia Militar, em um padrão assustador, torna-se braço armado de interesses particulares. Famílias e comunidades inteiras são expulsas, muitas vezes, sequer sem uma ordem judicial e com muita truculência policial. Na Retomada da Serra da Lua também houve tentativa de criminalização de uma legítima pauta do movimento indígena, com a instrumentalização das forças de segurança para fins que estavam bem longe da ordem pública. Essa antiga prática já era denunciada pelo grande antropólogo Darcy Ribeirro:

“Em qualquer lugar do Brasil, (uma casa, um apartamento, uma fazenda), uma propriedade particular, que seja invadida, o proprietário se vai à polícia ou ao juiz, consegue de imediato que a propriedade lhe seja devolvida. Essa sociedade se baseia nesta ordem. A coisa mais sagrada não é Deus, é a propriedade. Então, a propriedade está tremendamente defendida. A polícia, o exército, existem aí para defender a propriedade; estão contra alguém, faça subversão contra a propriedade. Só uma propriedade não é defendida. A propriedade dos Índios. Quando uma reserva indígena, uma terra indígena, é invadida, ao contrário do que aconteceria a um fazendeiro, ele reclama com a Funai, e a Funai reclama com a polícia; ela reclama com o prefeito; ele reclama com o governador; ele reclama com o presidente, mas todos prometem dar um jeito, e ninguém dá jeito nunca”.[7]

Como se não bastasse a evidente animosidade dos agentes de segurança, o próprio órgão indigenista responsável por salvaguardar os interesses dos Povos Indígenas comumente esteve tomado por visões anti-indígenas. Realidade muito presente nos tempos perigosos da ditadura civil-militar, quando coronéis e generais davam plantão na FUNAI para impedi-la de funcionar a contento, mas também mais recentemente no governo do ex-capitão sempre tão saudoso do autoritarismo da caserna. Tristemente, um velho expediente não de todo abandonado:

“Note-se que o argumento, pretensamente pragmático, da agilização da demarcação é recorrente na oratória da Funai para a região, havendo sido utilizado, com sucesso, para celebrar os acordos anteriores; inútil seria sublinhar a distorção legal que representa, uma vez que o território indígena não é possível de negociação, e sua demarcação é uma obrigação constitucional da União”.[8]

Assim, pode-se constatar um flagrante vício na condução de muitos processos de demarcação de Terras Indígenas, com a manipulação de lideranças por quem deveria zelar pelo cumprimento da lei. Esses processos precisam ser imediatamente revistos! Essa legítima demanda das comunidades prejudicadas estaria, inclusive, em conformidade com a decisão da Suprema Corte, no julgamento com repercussão geral do RE 1017365, que decidiu serem passíveis de revisão os limites dos territórios, no prazo de 5 anos da finalização da demarcação ou se manifesto o interesse até a data da decisão, para sanar as eventuais ilegalidades.

Para tanto, é fundamental que o atual governo cumpra as promessas de campanha realizadas pelo presidente Lula e dê efetivas condições de trabalho para a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, com um orçamento condizente com suas enormes responsabilidades e considerando a histórica dívida para com os Povos Indígenas. Além do mais, impõe-se como imprescindível a recuperação da força de trabalho da autarquia, criminosamente esvaziada nos últimos anos. Afinal, se no governo do autodeclarado inimigo dos povos originários a estratégia era asfixiar o funcionalismo de carreira, a prioridade desse governo popular deve ser garantir recursos extras para fazer frente ao desmonte promovido. A quem interessa uma FUNAI enfraquecida e sem capacidade de trabalho?

O próprio governo possui ciência de que o concurso público já autorizado, no ano passado, não é suficiente nem mesmo para suprir as carências mínimas. Quando pretende autorizar novo e robusto concurso para prover as quase imobilizadas 39 Coordenações Regionais? Prevalecerá a boa intenção propalada pelo presidente Lula quando candidato ou isso se perderá nos escaninhos obscuros dos interesses espúrios de Brasília?

Ao contrário dos indígenas que não agiram com violência, seus algozes nunca deixaram de recorrer ao uso da força. Amazonas Brasil, na Assembleia-Geral e Extraordinária da Cooperativa Mista de Pecuaristas de Boa Vista (Compec), no dia 28/08/1980, com o próprio apoio do presidente da entidade, Carlos Alberto da Silva, expôs com claridade toda a truculência dos tais “desbravadores de Roraima”: “o remédio jurídico é a penúltima arma que nós vamos usar, porque a última depende da coragem de cada um”. Nesse elucidativo depoimento é possível inferir como se deu a ocupação de Roraima, com o roubo dos territórios indígenas. Como se não fosse suficiente, o fazendeiro entendia que cabia a eles definir os critérios das demarcações:

“(…) o que nós vamos discutir é o critério de marcar área de índio, como é que eles escolheram aquela linha, como é que eles escolheram aquele rio, por que é que passa aqui, por que é que passa por ali, por que não respeita a fazenda do seu fulano, do seu sicrano”.[9]

Mesmo com as ações pacíficas e a paciência histórica das comunidades da Serra da Lua, sua pretensão de que o Estado reveja os limites da Terra Indígena e restitua seu território original, em um prazo razoável, é absolutamente legítima e inadiável. Na atual conjuntura, desculpas esfarrapadas de falta de orçamento e de servidores são inaceitáveis para continuar travando o processo!

As autoridades políticas, como os ministros de Estado afins e o presidente da República, precisam ser responsabilizadas caso essa omissão continue se prolongando. Como pediram as lideranças da região, em dezembro passado, na reunião da Coordenação Ampliada do Conselho Indígena de Roraima (CIR) a instalação de um grupo de trabalho (GT) para o início do processo é urgente! Quantos anos mais se arrastará o interminável imbróglio? Podem continuar sendo penalizadas as crianças e os jovens indígenas por falta de terra regularizada para viverem em paz, segundo o garantido pelo art. 231 da Constituição Federal?

As forças aliadas dos Povos Indígenas devem engrossar o coro de vozes lúcidas que cobram para que a dignidade assegurada pela Carta de 1988 seja cumprida. Uma presença importante nessa marcha é a Igreja de Roraima, com a sua combativa Pastoral Indigenista e o direto engajamento dos sucessivos bispos ao longo dos anos. Grandes pastores serviram essa parcela do Povo de Deus, entre eles o inesquecível Dom Aldo Mongiano, bem como Dom Aparecido José Dias e Dom Roque Paloschi, também presidentes do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

Com a significativa nomeação do presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), o franciscano Dom Evaristo Spengler, a diocese se viu fortalecida com um pastor experiente e comprometido com as causas sociais. Seu envolvimento e apoio pessoal serão valiosos para que se cheguem até os palácios da capital federal os clamores do povo de Macunaima. Essa é, afinal, uma das missões da Igreja, como bem lembra o Papa Francisco na magistral Carta Encíclica Fratelli Tutti:

“Por estas razões, embora a Igreja respeite a autonomia da política, não relega a sua própria missão para a esfera do privado. Pelo contrário, não pode nem deve ficar à margem na construção de um mundo melhor nem deixar de «despertar as forças espirituais» que possam fecundar toda a vida social. É verdade que os ministros da religião não devem fazer política partidária, própria dos leigos, mas mesmo eles não podem renunciar à dimensão política da existência que implica uma atenção constante ao bem comum e a preocupação pelo desenvolvimento humano integral. A Igreja «tem um papel público que não se esgota nas suas atividades de assistência ou de educação», mas busca a «promoção do homem e da fraternidade universal».[10]

Forjados em uma secular luta pela sobrevivência, os povos Wapichana e Macuxi, aprenderam a complexa arte da resistência. Com uma implacável persistência e a sabedoria que trazem de sua espiritualidade ancestral, sabem de suas profundas raízes e não estão dispostos a abrir mão de seu território sagrado. Não serão as forças coloniais do agronegócio e do garimpo assassino, mancomunadas com mesquinhos atores políticos, que irão afastá-los da terra de seus pais.

Os povos originários estão perdendo a paciência! E não é para menos, considerando a demora de mais de 35 anos para o reconhecimento das Terras Indígenas. A Retomada Manoá-Pium não foi a primeira, nem será a última. Caso o Estado não observe sua obrigação constitucional e assegure o direito inalienável dos Povos Indígenas à terra, serão centenas as retomadas Brasil afora. Anna pata, anna yan, “nossa terra, nossa mãe”, dizem os Macuxi! E uma mãe não pode ser abandonada! 

NOTAS

[1] BLOCH, Ernst. El princípio esperanza. Madrid: Aguilar, 1977, p. 63.

[2] SUESS, Paulo. Mofo colonial. In: Cálice e Cuia: Crônicas de Pastoral e Política Indigenista. Petrópolis: Vozes, 1985.

[3] RIBEIRO, Gilmara Fernandes. Criadores de gado: experiência dos Macuxi com o gado bovino. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – PPG em Antropologia Social, UFRR, Boa Vista, 2018. p. 30.

[4] CIRINO, Carlos Alberto Marinho. A “boa nova” na língua indígena. Boa Vista: Ed. UFRR, 2009. p. 208.

[5] FARAGE, Nádia. Terras Indígenas no Lavrado: o impasse continua. In: Povos Indígenas no Brasil, 1987, 1988, 1989, 1990. São Paulo: CEDI, 1991. p. 148.

[6] CIRINO, Carlos Alberto Marinho. A “boa nova” na língua indígena. Boa Vista: Ed. UFRR, 2009. p. 202.

[7] RIBEIRO, Darcy e JUNQUEIRA, Carmen. Conferência realizada na UFMG, no dia 24/08/1978. Disponível em: documentos do SNI guardados no Arquivo Nacional, no DF – Coreg – BR_DFNBSB_AA3_PSS_132-p. 49-50.

[8] CEDI – Centro Ecumênico de Documentação e Informação. Povos Indígenas no Brasil, 1987/88/89/90. Aconteceu Especial, 1991. p. 156.

[9] SANTOS, Adriana Gomes; FERNANDES NETO, Antônio. Genocídio indígena e perseguição à Igreja Católica em Roraima: a ação e a omissão do Estado brasileiro diante das graves violações de direitos humanos. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2016. p. 57

[10] PAPA FRANCISCO. Carta Encíclica Fratelli Tutti, nº 276. Leia aqui.

Santas Perpétua e Felicidade, mártires do século II, protetora das grávidas

Origem
Muitas mulheres, jovens, mães, foram martirizadas no ano 203, em Cartago (norte da África, atual cidade de Túnis). Dentre elas, Perpétua, que tinha aproximadamente 22 anos. Era nobre de família rica, sendo seu pai o único da família a ser pagão. Quando foi levada para a prisão, ela tinha um filho recém-nascido. Felicidade era escrava de Perpétua e, quando foi para a prisão, estava com oito meses de gestação e deu à luz a uma menina neste lugar.

O cárcere
Elas foram presas por causa de um decreto do imperador romano, Lúcio Septímo Severo, que condenaria à morte aqueles que se considerassem cristãos. Em seus escritos, Perpétua narra: “Nos jogaram na cárcere e eu fiquei consternada porque nunca tinha estado em um lugar tão escuro. O calor era insuportável e éramos muitas pessoas em um subterrâneo muito estreito. Parecia que ia morrer de calor e de asfixia e sofria por não poder ter junto a mim o meu filho, que era de tão poucos meses e que necessitava muito de mim. O que eu mais pedia a Deus era a graça para ser capazes de sofrer e lutar por nossa santa religião”.

Entre os textos cristãos mais antigos
Foi na prisão também que as companheiras, pelo Batismo, oficializaram a pertença delas a Deus. Ainda na prisão, Perpétua escreve em um diário as atrocidades que viveu naquele lugar, ressaltando a sua coragem e amor a Cristo. Esse diário é considerado um dos textos cristãos mais antigos, ele é conhecido hoje como: a Paixão das Santos Perpétua e Felicidade (em Latim: Passio sanctarum Perpetuae et Felicitatis).

Santas Perpétua e Felicidade: invocada pelas mulheres grávidas

Martírio
As duas foram lançadas na arena juntamente com outros companheiros para serem pisoteadas por touros e vacas. Perpétua foi a primeira a ser atingida. Felicidade a ergueu do chão, ficando lado a lado, dando força uma a outra e demonstrando coragem, que é própria dos mártires. Perpétua animou o grupo com estas palavras: “Fiquem firmes na fé e amem-se uns aos outros, todos vocês! Não deixem que martírio seja pedra de tropeço para vocês.”

Degolada
Felicidade foi a primeira a ser degolada. Em seguida, o soldado, que faria o mesmo com Perpétua, errou o local do golpe, fazendo com que ela lançasse um grito de dor, mas, com sua mão, ela indicou, ao seu algoz, o local a ser cortado pelo machado dele.

Oração
“Deus Todo-poderoso, que destes às mártires Santas Perpétua e Felicidade a graça de sofrer pelo Cristo, ajudai também a nossa fraqueza, para que possamos viver firmes em nossa fé, como eles não hesitaram em morrer por vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!”

”Santas Perpétua e Felicidade, rogai por nós.”

Minha oração
“Sofrer e morrer com a convicção de que o céu está reservado para mim! Senhor, como as Santas Perpétua e Felicidade, dai-me a graça de viver assim. Pedimos, porque, se não for a sua graça, não conseguiremos. Assiste-nos!”

Santas Perpétua e Felicidade, rogai por nós!


Outros beatos e santos que a Igreja faz memória em 7 de março:

  • Santos SátiroSaturninoRevocato e Secundino, que morreram na mesma perseguição. O último morreu no cárcere; deram mutuamente o ósculo santo e sucumbiram degolados ao golpe da espada, em Cartago [† 203]
  • Santo Eubúlio, companheiro de Santo Adrião, que dois anos depois dele, foi despedaçado pelos leões e trespassado pela lança, na Cesareia da Palestina [† 309]
  • Santos bispos BasílioEugénioAgatodoroElpídioEtérioCapitão e Efrém, mártires, em Quersoneso, na actual Ucrânia [† c. s. IV]
  • São Paulo o Simples, discípulo de Santo Antão, na Tebaida, região do Egipto [† s. IV]
  • São Gaudioso, bispo, em Bréscia, região da Itália [† s. V]
  • Santo Ardão Smaragdo, presbítero, no mosteiro de Aniane, na Septimânia, atualmente na França [† 843]
  • São Paulo, bispo, que, por defender o culto das sagradas imagens, foi expulso da pátria e morreu no exílio, em Prusa, cidade da Bitínia, na atual Turquia [† 850]
  • Beatos mártires João Larke e João Ireland, presbíteros, e Germano Gardiner, que, pela sua fidelidade ao Romano Pontífice, morreram enforcados em Tyburn, durante o reinado de Henrique VIII [† 1544]
  • Santa Teresa Margarida Rédi, virgem, que, tendo entrado na Ordem das Carmelitas Descalças, percorreu um árduo caminho de perfeição e morreu ainda jovem, em Florença, na Etrúria, hoje na Toscana, região da Itália [† 1770]
  • São João Baptista Nam Chong-sam, mártir, na Coreia [† 1866]
  • Santos mártires Simeão Berneux, bispo, Justo Ranfer de BretenièresLuís Beaulieu e Pedro Henrique Dorie, presbíteros da Sociedade das Missões Estrangeiras de Paris, decapitados por afirmarem audazmente que vieram à Coreia para salvar as almas no nome de Cristo, em Sai-Nam-Hte, na Coreia [† 1866]
  • Beato José Olallo Valdés, religioso da Ordem Hospitaleira de São João de Deus, em Camaguey, cidade de Cuba [† 1889]
  • Beato Leónidas Fedorov, bispo e mártir, que, exercendo o ministério como exarca apostólico dos católicos russos do Rito Bizantino, perante um regime hostil à religião, mereceu ser discípulo fiel de Cristo até à morte, Em Kirov, cidade da Rússia [† 1935]

Santa Rosa de Viterbo, a jovem padroeira dos exilados

Origens da Santa
Rosa de Viterbo foi uma menina de família pobre da cidade de Viterbo (Itália). Foi educada na fé católica e defendia o catolicismo a todo custo.

Perseguida desde cedo
Mostrou-se defensora da Igreja na disputa entre o Papa Inocêncio IV e o imperador Germanico Frederico II.  Foi perseguida pelo imperador Frederico II, mas não abriu mão de sua fé em Cristo. Demonstrava uma fé madura e penitente, a ponto de se impor severas penitências.

Milagre aos 4 anos
A pequena Rosa foi ao velório de sua tia. Achegando-se ao lado do caixão, a menina de 4 anos, envolvida por uma força sobrenatural, chamou pelo nome de sua tia, que ressuscitou em meio a todos que estavam no funeral. Entende-se que essa ressurreição foi uma forma de ressuscitar também a fé do povo de Viterbo, que tiveram suas esperanças também ressuscitadas e passaram a lutar novamente pela Santa Sé, que era ameaçada pelo imperador.

Santa Rosa de Viterbo e o desejo de oração

Espiritualidade
Desde pequena, ela se sentia atraída pela espiritualidade franciscana; e, à medida que crescia, aumentava-se seu desejo de oração, de contemplação, de estar em lugares silenciosos para rezar. 

Saúde fragilizada
Acometida de uma forte febre, a Virgem Maria lhe aparece. A febre some e Nossa Senhora lhe confia uma missão e orienta a pedir sua admissão na Ordem Franciscana. 

Ousadia na pregação
Ainda na cidade de Viterbo, ela teve uma visão do crucificado, quando seu coração ardeu em chamas. Foi impulsionada a sair pelas ruas pregando com um crucifixo nas mão. Ao anunciar Jesus, a multidão que ela atraía era tão grande que, por vezes, não se podia vê-la pregando. Numa ocasião, Rosa começou a levitar-se até poder ser vista por todos. A levitação de Rosa foi atestada por milhares de testemunhas e a notícia percorreu a Itália. A pregação de Rosa transformou Viterbo. Pecadores empedernidos se converteram. Hereges voltavam ao seio da igreja e, principalmente, os partidários italianos do Imperador revoltado reconciliaram-se com seu soberano – o Sumo Pontífice. Muitas vezes, a multidão comovida interrompia a jovem missionária exclamando: “Viva a Igreja! Viva o Papa! Viva o Nosso Senhor Jesus Cristo!”. 

Denunciada ao Imperador

Deportação
Tempos depois, Frederico II voltou a dominar a Itália e, consequentemente, Viterbo. Rosa foi denunciada ao Imperador e levada à sua presença, sendo proibida pelo ditador de continuar suas pregações. E Rosa respondeu à Frederico: “Quem me manda pregar é muito mais poderoso e, assim, prefiro morrer a desobedecê-lo”. Frederico prendeu Rosa e temendo que houvesse revolta em Viterbo, caso conservasse Rosa na prisão, o Imperador mandou deportar a jovem missionária e seus idosos pais. Depois de muitas privações em meio à neve, Rosa e seus pais chegaram à Soriano, onde uma multidão correu para ouvi-la. Ela permaneceu pregando a submissão à Igreja.

Rejeitada e aceita
Rosa decidiu consagrar-se à Deus no Convento de Santa Maria das Rosas. As freiras recusaram a presença de Rosa. E Rosa lhes disse: “A donzela que repelis hoje há de ser por vós aceita um dia, com alegria, e guardareis preciosamente”. Rosa, então, transformou seu quarto em uma cela de religiosa e, assim, passou seus últimos sete anos de vida. Aos 18 anos, entregou sua alma a Deus. Seu corpo foi sepultado na Paróquia Santa Maria Del Poggio. Por três vezes o Papa Alexandre IV sonhou com Rosa, que lhe pedia por parte de Deus, que ele mesmo, o Papa, transladasse seus restos para o Convento Santa Maria das Rosas. Alexandre IV deslocou-se para Viterbo. As religiosas daquele convento receberam seus restos mortais como um verdadeiro tesouro. 

Curiosidades
– Oficialmente, existem duas festas de Santa Rosa de Viterbo: 6 de março, sendo o dia de sua morte; e 4 de setembro, dia da trasladação do seu corpo para o Convento Santa Maria das Rosas.
– Os Papas Eugênio IV e Calisto III continuaram o seu processo de canonização que ficou pronto em 1457, mas, com a morte do Papa Calisto III, o decreto não foi promulgado, assim a canonização de Santa Rosa não chegou aos termos dentro dos trâmites exigidos. Mesmo assim, foi integrada ao Martirológio Romano e confirmada por documentos e pontífices. 

Devoção a Santa Rosa de Viterbo

Repercussão mundial
Há Santuários de Santa Rosa de Viterbo nos EUA, França e México. Além da sacralidade, a vida da jovem Rosa de Viterbo foi excepcional, a ponto de repercutir, para que cidades recebessem o seu nome no Brasil, Colômbia, EUA e Espanha. 

Devoção no Brasil
Por influência da santa, no interior do Estado de São Paulo, existe o município de Santa Rosa de Viterbo. Nesta cidade, a devoção a Santa é cultivada e é difundida; pois é a história de uma jovem que amou a Igreja até o fim.

Padroeira
Reconhecida como intercessora da Juventude Franciscana e da Juventude Feminina da Ação Católica. Também é invocada como padroeira dos exilados.

Súbito: oração pelos ucraniamos
“Senhor Jesus, como tantos ucranianos que vivem hoje no exílio e saem em busca de refúgio, são tantos outros filhos teus espalhados pelo mundo que assim também sofrem. Tende misericórdia do teu povo Jesus. Amém.”

Minha oração
“Senhor Jesus, a pequena Rosa, desde criança recebeu do Senhor graças sobrenaturais. Pedimos-Te, humildemente, cuide, guarde e proteja nossas crianças, para que, sob a Tua graça, vivam e anunciem a Tua Palavra. Assim pedimos porque cremos em teu amor e zelo pelos pequenos e inocentes. Amém!”

Santa Rosa de Viterbo, rogai por nós!

Diocese de Roraima, expressando que a Igreja não tem fronteiras, participa dos 102 anos do Vicariato do Caroni (Venezuela)

O Vicariato Apostólico do Caroni, na Grande Sabana venezuelana, que tem sua sede na cidade de Santa Elena de Uairén, acaba de comemorar 102 anos de sua ereção canónica. Uma celebração que contou com a participação de representantes da diocese de Roraima, dentre eles Dom Evaristo Spengler, que também esteve acompanhado por Dom Arnaldo Carvaheiro Neto, bispo de Jundiai (SP), e Dom Vicente Costa, bispo emérito da mesma diocese.

“Uma festa muito bonita, com a participação das comunidades distantes”, segundo Dom Evaristo, numa região onde a maioria da população são indígenas do povo pemón. Eles realizaram diversos gestos durante a Eucaristia e depois da celebração realizaram apresentações culturais da região. Uma celebração que “trouxe o coração, a vida dessa história, 102 anos de doação de muitos missionários e missionárias“.

Segundo o bispo de Roraima, “uma coisa que ficou muito forte na celebração foi que a Igreja não tem fronteiras, cada vez mais queremos estreitar os laços de união”. Ele refletiu sobre as imensas dificuldades na evangelização da região da Grande Sabana, com paróquias e comunidades muito distantes e um alto custo para realizar as viagens para o trabalho evangelizador. Dom Evaristo destacou que “é um povo com muita doação, com muita alegria, e queremos continuar a rezar por esse povo, por Dom Gonzalo, por esse Vicariato do Caroni, todos os missionários que aqui estão, aqueles que estiveram no passado e aqueles que virão à evangelização nesse belíssimo futuro deste vicariato”.

O bispo local, Dom Gonzalo Alfredo Ontivares Vivas, manifestou sua alegria pela celebração vivida, destacando a participação das diversas comunidades indígenas que integram o vicariato e das igrejas de Roraima e de Jundiai, algo que ele vê como oportunidade para partilhar o que foi realizado pelos padres capuchinhos e deixaram como ensinamento, vivência e experiência de fé nesse processo de formação e de inculturação do Evangelho.

O bispo destacou que o Vicariato do Caroni está vivendo uma nova etapa, com a participação de missionários de outras igrejas locais e congregações religiosas. A celebração realizada é vista por Dom Gonzalo como algo que “nos ajuda a entender a sinodalidade que o Papa Francisco está nos convocando”. Ao mesmo tempo, ele disse que tem sido mais uma oportunidade para se integrar com a Igreja do Brasil, insistindo em que a Igreja não tem fronteiras, que podem ser compartilhadas as mesmas experiências de fé com os povos originários

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

A Diocese De Roraima Participa Da Celebração Dos 102 Anos Do Vicariato De Caroni

Ressaltando A Importância Da Evangelização Em Regiões Distantes

No último dia 4 de março, a cidade de Santa Elena de Uairén, capital do município da Gran Sabana, foi momento de uma celebração de importância histórica para a igreja católica. O Vicariato de Caroni, situado na Venezuela, comemorou seus 102 anos de fundação em um evento marcado por emoção, espiritualidade e união entre diferentes comunidades religiosas. A visita de Dom Evaristo Spengler, da Diocese de Roraima, em Santa Elena reunindo-se com Dom Gonzalo Alfredo Ontiveros Vivas, vigário apostólico de Caroni, destacou-se como um momento de reflexão sobre a importância da evangelização em regiões de difícil acesso e a integração entre povos indígenas e religiosos.

A celebração contou com a presença não apenas de padres, religiosas, religiosos e leigos representando diversas comunidades tanto locais como do povo indígena. Dom Evaristo Spengler expressou sua gratidão e emoção ao participar da celebração, destacando a importância de fortalecer os laços entre a Diocese de Roraima e o Vicariato de Caroni. Ele ressaltou a ideia de que a igreja não possui fronteiras geográficas, estabelecendo uma conexão espiritual entre locais distantes, como Roraima e Caroni, que estão separados por mais de 200 quilômetros.

‘’Mais um povo com muita doação, com muita alegria e queremos continuar rezando por esse povo, por Dom Gonçalo, por esse Vicariato de Caroni. Todos os missionários que aqui estão, aqueles que estiveram no passado e certamente aqueles que virão para ajudar na evangelização nesse belíssimo futuro deste Vicariato.’’ Declarou Dom Evaristo.

As palavras de Dom Evaristo foram complementadas pelas declarações de Dom Gonzalo Alfredo Ontiveros Vivas, que enfatizou a relevância histórica da celebração dos 102 anos do Vicariato de Caroni. Ele mencionou a presença significativa da igreja brasileira, representada por importantes dioceses como a de Roraima. A união entre as igrejas do Brasil e da Venezuela reflete a missão compartilhada de promover a fé e a evangelização em meio a desafios como a distância geográfica e as dificuldades logísticas.

”Há sido uma experiência maravilhosa, extraordinária, porque nós compartilhamos a cultura, compartilhamos a fé, mas também compartilhamos outros elementos, como a cultura, as tradições, onde há tido esse intercâmbio hermoso, bonito, maravilhoso, que nos traz à nossa memória, nos integra, nos ajuda.” Afirmou Dom Gonzalo.

O Vicariato de Caroni, desde sua fundação, tem sido um ponto central para a disseminação da fé católica em uma região marcada pela diversidade cultural e pela presença de comunidades indígenas. A influência dos pais capuchinhos deixou um legado importante na formação espiritual e na inculturação da evangelização. A diocese de San Cristóbal, na Venezuela, desempenha um papel fundamental no envio de missionários e na colaboração para fortalecer a presença da igreja católica na região.

Durante a celebração, foram discutidos também os desafios enfrentados pela evangelização no Vicariato de Caroni, como a escassez de recursos e as dificuldades de acesso às comunidades mais distantes. A presença constante e o apoio das igrejas brasileiras e venezuelanas são essenciais para enfrentar esses desafios e fortalecer a presença da igreja católica em áreas remotas.

O evento culminou em uma reflexão sobre a importância da união entre diferentes comunidades religiosas e culturais para promover a mensagem de amor e paz pregada pelo evangelho. A troca de experiências e tradições entre os povos indígenas e os religiosos evidenciou a riqueza da diversidade e a universalidade da fé cristã.

Ao encerrar a celebração, Dom Gonzalo Alfredo Ontiveros Vivas expressou sua gratidão pela participação e apoio de todas as comunidades presentes. Ele ressaltou a mensagem de que a igreja católica é uma igreja sem fronteiras, capaz de unir povos de diferentes origens em um só propósito: a vivência da fé e a busca pela paz e fraternidade.

Em meio às dificuldades e desafios enfrentados pela evangelização em regiões remotas, a celebração dos 102 anos do Vicariato de Caroni representa não apenas uma homenagem à história e à dedicação dos missionários que contribuíram para sua fundação, mas também um compromisso renovado de continuar a missão de levar a mensagem do evangelho a todos os povos, sem distinção de cultura ou nacionalidade.

São Casimiro, que não caiu nas seduções do luxo e do poder

Origens
São Casimiro nasceu em 1458. Era o terceiro filho de Casimiro IV, o rei da Polônia e grão-duque da Lituânia, e sua esposa Isabel de Áustria. Na infância, teve como instrutor João Dugloss, bispo de Lemberg. Apresentou imediatamente boa aptidão para o estudo e disciplina, foram sobretudo as lições espirituais que ele aproveitou.

Insigne no zelo pela fé
Desde muito cedo, deu a impressão de pretender seguir o caminho da santidade, manifestando-se indiferente às honras e prazeres, vigiando os sentidos, chorando ao meditar nos sofrimentos do Senhor e encontrando toda a sua felicidade na oração. Graças a servo discreto, foi-lhe possível, sem despertar atenções, pôr em prática as suas penitências.

A Renúncia
O Rei Casimiro IV colocou a Boêmia sobre o domínio e o reinado de seu primogênito.  Para o terceiro filho, São Casimiro, resolveu dar o trono da Hungria, mas renunciou à coroa da Hungria porque o Papa era contrário.

São Casimiro: sempre fiel aos propósitos de Deus

A Recusa
De 1479 a 1483 teve de governar a Polônia, na ausência do pai. Tentaram nessa altura levá-lo a desposar a filha de Frederico III de Augsburg, cujo objetivo era expandir os confins do reino, mas, São Casemiro, recusou o pedido de casamento. 

Páscoa
São Casimiro, no dia 4 de março de 1484, aos 25 anos, vítima da tuberculose, na cidade de Grodno, perto de Vilna, na Lituânia, hoje na Bielorrússia, descansou piedosamente no Senhor, não caindo nas tentações do luxo e do poder. Foi canonizado, em 1522, e declarado patrono da Polônia em 1602. 

O Legado
São Casimiro foi um príncipe insigne no zelo pela fé, na castidade e na penitência, na benignidade para com os pobres e na piedosa veneração da Sagrada Eucaristia e da bem-aventurada Virgem Maria. 

Minha oração
“São Casimiro, te rogamos a mesma caridade para com os mais necessitados, assim como a nobreza de coração, para não perder a oportunidade de fazer o bem a todos. Que o Senhor nos cumule da virtude do desapego e caridade. Amém.”

São Casimiro, rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 4 de março 

  • Em Nicomédia, na Bitínia, hoje Izmit, na Turquia, os santos FócioArquelauQuirino e outros dezassete mártires.(† s. III/IV)
  • Em Tréveris, na Renânia da Austrásia, hoje na Alemanha, São Basino, bispo. († 705)
  • Em Comáquio, na Emília-Romanha, região da Itália, Santo Apiano, monge. († s. VIII)
  • No mosteiro de Cava de’ Tirréni, na Campânia, também região da Itália, São Pedro, bispo de Policastro. († 1123)
  • Em Chambéry, na Savóia, hoje na França, o Beato Humberto, terceiro conde da Sabóia. († 1188)
  • Em Londres, na Inglaterra, os beatos Cristóvão Bales, presbítero, Alexandre Blake e Nicolau Horner, mártires. († 1590)
  • Em Vannes, na Bretanha, região da França, a Beata Maria Luísa (Isabel de Lamoignon Molé de Champlatreux), viúva, mãe de S. Luís e fundadora das Irmãs da Caridade de São Luís. († 1825)
  • No cenóbio de Saint-Sauveur-le-Vicomte, na Normandia, região da França, a Beata Plácida (Eulália Viel), virgem. († 1877)
  • Em Vicenza, na Itália, São João António Farina, bispo, que fundou o Instituto das Irmãs Mestras de Santa Doroteia Filhas dos Sagrados Corações. († 1888)
  • Em Wroclaw, na Polónia, o Beato Roberto Spiske, presbítero diocesano, fundador da Congregação das Irmãs de Santa Edviges. († 1888)
  • Em Berezwecz, perto de Glebokie, cidade da Polónia, os beatos Miecislau BohatkiewiczLadislau Mackowiak e Estanislau Pyrtek, presbíteros e mártires. († 1942)
  • Em Kistarcsa, próximo de Budapeste, na Hungria, o Beato Zoltan Lajos Meszlényi, bispo de Esztergom-Budapeste e mártir. († 1951)