Uma reflexão sobre o amor, que flui do coração, dos gestos e das palavras, do coração que tanto amou. Um amor que dá de beber, que é amor por amor. A quarta encíclica do Papa Francisco nos leva à parte mais íntima de Deus, ao coração do Filho Amado, àquilo que articula o Deus Trinitário, o amor divino e humano, pois acreditamos em um Deus cuja atitude fundamental é doar-se.
Recuperando a importância do coração
Um amor que nos entusiasma a ponto de não querermos nos separar dele, que vem de alguém que toma a iniciativa de nos amar incondicionalmente. A encíclica Dilexit nos (Ele nos amou) (VER AQUI), tem como ponto de partida a dimensão humana, afirmando que “é necessário recuperar a importância do coração”, cujo significado é analisado a partir de diferentes perspectivas: o centro do ser humano, o mais profundo, o lugar da sinceridade, alertando contra a superficialidade que o esconde e as mentiras, porque o coração deve ser o lugar das questões decisivas, ainda mais na sociedade líquida de hoje.
Francisco afirma que “em última análise, poder-se-ia dizer que eu sou o meu coração, porque é ele que me distingue, que me molda na minha identidade espiritual e que me põe em comunhão com as outras pessoas”, que me leva a “conhecer melhor e mais plenamente”. Diante da fragmentação do individualismo, o coração une, nos abre aos outros, nos doa, unifica e harmoniza nossas vidas, mantém o que a inteligência artificial não consegue captar. É um lugar de afeto, também espiritual, que nos coloca “numa atitude de reverência e obediência amorosa ao Senhor”. É um espaço a partir do qual o mundo pode mudar, pois “levar o coração a sério tem consequências sociais”, o que fará do coração a coisa mais importante e necessária diante das guerras, dos desequilíbrios socioeconômicos, do consumismo e do uso anti-humano da tecnologia.
O núcleo vivo da primeira proclamação
O coração é visto pelo Papa como “o núcleo vivo do primeiro anúncio”, a origem da fé e a fonte das convicções cristãs. Ele se expressa em gestos, a exemplo de Jesus, “está sempre à procura, sempre próximo, sempre aberto ao encontro”, quer iluminar a existência, inclusive a tua. Um coração que nos leva a olhar com atenção, a descobrir as preocupações e os sofrimentos dos outros, que nos fala interiormente, expressando sentimentos profundos, além de algo superficial, do puro sentimento ou alienação espiritual, pois é na cruz que ele encontra sua expressão mais plena.
Além das imagens, o texto nos chama a adorar o Coração vivo de Cristo. Nessa imagem, que não é mais do que uma figura motivadora, o coração aparece como “um centro íntimo que gera unidade e, ao mesmo tempo, como expressão da totalidade da pessoa”, uma imagem que “nos fala de carne humana”. De fato, o coração, “o centro mais íntimo da nossa pessoa, criado para o amor, só realizará o projeto de Deus enquanto amar”. No caso de Jesus, esse amor é humano, divino e infinito, é um coração que, movido por uma perspectiva trinitária, é o caminho para ir ao Pai, ao seu “paizinho”, ao seu “Abbá”. Não nos esqueçamos de que, “perante o Coração de Cristo, é possível voltar à síntese encarnada do Evangelho” e viver “na infinita misericórdia de um Deus que ama sem limites e que deu tudo na Cruz de Jesus”.
Um relacionamento pessoal de amor no qual os mistérios da vida são iluminados
Um amor que dá de beber ao seu povo, como aparece repetidamente na Bíblia e se concretiza na história da Igreja por meio da vida dos santos, transformando suas vidas, “numa relação pessoal de amor, na qual se iluminam os mistérios da vida”, como o texto nos conta a partir da experiência de São Francisco de Sales, que “face a uma moral rigorista ou a uma religiosidade de mero cumprimento de obrigações, o Coração de Cristo lhe aparece como um apelo à plena confiança na ação misteriosa da sua graça”. O texto analisa a vida de um bom número de santos, mostrando os vários aspectos que a devoção ao Coração de Cristo produziu em sua jornada espiritual. Uma relação que levou a contemplar o coração como a fonte que levou tantos homens e mulheres a serem testemunhas de consolação.
Nesse progressivo crescimento no amor que a encíclica contém, o último capítulo é o ponto alto, pois convida-nos a “procurar aprofundar a dimensão comunitária, social e missionária de toda a autêntica devoção ao Coração de Cristo”, já que “o Coração de Cristo, ao mesmo tempo que nos conduz ao Pai, envia-nos aos irmãos. Nos frutos de serviço, fraternidade e missão que o Coração de Cristo produz através de nós, cumpre-se a vontade do Pai”, a ponto de ver nisso a maneira pela qual se fecha o círculo: “Nisto se manifesta a glória do meu Pai: em que deis muito fruto” (Jo 15,8).
“O pedido de Jesus é o amor”, nos diz Francisco, e isso deve levar a “prolongar o seu amor nos irmãos”, da mesma forma que os primeiros cristãos reconheciam os pobres, os estrangeiros e tantos outros descartados pelo Império Romano, os últimos da sociedade. A história da Espiritualidade nos mostra essa dinâmica, esse “ser fonte para os outros”, essa união entre “fraternidade e mística”. Nesse sentido, falando de reparação, uma dinâmica nascida da devoção ao Sagrado Coração, o texto nos convida a construir sobre as ruínas, a reparar os corações feridos, a descobrir a beleza de pedir perdão, porque “não se deve pensar que reconhecer o próprio pecado perante os outros seja algo degradante ou prejudicial para a nossa dignidade humana”.
Apaixonar o mundo a partir da proposta cristã
Nessa dinâmica de reparação, a encíclica nos adverte que “a nossa cooperação pode permitir que o poder e o amor de Deus se difundam nas nossas vidas e no mundo, e a rejeição ou a indiferença podem impedi-lo”, chamando-nos a descobrir que “as renúncias e os sofrimentos exigidos por estes atos de amor ao próximo unem-nos à paixão de Cristo”. Trata-se de fazer com que o mundo se apaixone pela proposta cristã, que será atraente “quando pode ser vivida e manifestada na sua integralidade”, e não permanecer “um simples refúgio em sentimentos religiosos ou em cultos faustosos”. É uma comunhão de serviço, onde o amor se torna serviço comunitário, “com a própria comunidade e com a Igreja”, porque “se nos afastarmos da comunidade, afastamo-nos também de Jesus”. É Ele quem envia para espalhar o bem, sendo um missionário que não deixa de “viver a alegria de tentar comunicar o amor de Cristo aos outros”.
Uma encíclica que Francisco relaciona à Laudato si’ e à Fratelli tutti, mostrando que bebendo do amor de Jesus Cristo tornamo-nos capazes de tecer laços fraternos, de reconhecer a dignidade de cada ser humano e de cuidar juntos da nossa casa comum”. Um amor gratuito, do qual a Igreja precisa “para não substituir o amor de Cristo por estruturas ultrapassadas, obsessões de outros tempos, adoração da própria mentalidade, fanatismos de todo o género que acabam por ocupar o lugar daquele amor gratuito de Deus que liberta, vivifica, alegra o coração e alimenta as comunidades”.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
Santo Antônio Maria Claret nasceu em Sallent, uma cidade próxima de Barcelona, em 1807. De uma família numerosa, foi educado de modo profundamente cristão. Distinguiu-se logo pela sua devoção à Virgem Maria e à Eucaristia, mas, como em todas as famílias numerosas, teve que dar uma mão. Por isso, dedicou-se à atividade de tecelão junto com seu pai. Porém, sabia bem que o seu lugar não era aquele.
Vida Sacerdotal
Santo Antônio Maria Claret ajudou o pai numa fábrica de tecidos até os 22 anos. Abandonou tudo e ingressou para o seminário, pois almejava um sacerdócio santo. Aos 28 anos, foi ordenado sacerdote. Dedicou-se de corpo e alma ao serviço ministerial, desejando consagrar-se nas difíceis missões da Espanha.
Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria
Seu ideal, entretanto, ultrapassava os limites de sua paróquia. Ao ver a pobreza dos missionários e as portas se abrindo, Santo Antônio Maria Claret, com amigos sacerdotes, tratou de fundar a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, conhecidos como Claretianos.
Santo Antônio Maria Claret: Grande Impulsionador da Fé na Mãe de Deus
O Carisma
O Carisma era evangelizar todos os setores por meio da caridade de Cristo que constrangia, por isso dizia: “Não posso resistir aos impulsos interiores que me chamam para salvar almas. Tenho sede de derramar o meu sangue por Cristo!”. Mal tinha fundado a Congregação, o Espírito o nomeou para Arcebispo de Santiago de Cuba, onde fez de tudo, até arriscar a própria vida, para defender os oprimidos da ilha e converter a todos. Conta-se que, ao chegar às terras cubanas, foi logo visitar e consagrar o apostolado a Nossa Senhora do Cobre.
Evangelizador
Com os amigos, o Arcebispo Santo Antônio Maria Claret evangelizou milhares de almas, isso por meio de missões populares e escritos, que chegaram a 144 obras. Não obstante, em Cuba, em 1855, com a ajuda da venerável Maria Antônia Paris, fundou o ramo feminino da Congregação: as “Religiosas de Maria Imaculada” também chamadas “Missionárias Claretianas”.
A Missão: Evangelizar pela caridade de Cristo
Páscoa
Em 1857, a Rainha da Espanha convocou Antônio para voltar a Madrid, e teve de obedecer, para ser seu Confessor. Ligado à monarquia espanhola, seu destino mudou, em 1868, foi exilado, com a rainha, para Paris, onde continuou as suas pregações. Em Roma, participou do Concílio Vaticano I, no qual defendeu a infalibilidade do Pontífice. Enfim, refugiou-se no mosteiro de Fontfroide, em Narbona, na França, onde faleceu em 1870.
Via de Santificação
Foi beatificado, em 1934, pelo Papa Pio XI, e canonizado por Pio XII em 1950. Pelo seu amor ao Imaculado Coração de Maria e pelo seu apostolado do Rosário, tem uma estátua de mármore no interior da Basílica de Fátima.
Oração de Santo Antônio Maria Claret
“Ó Deus, que aos vossos pastores associastes Santo Antônio Maria Claret, animado de ardente caridade e da fé que vence o mundo, dai-nos, por sua intercessão, perseverar na caridade e na fé, para participarmos de sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.”
Minha oração
“Zeloso pastor das almas, pedimos a tua graça sobre os ramos claretianos, para que sigam fielmente o teu exemplo e carisma, a fim de que, assim, o nome de Jesus seja amado e adorado em todos os cantos do mundo. Amém.”
A última coletiva de imprensa em que foram apresentados os trabalhos da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, antes daquela que será usada para apresentar o Documento Final no final do sábado, 26 de outubro, trouxe para a Sala Stampa o que foi vivido nas últimas horas, nas quais, como lembrou a secretária da Comissão para a Comunicação, Sheila Pires, o trabalho continuou em vista das emendas ao rascunho do Documento Final, que será lido e votado no sábado, e que já foram entregues, tanto coletivas quanto individuais, à Secretaria do Sínodo.
Papa Francisco pede aos jovens que caminhem
O Prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, também apresentou a composição e o papel do Conselho Ordinário do Sínodo. O prefeito se referiu a um comunicado enviado aos jornalistas no qual o padre Timothy Radcliffe se posicionou sobre uma controvérsia que havia surgido durante a coletiva de imprensa do dia anterior, esclarecendo sua posição e agradecendo ao cardeal Ambongo por sua defesa.
Os presentes na Sala Stampa assistiram a um vídeo do Papa Francisco dirigindo-se aos jovens, no qual ele lhes disse que “uma das coisas mais importantes é caminhar, quando um jovem caminha tudo vai bem”, o que ele comparou à água, que quando estagna se corrompe, algo que ele aplicou aos jovens. Por isso, ele os convidou a “caminhar sempre, com coragem e alegria”. Também foi informado que o Papa entregou aos participantes da Assembleia Sinodal o livro de Luis Miguel Castillo Gualda sobre Santo Agostinho e sua concepção do bispo no povo de Deus, um tema muito abordado neste processo sinodal.
Autoridade e função do bispo
A autoridade e o papel do bispo na diocese e a seleção dos bispos foi tema de debate no Sínodo, de acordo com o prefeito do Dicastério dos Bispos, Cardeal Robert Francis Prevost, que falou sobre o papel do núncio na identificação dos candidatos ao episcopado. A Assembleia Sinodal questionou como conduzir um processo de busca de candidatos mais sinodal, aberto e participativo. Essa é uma orientação que os núncios recebem, de acordo com o cardeal, que insistiu que os bispos não são apenas administradores, eles têm que ser pastores que caminham com o povo de Deus, caminhando juntos, com alegria. Mas também, os bispos são chamados a serem juízes em vários assuntos relacionados à disciplina, dando origem a uma tensão entre ser pastor e juiz, o que faz parte do papel dos bispos.
“A única autoridade que temos como bispos é a do serviço”, disse o prefeito, lembrando as palavras do Papa Francisco. Um chamado para passar do poder ao serviço, para criar órgãos consultivos, para trabalhar em conjunto para alcançar o maior número de fiéis. É necessário que os bispos conheçam seu rebanho, encontrem tempo para se encontrar com as pessoas e ouvir suas preocupações, formas de ir ao encontro das pessoas que estão à margem, para convidá-las a entrar na Igreja, todos, todos, todos, porque “a Igreja está aberta a todos, temos que ampliar nossa tenda, para que as pessoas saibam que todos são bem-vindos e bem-vindas”, que “todos são convidados a fazer parte da comunidade da Igreja”.
Questões canônicas sobre sinodalidade
Myriam Wijlens comparou o atual processo sinodal com o fato de reiniciar um computador, o sistema é reconfigurado para otimizar as condições de trabalho. Esse é o convite do Papa Francisco, sob a orientação do Espírito Santo, para otimizar sua tarefa missionária. Inspirada pelo Concílio Vaticano II, a Igreja está refletindo sobre como os vários membros do Povo de Deus, levando em conta diferentes elementos, podem discernir melhor, juntos como a missão confiada à Igreja pode ser mais credível e eficaz, disse a canonista, que destacou como única a participação de todos desde o início.
Um processo que precisa de normas canônicas, segundo a professora da Universidade de Erfurt (Alemanha), enfatizando alguns aspectos, como a necessidade de conferências eclesiais que levem a um discernimento de todo o Povo de Deus, a natureza obrigatória dos conselhos, bem como estruturas permanentes em nível de províncias eclesiásticas e em nível continental. Ele também se referiu à responsabilidade e à transparência em relação a abusos de todos os tipos, que levaram a uma falta de confiança, e ao planejamento pastoral e aos métodos de evangelização. Procedimentos apropriados precisam ser implementados para isso.
Autoridade doutrinária das conferências episcopais
Sobre a autoridade doutrinária das conferências episcopais, Gilles Routhier fez uma revisão histórica, falando da necessidade de um debate em todas as direções. A esse respeito, o teólogo canadense esclareceu que isso não significa que cada conferência episcopal tenha autoridade absoluta, mas apenas com limitações, em comunhão com a Igreja, enfatizando que “a conferência episcopal não é autônoma, ela tem que estar em coerência com as outras conferências e com a Sé de Pedro”. Isso porque não se trata de uma fragmentação da Igreja, mas de ensinar a fé comum de uma forma autêntica, que não permanece em um nível abstrato, mas que responde às necessidades de um povo em particular e ajuda a oferecer uma posição adequada.
A riqueza da diversidade da Igreja universal
Por fim, Khalil Alwan destacou que, pela primeira vez, uma Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos convida participantes não-bispos como membros plenos, uma novidade muito apreciada pelos leigos, o que permitiu que ela fosse a melhor expressão do sensus fidei da Igreja universal. O sacerdote maronita contou sobre a especificidade das Igrejas Católicas Orientais e que elas estão em plena comunhão com o Bispo de Roma. Ele especificou os países de onde eles vêm, “para trazer as preocupações de nossas igrejas que estão sofrendo por causa da tragédia das guerras e da hemorragia dos migrantes”. Ele também enfatizou na Assembleia a riqueza da diversidade da Igreja universal, que leva a tecer relacionamentos e construir pontes de diálogo para promover a compreensão mútua e buscar o bem comum, destacando os gestos do Papa Francisco neste momento, que gerou esperança.
A Câmara dos Deputados da Itália acolheu nesta terça-feira 22 de outubro, com motivo da canonização de São José Allamano, um evento sobre os povos indígenas da Amazônia. O Papa Francisco, no final das canonizações deste domingo fez um chamado às autoridades a proteger o Povo Yanomami, uma mensagem que foi exibida no início do ato, sendo lembrada a preocupação do Papa Francisco pela Amazônia, algo presente em Querida Amazônia.
Conscientizar a comunidade internacional
O desafio é conscientizar o parlamento italiano e a comunidade internacional sobre a necessidade da proteção dos povos indígenas, uma questão além das religiões, segundo o deputado italiano Fábio Porta, organizador do encontro. Ele apresentou a realidade da Amazônia, falando da importância da COP 30, que será realizada em Belém do Pará em 2025, uma oportunidade para a humanidade se colocar na frente da Amazônia e seu papel nas mudanças climáticas.
Ele denunciou o desrespeito dos direitos garantidos na Constituição Brasileira de 1988. Mesmo com um governo sensível, o interesse político e económico fala mais forte. Na Amazônia se morre pelo desmatamento e pela ação dos garimpeiros ilegais, lembrou Porta. Ele fez um chamado ao governo italiano sobre sua responsabilidade com relação ao ouro que sai da Amazônia e as graves consequências que provoca. No dia em que é celebrada a festa de São João Paulo II, ele lembrou suas palavras: “holocaustos conhecidos continuam ainda hoje na Amazônia”.
Atenção do atual governo aos povos indígenas
O embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca de Souza, relatou a situação crítica, de total abandono, de fome e doença com o povo Yanomami, encontrada pelo atual governo, uma situação presente em outros povos indígenas. Diante disso foi criado o Ministério dos Povos Indígenas para enfrentar esse problema, para levar a letra da lei à realidade. O embaixador destacou a importância da participação da Igreja para ajudar o governo para dar aos povos a possibilidade de aceder a cidadania e à vida verdadeira, não ser um povo abandonado. Mosca de Souza destacou a importância do G20 de novembro a ser realizado no Rio de Janeiro, que irá abordar a luta contra a fome e a pobreza, um compromisso do Governo Lula, em um país que saiu em 2014 do mapa da fome da FAO e em 2024 tem 30 milhões de brasileiros que passam fome o sofrem insegurança alimentaria.
Diante disso, manifestou o compromisso do governo brasileiro de enfrentar essa situação inaceitável, pois “o problema não é de produção, mas de distribuição”. Ele denunciou os quatro anos de governo negacionista, que abandonou o povo da Amazônia. Frente a isso, ele disse que o único motivo de todo governo é trabalhar pelo povo. O embaixador defendeu o desenvolvimento sem abandonar a dimensão social e a sustentabilidade. Nessa perspectiva falou da COP 30 como momento de afirmação desta ideia e deste compromisso. Ele agradeceu o apoio do governo italiano ao Brasil em temas relacionados com as mudanças climáticas e a fome.
Diversas explorações na Terra Indígena Yanomami
O líder indígena da Terra Yanomami, homologada em 1992 sob a pressão indígena e internacional, Júlio Ye´kwana mostrou a realidade de seu território, do tamanho de Portugal, onde moram 33 mil pessoas em 350 comunidades, com 7 línguas e 10 associações para defender os direitos dos povos indígenas. Ele denunciou as ameaças que sofrem: garimpo ilegal, incentivado pelo governo anterior e cada vez mais sofisticado, devastação do território, poluição dos rios, desmatamento, exploração sexual, tráfico de armas e drogas. Ele disse que a Terra Indígena Yanomami se tornou local de criminalidade, atraindo inclusive gente de outros países.
Os indígenas são aliciados, começaram a escravizar os indígenas, aumentaram diversas doenças e a desnutrição, dado que os pais de família não conseguiam mais plantar roça, pois ficavam no garimpo ou com malária. Diante da exportação do ouro para Europa, o líder indígena fez um pedido de socorro para que esse ouro seja rasteado para conhecer sua procedência. Os Yanomami têm feito uma aliança com os Kaiapó e Munduruku, os mais atingidos pelo garimpo ilegal, em vista de ganhar força na luta. Ele falou do Marco Temporal, que vai ser um genocídio dos povos indígenas. Ele disse que os Yanomami querem viver, praticar sua cultura, algo que o garimpo está atrapalhando.
A pressão internacional é fundamental
Essa realidade foi aprofundada pelo padre Corrado Dalmonego, Missionário Dalmonego italiano, antropólogo e grande conhecedor desse povo, que tem vivido por muitos anos na Missão Catrimani, onde aconteceu o milagre que levou a reconhecer a santidade do fundador de sua congregação. Ele reconheceu as melhoras com o atual governo, mas ainda não são suficientes. Diante da impossibilidade de continuar vivendo em uma terra devastada, ele ressaltou que a pressão internacional é fundamental, daí a importância do pedido do Papa Francisco no Angelus do último domingo.
Riqueza de uns poucos acima da vida dos indígenas
“A questão indígena no Brasil é muito séria”, segundo o arcebispo de Porto Velho, dom Roque Paloschi, que denunciou que os povos originários no Brasil nunca foram reconhecidos como gente. Os artigos 231 e 232 da Constituição Brasileira de 1988 nunca foram levados a sério, e depois de 40 anos só um terço das terras indígenas foram homologadas, algo deveria ter sido feito em três anos. Ele também mostrou sua preocupação diante do Marco Temporal. Ele destacou a importância do ato na Câmara dos Deputados da Itália e a presença do embaixador, e denunciou um desenvolvimento que destrói a Casa Comum para concentrar riqueza nas mãos de poucos, se mostrando contra aqueles que colocam a monocultura para a exportação acima da vida dos indígenas. Mesmo assim disse não ter perdido a esperança: “faz escuro, mas eu canto”, citando o poeta Tiago de Mello.
Necessidade de mais avanços do atual governo
O secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário, Luis Ventura, fez ver que as Terras Indígenas estão em mãos do poder económico, que não se cumpre o que a Constituição de 1988 diz com relação aos povos indígenas, estando se desconfigurando seus direitos. Ele demandou mais avanços ao governo atual na demarcação dos territórios, que não acontece pela pressão do poder económico, denunciando o aumento exponencial da violência contra os povos indígenas, relatando alguns exemplos. Segundo ele, o Marco Temporal inviabiliza a demarcação das Terras Indígenas, vendo na vida de São José Allamano o convite a ter o cuidado da vida. Ele também destacou a resistência e espiritualidade dos povos indígenas que anima o CIMI a defender os povos indígenas, sendo necessário, em vista do cuidado do meio ambiente, demarcar as terras indígenas.
Vale a pena semear
Finalmente, dom Roque Paloschi disse acreditar que vale a pena semear, e que conjugando a experiencia de tantos lugares do mundo é possível construir novos caminhos, algo que vê na canonização de São José Allamano e o milagre acontecido na Amazônia. O arcebispo de Porto Velho agradeceu ao povo italiano com sua solicitude pelas questões climáticas e em relação aos povos indígenas.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
A Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade conta com a participação de dois representantes da Amazônia brasileira, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, que é membro do Sínodo, eleito pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e o jesuíta nascido em Manaus, padre Adelson Araújo dos Santos, professor da Universidade Gregoriana de Roma, que é um dos facilitadores.
Papa Francisco envia uma benção à Igreja da Amazônia
Em um dos intervalos da assembleia, os dois entregaram ao Papa Francisco uma imagem de Nossa Senhora da Amazônia, enviada por uma comunidade de Manaus que a tem como padroeira. A imagem revela os traços caboclos e indígenas próprios do povo da Amazônia, segundo explicou a Santo Padre o cardeal Steiner, agradecendo-lhe em nome de todos os católicos da Amazônia pelo apoio, pelo amor, pelo carinho que ele tem pela região amazônica. Um presente que o Papa Francisco agradeceu enviando uma benção para a comunidade que enviou a imagem e para todas as comunidades da Igreja da Amazônia.
Esse carinho do Papa Francisco pela Amazônia e pelos povos que habitam a região é algo evidente. Ao longo do seu pontificado tem manifestado essa proximidade, uma atitude iniciada nos primeiros meses de seu papado. No encontro com o episcopado brasileiro com motivo da Jornada Mundial da Juventude de Rio de Janeiro em 2013, ele definiu a Amazônia “como teste decisivo, banco de prova para a Igreja e a sociedade brasileiras”.
Uma presença diferente da Igreja na Amazônia
Segundo o Papa, “a Igreja está na Amazônia, não como aqueles que têm as malas na mão para partir depois de terem explorado tudo o que puderam. Desde o início que a Igreja está presente na Amazônia com missionários, congregações religiosas, sacerdotes, leigos e bispos, e lá continua presente e determinante no futuro daquela área”. Naquela ocasião, Francisco chamou, inspirado no Documento de Aparecida, a “salvaguardar toda a criação que Deus confiou ao homem, não para que a explorasse rudemente, mas para que tornasse ela um jardim”. Igualmente, ele falou da importância de cuidar da formação do clero autóctone, em vista de consolidar o “rosto amazônico” da Igreja.
Essas dinâmicas cobraram maior relevância com o decorrer do tempo, especialmente com o Sínodo para a Amazônia, que realizou sua Assembleia Sinodal cinco anos atrás, em outubro de 2019, e que muitos consideram de particular importância para o momento histórico que a Igreja está vivenciando no atual processo sinodal. De fato, o discurso do Papa ao episcopado brasileiro pode ser considerado um primer impulso para os passos dados ao longo dos mais de 11 anos de pontificado.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
A Câmara dos Deputados da Itália acolheu nesta terça-feira 22 de outubro, com motivo da canonização de São José Allamano, um evento sobre os povos indígenas da Amazônia. O Papa Francisco, no final das canonizações deste domingo fez um chamado às autoridades a proteger o Povo Yanomami, uma mensagem que foi exibida no início do ato, sendo lembrada a preocupação do Papa Francisco pela Amazônia, algo presente em Querida Amazônia.
Conscientizar a comunidade internacional
O desafio é conscientizar o parlamento italiano e a comunidade internacional sobre a necessidade da proteção dos povos indígenas, uma questão além das religiões, segundo o deputado italiano Fábio Porta, organizador do encontro. Ele apresentou a realidade da Amazônia, falando da importância da COP 30, que será realizada em Belém do Pará em 2025, uma oportunidade para a humanidade se colocar na frente da Amazônia e seu papel nas mudanças climáticas.
Ele denunciou o desrespeito dos direitos garantidos na Constituição Brasileira de 1988. Mesmo com um governo sensível, o interesse político e económico fala mais forte. Na Amazônia se morre pelo desmatamento e pela ação dos garimpeiros ilegais, lembrou Porta. Ele fez um chamado ao governo italiano sobre sua responsabilidade com relação ao ouro que sai da Amazônia e as graves consequências que provoca. No dia em que é celebrada a festa de São João Paulo II, ele lembrou suas palavras: “holocaustos conhecidos continuam ainda hoje na Amazônia”.
Atenção do atual governo aos povos indígenas
O embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca de Souza, relatou a situação crítica, de total abandono, de fome e doença com o povo Yanomami, encontrada pelo atual governo, uma situação presente em outros povos indígenas. Diante disso foi criado o Ministério dos Povos Indígenas para enfrentar esse problema, para levar a letra da lei à realidade. O embaixador destacou a importância da participação da Igreja para ajudar o governo para dar aos povos a possibilidade de aceder a cidadania e à vida verdadeira, não ser um povo abandonado. Mosca de Souza destacou a importância do G20 de novembro a ser realizado no Rio de Janeiro, que irá abordar a luta contra a fome e a pobreza, um compromisso do Governo Lula, em um país que saiu em 2014 do mapa da fome da FAO e em 2024 tem 30 milhões de brasileiros que passam fome o sofrem insegurança alimentaria.
Diante disso, manifestou o compromisso do governo brasileiro de enfrentar essa situação inaceitável, pois “o problema não é de produção, mas de distribuição”. Ele denunciou os quatro anos de governo negacionista, que abandonou o povo da Amazônia. Frente a isso, ele disse que o único motivo de todo governo é trabalhar pelo povo. O embaixador defendeu o desenvolvimento sem abandonar a dimensão social e a sustentabilidade. Nessa perspectiva falou da COP 30 como momento de afirmação desta ideia e deste compromisso. Ele agradeceu o apoio do governo italiano ao Brasil em temas relacionados com as mudanças climáticas e a fome.
Diversas explorações na Terra Indígena Yanomami
O líder indígena da Terra Yanomami, homologada em 1992 sob a pressão indígena e internacional, Júlio Ye´kwana mostrou a realidade de seu território, do tamanho de Portugal, onde moram 33 mil pessoas em 350 comunidades, com 7 línguas e 10 associações para defender os direitos dos povos indígenas. Ele denunciou as ameaças que sofrem: garimpo ilegal, incentivado pelo governo anterior e cada vez mais sofisticado, devastação do território, poluição dos rios, desmatamento, exploração sexual, tráfico de armas e drogas. Ele disse que a Terra Indígena Yanomami se tornou local de criminalidade, atraindo inclusive gente de outros países.
Os indígenas são aliciados, começaram a escravizar os indígenas, aumentaram diversas doenças e a desnutrição, dado que os pais de família não conseguiam mais plantar roça, pois ficavam no garimpo ou com malária. Diante da exportação do ouro para Europa, o líder indígena fez um pedido de socorro para que esse ouro seja rasteado para conhecer sua procedência. Os Yanomami têm feito uma aliança com os Kaiapó e Munduruku, os mais atingidos pelo garimpo ilegal, em vista de ganhar força na luta. Ele falou do Marco Temporal, que vai ser um genocídio dos povos indígenas. Ele disse que os Yanomami querem viver, praticar sua cultura, algo que o garimpo está atrapalhando.
A pressão internacional é fundamental
Essa realidade foi aprofundada pelo padre Corrado Dalmonego, Missionário Dalmonego italiano, antropólogo e grande conhecedor desse povo, que tem vivido por muitos anos na Missão Catrimani, onde aconteceu o milagre que levou a reconhecer a santidade do fundador de sua congregação. Ele reconheceu as melhoras com o atual governo, mas ainda não são suficientes. Diante da impossibilidade de continuar vivendo em uma terra devastada, ele ressaltou que a pressão internacional é fundamental, daí a importância do pedido do Papa Francisco no Angelus do último domingo.
Riqueza de uns poucos acima da vida dos indígenas
“A questão indígena no Brasil é muito séria”, segundo o arcebispo de Porto Velho, dom Roque Paloschi, que denunciou que os povos originários no Brasil nunca foram reconhecidos como gente. Os artigos 231 e 232 da Constituição Brasileira de 1988 nunca foram levados a sério, e depois de 40 anos só um terço das terras indígenas foram homologadas, algo deveria ter sido feito em três anos. Ele também mostrou sua preocupação diante do Marco Temporal. Ele destacou a importância do ato na Câmara dos Deputados da Itália e a presença do embaixador, e denunciou um desenvolvimento que destrói a Casa Comum para concentrar riqueza nas mãos de poucos, se mostrando contra aqueles que colocam a monocultura para a exportação acima da vida dos indígenas. Mesmo assim disse não ter perdido a esperança: “faz escuro, mas eu canto”, citando o poeta Tiago de Mello.
Necessidade de mais avanços do atual governo
O secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário, Luis Ventura, fez ver que as Terras Indígenas estão em mãos do poder económico, que não se cumpre o que a Constituição de 1988 diz com relação aos povos indígenas, estando se desconfigurando seus direitos. Ele demandou mais avanços ao governo atual na demarcação dos territórios, que não acontece pela pressão do poder económico, denunciando o aumento exponencial da violência contra os povos indígenas, relatando alguns exemplos. Segundo ele, o Marco Temporal inviabiliza a demarcação das Terras Indígenas, vendo na vida de São José Allamano o convite a ter o cuidado da vida. Ele também destacou a resistência e espiritualidade dos povos indígenas que anima o CIMI a defender os povos indígenas, sendo necessário, em vista do cuidado do meio ambiente, demarcar as terras indígenas.
Vale a pena semear
Finalmente, dom Roque Paloschi disse acreditar que vale a pena semear, e que conjugando a experiencia de tantos lugares do mundo é possível construir novos caminhos, algo que vê na canonização de São José Allamano e o milagre acontecido na Amazônia. O arcebispo de Porto Velho agradeceu ao povo italiano com sua solicitude pelas questões climáticas e em relação aos povos indígenas.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
A canonização de São José Allamano, fundador dos Missionários e das Missionárias da Consolata, juntamente com a celebração da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, tornou possível que a voz da Amazônia e de seus povos, a voz das periferias, estivesse presente em várias instituições italianas e vaticanas.
O apoio do Papa aos Yanomami
Uma dessas reuniões aconteceu no Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, onde a voz da Terra Indígena Yanomami foi levada por um de seus líderes, Julio Ye’kwana. Foi nesse território, na Missão Catrimani, onde os Missionários e as Missionárias da Consolata estão presentes desde 1965, que aconteceu o milagre que levou a Igreja Católica a reconhecer a santidade de São José Allamano em 20 de outubro de 2024, Dia Mundial das Missões.
No final das canonizações, o Papa Francisco disse: “O testemunho de São José Allamano nos lembra da necessidade de cuidar das populações mais frágeis e vulneráveis. Penso em particular no povo Yanomami da floresta amazônica brasileira, entre cujos membros ocorreu o milagre ligado à canonização de hoje. Faço um apelo às autoridades políticas e civis para que garantam a proteção desses povos e de seus direitos fundamentais e contra qualquer forma de exploração de sua dignidade e de seus territórios”. Tornar conhecido o sofrimento desses e de outros povos, dentro e fora do Brasil, é o caminho para que sua dignidade seja reconhecida e respeitada.
Grave crise na Terra Indígena Yanomami
Os Yanomami vêm sofrendo, especialmente desde 2019, com a precariedade de suas condições de vida, o que levou à morte por causas evitáveis de mais de 500 crianças com menos de 4 anos de idade. Tudo isso é consequência do garimpo ilegal, que desmatou a floresta, poluiu os rios com mercúrio, aumentou as doenças e levou a fome ao território, o que foi confirmado de várias maneiras. Situações que levaram o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral a apoiar e acompanhar os povos indígenas na defesa de sua cultura, língua e saúde, algo em que sempre contaram com o apoio do Santo Padre.
O Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral está empenhado em levar a Roma a voz dos povos indígenas, dos migrantes, das periferias. Eles estão presentes nos territórios para escutar os clamores do povo, algo que consideram um presente e um processo a ser continuado. Não se pode ignorar que a Igreja Católica tem uma forte influência na defesa dos direitos humanos em nível internacional. Isso é fortalecido quando esse trabalho é realizado em uma rede, em conjunto, por meio de alianças entre territórios e bispos, de forma sinodal. Por essa razão, o dicastério se oferece aos territórios como uma presença no território para influenciar, discernir e servir.
Realidade da Terra Indígena Yanomami
Os participantes da reunião ouviram de Julio Ye’kwana a realidade da Terra Indígena Yanomami, demarcada em 1992, onde vivem 33.000 indígenas em 350 comunidades. É um território que atravessa as fronteiras entre Brasil e Venezuela, pois para os indígenas não há fronteiras. A situação é dramática devido ao garimpo ilegal, que tem ferido a terra e os povos indígenas, que estão sendo constantemente corrompidos. Soma-se a isso o fato de que, no Brasil, os povos indígenas sofrem com a ameaça do Marco Temporal, claramente inconstitucional, que os mobilizou em uma luta contra.
O Pe. Corrado Dalmonego, missionário e antropólogo da Consolata, que viveu por muitos anos entre os Yanomami na Missão Catrimani tem realizado um trabalho de pesquisa e desenvolvimento. Ele reconhece a redução da presença de garimpeiros e vê a necessidade de reativar as bases da proteção etno-ambiental. Denuncia também que a mortalidade infantil e a desnutrição, embora reduzidas, continuam, pois falta capilaridade e regularidade nos serviços de saúde. Ressalta ainda que, uma vez que a terra e os rios estejam contaminados pelo mercúrio, não será possível retornar ao território, pois a população sofrerá problemas neurológicos. O missionário entregou material sobre os Yanomami aos membros do Dicastério, solicitando que encontrassem canais para rastrear o ouro que sai da Terra Yanomami para vários países.
O trabalho do CIMI
Diante da situação dos povos indígenas, a Igreja no Brasil criou o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), como lembrou o arcebispo de Porto Velho e ex-presidente do CIMI, Dom Roque Paloschi. Dessa forma, ele destacou o trabalho de Dom Erwin Kräutler e de Dom Luciano Mendes de Almeida para que a Constituição Brasileira de 1988 reconhecesse os direitos indígenas. Da mesma forma, o Relatório de Violência contra os Povos Indígenas que o CIMI produz todos os anos. O bispo, que já pastoreou a Igreja de Roraima, definiu a Missão Catrimani como resultado do Concílio Vaticano.
Do Dicastério, seu prefeito, o cardeal Michael Czerny, insistiu que sua missão é “acompanhar e ajudar se necessário”, questionando como podem ajudar e pedindo que sejam mantidos informados sobre o trabalho que está sendo realizado na Amazônia e, assim, compartilhar essas boas práticas.
Os povos indígenas estão organizados
Nesse sentido, o Arcebispo de Manaus e Presidente do CIMI, Cardeal Leonardo Steiner, refletiu sobre a preocupação de todos os governos com sua imagem, algo que não aconteceu com o governo brasileiro anterior. Em seu discurso, ressaltou a importância das palavras do Papa no Angelus em apoio aos Yanomami, como algo importante para os povos indígenas, pois repercutem em todo o mundo. O Cardeal Steiner agradeceu ao Dicastério por seu apoio e pediu apoio contínuo em termos de cultura, língua e saúde, enfatizando que “sempre contamos com o apoio do Santo Padre”. Ele também enfatizou que os povos indígenas estão bem organizados: com advogados, enfermeiros, criando consciência de seus direitos. Um grande desafio, porque “existe a possibilidade de que os povos desapareçam”, especialmente por causa do mercúrio.
A Ir. Sofia Quintans Bouzada agradeceu ao Dicastério por “levar a Roma a voz dos povos indígenas, dos migrantes, das periferias”, convidando seus membros a irem aos territórios, escutar os clamores e levar seus sentimentos a Roma. Ela reafirmou as palavras sobre a influência da Igreja Católica em termos de direitos humanos em nível internacional e a necessidade de trabalhar em redes, de fazer alianças entre territórios e bispos. A religiosa enfatizou que “as mulheres arriscaram suas vidas para que o milagre de Allamano acontecesse, as mulheres rezaram”, e mostrou a disponibilidade do território para continuar nessa defesa, para discernir, para servir.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
O Santo Padre nomeou Dom Evaristo Pascoal Spengler, OFM, bispo da Diocese de Roraima (Brasil)
Depois da viagem a Roma para assistir à cerimónia de canonização de José Allamano, pai e fundador dos missionários da Consolata, Monsenhor Pascoal conhece em primeira mão a realidade pastoral da Arquidiocese de Sevilha desde a sua chegada à cidade na segunda-feira, 21 de outubro, onde permanecerá até quinta-feira, dia 24, quando retornará ao Brasil. Durante estes quatro dias cumprimentará o Arcebispo de Sevilha, Dom José Ángel Saiz Menesese terá vários encontros, entre eles, com a Delegação Diocesana de Misiones, com os sacerdotes do clero diocesano, com as consagradas de Villa Teresita, com os Oblatos freiras e as filhas da caridade. Também compartilhará com os dominicanos de Santa María La Real, de Bormujos.
O bispo de Roraima terá alguns momentos de diálogo com os bispos auxiliares de Sevilha, monsenhor Teodoro León e monsenhor Ramón Valdivia . Visitará a Casa Nazaret da Cáritas Diocesana e outras realidades da Arquidiocese, entre elas o Seminário Metropolitano de Sevilha. Na quarta-feira, dia 23, às sete e meia da tarde, presidirá uma Eucaristia na Paróquia San José e Santa María, na zona leste de Sevilha.
A seguir, reproduzimos uma entrevista que o Bispo de Roraima concedeu à mídia diocesana sobre a situação da mobilidade humana em sua diocese e a resposta da Igreja do Brasil aos diversos desafios pastorais.
Como você descreveria a Diocese de Roraima?
Roraima é uma diocese muito complexa. Porque tem duas fronteiras e uma realidade muito diversificada. Há um fluxo migratório muito grande com mais de um milhão de pessoas que já passaram pelo estado desde 2017. A Igreja desempenhando um papel fundamental no acolhimento. E também uma realidade com doze povos indígenas. Com diferentes culturas e processos de vida. A Igreja abordou muitos desses grupos étnicos de maneira particular com os Macuxi, Wapichama e Yanomami. Com quatro missões da Consolata na Serra Raposa de Sol, mais a da Serra da Lua, a do baixo Rio Branco e a de Pacaraima. Além de outras regiões. Mostrando um território que não é uniforme, mas onde os povos indígenas vivem em ilhas separadas umas das outras, com proprietários de terras no meio. O que dificulta muito a relação desses proprietários com os povos indígenas.
Mas a Igreja de Roraima tem uma história muito bonita, uma história profética, uma história de comunhão com os mais pobres. E aí tentamos agora colocar em primeiro lugar a nossa opção evangelizadora.
Os primeiros aos quais devemos prestar muita atenção são os povos indígenas e os migrantes.
Monsenhor, conte-nos sobre a situação do tráfico de pessoas em Roraima e a realidade do povo Yanomami
Roraima é um estado localizado no extremo norte do Brasil, fazendo fronteira com a Venezuela ao norte e com a antiga Guiana Inglesa, hoje Guiana independente, a leste.
Mais de um milhão de pessoas emigraram da Venezuela para o Brasil desde 2017. Muitos deles permanecem no país e metade deles já está em outros países. Além disso, através da Guiana, um importante grupo emigra da própria Guiana, de Cuba, do Haiti e de outros países da América Central. Esta realidade da migração envolve também uma realidade de tráfico e contrabando de seres humanos.
Recentemente, cruzaram a fronteira cinco camiões com mercadorias provenientes da Venezuela, com 400 migrantes nas costas, que, vindos da Venezuela, pretendiam chegar à Guiana Francesa e daí atravessar para a Europa.
Há contrabando de outros grupos que trazem migrantes de diversos países para distribuí-los pelo mundo, principalmente Europa e Estados Unidos, embora muitos vão para os países do sul da América.
Esses migrantes muitas vezes acabam trabalhando para eles, que retiram o passaporte e têm que seguir as suas regras, pagando assim a dívida adquirida pela transferência.
No passado o tráfico de pessoas era capturado de forma violenta, hoje é virtual, através da Internet, oferecendo trabalho e uma vida melhor como modelos, jogadores de futebol ou profissões mais simples. Prometendo-lhes bons salários e a possibilidade de ter uma vida digna.
Outra realidade importante em Roraima é a adoção de crianças indígenas. Os menores deveriam passar por um itinerário legal, mas acabam sendo capturados e registrados como se fossem seus próprios filhos.
Existem também outros desafios na Diocese de Roraima, como o tráfico de armas, o garimpo ilegal
Especificamente na questão Yanomami, temos um problema gravíssimo de garimpo ilegal. No início de 2023, de uma população de 30 mil Yanomami, entrou uma população de 20 mil garimpeiros ilegais. O território é imenso, com uma área de 96 mil quilómetros quadrados, existem cerca de 350 comunidades muito frágeis.
O contato com o povo Yanomami é sempre por via aérea, pois eles não possuem estradas. São cidades isoladas. Os rios não são navegáveis na maior parte do ano, apenas nos períodos de chuva que se tornam navegáveis.
O poder económico por trás desta mineração ilegal consegue transportar aviões, e é por isso que no início do ano passado existiam 78 aeroportos clandestinos. Desta forma conseguem trazer barcos para desobstruir o interior do rio.
Quando os garimpeiros ilegais iniciam um processo de recrutamento dos povos indígenas, que passam fome devido à destruição da natureza e do clima que mudou muito, eles não conseguem mais fazer muitas das coisas que faziam no passado, fazendo com que aceitassem ofertas de comida para trabalho ou comida para combustível. Ganhando assim a confiança do povo e é aí que surge também a exploração sexual de mulheres e meninas. Os garimpeiros que estão sem família, sem esposa, usam mulheres indígenas como objeto sexual.
A este drama devemos acrescentar que, devido ao processo de extração do ouro, toda a água dos rios fica contaminada. De forma especial, o mercúrio que entra ilegalmente da China através da Guiana acaba destruindo a potabilidade da água e com ela todos os animais e o modo de vida indígena.
Na verdade, quase chegamos ao ponto em que eles nunca mais poderão voltar a ser os povos indígenas que eram. Com esta avalanche de destruição da natureza, dos rios e da perda de suas culturas tradicionais.
Em relação à mineração ilegal
Eles não têm licença, aliás, terras indígenas não podem ter mineração.
Os ilegais vão para lá principalmente para extrair ouro e, como não podem apresentá-lo como proveniente de terras Yanomami, transportam-no para o estado do Pará, onde entram como mercadoria legal, levando-o posteriormente para a Europa. Hoje sabe-se que quase 90% do ouro que chega à Europa é sobretudo suspeito.
Dom Evaristo, o Papa tinha uma memória do povo Yanomami e do que ele está sofrendo, conte-nos sobre a missão que os missionários da Consolata estão realizando atualmente
Os Yanomami são pessoas de contato recente, são pessoas isoladas. Eles são conhecidos desde os anos cinquenta. Eles não querem contato com pessoas brancas, o que para eles significa destruição, pobreza e morte.
Para explicar um pouco, houve vários momentos de crise humanitária. No início da década de 1990, houve um massacre de povos indígenas causado por garimpeiros ilegais porque estes não permitiam que explorassem suas terras, gerando um grave conflito internacional.
Surgiu a demarcação da terra Yanomami como extensão indígena integral a ser respeitada. A Igreja, através dos missionários da Consolata, tem uma missão de diálogo inter-religioso. Não foram lá para fazer um anúncio explícito do Evangelho. Mas, a partir de um diálogo em busca de Deus, a experiência dos missionários de sua crença religiosa. Trata-se de caminhar juntos com respeito.
São comunidades atendidas por missionários, que além de evangelizarem com sua presença, caminhada e diálogo, ajudam a preservar a vida do povo Yanomami e seu modo de viver genuíno.
A presença indígena em Roraima é enorme, né?
Só no estado de Roraima existem doze etnias, das quais as mais importantes são os Yanomami, os Macuxi e os Wapichama. Na região da serra Raposa do Sol, é onde há mais Wapichama e Macuxi.
Quando foi formada a primeira Prelazia de Rio Branco, antigo nome de Roraima, monges beneditinos, principalmente missionários da Alemanha e da Bélgica, vieram para a região. Ao chegarem em Roraima, ficaram chocados ao ver como os proprietários marcavam os indígenas com os mesmos ferros que usavam para o gado, sinal de que eram propriedade deles, eram seus escravos.
Isto impactou muito os missionários que foram à Boavista para ver as condições de vida sofridas por estes indígenas. Este embate fez com que se insurgissem contra essa mentalidade, impossibilitando a sua vida na Boavista. Assim, tiveram que viver com os indígenas durante doze anos.
Outra coisa muito grave daquela época é que os latifundiários tinham tanto poder que quando os beneditinos iam à cidade fazer compras, os comerciantes eram proibidos de negociar com eles. Ter que viajar mais de 800 quilômetros de barco até Manaus para poder fazer comércio.
Essa relação entre a Igreja e os povos indígenas sempre foi de grande tensão na sociedade roraima. Mais tarde, quando chegaram os missionários da Consolata, a situação era muito diferente. Os indígenas já haviam perdido a identidade, os proprietários os tratavam com desprezo. Perdendo a sua língua, as suas tradições e a sua terra.
Os missionários ajudaram os povos indígenas como Povo de Deus a deixar o Egito. Este movimento veio para alcançar a consciência de que assim como Deus conseguiu devolver o seu Povo à sua terra depois de fugir do Egipto, eles também poderiam regressar à terra que era deles.
Com essa consciência eles buscavam uma nova identidade, de serem indígenas com sua identidade Macuxi, Wapichama, ou qualquer outra identidade. Retome o uso da sua língua, tradições e cultura. Um projeto muito importante foi o de uma vaca para um índio na década de 90. À medida que os proprietários controlavam as terras com os animais, a Igreja ajudou a conseguir até 26 mil cabeças de gado. Com a ajuda do Papa João Paulo II e de muitas pessoas, este precioso objectivo foi alcançado.
Em 2015, o governo brasileiro demarcou a região da Serra Raposa do Sol como território indígena integral. Conseguir a retirada dos latifundiários e a permanência dos indígenas. Em menos de 50 anos, tornou-se um verdadeiro milagre na região que um indígena que havia perdido sua terra conseguisse recuperá-la e com ela toda a sua identidade e dignidade. E tudo graças a essa aliança da Igreja missionária, de muitos europeus que ajudaram a defender os povos indígenas na sua posição.
Muita informação sobre o Sínodo da Amazónia chegou à Europa. O que restou dele e o que esse Sínodo contribui para a Igreja da Europa?
É necessário destacar que o Sínodo está dentro de um processo na Amazônia. Os bispos ali começaram a se reunir para discutir questões sociais e eclesiásticas em 1952, antes de formar a Conferência Episcopal Brasileira. É importante saber isso, porque naquela época já existia uma preocupação com a transformação da Amazônia e sua destruição. Um passo importante foi em 1972 com um encontro histórico dos bispos da Amazônia em Santarén, eles perceberam que a Igreja deveria realizar uma evangelização encarnada. A Igreja também deve encarnar-se na realidade do povo numa evangelização libertadora que envolva os problemas sociais dos povos indígenas que vivem às margens dos rios e dos descendentes dos africanos escravizados da região. Optar pelos mais vulneráveis, descobrindo uma Igreja que torna necessário evangelizar de uma forma diferente. Até agora, a evangelização consistia em um missionário chegar a uma aldeia indígena e ali ensinar os sacramentos desde o batismo, a confissão até o casamento, pelo menos uma vez por ano. Este foi o modelo básico.
A partir de 1972, houve consciência da necessidade de evangelizar em comunidade, e surgiram novas comunidades eclesiásticas de base que floresceram em grande número na Amazônia. Hoje há uma necessidade muito grande de fortalecer estas comunidades com ministérios que possam ajudar a viver a fé da mesma forma encarnada como foi feita. Ministros da Palavra, da Eucaristia, do batismo, da catequese, da saúde. Hoje falamos dos ministérios das mulheres porque são a parte mais importante destas comunidades, pois são elas que as apoiam, porque os homens estão a trabalhar ou longe da comunidade.
Em relação ao Sínodo, é um processo de escuta muito grande, o maior processo de escuta no Brasil desde sempre. Estamos falando da intervenção de 37 mil pessoas de toda a Amazônia para que o Sínodo seja uma reflexão de base, e não de especialistas para iluminar o trabalho da Igreja.
O Sínodo começou assim com toda aquela riqueza de escuta prévia que emergiu. O Papa Francisco conseguiu reunir toda a Amazônia, mostrando uma nova realidade para o mundo, para a sociedade. No passado, falava-se da Amazônia como o pulmão do mundo; hoje sabemos que ela está sendo consumida. Hoje sabemos que a Amazônia é a reguladora do mundo, sabemos que destruir a Amazônia é destruir o clima mundial, acabar com os rios que transformam a terra e as águas do planeta. Um clima que afeta toda a América Latina, mas também outras áreas desérticas distantes do Chile, como a Namíbia, na África. O clima global está interligado de modo que a Amazônia recebe até nuvens do Saara que fertilizam a Amazônia. Tudo está interligado.
Quanto ao que restou do Sínodo, é importante esclarecer que, embora as pessoas procurem grandes mudanças, a verdade é que não é assim. São processos, processos que continuam de maneiras bastante profundas e belas. Um exemplo é a Conferência Eclesial do Amazonas, estamos falando de uma Conferência que não é apenas episcopal, mas abrange também a vida religiosa, sacerdotes, diáconos e leigos. Tudo isso em busca desse novo caminho, inclusive com a inclusão de um rito amazônico que está sendo estudado. Mas mais do que isso, o que ele fez foi buscar uma nova face para a Igreja Amazônica, buscando revalorizar as comunidades indígenas, as culturas locais. Fazer com que as nossas celebrações falem de um Deus que se revela a partir da fé em Jesus Cristo, a partir da vida e da fé daquele povo.
O senhor esteve em Angola como missionário, esteve também no estado do Marajó, no Brasil e seu terceiro destino episcopal em Roraima. Que aprendizado você tem da Igreja e para a Igreja?
Cheguei a Angola ainda muito jovem, frade que trabalhava na zona fluminense e naquela época pertencia ao convento do Rio de Janeiro. Quando me convidaram para ir para Angola era uma época de guerra civil e não sabíamos quando essa guerra iria acabar, pois já durava quase trinta anos. Cheguei nesse contexto. A maioria das pessoas fugiu do interior para a capital e eu trabalhei a 450 quilómetros do interior.
Nossa missão era pequena porque só conseguíamos chegar a 150 quilômetros de distância, cercados pelo exército por causa das minas. Angola é o segundo país mais minado do mundo neste momento. Minas que não foram mapeadas. Graças a Deus, um ano depois, em 2002, chegou o acordo de paz. Mas depois do acordo de paz, os guerrilheiros que estavam na selva chegaram ao interior e ninguém tinha ideia do número, estamos falando de seis mil pessoas de uma vez. Nem a ONU, nem o governo, nem a Igreja, o país não tinha condições de acolher tantas pessoas porque não havia alimentos nem medicamentos para cuidar da sua saúde. Muitos morreram naquela época de fome e doenças. Foi um momento muito trágico.
O próximo passo foi realocar as pessoas para as regiões de origem e iniciar o plantio ali. Foi um processo muito difícil, com muita fome. E só quando começaram a produzir alimentos a situação mudou para melhor. Mas em 2005, Angola começou a ter uma mudança um pouco mais visível, a reconstrução das escolas, como a nossa missão que assumiu este e outros projectos em conjunto com a UNICEF para mais de duas mil crianças.
Este foi um momento importante para abrir um novo caminho para os nossos jovens que estavam fora da escola. Para mim, pessoalmente, todo esse processo significou também experimentar que nada sabia da realidade, ter que reaprender verdadeiramente a cultura, repreender como religioso e como igreja local.
Para mim foi um momento de reconhecer que somos muito pequenos, mas em alguns contextos podemos ser uma ajuda significativa para as pessoas. A Igreja prepara-se assim para o serviço dos mais frágeis e continua a fazê-lo até hoje.
O que você pede hoje à Igreja de Sevilha?
O Padre Carlos Carrasco, sacerdote sevilhano, pároco de Dos Hermanas, que no verão passado esteve em experiência missionária na minha diocese, mostrou-me desde então a sua proximidade e amizade com Sevilha. Nestes dias faremos uma visita para conhecer o Arcebispo e os seus auxiliares, os seminaristas, religiosos e sacerdotes diocesanos. Gerar proximidade, ver, ouvir, fazer o que o próprio Jesus Cristo fez. Saber que quem vê a realidade do mundo é tocado por ela. E certamente projetos importantes podem surgir dessa relação.
Acredito que quando se tem ajuda de uma igreja na Europa com uma situação mais empobrecida na América, na Ásia, na África, é sempre uma troca onde ambos os lados se enriquecem, mostrando assim a missão da Igreja de aproximar as duas realidades. Fazendo com que todos nos tornemos mais missionários estando juntos.
Biografia
Nasceu em 29 de março de 1959 em Gaspar, Diocese de Blumenau, no Estado de Santa Catarina. Após concluir seus estudos de filosofia e teologia no Instituto Teológico Franciscano (ITF) de Petrópolis-RJ, formou-se em exegese bíblica em Jerusalém.
Em 2 de agosto de 1982 fez a profissão religiosa na Ordem Franciscana dos Frades Menores e foi ordenado sacerdote em 19 de maio de 1984. Exerceu os seguintes cargos: vigário paroquial e membro da equipe bíblica urbana em Duque de Caxias-RJ e em Nilópolis-RJ; vice-mestre dos frades estudantes de Duque de Caxias-RJ; assistente conventual no Convento de Santo Antonio no Rio de Janeiro-RJ; missionário e vigário paroquial em Malanje (Angola); definidor provincial; vigário provincial da Província Franciscana Imaculada Conceição do Brasil com sede em São Paulo (2016).
Em 1º de junho de 2016, foi nomeado bispo prelado de Marajó e recebeu a ordenação episcopal no dia 6 de agosto seguinte.
Dentro da Conferência Episcopal Brasileira, é presidente da Comissão Pastoral Especial contra o Tráfico de Pessoas e Membro da Comissão Episcopal Especial para a Amazônia. Além disso, é presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil).
Capistrano, em Abruzzo, é a cidade natal de São João de Capistrano, filho de um barão alemão, que logo se mudou para Perugia para estudar direito. Rapidamente fez carreira, tornou-se jurista e governador da cidade, mas com a ocupação desta pela família Malatesta foi preso.
Chamado na prisão
É na prisão que descobre que o Senhor o chama; assim, uma vez que sai, torna-se sacerdote da Ordem dos Frades Menores. Entre os franciscanos, João trata da pregação, da defesa da ortodoxia católica e da reforma da Ordem por dentro. É a sua pregação, sobretudo no Advento e na Quaresma, que inflama as pessoas, provoca conversões, renova espiritualmente as populações que o ouvem.
Amizade em Deus
Nesse período, São João de Capistrano conheceu Bernardino de Siena, também frade franciscano, de quem se tornou amigo. Bernardino explica-lhe a sua particular devoção ao Nome de Jesus, condensado na sigla IHS, que é “Jesus salvador dos homens”: seria o próprio João quem o defendesse das acusações de heresia.
São João de Capistrano: combatente das heresias e mentiras
Reformador da Ordem
São João de Capistrano também está envolvido em desmascarar o “fraticellismo”, a prática de difundir doutrinas disfarçadas pela Regra franciscana e declaradas heréticas pela Igreja. Por isso, São João de Capistrano é considerado um dos maiores reformadores da Ordem e apelidado de “Coluna da Observância”. Ele também será responsável por combater a prática da usura.
Combatente das heresias
Em 1453, a capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla, cai. O sentimento de ameaça ao cristianismo se avulta devido ao avanço imparável do islamismo e dos turcos: para muitos, começa a ser uma preocupação forte e concreta. São João de Capistrano, em nome do Papa Nicolau V, está na Áustria com 12 companheiros para evangelizar as terras europeias mais negligenciadas e combater as heresias generalizadas, mas logo tudo isso fica em segundo plano.
Em total dedicação à causa do evangelho, ele começa a viajar pela Europa central na tentativa de recrutar homens. Grande resposta terá entre as populações húngaras, as mais expostas às ameaças dos turcos. À frente de um exército de cinco mil homens, parte então para Belgrado: o objetivo é romper o cerco da cidade operada pela frota fluvial liderada por Mohammed II.
Páscoa
Uma semana depois, vem a vitória terrena, que transforma o frade idoso em general vitorioso. No caminho de volta, no entanto, prostrado de fadiga e tendo contraído a peste, São João de Capistrano morreu no convento de Ilok, na atual Croácia, em 23 de outubro de 1456. Canonizado por Alexandre VII, em 1690, é padroeiro dos capelães militares desde 1984.
Minha oração
“ Ao general celeste, rogamos a sua proteção sobre os soldados e suas autoridades. Sede o exemplo dos padres capelães e militares, assim como daqueles que são combatentes à fé e defensores das heresias. Dai-nos a tua coragem na evangelização. Amém.”
A Câmara dos Deputados da Itália acolheu nesta terça-feira 22 de outubro, com motivo da canonização de São José Allamano, um evento sobre os povos indígenas da Amazônia. O Papa Francisco, no final das canonizações deste domingo fez um chamado às autoridades a proteger o Povo Yanomami, uma mensagem que foi exibida no início do ato, sendo lembrada a preocupação do Papa Francisco pela Amazônia, algo presente em Querida Amazônia.
Conscientizar a comunidade internacional
O desafio é conscientizar o parlamento italiano e a comunidade internacional sobre a necessidade da proteção dos povos indígenas, uma questão além das religiões, segundo o deputado italiano Fábio Porta, organizador do encontro. Ele apresentou a realidade da Amazônia, falando da importância da COP 30, que será realizada em Belém do Pará em 2025, uma oportunidade para a humanidade se colocar na frente da Amazônia e seu papel nas mudanças climáticas.
Ele denunciou o desrespeito dos direitos garantidos na Constituição Brasileira de 1988. Mesmo com um governo sensível, o interesse político e económico fala mais forte. Na Amazônia se morre pelo desmatamento e pela ação dos garimpeiros ilegais, lembrou Porta. Ele fez um chamado ao governo italiano sobre sua responsabilidade com relação ao ouro que sai da Amazônia e as graves consequências que provoca. No dia em que é celebrada a festa de São João Paulo II, ele lembrou suas palavras: “holocaustos conhecidos continuam ainda hoje na Amazônia”.
Atenção do atual governo aos povos indígenas
O embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca de Souza, relatou a situação crítica, de total abandono, de fome e doença com o povo Yanomami, encontrada pelo atual governo, uma situação presente em outros povos indígenas. Diante disso foi criado o Ministério dos Povos Indígenas para enfrentar esse problema, para levar a letra da lei à realidade. O embaixador destacou a importância da participação da Igreja para ajudar o governo para dar aos povos a possibilidade de aceder a cidadania e à vida verdadeira, não ser um povo abandonado. Mosca de Souza destacou a importância do G20 de novembro a ser realizado no Rio de Janeiro, que irá abordar a luta contra a fome e a pobreza, um compromisso do Governo Lula, em um país que saiu em 2014 do mapa da fome da FAO e em 2024 tem 30 milhões de brasileiros que passam fome o sofrem insegurança alimentaria.
Diante disso, manifestou o compromisso do governo brasileiro de enfrentar essa situação inaceitável, pois “o problema não é de produção, mas de distribuição”. Ele denunciou os quatro anos de governo negacionista, que abandonou o povo da Amazônia. Frente a isso, ele disse que o único motivo de todo governo é trabalhar pelo povo. O embaixador defendeu o desenvolvimento sem abandonar a dimensão social e a sustentabilidade. Nessa perspectiva falou da COP 30 como momento de afirmação desta ideia e deste compromisso. Ele agradeceu o apoio do governo italiano ao Brasil em temas relacionados com as mudanças climáticas e a fome.
Diversas explorações na Terra Indígena Yanomami
O líder indígena da Terra Yanomami, homologada em 1992 sob a pressão indígena e internacional, Júlio Ye´kwana mostrou a realidade de seu território, do tamanho de Portugal, onde moram 33 mil pessoas em 350 comunidades, com 7 línguas e 10 associações para defender os direitos dos povos indígenas. Ele denunciou as ameaças que sofrem: garimpo ilegal, incentivado pelo governo anterior e cada vez mais sofisticado, devastação do território, poluição dos rios, desmatamento, exploração sexual, tráfico de armas e drogas. Ele disse que a Terra Indígena Yanomami se tornou local de criminalidade, atraindo inclusive gente de outros países.
Os indígenas são aliciados, começaram a escravizar os indígenas, aumentaram diversas doenças e a desnutrição, dado que os pais de família não conseguiam mais plantar roça, pois ficavam no garimpo ou com malária. Diante da exportação do ouro para Europa, o líder indígena fez um pedido de socorro para que esse ouro seja rasteado para conhecer sua procedência. Os Yanomami têm feito uma aliança com os Kaiapó e Munduruku, os mais atingidos pelo garimpo ilegal, em vista de ganhar força na luta. Ele falou do Marco Temporal, que vai ser um genocídio dos povos indígenas. Ele disse que os Yanomami querem viver, praticar sua cultura, algo que o garimpo está atrapalhando.
A pressão internacional é fundamental
Essa realidade foi aprofundada pelo padre Corrado Dalmonego, Missionário Dalmonego italiano, antropólogo e grande conhecedor desse povo, que tem vivido por muitos anos na Missão Catrimani, onde aconteceu o milagre que levou a reconhecer a santidade do fundador de sua congregação. Ele reconheceu as melhoras com o atual governo, mas ainda não são suficientes. Diante da impossibilidade de continuar vivendo em uma terra devastada, ele ressaltou que a pressão internacional é fundamental, daí a importância do pedido do Papa Francisco no Angelus do último domingo.
Riqueza de uns poucos acima da vida dos indígenas
“A questão indígena no Brasil é muito séria”, segundo o arcebispo de Porto Velho, dom Roque Paloschi, que denunciou que os povos originários no Brasil nunca foram reconhecidos como gente. Os artigos 231 e 232 da Constituição Brasileira de 1988 nunca foram levados a sério, e depois de 40 anos só um terço das terras indígenas foram homologadas, algo deveria ter sido feito em três anos. Ele também mostrou sua preocupação diante do Marco Temporal. Ele destacou a importância do ato na Câmara dos Deputados da Itália e a presença do embaixador, e denunciou um desenvolvimento que destrói a Casa Comum para concentrar riqueza nas mãos de poucos, se mostrando contra aqueles que colocam a monocultura para a exportação acima da vida dos indígenas. Mesmo assim disse não ter perdido a esperança: “faz escuro, mas eu canto”, citando o poeta Tiago de Mello.
Necessidade de mais avanços do atual governo
O secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário, Luis Ventura, fez ver que as Terras Indígenas estão em mãos do poder económico, que não se cumpre o que a Constituição de 1988 diz com relação aos povos indígenas, estando se desconfigurando seus direitos. Ele demandou mais avanços ao governo atual na demarcação dos territórios, que não acontece pela pressão do poder económico, denunciando o aumento exponencial da violência contra os povos indígenas, relatando alguns exemplos. Segundo ele, o Marco Temporal inviabiliza a demarcação das Terras Indígenas, vendo na vida de São José Allamano o convite a ter o cuidado da vida. Ele também destacou a resistência e espiritualidade dos povos indígenas que anima o CIMI a defender os povos indígenas, sendo necessário, em vista do cuidado do meio ambiente, demarcar as terras indígenas.
Vale a pena semear
Finalmente, dom Roque Paloschi disse acreditar que vale a pena semear, e que conjugando a experiencia de tantos lugares do mundo é possível construir novos caminhos, algo que vê na canonização de São José Allamano e o milagre acontecido na Amazônia. O arcebispo de Porto Velho agradeceu ao povo italiano com sua solicitude pelas questões climáticas e em relação aos povos indígenas.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1
A Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade está em seus estágios finais, pois esta quarta-feira é o último dia de trabalho geral, aguardando a importante tarefa que será realizada na quinta e sexta-feira pela comissão de redação para elaborar a versão final do Documento Final que será votado ponto a ponto no sábado à tarde, após uma leitura prévia e, espera-se, detalhada, em profundidade, na manhã do mesmo dia.
Trabalhar em círculos menores
Na terça-feira, como foi feito na segunda-feira à noite, na presença do Papa, os círculos menores trabalharam nas emendas ao rascunho que receberam. Como comunicou a secretária da comissão de comunicação, Sheila Pires, o trabalho das últimas horas dos círculos menores evidenciou o equilíbrio, a profundidade e a seriedade, bem como a linguagem simples do Documento Final, ao qual foram oferecidas algumas sugestões nas intervenções livres.
Pires destacou a alusão aos jovens, com o pedido de um dos membros mais jovens da Assembleia Sinodal aos bispos para que não os deixassem de lado, “caminhem conosco, pois queremos caminhar com vocês“, disse a eles. Ele também enfatizou a necessidade de o documento incluir o papel das mulheres, dos leigos, das conferências episcopais, dos padres e das pequenas comunidades. A assembleia insistiu em dizer um forte e claro “não” da Igreja contra a guerra, “caso contrário, não restará nenhum ser humano vivo que possa ler este documento”, sublinhou.
Por sua vez, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, lembrou que nas próximas horas a assembleia se dedicará à elaboração dos modos, propostas concretas, que podem ser modos coletivos dos círculos menores, votados entre os membros do círculo e que devem ser entregues antes do final da manhã de quarta-feira, e modos individuais. Ruffini disse que os modos coletivos terão mais peso. Ele também lembrou que o documento foi redigido em italiano e traduzido para vários idiomas para facilitar o discernimento, incluindo ucraniano e chinês.
Sínodo um Kairos para a África
Os convidados na Sala Stampa na terça-feira, 22 de outubro, foram o Cardeal Fridolin Ambongo Besungu, Dom Franz-Josef Overbeck, Dom Andrew Nkea Fuanya e o Padre Clarence Sandanara Davedassan. O Cardeal Ambongo, Arcebispo de Kinshasa (República Democrática do Congo), disse que o Sínodo da Sinodalidade foi recebido como um Kairos em seu país, ajudando a descobrir como ser Igreja no contexto sociocultural africano. Depois de três anos de trabalho, ele disse estar muito satisfeito com um sínodo não para resolver problemas, mas para buscar uma nova maneira de ser Igreja, algo que ele acredita ter sido adquirido.
De acordo com o cardeal, outros elementos específicos surgirão mais tarde, “o Sínodo definiu uma base e agora temos que ver como aplicar essa ideia de sinodalidade a quaisquer problemas que possam surgir. Quando eu voltar para casa, tentaremos entrar nessa dinâmica, como ser a Igreja Católica na África de uma maneira diferente”.
Sinodalidade significa o futuro
O Arcebispo de Bamenda (Camarões), Dom Andrew Nkea Fuanya, começou expressando sua gratidão pelo Sínodo, “um exercício muito bonito no âmbito da Igreja Católica”. O arcebispo definiu a sinodalidade como “um sinal escatológico para todos nós que viemos de tantos lugares diferentes”. A partir daí, ele afirmou que “todos os membros do Sínodo queremos voltar para casa como embaixadores ativos da sinodalidade“. Para o membro do Sínodo, “a sinodalidade significa o futuro”, porque é uma dinâmica que leva a “rejeitar o individualismo”, sendo um “chamado à vida comunitária, ao caminho comum”, algo muito importante para suas comunidades cristãs, que começam nas famílias, e daí vão para as missões, conferências episcopais e a Igreja universal, pequenas comunidades nas quais se conhecem, e que para que permaneçam plenas, a sinodalidade é vista como o caminho.
O bispo Nkea Fuanya destacou o papel dos catequistas, que são extremamente importantes, com um papel fundamental, pois estão presentes em todos os níveis. Ele também ressaltou a participação das mulheres, que dirigem as igrejas, e a importância de estarem juntas como expressão da igreja sinodal. Para o bispo camaronês, a África é um lugar fértil para a sinodalidade, que é importante para a paz, porque “em nossas comunidades conseguimos resolver os problemas pacificamente”, concluiu.
Reinculturando em uma sociedade pós-secular
Dom Franz-Josef Overbeck, bispo de Essen e presidente da Adveniat, destacou que metade dos alemães são pessoas sem religião, o que leva os bispos a se questionarem. Em vista disso, a Igreja Católica precisa se reinculturar em uma realidade pós-secularizada e repensar suas estruturas. Ainda mais porque as paróquias são frequentadas por idosos e poucos jovens.
O desafio é reevangelizar depois de séculos de cristianismo, dar uma nova resposta ao papel das mulheres na Igreja, encontrar uma resposta para a falta de padres e o que isso significa para a liturgia, enfatizou o bispo de Essen. Em sua opinião, há uma tensão entre a estrutura e a nova espiritualidade. Nesse sentido, ele disse que a sinodalidade é algo que eles já vivem, com estruturas paroquiais que são sinodais há 50 ou 60 anos. No nível da Conferência Episcopal, após o escândalo dos abusos, a Igreja alemã realizou uma reflexão sinodal sobre as estruturas sinodais que já possui.
O diálogo como experiência cotidiana na Ásia
Por fim, o padre Davedassan mostrou o que a Ásia traz para a jornada sinodal, onde os cristãos são supostamente uma minoria, o que os leva a viver juntos com outras religiões, em uma coexistência que leva a ser sinodal ad intra e ad extra. Em um continente onde o espaço público para a expressão da fé parece estar cada vez mais reduzido pelo extremismo político e religioso, a necessidade de diálogo não é uma opção, mas uma necessidade na Ásia, que faz parte da experiência cotidiana e é o caminho para viver em harmonia.
Nesse contexto, a sinodalidade é a base de tudo isso, em uma mistura cada vez mais comum de crenças, o que significa que as crianças aprendem a viver em diálogo dentro da família. “O caminho sinodal não é algo novo, ele já existe em muitos países asiáticos, e isso enriquece a Igreja“, disse. O teólogo refletiu sobre como fazer teologia, o que significa evangelizar quando isso não pode ser feito publicamente, como a fé é expressa no local de trabalho, o desafio para a Igreja de ser sal e luz. Por fim, ele disse que via os migrantes como novos missionários, já que em muitas partes do mundo as igrejas são animadas por asiáticos.
Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1