Dom Roque Paloschi: Marco Temporal, “o CIMI não pode arredar o pé dessa sua missão de estar junto com os povos indígenas”

Acabar com a demarcação de uma parte importante das terras indígenas, com o consequente aumento dos interesses econômicos sobre esses territórios com o avanço da monocultura, da exploração de madeira, da grilagem, da mineração, é o que está atrás do denominado Marco Temporal, uma questão de suma importância para os povos indígenas no Brasil, que ao longo da história viram como seus territórios foram roubados.

Diante disso, a Igreja católica, como vem fazendo há décadas e reforçou no Sínodo para a Amazônia, quer ser aliada desses primeiros habitantes, ajudá-los para que eles possam viver plenamente e com dignidade em seus territórios. O Marco temporal é uma tragedia para o Brasil, “porque nós acabamos desrespeitando a Constituição de 88”, denuncia dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho (RO) e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), independentemente da data que for determinada. O texto da Constituição Federal de 1988 quis, segundo o arcebispo, “pagar essa dívida histórica com os povos originários, os povos tradicionais, do reconhecimento de seus direitos e seus territórios”.

Ele insiste em que “o Marco Temporal vai contra uma cláusula pétrea da Constituição brasileira, onde ninguém tem o direito de retirar aquilo que é próprio da Constituição, mesmo a Câmara dos Deputados”, denunciando que “a votação da Câmara é um retrocesso, que mostrou essa hostilidade contra os povos indígenas e pouco compromisso com a Constituição Federal, com esse compromisso de cuidar da casa comum”.

Mesmo assim, Dom Roque enfatiza que “a decisão da Câmara não é a última palavra, tem o Senado também, e nós confiamos plenamente que o Supremo Tribunal Federal vai seguir a tese do Indigenato, ou seja, os povos aqui viviam e antes da constituição do próprio Estado brasileiro, esses direitos são inalienáveis, não é possível mexer nesses direitos”. Um processo que conta com uma presença significativa de indígenas em Brasília para acompanhar a votação que retoma nesta quarta-feira.

Segundo o arcebispo de Porto Velho, essa “é uma situação que precisa ser resolvida no Brasil, para dar uma segurança jurídica para todos, seja para as famílias que estão colocadas em terras indígenas, mas também para as próprias comunidades indígenas. A Constituição previa aqueles cinco anos das normas transitórias da Constituição, que elas deviam ser reconhecidas, demarcadas e homologadas. O Estado brasileiro não cumpriu e agora voltasse contra a possibilidade de retirar os direitos dos povos originários”. 

Seu presidente afirma que “o CIMI desde seu surgimento fez este compromisso de aliança com a causa indígena, e tivemos o momento auge, não só com um grande número de mártires, seja missionários, missionárias e lideranças indígenas, mas o momento auge foi o reconhecimento dos direitos indígenas nos artigos 231 e 232, e agora novamente um momento muito decisivo para a história do nosso país, a votação do Marco Temporal”. Ele insiste em que “por isso, o CIMI não pode arredar o pé dessa sua missão de estar junto com esses povos que historicamente sempre foram vistos como um atrapalho, um estorvo na história do Brasil, mas são os primeiros habitantes destas terras”.

Em uma perspectiva bíblica, Dom Roque diz que “um dia Deus vai nos perguntar como perguntou a Caim, onde está o teu irmão? Onde estão as populações indígenas que em 1500 eram quase 6 milhões e hoje o número é insignificante para este nosso país?”. Questionamentos que o levam a afirmar que “nós temos também essa responsabilidade de defender a vida. E defender a vida não é contra ninguém, e sobretudo defender o direito desses primeiros habitantes do país e juntamente com defender o direito deles, defender o direito de todos, sobretudo dos pobres”.

O problema maior, segundo o presidente do CIMI, “é que nós vivemos uma sociedade preconceituosa e discriminatória, e nós não estamos entendendo muitas mentiras em relação ao Marco Temporal”. Ele denuncia que “o Marco Temporal é uma criação onde os que detêm o poder querem impor sobre as comunidades indígenas essa data de 5 de outubro, quando foi promulgada a Constituição de 88 como o marco em que todas as comunidades deveriam estar em seus territórios”.

O motivo de ser contra isso está em que “até então, a população indígena no Brasil era tutelada, eles não tinham autonomia e eram conduzidos pela Fundação Nacional do Índio, que ia tirando de um lugar e colocando em outro, e os territórios deles iam sendo ocupados. E é por isso, que hoje é importante o reconhecimento desses direitos porque volto a dizer, essas populações já estavam aqui antes do surgimento do Estado brasileiro, antes da chegada dos europeus”, segundo Dom Roque Paloschi. “Os direitos são originários, são clausula pétrea da Constituição e nós não podemos ignorar isso”, concluiu o presidente do CIMI.

Produção: Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Comunicado a toda a Diocese de Roraima

Carta ao Povo de Roraima

Desde o dia 05 de junho representantes dos povos indígenas de Roraima se concentram na praça do Centro Cívico de Boa Vista, para manifestar sua indignação ao projeto de lei 490/207 sobre o marco temporal da demarcação das terras indígenas do Brasil.

A Diocese de Roraima, na pessoa de Dom Evaristo Spengler, Bispo de Roraima, os Sacerdotes, Religiosos e Religiosas e todos os cristãos e cristãs de boa vontade, estarão no centro cívico de Boa Vista para manifestar sua solidariedade aos Povos indígenas de Roraima, no dia 07 de junho, a partir das 09h:30 da manhã.

A Rádio Monte Roraima transmitirá ao vivo e pelas redes sociais.

Venha, participe e ore conosco a Cristo por este momento.

São Norberto, apóstolo da Eucaristia

Família nobre e vida mundana

Norberto nasceu numa família de nobres por cerca do ano 1080, em Gennep ou Xanten, no norte da Renânia (atual Alemanha). Ainda criança, foi apresentado ao Capítulo da Catedral de São Vítor em Xanten, onde, mais tarde, foi ordenado subdiácono. O Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Henrique V, notou o carisma e os dons de Norberto, nomeando-o como seu conselheiro pessoal na corte imperial. Ali, Norberto viveu uma vida mundana.

Mudança de Vida

No ano de 1115, após cair do seu cavalo e quase morrer numa tempestade, Norberto se arrependeu e assumiu uma vida de penitência. Ordenado diácono e sacerdote no mesmo dia, ele peregrinou pelo país, pregando a Palavra de Deus, denunciando os abusos dos clérigos e reconciliando inimigos. Uma das mais antigas pinturas de Norberto o retratam com o livro dos Evangelhos e um ramo de oliveira representando a paz. Criticado e perseguido pelos membros da hierarquia, Norberto solicitou e obteve a aprovação do Papa Gelásio II como pregador itinerante.

Fundador

Mais tarde, o Papa Calixto II o encorajou a fundar uma comunidade religiosa na diocese de Laon, no norte da França. Ali, no vale desolado e de difícil acesso de Prémontré, no norte da França, na noite de Natal do ano de 1121, Norberto fundou sua ordem religiosa, a Ordem dos Cônegos Regulares Premonstratenses. Ele escolheu a Regra de Santo Agostinho, tornando-se um dos mais ávidos reformadores do seu tempo. A comunidade era marcada pela vida austera, pela pobreza e pela intensa vida litúrgica e de oração, mas, acima de tudo, pela completa fidelidade ao ideal de vida comunitária retratado na Regra de Agostinho.

Episcopado

Embora relutante, em 25 de julho de 1126, Norberto foi ordenado arcebispo de Magdeburgo e deixou a liderança de sua Ordem aos cuidados de Hugo de Fosses, para trabalhar no pastoreio dessa vasta arquidiocese na fronteira nordeste do Sacro Império Romano-Germânico. Durante seus anos como arcebispo, Norberto lutou energicamente pela liberdade da Igreja em relação aos príncipes e provou-se como ardente defensor do Romano Pontífice. Ele foi indispensável na deposição do antipapa Anacleto II e no retorno do Papa Inocêncio II à Sé Petrina. Enfraquecido pelos vários trabalhos e viagens, Norberto retornou à Magdeburgo, onde morreu em 06 de junho de 1134. 

Apóstolo da Eucaristia

Como “Apóstolo da Eucaristia”, a reverente contemplação de Norberto fixa-se no ostensório em sua mão direita. Muitos dos milagres atribuídos a São Norberto ocorreram no contexto do Santo Sacrifício da Missa: milagres de cura, de exorcismo e de reconciliação. De fato, São Norberto insistia em celebrar a missa antes de assumir qualquer trabalho, pois tão grande era a sua fé no poder da Eucaristia. No início de sua conversão, quando ele abriu mão de literalmente tudo que possuía, ele reteve consigo apenas os artigos necessários para a celebração da Missa enquanto ele viajava a pé pela Europa. Era de tal forma, que ele podia celebrar a Eucaristia diariamente — embora não fosse uma prática comum na época um sacerdote celebrar tão frequentemente, apenas nos domingos. O ostensório realmente só entrou em uso muito depois, mas, durante os tempos conturbados da revolta protestante, ele se tornou uma expressão artística da tão conhecida devoção Eucarística de São Norberto.

A minha oração

“Grande bispo e pastor das almas, ajudai-nos a viver com sinceridade e verdade os sacramentos, tendo como centro da nossa vida a Eucaristia. Que Jesus seja cada dia mais amado e adorado, e nós sejamos seus fiéis seguidores. Amém!”

São Norberto , rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 06 de junho:

  • Santos Artémio e Paulina, mártires, na Via Aurélia, Roma. († c. s. IV)
  • São Bessarião, anacoreta, que viveu como mendigo, em Cete, no Egipto. († s. IV)
  • São Cerázio, bispo, em Grenoble, na Borgonha, atualmente na França, († c. 452)
  • Santo Eustórgio II, bispo, em Milão, na Ligúria, hoje na Lombardia, região da Itália. († 518)
  • São Jarlat, bispo, na Irlanda. († c. 550)
  • São Cláudio é venerado como bispo e abade do mosteiro de Condat, no maciço do Jura, na Borgonha, região da França. († c. 703)
  • Santo Alexandre, bispo de Fiésole, no território de Bolonha, na Emília-Romanha, região da Itália. († 823)
  • Santo Hilarião, em Istambul na Turquia, presbítero e hegúmeno do mosteiro de Dalmácio. († 845)
  • São Colmano, bispo, nas ilhas Órcades, ao largo da Escócia. († c. 1010)
  • Beato Falcão, abade, no mosteiro de Cava de’ Tirréni, na Campânia, região da Itália. († 1146)
  • São Gilberto, abade da Ordem Premonstratense, em Clermont-Ferrand, na Aquitânia, região da França. († 1152)
  • Beato Beltrão, bispo de Aquileia e mártir, em Údine, no Friúli-Venézia Giúlia, região da Itália. († 1350)
  • Beato Lourenço de Másculis de Villamagna, em Ortona, nos Abruzos, também região da Itália, o presbítero da Ordem dos Frades Menores. († 1535)
  • Beato Guilherme Greenwood, em Londres, mártir, da Cartuxa. († 1537)
  • São Marcelino Champagnat, presbítero da Sociedade de Maria, que fundou o Instituto dos Pequenos Irmãos de Maria, em Saint-Chamond, cidade do território de Lião, na França, († 1840)
  • Santos mártires Pedro Dung e Pedro Thuan, pescadores, e Vicente Duong, agricultor, em Luong My, cidade do Tonquim, hoje no Vietnam. († 1862)
  • São Rafael Guizar Valência, bispo de Vera Cruz no México, na Cidade do México. († 1938)
  • Beato Inocêncio Guz, presbítero da Ordem dos Frades Menores Conventuais e mártir, em Sachsenhausen, na Alemanha. († 1940)

Fontes:

  • vatican.va e vaticannews.va
  • Martirológio Romano – liturgia.pt
  • Liturgia das Horas
  • Livro “Relação dos Santos e Beatos da Igreja” – Prof Felipe Aqui [Cléofas 2007]
  • site Abadia de São Norberto

Casamento Comunitário que uniu sete casais em matrimônio.

Boa Vista, Roraima – Em uma cerimônia repleta de emoções e alegrias, a Pastoral Familiar da comunidade Sant’Ana, localizada em Boa Vista, realizou um Casamento Comunitário que uniu sete casais em matrimônio. A celebração, marcada por um clima de amor e esperança, ocorreu no dia 27 de maio, na Igreja da Comunidade de Sant’Ana no Bairro Dr. Silvio Botelho.
A iniciativa do Casamento Comunitário, organizada pela Pastoral Familiar, teve como objetivo fortalecer os laços familiares e promover a união entre casais que desejavam oficializar sua relação perante a igreja e a sociedade. O evento foi uma oportunidade única para os casais celebrarem o amor e receberem as bênçãos divinas em um momento tão especial.


Os sete casais, ansiosos e emocionados, trocaram votos de compromisso, selando assim seu amor e dedicação mútua diante de Deus e dos familiares e amigos presentes. A cerimônia, destacou a importância do matrimônio como uma instituição sagrada e a base para a formação de uma sociedade mais sólida.
Familiares e amigos dos casais lotaram a Igreja de Sant’Ana, tornando o ambiente ainda mais acolhedor e festivo. A decoração foi cuidadosamente preparada, com arranjos florais e elementos simbólicos que representavam a união e a harmonia familiar. A coral da comunidade, escolheu a música especialmente para a ocasião, emocionou a todos os presentes.


O Casamento Comunitário também contou com a colaboração de voluntários da comunidade, que se dedicaram para que tudo ocorresse de forma impecável.
O evento ressaltou a importância da família como base fundamental da sociedade, valorizando os laços afetivos e promovendo o respeito, a união e o compromisso mútuo. A Pastoral Familiar da comunidade Sant’Ana em Boa Vista, Roraima, reafirma seu compromisso de continuar apoiando e fortalecendo as famílias locais, oferecendo suporte espiritual e promovendo eventos como o Casamento Comunitário.
Esse momento especial na vida dos sete casais reafirmou a importância do amor e do compromisso mútuo, inspirando outros casais a buscarem a felicidade conjugal e a construção de uma sociedade mais unida e solidária.


Reportagem e Fotos: Libia López, Setor Secretaría-Comunicação Pastoral Familiar San’Ana

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São Bonifácio, apóstolo da Alemanha

Bonifácio, seu nome verdadeiro Vinfrido (Wynfrith ou Winfrid; com o mesmo significado em anglo-saxão), e cognominado Apóstolo dos Germanos.

Percurso formativo

Nasceu em Crediton, no condado de Devon, no sudoeste da Inglaterra, filho de uma família abastada; foi contra a vontade do pai quando, ainda muito jovem, escolheu a vida monástica. Estudou teologia nos mosteiros beneditinos de Adescancastre, perto de Exeter, e de Nursling, entre Winchester e Southampton, tendo por mestre, neste último, o abade Winbert, e acabou tornando-se professor no mosteiro. Foi ordenado padre aos 30 anos. Escreveu a  primeira gramática de latim produzida na Inglaterra.

Enviado pelo Papa

Em 716, deslocou-se, como missionário, à Frísia, para ajudar São Vilibrordo na conversão dos Frísios, habitantes locais que falavam um idioma semelhante ao anglo-saxão com que ele pregava, mas os seus esforços redundaram em nada a partir do momento em que se declarou a guerra entre Carlos Martel, prefeito do palácio do reino dos Francos, e Redebaldo I dos Frísios. Retornou, por isso, ao seu mosteiro de Nursling. Seu segundo deslocamento ao continente europeu iniciou-se em 718. Foi a Roma, onde conheceu o Papa Gregório II. A fim de demonstrar a sua submissão à Diocese de Roma, o Papa lhe deu o nome de Bonifácio, tradução literal de Vinfrido, e foi enviado à Germânia, com a missão de evangelizar e de reorganizar a Igreja nessa região ainda bárbara. Ao longo dos cinco anos seguintes, Bonifácio viajou por territórios que modernamente fazem parte dos Estados alemães de Hessen, Turíngia, e ainda pela região neerlandesa da Frísia.

Bispado como marco histórico

30 de novembro de 722, foi feito bispo de todos os territórios da Germânia que ele trouxera para as mãos da Igreja. Um acontecimento-chave da sua vida ocorreu em 723, quando derrubou o carvalho sagrado dedicado ao deus Thor, perto da moderna cidade de Fritzlar, no norte do Hesse, e construiu uma pequena capela no local onde hoje se ergue a catedral de Fritzlar, e onde se viria a estabelecer a primeira sede de bispado na Alemanha ao norte do antigo limes romano, junto do povoado fortificado franco de BuraBurgo, numa montanha próxima da cidade, junto do rio Éder. Este acontecimento é considerado como o início formal da cristianização da Germânia. Em 732, deslocou-se de novo a Roma para comunicar ao Papa os eventos ocorridos desde o último encontro, e Gregório III conferiu-lhe o pálio, como sinal da investidura no arcebispado, tendo autoridade sobre toda a Germânia. Bonifácio partiu de novo para a Alemanha e batizou centenas de saxões.

Primeiro Arcebispado

Durante a sua visita a Roma, em 737-738, foi formalmente feito o legado papal para a Germânia. Em 745, elevou Mogúncia à condição de Sé metropolitana, onde se estabeleceu como seu primeiro arcebispo. Posteriormente, partiu em direção à Baviera, onde estabeleceu os bispados de Salzburgo, Ratisbona, Freisinga e Passau. Em 742, um dos seus discípulos, Estúrmio, fundou a Abadia de Fulda, não muito longe de Fritzlar. Embora Estúrmio seja o fundador oficial, Bonifácio esteve muito envolvido na constituição da nova abadia. Nos territórios francos, do Hesse e da Turíngia, Bonifácio fundou as dioceses de Buraburgo, Würzburgo e Erforte; ao ser ele a designar os bispos de cada uma das dioceses, pôde consolidar a sua independência face aos poderes senhoriais dos carolíngios. Apesar disso, continuou a organizar sínodos provinciais anuais no reino dos francos, tendo em vista a reorganização eclesiástica do mesmo, mantendo embora uma turbulenta relação com o novo rei dos francos, Pepino o Breve, que viria a coroar em Soissons em 751.

Morreu pela evangelização

Bonifácio jamais perdeu a esperança de converter os frísios, e, em 754, retomou à Frísia com um pequeno grupo de seguidores. Batizou um grande número de pagãos e marcou um encontro para a confirmação dos novos batizados num local perto de Dokkum, entre Franeker e Groninga. Contudo, em vez dos seus convertidos, um bando de pagãos armados apareceu e assassinou o arcebispo Bonifácio. Os seus restos mortais viriam a ser enterrados na abadia de Fulda (atual Catedral de Fulda). São Bonifácio foi declarado santo e mártir pelas Igrejas Católica Romana e Ortodoxa Oriental, sendo celebrado a 5 de junho, data da sua morte. 

Reconhecimento Papal

O Papa Pio XII, na Encíclica Ecclesiae fastos, de 5 de junho de 1954, dirigida às igrejas da Inglaterra, Alemanha, Áustria, França, Bélgica e Holanda comemorou o XII centenário da morte deste bispo e mártir.

A minha oração

São Bonifácio, grande pai dos povos germânicos, nós pedimos para eles a graça de uma nova conversão, uma restauração. Protegei-os, defendei-os da morte eterna, inclusive das astúcias do mal, e aos seus descendentes as graças necessárias. 

São Bonifácio, rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 5 de junho:

  • No Egito, os santos MarcianoNicandroApolónio e companheiros, mártires. († s. III)
  • Em Tiro, na Fenícia, hoje no Líbano, São Doroteu, bispo. († s. IV)
  • Em Arvena, na Aquitânia, hoje Clermont-Ferrand, na França, Santo Ilídio, bispo. († 384)
  • Em Como, na Ligúria, hoje na Lombardia, região da Itália, Santo Eutíquio, bispo. († 539)
  • Em Dokkum, na Frísia, na hodierna Holanda, Santo Eubano, bispo, Adelário e nove companheiros, mártires que, juntamente com São Bonifácio, foram coroados no mesmo combate glorioso. († 754)
  • Em Córdova, na Andaluzia, região da Espanha, o Beato Sancho, mártir. († 851)
  • Em Assérgi, nos Abruzos, região da Itália, São Franco, eremita. († s. XII)
  • Em Ciano, perto de Mileto, na Calábria, também região da Itália, São Pedro Spanò, eremita. († s. XII)
  • Em Shiki, no Japão, o Beato Adão Arakawa, pai de família e mártir. († 1614)
  • Em Hanói, no Tonquim, hoje no Vietnã, São Lucas Vu Ba Loan, presbítero e mártir. († 1840)
  • Em Tang Gia, também no Tonquim, os santos Domingos Toai e Domingos Huyen, mártires, pais de família e pescadores. († 1862)

Fontes:

  • vatican.va e vaticannews.va
  • Martirológio Romano – liturgia.pt
  • Liturgia das Horas
  • Livro “Relação dos Santos e Beatos da Igreja” – Prof Felipe Aqui [Cléofas 2007]
  • Catholic Encyclopedia, vol II, 1913. Francis Mershman.

São Carlos Lwanga e companheiros, “queremos rezar até a morte”

Padroeiro da Juventude Africana

Atraído pelos Missionários da África, chamados de “Padres brancos”, fundados pelo Cardeal Lavigerie, Carlos Lwanga, que pertencia ao clã Ngabi, foi alcançado pela força do Evangelho em 1885. Ele se tornou o chefe dos jovens pajens que serviam a corte do rei Mwanga em Uganda, na África, que há pouco haviam se convertido, sendo ele um exemplo e um incentivador desses fiéis seguidores da fé católica. E recebendo em 1934, pelo Papa Pio IX, o título de Padroeiro da Juventude Africana.

Evangelização na África

Devido às diferenças culturais e aos sofrimentos decorrentes da colonização, a evangelização na África foi um processo doloroso. Os missionários tinham que ser homens verdadeiramente de Deus, de caridade, para que não fossem confundidos com os colonizadores. Pouco tempo depois da entrada dos padres que foram causa da conversão de Carlos e seus companheiros, o rei se revoltou e decretou pena de morte para os que rezassem.

“Exemplo de morte”

Um pajem de dezessete anos, chamado Dionísio, foi visto ensinando religião. Assim, de próprio punho, o rei atravessou seu peito com uma lança, deixou-o agonizando por toda a noite, e só permitiu sua decapitação na manhã seguinte.

Usou este exemplo para avisar que mandaria matar todos os que rezavam.

Preparação para a morte

Diante de toda essa situação, Carlos, depois de muito se preparar junto com seus companheiros, batizando os que ainda não haviam sido batizados, apresentou-se diante do rei com o firme propósito de não negar a fé, seguido de outros quinze, quando, em sua corte, o rei separou os pajens entre os que rezavam e os que não rezavam:

“Todos aqueles entre vocês que não têm intenção de rezar podem ficar aqui ao lado do trono; aqueles, porém, que querem rezar reúnam-se contra aquele muro”.

“Mas vocês rezam de verdade?”, perguntou o rei.

Sim, meu senhor, nós rezamos realmente”, respondeu em nome de todos, Carlos.

“E querem continuar rezando?”  

“Sim, meu senhor, até a morte”.

Então, matem-nos”, decidiu bruscamente o rei, dirigindo-se aos algozes.

Pureza 

Além do ódio à religião, acredita-se que o rei também estava movido pelo ódio a Santa Pureza, já que essa formação de pajens, muitas vezes, eram obrigados a satisfazer os desejos impuros do rei.

Prisão e Martírio

Para aumentar o sofrimento dos condenados, foram transferidos para uma prisão em Namugongo, sofrendo ultrajes e violência durante todo o caminho pelos soldados do rei.

Em 3 de junho de 1886, na expectativa de evitar mais conversões, o rei decretou a mortes de Carlos, que foi queimado vivo diante de todos. Dirigindo suas últimas palavras a um dos jovens que viriam a morrer com ele: “Pegarei na tua mão. Se tivermos que morrer por Jesus, morreremos juntos, de mãos dadas”.

Fé fecunda

A tentativa foi frustrada: seguindo o irmão na fé, nenhum deles – jovens de até vinte anos – renegou, até que, em 1887, o último deles morreu afogado, como parte dos corajosos mártires de Uganda, na África.

Todos rezaram até o fim. E um deles dizia ao morrer: “Uma fonte, que tem muitas fontes, jamais secará. Quando nós não existirmos mais, outros virão depois de nós”.

Beatificação e Canonização

São Carlos Lwanga e os 22 mártires de Uganda foram beatificados, em 1920, por Bento XV. E, 30 anos depois de declarado Padroeiro da Juventude Africana, o Papa Paulo VI, em 1964, canonizou esse grupo de mártires.

A minha oração

Meu Jesus, ensina-me a testemunhar a fé como o fizeram estes servos fiéis Teus. Que, enquanto eu viver, o Senhor me conceda a graça da oração constante, da perseverança nos Teus ensinamentos e do amor à Tua Santa Pureza. Que eu possa ser parte dessa fonte que nunca deixa de jorrar a Tua água que é fonte de libertação e salvação. Conceda-me, Jesus, pela intercessão de São Carlos e de todos os seus jovens companheiros, uma fé muito além do meu entendimento e um coração abandonado à Tua vontade. Assim seja!

São Carlos Lwanga e companheiros, rogai por nós!

Outros santos e santas celebrados em 03 de junho:

  • São Cecílio, na atual Tunísia, presbítero, que conduziu São Cipriano à fé de Cristo. († s. VI)
  • Santo Hilário, em Carcassonne, actualmente na França, atualmente na França, que é considerado o primeiro bispo desta cidade, no tempo em que os Godos difundiam nesta região a heresia ariana.(† s. VI)
  • Santa Clotilde, rainha, na atual França, cujas orações induziram o seu esposo Clodoveu, rei dos Francos, a abraçar a fé de Cristo; depois da morte do seu esposo, recolheu-se na basílica de São Martinho, para não mais ser considerada como rainha, mas serva de Deus. († 545)
  • São Lifardo, presbítero, também na atual França, que levou vida eremítica. († s. VI)
  • Santa Oliva, virgem, Em Anágni, na Campânia, região da Itália. († s. VI/VII)
  • São Coengeno ou Quevino, na Irlanda, abade, que fundou um mosteiro, no qual, segundo a tradição, foi pai e diretor de muitos monges. († 622)
  • São Gens, bispo de Clermont, na atual França, cujo corpo foi sepultado em Manglieu, na igreja do mosteiro por ele construído com o hospício anexo. († c. 650)
  • Santo Isaac, mártir, em Córdova, região da Espanha que, sendo monge, desceu do mosteiro de Tábanos à praça pública para discutir com sobre a verdadeira religião e foi por isso condenado à morte. († 851)
  • São Davino, hoje na Toscana, região da Itália, que, de origem armena, vendeu todos os bens e se fez peregrino por Cristo, até que, depois de visitar a Terra Santa e a basílica dos Apóstolos, morreu atingido pela enfermidade. († 1051)
  • São Morando, na atual Suiça, monge, natural da Renânia, que, ordenado presbítero, fez a peregrinação a Compostela e, ao regressar, se tornou monge de Cluny, fundando depois o mosteiro onde concluiu a sua intensa vida. († 1115)
  • Beato André Caccióli, na Umbria, região da Itália, o primeiro presbítero agregado aos Frades Menores, que recebeu o hábito da Ordem das mãos de São Francisco e assistiu à sua morte.(† 1254)
  • São Cono, na região da Itália, monge, que na sua irrepreensível observância monástica e inocência de vida, pela graça de Deus, em breve tempo chegou ao grau mais sublime das virtudes. († s. XIII)
  • Beato Francisco Ingleby, na Inglaterra, presbítero e mártir, que, depois de ter estudado no Colégio dos Ingleses em Reims, por exercer o sacerdócio na sua pátria, foi conduzido, no reinado de Isabel I, ao suplício do patíbulo. († 1580)
  • São João Grande, na região da Espanha, religioso da Ordem de São João de Deus, que resplandeceu pela sua grande caridade para com os presos, os abandonados e os marginados e morreu contagiado pela peste dos doentes que tratava. († 1600)
  • Beato Carlos Renato Collas de Bignon, na França, presbítero da Sociedade de São Sulpício e mártir, que era Reitor do Seminário Menor de Bourges, quando, durante a Revolução Francesa, por causa do sacerdócio, foi encarcerado numa galera e morreu coberto de chagas infecciosas. († 1794)
  • São Pedro Dong, no Vietnã, mártir, pai de família, que preferiu sofrer atrozes tormentos a pisar a cruz e, porque quis gravar na sua face as palavras “verdadeira religião” em vez de “falsa religião”, foi degolado no tempo do imperador Tu Duc. († 1862)
  • Beato José Oddi (Diogo), próximo à Roma, religioso da Ordem dos Frades Menores, insigne pela sua intensa oração e simplicidade de vida. († 1919)
  • O falecimento de São João XXIII, Papa, cuja memória se celebra no dia 11 de outubro.

Fontes:

  • Martirológio Romano
  • Arquisp
  • Vaticannews
  • Padrepauloricardo.org
  • Paulus
Marcelino-e-Pedro-2

São Marcelino e São Pedro, mártires escondidos

Contexto

A vida e o martírio dos santos de hoje ocorreu no contexto da grande perseguição contra a Igreja de Cristo, no século IV, por parte do Imperador Diocleciano. Foram mártires por causa do amor a Jesus.

Sacerdotes

São Marcelino era um padre muito estimado pelo clero de Roma, e São Pedro era um padre exorcista. Conhecidos pela comunidade, rapidamente foram denunciados por serem cristãos e estarem atuando para a conversão de muitos.

Prisão

Foram presos, e, na cadeia, souberam que o responsável daquela prisão — Artêmio —, estava deprimido e quiseram saber o porquê. A filha dele estava sendo oprimida pelo maligno. Eles, então, anunciaram Jesus àquele pai, e disseram do poder do Senhor para libertá-la. Conseguiram liberação, foram até a casa desta família, anunciaram Jesus e oraram pela libertação daquela criança, explicando que a cura viria pela conversão sincera da família.

Por graça, toda a família se converteu, aceitando o santo batismo. Este pai de família, juntamente com a esposa e filha, após evangelizarem publicamente, também foram martirizados.

Julgamento e martírio silencioso

Diante das tantas obras realizadas, e após conseguirem a conversão do próprio carcereiro e de sua família, as autoridades não mais esperaram e os condenaram à decapitação.

No entanto, para evitar qualquer movimentação da população, tudo foi feito de forma isolada. Não queriam que soubessem onde os seus corpos seriam deixados.

Quando tudo isso aconteceu, o futuro Papa Dâmaso I era um adolescente e testemunhou esses fatos, os quais ele narra um tempo depois: “Marcelo e Pedro foram torturados, levados para um bosque, conhecido como Selva Negra, onde foram obrigados a uma última e cruel humilhação — escavar suas próprias covas — e, por fim, decapitados”.

Os santos foram decapitados no ano de 304.

Lucila e a devoção na Igreja

Depois de muito tempo que seus corpos ficaram escondidos, uma mulher chamada Lucila os encontrou e, no desejo de dar-lhes uma digna sepultura, transladou os seus restos mortais.

A devoção a esses santos se espalhou por toda a Igreja Católica até os dias hoje. Inclusive, Constantino, edificou uma igreja naquele lugar para homenageá-los, e o Papa Virgílio também introduziu os nomes dos santos Marcelino e Pedro no próprio cânon da Missa.

A minha oração

“Senhor Deus, peço a Ti que nos conceda uma evangelização centrada no amor de Deus, de tal forma que muitas famílias se convertam e se tornem sinais visíveis deste amor que santifica e salva. Peço-Te a sensibilidade de perceber as necessidades daqueles que o Senhor colocar ao meu redor e a força para não ter medo das exigências de ser um discípulo Teu. Amém!”

São Marcelino e São Pedro, rogai por nós!

Outros santos e santas celebrados em 02 de junho:

  • Os santos mártires Potino, bispo, e Blandina, com quarenta e seis companheiros, em Lião, na Gália, atualmente na França, cujos valorosos e repetidos combates, durante a perseguição do imperador Marco Aurélio, foram referidos na carta que a Igreja de Lião enviou à Igreja da Ásia e da Frígia. Entre eles, Potino, bispo nonagenário, expirou pouco tempo depois de ser encarcerado; dos outros cristãos condenados, uns morreram também no cárcere, outros foram reunidos no meio da arena para espetáculo de milhares de pessoas; os que tinham sido identificados como cidadãos romanos pereceram decapitados e os restantes expostos às feras. Finalmente, Blandina, suportando prolongados e cruéis tormentos, foi degolada, seguindo os passos daqueles a quem antes exortava a alcançar a palma do martírio. († 177)
  • Santo Erasmo, bispo e mártir, na região da Itália. († c. 303)
  • Santo Eugénio I, Papa, em Roma, que sucedeu a São Martinho, mártir. († 657)
  • São Nicéforo, bispo de Constantinopla, na Turquia, defensor das tradições paternas, que se opôs tenazmente ao imperador iconoclasta Leão o Arménio, em favor do culto das imagens sagradas; expulso da sede episcopal, foi afastado por longo tempo para um mosteiro, de onde partiu serenamente ao encontro do Senhor. († 629)
  • São Guido, bispo, na região da Itália. († 1070)
  • São Nicolau, peregrino, também região da Itália, natural da Grécia, que percorria esta região levando na mão uma cruz e repetindo sem cessar: «Kyrie eléison». († 1094)
  • Os beatos mártires Sadoc, presbítero, e quarenta e oito companheiros, na Polónia, da Ordem dos Pregadores, que, segundo a tradição, foram mortos pelos Tártaros, enquanto cantavam a «Salve, Regina», saudando na sua hora da morte a Mãe da Vida. († 1250)
  • São Domingos Ninh, mártir, no Vietnam, jovem agricultor, que, recusando pisar a cruz do Salvador, foi decapitado no tempo do imperador Tu Duc. († 1862)

Fontes:

  • Martirológio Romano
  • Livro “Santos de cada dia II” – Maio – Agosto (4ª ed.) – José Leite, S.J. (Org.)
  • Arquisp
  • Vaticannews
  • Franciscanos.org
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São Justino: “um homem de bem não abandona a fé”

Origens e paganismo

Nasceu na Palestina, na cidade de Siquém, em uma família que não conheceu Jesus. Justino nasceu nas trevas do paganismo.

Ele buscou a verdade com aquilo que tinha. Cursou as escolas filosóficas de sua terra e dedicou-se ao estudo do pensamento de Platão. Para aprofundar-se cada vez mais no sistema do grande sábio grego, retirou-se para um ermo.

Conversa sobre filosofia e desejo da verdade

Essa sede pela verdade pôs em sua vida um ancião que se aproximou para falar sobre a filosofia, apresentando-lhe o ‘algo mais’ que faltava. Falou dos profetas, da fé, da verdade, do mistério de Deus e apresentou-lhe Jesus Cristo. Ele lhe disse: “Eleva tua alma em profunda oração ao céu, para que se abram as portas do Santuário da verdade e da vida. As coisas que te falei são incompreensíveis, a não ser que Jesus Cristo, filho de Deus, nos dê delas compreensão”.

Defesa dos cristãos

No ano de 130, foi batizado na cidade de Efeso, substituindo a filosofia de Platão pela verdade de Cristo. Justino foi um defensor e propagador da fé entre os pagãos. Certa vez, ele teve a oportunidade de admirar a virtude e a constância dos cristãos durante uma guerra. Na época em que eram vistos de maneira errônea e negativa, ele se levantou para defendê-los, dizendo: “Os cristãos vivem na carne, mas não segundo a carne; perseguidos pelo mundo, amam a todos; neles são conhecidos os vícios, que nos outros se descobrem; nos cristãos é perseguida a inocência, que não é reconhecida; são martirizados até a morte, e a morte lhes dá a vida; pobres que são, enriquecem a muitos outros; falta-lhes tudo, e possuem tudo em abundância; são tratados com desprezo, e nisto se sentem honrados.”

Padre da Igreja

Depois dos Padres Apostólicos – que teriam conhecido os apóstolos ou que teriam tido contato com testemunhas diretas de seus ensinamentos -, São Justino é o primeiro padre da Igreja cujas obras têm grande valor e apresentam a doutrina e sua pureza, e conservam fontes puras da tradição apostólica.

Coerência de vida 

Justino se tornou um grande filósofo cristão, sacerdote, um homem que buscou corresponder, diariamente, à sua fé. Estava em Roma quando passou a travar discussões filosóficas, encaminhando-as para a visão do Evangelho. Evangelizava entre os letrados de maneira muito culta. Era um missionário filósofo, que, além de falar, escrevia. A Sagrada Tradição foi muito testemunhada nos escritos deste santo.

Julgamento e martírio

Por inveja e por não aceitar a verdade, São Justino foi denunciado e julgado injustamente.

No tribunal, ao ser questionado se entraria no céu, ele respondeu: “Não só o creio – que entrarei no céu – sei-o e disto tenho tanta certeza, que não me cabe a menor dúvida”.

E à ameaça de ser flagelado, disse: “Um homem de bem não abandona a fé para abraçar o erro e a impiedade. Maior desejo não tenho senão de padecer por aquele que entregou a vida por mim. Os sofrimentos enchem a nossa alma de confiança na terrível justiça divina de Nosso Senhor Jesus Cristo, perante o qual, por ordem de Deus, todo o mundo deverá comparecer. Faz o que tencionas a fazer; inútil é insistir conosco para que prestemos homenagens aos deuses.” 

Assim, após estas palavras, seguiu-se a sua flagelação e decapitação no ano de 167.

A minha oração

Meu Senhor Jesus Cristo, o encontro que tivestes com Justino deu-lhe forças para que se deixasse conduzir pela verdade em toda a sua vida. Por isso, eu Te peço a mesma graça: venha ao meu coração e faça com que ele escute a Tua voz e por ela sempre siga. Ensina-me a ser uma defensora da minha fé, acima de tudo, através de uma vivência coerente com o Teu Evangelho, à semelhança de São Justino. E mais que tudo eu Te peço: jamais me deixes negar a Ti por medo de perder a minha vida. Eu sei, Senhor, verdadeira vida é só em Ti! Assim seja!

São Justino, rogai por nós!

Outros santos e santas celebrados em 1º de junho:

  • Os santos Caritão e CaritoEvelpisto e JeracesPeão e Liberiano, mártires, em Roma, que foram discípulos de São Justino e, juntamente com ele, receberam a coroa de glória. († c. 165)
  • Os santos mártires AmonZenãoPtolomeuIngenes, soldados, e o ancião Teófilo, em Alexandria, no Egito, que, presentes no tribunal, com o rosto, os olhos e os gestos procuravam encorajar um cristão intimidado pelos suplícios a que era submetido e estava prestes a renegar da fé; tendo-se levantado contra eles um clamor de todo o povo, irromperam para o meio do tribunal e afirmaram que eram cristãos; assim, pela sua vitória, triunfou gloriosamente Cristo, que dera aos seus fiéis tão firme constância de ânimo.(† 249)
  • Os santos mártires Isquirião, comandante do exército, e outros cinco soldados, que, também no Egito, deram a vida pela fé em Cristo com diversos gêneros de martírio. († c. 250)
  • São Próculo, mártir, na região da Itália, que pela verdade cristã foi trespassado com grossos cravos de traves. († c. 300)
  • São Fortunato, presbítero, também na região da Itália, que, segundo a tradição, sendo ele mesmo pobre, com assíduo trabalho acudiu às necessidades dos pobres e deu a vida pelos irmãos. († s. IV/V)
  • São Caprásio, eremita, atualmente na França, que juntamente com Santo Honorato se retirou neste lugar e aí deu início à vida monástica. († 430)
  • São Floro, na França, cujo nome foi dado ao mosteiro construído sobre o seu túmulo, bem como à cidade e à sede episcopal. († data inc.)
  • São Ronano, bispo, também na hodierna França, que chegou por mar da Irlanda e nas florestas levou vida eremítica. († s. VII/VIII)
  • São Vistano, mártir, na Inglaterra, que, sendo membro da família real da Mésia, porque se opôs ao matrimónio incestuoso de sua mãe regente, foi morto com a espada do tirano. († 849)
  • São Simeão, na Alemanha, que levou vida eremítica junto a Belém e no Monte Sinai e, depois de longas peregrinações, viveu até a morte recluso na torre da Porta Negra desta cidade. († 1035)
  • Santo Ínhigo, região da Espanha, abade, homem pacífico, cuja morte choraram os próprios Judeus e Mouros. († c.1060)
  • Beato Teobaldo, na região da Itália, que, movido pelo amor da pobreza, deu toda a sua fortuna a uma viúva e por humildade tomou o ofício de carregador, para levar sobre si o fardo dos outros. († 1150)
  • Beato João Pellingotto, da Ordem Terceira de São Francisco, hoje na região da Itália, que, retirando-se numa cela, só de lá saía para ajudar os pobres e os enfermos. († 1304)
  • Beato João Storey, em Londres, mártir, jurista, que permaneceu fidelíssimo ao Romano Pontífice. Depois de passar pelos cárceres e pelo exílio, foi condenado à morte e, sofrendo o suplício da forca no patíbulo de Tyburn, emigrou para a felicidade eterna. († 1571)
  • Beatos mártires Afonso Navarrete, da Ordem dos Pregadores, Fernando de São José de Ayala, da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, presbíteros, e Leão Tanaka, religioso da Companhia de Jesus, no Japão que, por edito do comandante supremo Hidetada, foram degolados ao mesmo tempo em ódio à fé cristã. († 1617)
  • Beato João Baptista Vernoy de Montjournal, na França, presbítero e mártir, que, durante a Revolução Francesa, por causa da sua condição de sacerdote foi condenado ao cárcere na galera e aí morreu consumido pela enfermidade. († 1794)
  • São José Tuc, no atual Vietnã, mártir, jovem agricultor, que, por ter recusado calcar a cruz, foi várias vezes detido no cárcere e torturado e finalmente degolado. († 1862)
  • Beato João Baptista Scalabríni, na Itália, bispo, que teve uma atividade multiforme nesta Igreja e se distinguiu pela solicitude para com os sacerdotes, os agricultores e os operários, mas prestou especial atenção aos emigrantes nas cidades da América, para os quais fundou as Pias Sociedades do Sagrado Coração. († 1905)
  • Santo Aníbal Maria Di Frância, também na Itália, presbítero, que fundou as Congregações dos Rogacionistas do Coração de Jesus e das Filhas do Zelo Divino, com a finalidade de pedir ao Senhor para que enriquecesse a sua Igreja com santos sacerdotes, e se dedicou com grande zelo aos órfãos, abrindo aos pobres as mãos da misericórdia de Deus. († 1927)

Fontes:

  • Martirológio Romano
  • Livro “Santos de cada dia II” – Maio – Agosto (4ª ed.) – José Leite, S.J. (Org.)
  • Arquisp
  • Vaticannews
  • Franciscanos.org

João Batista Scalabrini, nasceu perto de Como, Itália, em 8 de julho de 1839. A sua família era humilde, honesta e cristã. Ele desejou tornar-se padre e entrou no seminário diocesano, no qual se distinguiu pela inteligência e perseverança. Foi ordenado sacerdote em 1863. Iniciou o apostolado como professor do seminário e colaborador em paróquias da região. Possuía alma de missionário, mas não conseguiu realizar sua vontade de ser um deles na Índia.

Scalabrini foi designado pároco da paróquia urbana de São Bartolomeu em 1871. Seu ministério foi marcante e priorizou a catequese da infância e da juventude. Atento aos inúmeros problemas sociais do seu tempo, escreveu vários livros e publicou até um catecismo.

Ao ser nomeado bispo de Piacenza, ficou surpreso. Tinha trinta e seis anos e lá permaneceu quase trinta como pastor sábio, prudente e zeloso. Reorganizou os seminários, cuidando da reforma dos estudos eclesiásticos. Foi incansável na pregação, administração dos sacramentos e na formação do povo.

Scalabrini, como excelente observador da realidade de sua época, fundou um instituto para surdos-mudos e uma organização assistencial para mulheres abandonadas das zonas rurais, pertencentes à sua diocese. Mas o trabalho que mais o instigou e para o qual não media esforços foi o que desenvolveu com os migrantes. Entre os anos de 1850 e 1900, foram milhões de europeus que deixaram seus lares e pátria em busca da sobrevivência. Para eles o bispo Scalabrini criou a Casa dos Migrantes.

Um dia, ele estava na estação ferroviária e viu centenas de migrantes esperando, com suas trouxas, o trem que os levaria ao porto de embarque. A situação de pobreza e abandono desses irmãos infelizes marcaram para sempre seu coração. Em seguida, Scalabrini recebeu uma carta de um emigrante da América do Sul, suplicando que um padre fosse para aquele continente, porque, como dizia, “aqui se vive e se morre como os animais”.

A partir daquele momento, Scalabrini foi o apóstolo dos italianos que abandonaram a própria pátria. Em 1887, fundou a Congregação dos Missionários de São Carlos Borromeu, conhecidos atualmente como padres scalabrinianos, para a assistência religiosa, moral e social aos emigrantes em todo o mundo, e criou a Sociedade São Rafael, um movimento leigo a serviço dos migrantes.

Ele próprio planejou e realizou viagens para visitar os missionários na América Latina, pois queria que estivessem estimulados e encorajados a dar a assistência religiosa e social aos emigrantes. Percebendo que sua obra não estava completa, em 1895 fundou a Congregação das Missionárias de São Carlos Borromeu, hoje das irmãs scalabrinianas, e concedeu reconhecimento diocesano às Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração, enviando-as para o trabalho com os emigrantes italianos do Brasil em 1900. Apesar de todo esse trabalho, jamais descuidou de sua diocese.

Scalabrini dizia que sua inspiração tinha origem na ilimitada fé em Jesus Cristo presente na eucaristia e na oferta dele na cruz. Morreu no dia 1o de junho de 1905, na cidade de Piacenza, Itália, deixando esta mensagem aos seus filhos e filhas: “Levai onde quer que esteja um migrante o conforto da fé e o sorriso de sua pátria. Devemos sair do templo, se quisermos exercer uma ação salutar dentro do templo”. O papa João Paulo II beatificou-o com o título de “Pai dos Migrantes” em 1997.

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Visitação de Nossa Senhora, o encontro de duas promessas

Premissa

Nossa Senhora foi visitada pelo Arcanjo Gabriel com uma mensagem de amor: a proposta de fazer dela a Mãe do nosso Salvador. E ela aceitou. Aceitar Jesus é estar aberto a aceitar, receber e doar-se aos outros.

O Anjo também comunicou a Ela que sua parenta— Isabel — já estava grávida. Aí encontramos o testemunho da Santíssima Virgem, no Evangelho de São Lucas, no capítulo 1, quando, depois de andar cerca de 100 km, ela se encontrou com Isabel.

Doação e transmissão do Verbo

A Virgem Maria foi às pressas visitar sua prima Isabel, revelando-se uma mulher caridosa e doada, que se colocou à disposição de sua prima, que vivia a graça de uma gestação já em idade avançada. Mas mais do que isso, Maria revelou-se mulher missionária que, desde o anúncio do Anjo, empenhou-se com amor e confiança a cumprir aquilo que eram os desígnios de Deus para Ela: transmitir o mistério santificador da Palavra que se encarnou.

Encontro de duas promessas

O encontro de Maria e Isabel é a união de dois anúncios: daquele que viria para preparar os caminhos do Senhor e do próprio Salvador, o Cristo. Era o próprio Jesus, ainda no ventre de sua Mãe, que encontrava o Seu precursor, o profeta João Batista, também no seio de sua mãe, que, ao reconhecê-lo, logo que ouviu a saudação de Maria, “estremeceu”, exultou de alegria, como aconteceu com Davi, que dançou diante da arca pela presença do Senhor (cf. 2Sm 6,12-16).

Magnificat

Nesta festa, também é possível descobrir a raiz da nossa devoção a Maria.

Ela cantou o Magnificat, glorificando a Deus, exprimindo a sua alegria: “Meu espírito se alegra em Deus”. E, em certa altura, Ela reconheceu sua pequenez, e a razão pela qual devemos venerá-la, que passa de século a século; parece um prelúdio da palavra que seria pronunciada trinta anos mais tarde: “Bem-aventurados os pobres, bem-aventurados os puros de coração”. 

“Porque olhou para sua pobre serva, por isso, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações” (Lucas 1,48).

A fé que opera obras de amor

A Palavra de Deus nos convida a proclamarmos bem-aventurada Aquela que, por aceitar Jesus, também se abriu à necessidade do outro. É impossível dizer que ama a Deus, se não ama o outro. A visitação de Maria a Sua prima nos convoca para essa caridade ativa, para a fé que opera por esse amor de que o outro tanto precisa.

Quem será que precisa de nós?

A minha oração

“Virgem Maria, hoje, quero pedir a Senhora, minha Mãe, que me dê um coração sensível à dor e ao sofrimento dos meus irmãos, que a Senhora me ensine a sair do meu próprio comodismo e ir em direção aos que necessitam ser encontrados pelo amor e pela misericórdia de Cristo. Peço ainda, Mãe, que a Senhora me dê a graça de ser uma ardente missionária, qualquer que seja o meu campo de missão, que eu saiba levar a Palavra de Deus e que, acima de tudo, eu me esforce para cumprir as promessas de Deus na minha vida. Amém!”

Virgem Maria, Mãe da visitação, rogai por nós!

Outros santos e santas celebrados em 31 de maio:

  • Em Roma, no cemitério de Domitila, junto à Via Ardeatina, Santa Petronila, virgem e mártir. († data inc.)
  • Em Comana, no Ponto, hoje Gumenek, na Turquia, Santo Hérmias, soldado, mártir. († s. III)
  • Em Aquileia, hoje no Friúli Venézia, região da Itália, os santos CâncioCanciano e Cancianila, mártires, que, presos pelo perseguidor quando saíam da cidade num carro, foram finalmente levados ao suplício. († s. IV)
  • Em Toulouse, na Gália Narbonense, atualmente na França, São Sílvio, bispo, que empreendeu a construção de uma basílica para honrar o túmulo de São Saturnino. († c. 400)
  • Em Forlí, na Emília-Romanha, região da Itália, o Beato Tiago Salomóni, presbítero, que, sendo ainda adolescente, distribuiu os seus bens aos pobres e entrou na Ordem dos Pregadores, onde resplandeceu durante quarenta e cinco anos, dotado de insignes dons carismáticos, amigo dos pobres e homem de paz. († 1314)
  • Em Camerino, no Piceno, hoje nas Marcas, região da Itália, Santa Baptista de Varano (Camila Baptista de Varano), abadessa do mosteiro das Clarissas fundado por seu pai, onde experimentou grandes tribulações e consolações místicas. († 1524)
  • Em York, na Inglaterra, os beatos mártires Roberto Thorpe, presbítero, e Tomás Watkinson, que, no reinado de Isabel I, foram condenados à morte: o primeiro, porque era sacerdote e o segundo, pai de família já ancião, porque muitas vezes prestou auxílio aos sacerdotes; ambos receberam ao mesmo tempo no patíbulo a coroa do martírio. († 1591)
  • Em Paris, na França, o Beato Nicolau Barré, presbítero, que foi docente de teologia e célebre diretor de almas no espírito do Evangelho e instituiu por todas as partes da França as Escolas Cristãs e da Caridade, bem como as Irmãs Mestras do Menino Jesus, destinadas à instrução gratuita da juventude mais carenciada. († 1686)
  • Em Nicósia, na Sicília, região da Itália, São Félix (Tiago Amoroso), religioso, que, depois de ter sido recusado durante dez anos, ingressou finalmente na Ordem dos Menores Capuchinhos, onde exerceu os mais humildes ofícios com grande simplicidade e inocência de coração. († 1787)
  • Em Bellegra, localidade próxima de Roma, o Beato Mariano de Roccacasale (Domingos) Di Nicolantónio, religioso da Ordem dos Frades Menores, que, exercendo o ofício de porteiro, abriu as portas do convento aos pobres e aos peregrinos, a quem socorreu de todos os modos com imensa caridade. († 1866)
  • Em Mityana, localidade do Uganda, São Noé Mawaggali, mártir, que, sendo fâmulo do rei, quando irrompeu a perseguição recusou destemidamente empreender a fuga e espontaneamente apresentou o peito às lanças dos soldados, que, depois de o terem trespassado, o penduraram numa árvore, até chegar à morte por Cristo.

Fontes:

  • Martirológio Romano
  • Livro “Santos de cada dia II” – Maio – Agosto (4ª ed.) – José Leite, S.J. (Org.)
  • Padrepauloricardo
  • Vaticannews
  • Canção Nova