Mensagem do Papa Francisco para o VII Dia Mundial dos Pobres

“Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7)

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O VII DIA MUNDIAL DOS POBRES

XXXIII Domingo do Tempo Comum
19 de novembro de 2023

«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7)

1. O Dia Mundial dos Pobres, sinal fecundo da misericórdia do Pai, vem pela sétima vez alentar o caminho das nossas comunidades. Trata-se duma ocorrência que se está a radicar progressivamente na pastoral da Igreja, fazendo-a descobrir cada vez mais o conteúdo central do Evangelho. Empenhamo-nos todos os dias no acolhimento dos pobres, mas não basta; a pobreza permeia as nossas cidades como um rio que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade ergue-se cada vez mais forte. Por isso, no domingo que antecede a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, reunimo-nos ao redor da sua Mesa para voltar a receber d’Ele o dom e o compromisso de viver a pobreza e servir os pobres.

Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7). Esta recomendação ajuda-nos a compreender a essência do nosso testemunho. Deter-se no Livro de Tobite, um texto pouco conhecido do Antigo Testamento, eloquente e cheio de sabedoria, permitir-nos-á penetrar melhor no conteúdo que o autor sagrado deseja transmitir. Abre-se diante de nós uma cena de vida familiar: um pai, Tobite, despede-se do filho, Tobias, que está prestes a iniciar uma longa viagem.
O velho Tobite teme não voltar a ver o filho e, por isso, deixa-lhe o seu “testamento espiritual”. Foi deportado para Nínive e agora está cego; é, por conseguinte, duplamente pobre, mas sempre viveu com a certeza que o próprio nome exprime: “O Senhor foi o meu bem”. Este homem que sempre confiou no Senhor, deseja, como um bom pai, deixar ao filho não tanto bens materiais, mas sobretudo o testemunho do caminho que há de seguir na vida. Por isso diz-lhe: “Lembra-te sempre, filho, do Senhor, nosso Deus, em todos os teus dias, evita o pecado e observa os seus mandamentos. Pratica a justiça em todos os dias da tua vida e não andes pelos caminhos da injustiça” (Tb 4, 5).

2. Como salta à vista, a recordação, que o velho Tobite pede ao filho para guardar, não se reduz simplesmente a um ato da memória nem a uma oração dirigida a Deus. Faz referência a gestos concretos, que consistem em praticar boas obras e viver com justiça. E a exortação torna-se ainda mais específica: “Dá esmolas, conforme as tuas posses. Nunca afastes de algum pobre o teu olhar, e nunca se afastará de ti o olhar de Deus” (Tb 4, 7).

Muito surpreendem as palavras deste velho sábio. Não esqueçamos, de facto, que Tobite perdeu a vista precisamente depois de ter praticado um ato de misericórdia. Como ele próprio conta, desde a juventude que se dedicou a obras de caridade, “dando muitas esmolas aos meus irmãos, os da minha nação que comigo tinham sido levados cativos para a terra dos assírios, em Nínive (…), fornecendo pão aos esfomeados e vestindo os nus e, se encontrava morto alguém da minha linhagem, atirado para junto dos muros de Nínive, dava-lhe sepultura” (Tb 1, 3.17).

Por causa deste seu testemunho de caridade, viu-se privado de todos os seus bens pelo rei, ficando na pobreza completa. Mas, o Senhor precisava ainda dele! Foi-lhe devolvido o seu lugar de administrador e ele não teve medo de continuar o seu estilo de vida. Ouçamos a sua história, que hoje nos fala também a nós: «Pela festa do Pentecostes, que é a nossa festa das Semanas, mandei preparar um bom almoço e reclinei-me para comer. Mas, ao ver a mesa coberta com tantas comidas finas, disse a Tobias: “Filho, vai procurar, entre os nossos irmãos cativos em Nínive, um pobre que seja de coração fiel, e trá-lo para que participe da nossa refeição. Eu espero por ti, meu filho” (Tb 2, 1-2). Como seria significativo se, no Dia dos Pobres, esta preocupação de Tobite fosse também a nossa! Ou seja, convidar para partilhar o almoço
dominical, depois de ter partilhado a Mesa Eucarística. A Eucaristia celebrada tornar-se-ia realmente critério de comunhão. Aliás, se ao redor do altar do Senhor temos consciência de sermos todos irmãos e irmãs, quanto mais visível se tornaria esta fraternidade, compartilhando a refeição festiva com quem carece do necessário!

Tobias fez como o pai lhe dissera, mas voltou com a notícia de que um pobre fora morto e deixado no meio da praça. Sem hesitar, o velho Tobite levantou-se da mesa e foi enterrar aquele homem. Voltando cansado para casa, adormeceu no pátio; caíram-lhe nos olhos  excrementos de pássaros, e ficou cego (cf. Tb 2, 1-10). Ironia do destino! Pratica um gesto de caridade e sucedelhe uma desgraça… Apetece-nos pensar assim, mas a fé ensina-nos a ir mais a fundo. A cegueira de Tobite tornar-se-á a sua força para reconhecer ainda melhor tantas formas de pobreza ao seu redor. E, mais tarde, o Senhor providenciará a devolver ao velho pai a vista e a alegria de rever o filho Tobias. Quando chegou este momento, “Tobite lançou-se-lhe ao pescoço e, chorando, disse: “Vejo-te, filho, tu que és a luz dos meus olhos!” E continuou: “Bendito seja Deus e bendito o seu grande nome! Benditos os seus santos anjos! Que seu nome esteja sobre nós e benditos
sejam todos os seus anjos, pelos séculos sem fim! Ele puniu-me, mas eis que volto a ver Tobias, o meu filho”” (Tb 11, 13-14).

3. Podemos questionar-nos: Donde tira Tobite a coragem e a força interior que lhe permitem servir a Deus no meio dum povo pagão e amar o próximo até ao ponto de pôr em risco a própria vida? Estamos diante dum exemplo extraordinário: Tobite é um marido fiel e um pai carinhoso; foi deportado para longe da sua terra e sofre injustamente; é perseguido pelo rei e pelos vizinhos de casa… Apesar de ânimo tão bom, é posto à prova. Como muitas vezes nos ensina a Sagrada Escritura, Deus não poupa as provações a quem pratica o bem. E porquê? Não o faz para nos humilhar, mas para tornar firme a nossa fé n’Ele.

Tobite, no período da provação, descobre a própria pobreza, que o torna capaz de reconhecer os pobres. É fiel à Lei de Deus e observa os mandamentos, mas para ele isto não basta. A solicitude operosa para com os pobres torna-se-lhe possível, porque experimentou a pobreza na própria pele. Por isso, as palavras que dirige ao filho Tobias constituem a sua verdadeira herança: “Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7). Enfim, quando nos deparamos com um pobre, não podemos virar o olhar para o lado oposto, porque impediríamos a nós próprios de encontrar o rosto do Senhor Jesus. E notemos bem aquela expressão «de algum pobre», de todo o pobre. Cada um deles é nosso próximo. Não importa a cor da pele, a condição social, a proveniência… Se sou pobre, posso reconhecer de verdade quem é o irmão que precisa de mim. Somos chamados a ir ao encontro de todo o pobre e de todo o tipo de pobreza, sacudindo de nós mesmos a indiferença e a naturalidade com que defendemos um bem-estar ilusório.

4. Vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza. Tende-se a ignorar tudo o que não se enquadre nos modelos de vida pensados sobretudo para as gerações mais jovens, que são as mais frágeis perante a mudança cultural em curso. Coloca-se entre parênteses aquilo que é desagradável e causa sofrimento, enquanto se exaltam as qualidades físicas como se fossem a meta principal a
alcançar. A realidade virtual sobrepõe-se à vida real, e acontece cada vez mais facilmente confundirem-se os dois mundos. Os pobres tornam-se imagens que até podem comover por alguns momentos, mas quando os encontramos em carne e osso pela estrada, sobrevêm o
fastídio e a marginalização. A pressa, companheira diária da vida, impede de parar, socorrer e cuidar do outro. A parábola do bom samaritano (cf. Lc 10, 25-37) não é história do passado; desafia o presente de cada um de nós. Delegar a outros é fácil; oferecer dinheiro para que outros pratiquem a caridade é um gesto generoso; envolver-se pessoalmente é a vocação de todo o cristão.

5. Damos graças ao Senhor porque há tantos homens e mulheres que vivem a dedicação aos pobres e excluídos e a partilha com eles; pessoas de todas as idades e condições sociais que praticam a hospitalidade e se empenham junto daqueles que se encontram em situações de marginalização e sofrimento. Não são super-homens, mas “vizinhos de casa” que encontramos cada dia e que, no silêncio, se fazem pobres com os pobres. Não se limitam a dar qualquer coisa: escutam, dialogam, procuram compreender a situação e as suas causas, para dar conselhos adequados e indicações justas. Estão atentos tanto à necessidade material como à espiritual, ou seja, à promoção integral da pessoa. O Reino de Deus torna-se presente e visível neste serviço generoso e gratuito; é realmente como a semente que caiu na boa terra da vida destas pessoas, e dá fruto (cf. Lc 8, 4-15). A gratidão a tantos voluntários deve fazer-se oração para que o seu testemunho possa ser fecundo.

6. No 60º aniversário da Encíclica Pacem in terris, é urgente retomar as palavras do Santo Papa João XXIII quando escrevia: «O ser humano tem direito à existência, à integridade física, aos recursos correspondentes a um digno padrão de vida: tais são especialmente a nutrição, o vestuário, a moradia, o repouso, a assistência sanitária, os serviços sociais indispensáveis. Segue-se daí, que a pessoa tem também o direito de ser amparada em caso de doença, de invalidez, de viuvez, de velhice, de desemprego forçado, e em qualquer outro caso de privação dos meios de sustento por circunstâncias independentes da sua vontade» (n. 11).

Quanto trabalho temos ainda pela frente para tornar realidade estas palavras, inclusive através dum sério e eficaz empenho político e legislativo! Não obstante os limites e por vezes as lacunas da política para ver e servir o bem comum, possa desenvolver-se a solidariedade e a subsidiariedade de muitos cidadãos que acreditam no valor do empenho voluntário de dedicação aos pobres. Isto, naturalmente sem deixar de estimular e fazer pressão para que as instituições públicas cumpram do melhor modo possível o seu dever. Mas não adianta ficar passivamente à espera de receber tudo “do alto”. E, quem vive em condição de pobreza, seja também envolvido e apoiado num processo de mudança e responsabilização.

7. Mais uma vez, infelizmente, temos de constatar novas formas de pobreza que se vêm juntar às outras descritas já anteriormente. Penso de modo particular nas populações que vivem em cenários de guerra, especialmente nas crianças privadas dum presente sereno e dum futuro digno. Ninguém poderá jamais habituar-se a esta situação; mantenhamos viva toda a tentativa para que a paz se afirme como dom do Senhor Ressuscitado e fruto do empenho pela justiça e o diálogo.

Não posso esquecer as especulações, em vários setores, que levam a um aumento dramático dos preços, deixando muitas famílias numa indigência ainda maior. Os salários esgotam-se rapidamente, forçando a privações que atentam contra a dignidade de cada pessoa. Se, numa família, se tem de escolher entre o alimento para se nutrir e os remédios para se curar, então deve fazer-se ouvir a voz de quem clama pelo direito a ambos os bens, em nome da dignidade da pessoa humana.

Além disso, como não assinalar a desordem ética que marca o mundo do trabalho? O tratamento desumano reservado a muitos trabalhadores e trabalhadoras; a remuneração não equivalente ao trabalho realizado; o flagelo da precariedade; as demasiadas vítimas de incidentes, devidos muitas vezes à mentalidade que privilegia o lucro imediato em detrimento da segurança… Voltam à mente as palavras de São João Paulo II: «O primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem. (…) O homem está destinado e é chamado ao trabalho, contudo antes de mais nada o trabalho é “para o homem”, e não o homem “para o trabalho”» (Enc. Laborem exercens, 6).

8. Este elenco, já em si mesmo dramático, dá conta apenas de modo parcial das situações de pobreza que fazem parte da nossa vida diária. Não posso deixar de fora, em particular, uma forma de mal-estar que aparece cada dia mais evidente e que atinge o mundo juvenil. Quantas
vidas frustradas e até suicídios de jovens, iludidos por uma cultura que os leva a sentirem-se “inacabados” e “falidos”. Ajudemo-los a reagir a estas instigações nocivas, para que cada um possa encontrar a estrada que deve seguir para adquirir uma identidade forte e generosa.
Éfácil cair na retórica, quando se fala dos pobres. Tentação insidiosa é também parar nas estatísticas e nos números. Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma
relação pessoal com cada um deles.

O Livro de Tobias ensina-nos a ser concretos no nosso agir com e pelos pobres. É uma questão de justiça que nos obriga a todos a procurar-nos e encontrar-nos reciprocamente, favorecendo a harmonia necessária para que uma comunidade se possa identificar como tal. Portanto,
interessar-se pelos pobres não se esgota em esmolas apressadas; pede para restabelecer as justas relações interpessoais que foram afetadas pela pobreza. Assim «não afastar o olhar do pobre» leva a obter os benefícios da misericórdia, da caridade que dá sentido e valor a toda a
vida cristã.

9. Que a nossa solicitude pelos pobres seja sempre marcada pelo realismo evangélico. A partilha deve corresponder às necessidades concretas do outro, e não ao meu supérfluo de que me quero libertar. Também aqui é preciso discernimento, sob a guia do Espírito Santo, para distinguir as verdadeiras exigências dos irmãos do que constitui as nossas aspirações. Aquilo de que seguramente têm urgente necessidade é da nossa humanidade, do nosso coração aberto ao amor. Não esqueçamos: “Somos chamados a descobrir Cristo neles: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles” (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 198). A fé ensina-nos que todo o pobre é filho de Deus e que, nele ou nela, está presente Cristo: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos,
a Mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 40).

10. Este ano completam-se 150 anos do nascimento de Santa Teresa do Menino Jesus. Numa página da sua História de uma alma, deixou escrito: “Compreendo agora que a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em não se escandalizar com as suas fraquezas, em edificar-se com os mais pequenos atos de virtude que se lhes vir praticar; mas compreendi, sobretudo, que a caridade não deve ficar encerrada no fundo do coração: “Ninguém, disse Jesus, acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas coloca-a sobre o candelabro para alumiar todos os que estão em casa”. Creio que essa luz representa a caridade, que deve iluminar e alegrar, não só os que são mais queridos, mas todos aqueles que estão na casa, sem excetuar ninguém” (Manuscrito C, 12rº: História de uma alma, Avessadas 2005, 255-256).

Nesta casa que é o mundo, todos têm direito de ser iluminados pela caridade, ninguém pode ser privado dela. Possa a tenacidade do amor de Santa Teresinha inspirar os nossos corações neste Dia Mundial, ajudar-nos a «nunca afastar de algum pobre o olhar» e a mantê-lo sempre fixo no rosto humano e divino do Senhor Jesus Cristo.

Roma – São João de Latrão, na Memória de Santo António, Patrono dos pobres, 13 de junho de
2023.

PAPA FRANCISCO

Fonte: Vaticano

5º Congresso Missionário Nacional encerra com ordenação episcopal de Dom Zenildo Lima

Antes da celebração, foi divulgada a carta compromisso que mostra o “ardor e o testemunho missionário da Igreja no Brasil”.

O 5º Congresso Missionário Nacional realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro, que contou com 800 participantes de todos os regionais do Brasil, foi encerrado com uma celebração eucarística onde Dom Zenildo Lima foi ordenado bispo. Antes da celebração, foi divulgada a carta compromisso que mostra o “ardor e o testemunho missionário da Igreja no Brasil”, buscando “fomentar um novo impulso, novas luzes e novas motivações na caminhada missionária para além de todas as fronteiras”.

A missão é o paradigma

Lembrando o tema, “Ide! Da Igreja local aos confins do mundo”, e o lema: “Corações ardentes, pés a caminho”, o texto recordou o chamado de Papa Francisco “a responder com alegria ao Evangelho que recebemos”. Uma carta que afirma que “a missão é o paradigma, o eixo que sustenta e nutre toda a Igreja”. Isso em “uma Igreja sinodal em missão até os confins do mundo que cruza fronteiras e vive a ministerialidade e a corresponsabilidade, superando o clericalismo. Uma Igreja samaritana que se concretiza no amor a aqueles que vivem nas periferias geográficas e existenciais”.

A carta reafirma a relevância e a atualidade do Programa Missionário Nacional (PMN), e indica algumas pistas para a ampliação e a dinamização das quatro prioridades do Programa Missionário Nacional: formação missionária, animação missionária, missão ad gentes, compromisso profético-social, colocando em destaque alguns elementos para uma das prioridades. Um caminho “de busca, de escuta e de transformação”, com “a força da Divina Ruah para sairmos ao encontro dos pobres e dos outros, servindo ao Reino de Deus com coração sem fronteiras e pés a caminho”.

Enviados a anunciar o Reino da misericórida

Na ordenação episcopal, presidida pelo cardeal Leonardo Steiner e que contou com Dom Gutemberg Freire, bispo emérito de Coari, e Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho, como bispos co-ordenantes, participaram quase 50 bispos, 200 padres e diáconos, e todo o povo de Deus, radiantes de felicidade vendo que um filho da terra, formado na Amazônia, será bispo na Amazônia, com a benção de sua mãe, um momento de grande significado, em que encomendou a Deus o ministério de seu filho.

Em sua homilia, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, destacou na primeira leitura (cf. Is. 61,1-3a), o envio. Destacando o fato de sermos proclamadores, proclamadoras, Dom Leonardo disse que “não anunciamos estruturas, não transmitimos normas, não apresentamos moralismos”. Pelo contrário, “no encontro com Jesus, somos enviados para anunciar o Reino da misericórdia, da fraternidade, da esperança, do amor; a transfiguração, a plenificação”. Ele fez um chamado a “proclamar a todas as criaturas que elas fazem parte do Reino, que em Cristo todas as criaturas se tornaram irmãs, que vivem na e da mesma casa comum, o Reino”.

O amor de Pedro

No Evangelho, o cardeal destacou que “Jesus busca o coração de Pedro por três vezes: Pedro tu me amas?”, analisando como vai evoluindo o diálogo entre Jesus e Pedro, que vai se configurando a Jesus, “com sua humanidade, a sua finitude, com a ternura de sua humanidade”. Dom Leonardo disse que “Pedro acorda da sua ingenuidade e responde que o ama com o amor que transcende à sua própria vontade, um amor sublime, divinizado. Com o amor que recebeu de Jesus”.

Ele fez um convite ao ordenando: “Segue-me sem resistência, com todo o teu coração, com todo o teu afeto, com toda a tua mente, com toda a tua pessoa; inteiro, por inteiro, todo inteiro, de corpo e alma, dos pés à cabeça; segue-me na liberdade do teu amor que de mim recebeste, cuidando dos meus cordeiros, apascentando as minhas ovelhas”.

Ser bispo em perspectiva missionária

No final da celebração, carregada de muitos símbolos amazônicos, o novo bispo disse aos presentes que “não poderia compreender este ministério de bispo se não em perspectiva missionária nesta feliz coincidência de encerrar um Congresso Missionário Nacional com a expressão ministerial de uma Igreja Local”. Segundo o bispo auxiliar de Manaus, “ministerialidade e missionariedade são expressões da Igreja profundamente implicadas entre si”.

Ele agradeceu à paróquia onde foi batizado, a sua família, onde “a fé moldou-se como esperança em tempos tão difíceis e tão desafiadores”, onde “foi se atualizando com gestos de solidariedade e compaixão entre nós e para com os outros”. Aos poucos foi descobrindo sua vocação e disse ter sido formado pela Igreja de Manaus, “na pessoa dos seus pastores, do seu dinamismo pastoral, da sua comunhão que hoje chamamos de sinodalidade”, enfatizando que “a Igreja de Manaus sempre foi o espaço privilegiado da minha formação permanente”.

Este povo me formou

“Neste chão amazônico foi moldado meu ministério presbiteral, este povo me formou”, ressaltou Dom Zenildo Lima, lembrando dos “seus ministros, a riqueza extraordinária dos cristãos leigos e leigas, as religiosas verdadeiras educadoras e guardiãs para que o ministério por mim exercido não desaguasse em anomalias do clericalismo”. Ele disse viver o chamado ao episcopado “como apelo de totalidade. Totalidade no amor, totalidade no serviço”, e vê “como escola privilegiada o episcopado deste Regional Norte 1”.

Um ministério episcopal que ele quer viver de um modo em que “meu olhar não se limite aos ambientes eclesiais e eclesiásticos, mas se estenda aos pequenos, aos rejeitados, aos feridos, aos pobres, nas expressões mais dramáticas que se apresentam na história deste chão amazônico: o povo das nossas periferias, as crianças desprotegidas, a juventude sem sonhos, sem esperança, sem estudo e sem trabalho, as mulheres sedentas de dignidade e reconhecimento, os idosos abandonados, homens e mulheres em situação de rua, migrantes, os povos dos beiradões, ribeirinhos, as populações indígenas”. Isso porque “são eles que reconfiguram nossos espaços eclesiais”. 

MANAUS: 5º CONGRESSO MISSIONÁRIO NACIONAL: DINAMISMO DA REVELAÇÃO CRISTÃ

Mons. Zenildo Lima: “Superar uma história com traços de colonização e moldar-se numa perspectiva de encarnação”.

O 5º Congresso Missionário Nacional, que está sendo realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro, apresenta os contextos da localidade e da abrangência global em perspectiva de encontro, espaços que, em chave missionária, apontam para a dinâmica de deslocamento, segundo Mons. Zenildo Lima. O bispo auxiliar eleito da Arquidiocese de Manaus, que receberá a ordenação episcopal no dia 15 de novembro, na missa de encerramento do Congresso, destacou dois princípios: o dinamismo da Revelação Cristã que historicamente situada se apresenta com pretensão de universalidade e o princípio da parte pelo todo, assumido na ocasião do Sínodo da Amazônia.

Intervenção de Deus na história

Mons. Zenildo Lima refletiu sobre a revelação desde o acontecimento do êxodo, “uma situação de opressão e libertação experimentada por um povo”, diante da qual o povo tem “consciência da intervenção de Deus nesta história”. Uma realidade que ajuda a ver toda ação missionária como uma comunicação que liberta, e não como uma imposição religiosa.

Abordando a questão da parte pelo tudo desde a perspectiva do Sínodo para a Amazônia, onde Mons. Zenildo Lima foi auditor, ele lembrou a perspectiva recolhida no Documento Preparatório, apresentando as reflexões daquele processo sinodal como “relevantes para a Igreja universal e para o futuro de todo o planeta.” Uma reflexão que parte da Encarnação, fazendo um chamado a na Igreja da Amazônia, “superar uma história com traços de colonização e moldar-se numa perspectiva de encarnação”. Uma reflexão que tem a ver não só com uma questão eclesial, senão também social, cultural e ecológica.

Processo colonial com um alto custo para os povos da floresta

O assessor, seguindo o Texto Base do Congresso, refletiu sobre o processo colonial na região amazônica, que teve “um custo muito alto para estes povos da floresta”, uma dinâmica ainda presente, que fez com que “nos últimos 50 anos, a região amazônica ficou mais perto da destruição irreversível”. Uma realidade social que atingiu também o anúncio missionário, “envelopado com os traços do catolicismo europeu auto presumido como modelo de fé para todo o mundo”, destacou Mons. Zenildo Lima, refletindo sobre “as inúmeras contradições no início do processo evangelizador nestas terras”.

Na história da Igreja da Amazônia, os encontros de Santarém 1972 e 2022 ajudam a entender a Encarnação do Verbo e a Encarnação da Igreja. O bispo auxiliar eleito apresentou a encarnação como método, caminhos de encarnação que no Sínodo para a Amazônia aparecem como caminhos de inculturação e interculturalidade, de protagonismo dos povoa amazônidas. Uma encarnação que “tornou-se também e primeiramente um processo de escuta!”, segundo aparece no Documento Final do Sínodo para a Amazônia.

Um anúncio do Verbo que se fez carne

“A evangelização na Amazônia será sempre um anúncio do Verbo que se fez carne, será sempre uma proposta do encontro com Jesus”, insistiu Mons. Zenildo Lima. Mas ao mesmo tempo, ele disse que “não cabe em nós o rótulo de termos abandonado o Evangelho para cuidar de questões sociais”. A Igreja da Amazônia é uma Igreja que se faz carne e assume a evangelização libertadora, que diferentemente das novas potências colonizadoras, quer “exercer sua atividade profética com transparência, e apresentar o Cristo com todo seu potencial libertador”, segundo diz o Documento Final do Sínodo para a Amazônia.

Com relação à missão ad gentes, na Igreja da Amazônia ainda falta “uma proposta mais sistematizada de comprometimento com o envio missionário ad gentes”, afirmou. Mons Zenildo Lima apresentou algumas implicações para as Igrejas locais da Amazônia frente ao apelo da missão ad gentes, que deve estar marcada pela ousadia, a escuta, a samaritaneidade, a inculturação e a intefculturalidade, a comunidade e a decolonização. Uma missão que será fecunda ela seja fundamentada em uma vida doada, e que “em regiões e situações de disputas e conflitos apresenta-se como martírio, nas regiões e situações de escassez de direitos e de cuidados, expressa-se como uma solidariedade obediente até a morte, e morte de cruz”.

Ordenação

O ápice de este Congresso, será a ordenação episcopal de Padre Zenildo Lima, agendada para o encerramento do Congresso, no dia 15 de novembro a partir das 10:00h, no Estúdio 5 Centro de Convenções. O Bispo Auxiliar convida todo o povo de Deus a participar desse momento crucial, enfatizando que a presença e orações do povo são fundamentais para respaldar seu Ministério. Mesmo para aqueles que não se inscreveram no Congresso, o convite está estendido para fazer parte desse momento especial de celebração e compromisso com a fé.

A missão, segundo Mons. Zenildo Lima, deve fundamentar-se em uma vida doada, sendo fecunda mesmo em situações de disputas e conflitos, expressando-se como martírio ou solidariedade obediente, dependendo do contexto. O bispo auxiliar encerra suas reflexões no Congresso, lançando luz sobre os desafios e promessas da missão evangelizadora na Amazônia.

Santo Estevão Teodoro Cuénot, bispo evangelizador da Indochina

Bispo e Mártir

Origens

Em 1802, nasceu Santo Estevão Teodoro Cuénot em Réaumont, em Bélieu, filho de um fazendeiro, destinado a se tornar bispo e a converter milhares de pagãos da Indochina, todos considerados e amados como irmãos. Um prelado naturalmente “aristocrático”, mas próximo do povo e de suas misérias, com espírito meio evangélico e meio revolucionário. 

Verdadeiro Filho do Povo

Dom Estevão Teodoro Cuénot poderia ter reconhecido a imagem não literária de um verdadeiro filho do povo para quem o “próximo” não era uma expressão genérica, nem uma determinada classe social, em determinado país, em um determinado período histórico, mas abrangeu homens de todas as classes, raças e nacionalidades naquela revolução perene que é o verdadeiro cristianismo. 

Criação camponesa e simples

Batizado em celeiro, educado por párocos rurais, o jovem Teodoro foi mantido em seus estudos por pais camponeses, com presentes em espécie. Quando nem isso foi suficiente, ele teve que abandonar a escola. Estudando teologia, para torná-lo apresentável, se não muito bem vestido, a mãe sacrificou seu vestido de noiva para fazer-lhe uma túnica. O primeiro gesto do novo padre foi dar à mãe um vestido novo. 

Santo Estevão Teodoro Cuénot: O Perfil Ideal

O Encontro
Entre outras coisas, ele tinha paixão pela relojoaria e queria patentear seu próprio mecanismo de movimento perpétuo. Ele era catequista e professor no grupo da cidade. Finalmente, tomou o caminho certo ao entrar, em 1827, na porta da Rue du Bac, em Paris, onde se encontravam os Padres Missionários de São Vicente de Paulo.

Missionário e bispo

No ano seguinte, o novo missionário chegou à Indochina. Em 1835, foi consagrado Bispo de Metelópolis, coadjutor da então chamada Cochinchina. Ele sempre foi um bispo no campo de batalha, porque os cristãos da Indochina, praticamente abandonados a si mesmos, foram submetidos a constantes assédios e perseguições por parte das autoridades budistas. Apesar disso, os convertidos do bispo Cuénot eram milhares todos os anos. Para quem abjurou sob tortura, cem pediram para ser batizados. O clero indígena triplicou, enquanto o bispo multiplicou as traduções dos livros sagrados, igrejas, orfanatos, e até as distantes regiões montanhosas do Laos foram alcançadas pela pregação e exemplo do bispo francês.

Sofreu perseguição e consumou em seu martírio

Páscoa

Em 1861, com o agravamento da perseguição do rei Tu-Duc, o bispo Cuénot também foi capturado e trancado em uma jaula estreita. Ele não foi morto fisicamente, mas foi envenenado lentamente, dando-lhe “remédios” indígenas repugnantes, por isso é considerado mártir. O melhor elogio veio de seus captores, que disseram dele: “Ele se tornou perfeito. E o céu se apressou em recebê-lo, sem permitir que ele sofresse tal tortura”. Na verdade, ele já era um cadáver quando seu corpo foi açoitado e decapitado. E um ano depois, um tratado entre a França e a Indochina sancionou a liberdade de culto, pelo menos em teoria.

Minha oração

“Dom Estevão, pelos méritos do teu martírio lhe rogamos as graças de evangelizar os povos, levando a todos o amor e a verdade de Cristo. Com teu exemplo de sangue demonstraste a mesma coragem de Jesus e nos ensinastes a doar a nossa vida pelas almas. Amém.”

Santo Estevão Teodoro Cuénot, rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 14 de novembro 

  • Em Heracleia, na Trácia, hoje Mármara, na Turquia, São Teódoto, mártir. († c. s. III)
  • Em Gangra, na Paflagónia, hoje Trabzon, na Turquia, Santo Hipácio, bispo, que morreu mártir. († s. IV)
  • Em Avinhão, na Provença, território da atual França, São Rufo, considerado o primeiro que presidiu à comunidade cristã deste lugar. († s. IV)
  • Na ilha de Bardsey, no litoral da Câmbria setentrional, hoje País de Gales, São Dubrício, bispo e abade. († s. VI)
  • Em Traú, na Dalmácia, na hodierna Croácia, São João, bispo. († c. 1111)
  • Na localidade de Eu, na Normandia, região da França, o passamento de São Lourenço O’Toole, bispo de Dublin. (†1180)
  • No cenóbio de Santa Maria de Gualdo Mazocca, próximo de Campobasso, na Itália, o Beato João de Tufara, eremita. († 1170)
  • Em Mariëngaarde, na Frísia, na hodierna Holanda, São Siardo, abade da Ordem Premonstratense. († 1230)
  • Em Argel, na África setentrional, hoje na Argélia, São Serapião, o primeiro membro da Ordem de Nossa Senhora das Mercês. († 1240)
  • Em Jerusalém, os santos Nicolau TavelicDeusdado AribertEstêvão de Cúneo e Pedro de Narbona, presbíteros da Ordem dos Menores e mártires. († 1391)
  • Em Cáccamo, na Sicília, região da Itália, o Beato João Líccio, presbítero da Ordem dos Pregadores. († 1511)
  • Em Ikitsuki, cidade da província de Nagasaki, no Japão, os beatos Gaspar Nishi Genka, sua esposa Úrsula Nishi e seu filho João Nishi Mataishi, mártires. († 1609)
  • Em Nysa, na Prússia, hoje na Polónia, a Beata María Luísa Merkert, virgem, co-fundadora da Congregação das Irmãs de Santa Isabel. († 1872)
  • Em Florença, na Itália, a Beata Maria Teresa de Jesus , virgem da Ordem das Carmelitas, fundadora do Instituto das Irmãs de Nossa Senhora do Carmo. († 1889)
  • Em Bréscia, também na Itália, o Beato Moisés Tovíni, presbítero da diocese de Bréscia. († 1889)

VII JORNADA MUNDIAL DOS POBRES: UM CHAMADO À SOLIDARIEDADE E MISERICÓRDIA

Igreja no Brasil promove ação intensificada em preparação ao Dia Mundial dos Pobres, convidando todos a refletirem sobre o lema “Olhe para mim!”

Novembro marca a chegada da VII Jornada Mundial dos Pobres (JMP), um evento significativo que ressalta o compromisso da Igreja com a vivência, celebração e partilha do sinal fecundo da misericórdia do Pai. Inspirada pela reflexão central da VII Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial dos Pobres, realizada em 19 de novembro de 2023, a Igreja no Brasil intensifica seus esforços por meio das Pastorais Sociais e Organismos vinculados à Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Cepast-CNBB).

O lema deste ano, “Olhe para mim!”, baseado na citação bíblica “Não desvies o rosto de nenhum pobre” (Tb 4,7), destaca a importância de uma abordagem mais atenta e compassiva para com aqueles que enfrentam adversidades. A proposta da Igreja é ir além das palavras, convidando a comunidade a agir em consonância com os ensinamentos de solidariedade e amor ao próximo.

A Jornada, que se estenderá de 12 a 19 de novembro, não apenas antecipa o Dia Mundial dos Pobres, mas também oferece uma semana dedicada à reflexão, mobilização e ação social. Através de diversas atividades, as Pastorais Sociais e Organismos envolvidos buscam despertar a consciência da sociedade para a realidade dos menos favorecidos.

Além disso, a proposta da Jornada inclui a promoção de ações concretas de auxílio aos necessitados, abraçando a essência da mensagem do Papa Francisco. A Igreja, em parceria com voluntários e comunidades locais, planeja proporcionar momentos de partilha e solidariedade, buscando aliviar as dificuldades enfrentadas por muitos.

Seguindo a convocação do Papa Francisco, reafirmamos:

“O Dia Mundial dos Pobres, sinal fecundo da misericórdia do Pai, vem pela sétima vez alentar o caminho das nossas comunidades. Trata-se duma ocorrência que se está a radicar progressivamente na pastoral da Igreja, fazendo-a descobrir cada vez mais o conteúdo central do Evangelho. Empenhamo-nos todos os dias no acolhimento dos pobres, mas não basta; a pobreza permeia as nossas cidades como um rio que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade ergue-se cada vez mais forte. Por isso, no domingo que antecede a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, reunimo-nos ao redor da sua Mesa para voltar a receber d’Ele o dom e o compromisso de viver a pobreza e servir os pobres.”

Ao destacar o tema “Olhe para mim!” e reforçar o lema “Não desvies o rosto de nenhum pobre”, a Jornada Mundial dos Pobres busca inspirar uma mudança de perspectiva e atitude em relação aos mais vulneráveis. Esta iniciativa da Igreja no Brasil é um convite a todos, independente de credo ou origem, a unirem esforços em prol de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. Que o legado desta Jornada ressoe não apenas durante este novembro, mas permaneça como um compromisso contínuo em nossos corações e ações.

Foi realizada eleição da nova coordenação da Pastoral Indigenista da Diocese de Roraima

Encontro no Centro de Formação Raposa Serra do Sol destaca debates sobre o Marco Temporal, conjuntura política e prioridades para os povos indígenas.

Entre os dias 6 e 8 de novembro, o Centro de Formação Raposa Serra do Sol – Região Surumu foi palco da Reunião da Pastoral Indigenista, um evento de grande relevância que reuniu a Equipe Surumu e Lideranças Tradicionais Regionais. O encontro teve como objetivo principal lançar um olhar sobre as perspectivas e desafios dos Territórios Yanomami para o ano de 2024.

Durante os três dias, foram abordados temas cruciais, incluindo as perspectivas e retrocessos em relação ao Marco Temporal, desde as decisões do Supremo Tribunal Federal até o veto presidencial.

Nesta reunião realizou debates acerca das questões que impactam diretamente os territórios indígenas. A reunião encerrou-se de maneira marcante com a eleição da Nova Coordenação da Pastoral Indigenista para o periodo 2024-2026: Pe. Mattias, ir. Rita, Ir. simão.

Este evento reforçou o compromisso da Pastoral Indigenista na defesa e promoção dos direitos e interesses dos povos indígenas, destacando-se como um espaço crucial para a articulação e planejamento estratégico para o futuro.

PAPA NOMEIA PE. RAIMUNDO VANTHUY NETO COMO NOVO BISPO DE SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA NO AMAZONAS

O sacerdote foi escolhido para liderar a diocese, sucedendo a Dom Edson Taschetto Damian, que atualmente ocupa o cargo.

O Papa Francisco anunciou na quarta-feira, 8 de novembro, a nomeação de um novo bispo para a diocese de São Gabriel da Cachoeira, localizada no estado do Amazonas, Região Norte do Brasil. O sacerdote Raimundo Vanthuy Neto foi escolhido para liderar a diocese, sucedendo a Dom Edson Taschetto Damian, que atualmente ocupa o cargo.

A decisão do Papa Francisco representa um momento significativo para a comunidade católica da Região Norte do Brasil, especialmente para os fiéis da diocese de São Gabriel da Cachoeira. O novo bispo traz consigo uma rica trajetória de vida e uma sólida formação teológica.

Biografia do Pe. Raimundo Vanthuy Neto

 Pe. Raimundo Vanthuy Neto nasceu em 10 de maio de 1973, na cidade de Pau dos Ferros, no sertão nordestino do Brasil, na Diocese de Mossoró, Rio Grande do Norte. Ele é o filho de Manoel Urbano e Vicência Martins e cresceu em uma família composta por quatro irmãos e duas irmãs. Seu batismo ocorreu na festa de São Pedro, em 29 de junho de 1973.

A história de Pe. Vanthuy Neto está marcada por sua migração para a Amazônia/Roraima na década de 1980. Na Diocese de Roraima, ingressou no Seminário São José da Arquidiocese de Manaus, onde realizou seus estudos de Filosofia e Teologia no então CENESCH – Centro de Estudos do Comportamento Humano. Ele foi ordenado Diácono em 11 de julho de 1999 e, posteriormente, Presbítero em 3 de junho de 2001, por Dom Apparecido José Dias, em memória.

Além de sua formação em Teologia, Pe. Raimundo Vanthuy Neto possui mestrado em Missiologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, com uma dissertação intitulada “Dirigir Almas e Servir ao Jeito de Muitos – A Missão dos Beneditinos junto aos Povos Indígenas de Roraima (1909-1948).”

Sua jornada pastoral incluiu o estágio diaconal na Paróquia Sagrada Família, na Diocese de Santos, São Paulo, entre 1998 e 2000. Ele também desempenhou funções como pároco em diferentes paróquias, incluindo Nossa Senhora Consolata (2001-2004), Catedral Cristo Redentor e Matriz Nossa Senhora do Carmo (2005-2013) em Boa Vista. Em 2018, foi vigário da Área Missionária do Município do Cantá.

Além de suas responsabilidades pastorais, Pe. Vanthuy Neto contribuiu para o Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino Superior da Amazônia – ITEPES (2014-2017), que hoje é a Faculdade Católica do Amazonas. Ele tem sido um colaborador ativo nos estudos sobre o Cristianismo e os Povos Indígenas na Amazônia, participando de encontros inter-regionais de Bispos desde 1997 e atuando como auditor no Sínodo para a Amazônia em 2019.

Além disso, o novo Bispo é membro do Instituto Secular – Associação dos Padres do PRADO e colaborou no Conselho Nacional do Prado no Brasil de 2017 a 2023. Ele também viveu o Ano Internacional Pradosiano em Lyon, na França.

Atualmente, Pe. Raimundo Vanthuy Neto é membro do Colégio de Consultores, do Conselho Presbiteral e atua como chanceler da Diocese de Roraima.ee

A nomeação de Pe. Raimundo Vanthuy Neto foi recebida com entusiasmo pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que enviou saudações calorosas ao Pe. Raimundo Vanthuy Neto em reconhecimento aos anos de serviço dedicados à diocese de Roraima. A CNBB expressou confiança de que o novo Bispo, com sua vasta experiência pastoral e acadêmica, continuará a liderar a comunidade católica na Região Norte do Brasil com sabedoria e dedicação.

Saudação ao novo bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira

Estimado irmão, monsenhor Raimundo Vanthuy Neto

Muito nos alegra a notícia de sua nomeação realizada pelo Santo Padre, o Papa Francisco, na manhã desta quarta-feira, 8 de novembro, para a diocese de São Gabriel da Cachoeira, localizada no extremo noroeste do país.

Essa Igreja Particular possui uma característica muito marcante, pois tem a maior percentagem de população indígena do Brasil, além de ter um território extenso, situado às margens da bacia do Rio Negro.

Gostaríamos de recordar-lhe que a Igreja é toda missionária e que é na missão que encontra a sua unidade, portanto, ide e se inspire nos quatro grandes sonhos do Papa Francisco, citados em sua Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Querida Amazônia” para a região: lute pelos direitos dos mais pobres; preserve a riqueza cultural; zele pela beleza natural e por uma Igreja com rosto amazônico.

“Conhecer Jesus Cristo é tudo”, assim dizia o beato Antônio Chévrier, fundador do Prado.

Que as palavras de Jesus sejam sempre o seu ponto de referência!

Em Cristo, 

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Presidente da CNBB

Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo de Goiânia (GO)
Primeiro Vice-presidente da CNBB

Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa
Arcebispo de Olinda e Recife (PE)
Segundo Vice-presidente da CNBB

Dom Ricardo Hoepers
Bispo Auxiliar de Brasília (DF)
Secretário-geral da CNBB

A chegada de Pe. Raimundo Vanthuy Neto à diocese de São Gabriel da Cachoeira é aguardada com expectativa e esperança, uma vez que ele traz consigo uma profunda ligação com a Amazônia e uma vasta experiência na missão de servir e guiar as comunidades católicas na região. A diocese e seus fiéis se preparam para acolher seu novo líder e acompanhar o caminho que ele traçará para a comunidade local.

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PRESIDENTES DA CNBB, DA CÁRITAS E DA REPAM-BRASIL PEDEM ÀS DIOCESES QUE APOIEM AS VÍTIMAS DA SECA NA AMAZÔNIA

Continua a mobilização de toda a Igreja no Brasil para socorrer os irmãos e irmãs da Amazônia que sofrem com as consequências da estiagem na região. Os presidentes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),  dom Jaime Spengler; da Cáritas Brasileira, dom Mário Antônio da Silva; e da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil), dom Evaristo Paschoal Spengler, assinaram a carta intitulada “Clamamos por uma Amazônia viva!”. No texto, conclamam toda as dioceses, paróquias e comunidades a unirem forças em oração e doação pelos que mais precisam, por meio da campanha “SOS Amazônia – defenda a vida, apoie agora”

Por conta da redução do nível dos rios, são mais de 500 mil pessoas afetadas pelos efeitos da estiagem e mais de 50 municípios do Amazonas em alerta de emergência, alguns deles isolados. Comunidades indígenas e ribeirinhas estão sem acesso à alimentação e água potável.

“A Amazônia clama pela nossa ajuda, nesse momento de sofrimento. A severa estiagem que atinge a região, está provocando uma série de dificuldades na vida das comunidades que dependem diretamente das águas dos rios para o seu sustento, navegação e sobrevivência”, afirmam os bispos.

20.10.23 Governador Wilson Lima leva ajuda humanitária  a Tefé

Foto: Alex Pazuello/Secom Governo do Amazonas

A campanha SOS Amazônia tem o objetivo de arrecadar recursos para a aquisição de produtos alimentares, água e outras necessidades que possam apoiar as famílias amazônidas afetadas pelos efeitos da estiagem.

“Conclamamos o auxílio das dioceses, paróquias e toda comunidade cristã para unir forças em oração e doação, pelos nossos irmãos e irmãs que mais precisam”, pedem na carta.

Confira a carta na íntegra.

As doações podem ser realizadas através das seguintes contas:

Banco do Brasil
Agência – 0452-9
Conta Corrente: n° 52.755-6
Pix: 33.654.419.0001-16 (CNPJ)

Caixa Econômica Federal
Agência – 1041
Operação – 003
Conta Corrente: 3573-5

Pastoral da Criança participou da 5ª Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional em Roraima

Com o Tema “Erradicar a fome e garantir direitos com Comida de Verdade, Democracia e Equidade” ocorreu entre 25 a 27 de outubro

Roraima sediou a quinta edição da Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, realizada nos dias 25, 26 e 27 de outubro de 2023, no auditório da Universidade Estadual de Roraima (UERR). Com o tema “Erradicar a fome e garantir direitos com Comida de Verdade, Democracia e Equidade”, o evento foi convocado pelo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado de Roraima (CONSEA RR), respaldado pela Lei Estadual nº 409, datada de 12 de dezembro de 2023, em parceria com a Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN RR) e outros órgãos do Sistema Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN RR).

O Sistema Nacional de Segurança Alimentar (SISAN Nacional) é composto por programas que incentivam a Agricultura Familiar, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Esses programas de destaque no SISAN são executados pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB RR) e pelo Estado de Roraima. O CONSEA RR desempenha um papel importante no controle social dessas ações.

A Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional é um evento essencial que visa envolver a sociedade roraimense em discussões sobre a melhoria da segurança alimentar e nutricional da população do estado. O SISAN RR inclui uma variedade de partes interessadas, como produtores rurais, entidades sociais solidárias, órgãos públicos responsáveis pelo governo, nutricionistas, universidades e todos os cidadãos interessados.

O CONSEA RR tem uma história de 20 anos em Roraima, operando na sede da Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação (SEADI), conforme estabelecido pela Lei 861 de 18 de julho de 2012. Sua função principal é servir como uma ponte entre a sociedade civil e o governo estadual e federal. O Conselho é composto por 1/3 de entidades governamentais e 2/3 de entidades da sociedade civil voluntariada, com a presidência exclusiva da Sociedade Civil, conforme o Regimento Interno.

A participação da Pastoral da Criança da Diocese de Roraima desempenhou um papel essencial na Conferência, promovendo ações voltadas para a segurança alimentar e nutricional das crianças e suas famílias na região. A organização trouxe sua vasta experiência e compromisso com a promoção do bem-estar infantil, enriquecendo as discussões e propostas voltadas para a erradicação da fome e a garantia de direitos em Roraima.

Atualmente, a presidência do CONSEA – RR é ocupada pelo conselheiro titular Antonio Rodrigues da Cruz Filho, com o apoio executivo da Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN RR). A CAISAN RR é composta por secretários de Estado, tendo Tânia Soares, Secretária de Estado da Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (SETRABES), como presidente. A CAISAN RR desempenha um papel fundamental na viabilização de políticas públicas que emanam da sociedade civil, canalizadas por meio do CONSEA – RR.

A quinta Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional é um reflexo do compromisso do estado de Roraima com a erradicação da fome, a garantia de direitos e a promoção da equidade. Esse evento oferece um espaço valioso para discutir desafios e oportunidades em relação à segurança alimentar e nutricional, visando uma sociedade mais justa e saudável. Roraima está empenhada em assegurar que todas as suas crianças e famílias tenham acesso a comida de verdade, democracia e igualdade, alinhando-se com os objetivos nacionais e internacionais para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar de sua população.

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Jovens Religiosos presentes no Coração da Diocese de Roraima

Vindos de várias partes do país e de diferentes congregações, os jovens consolidam e se renova com o passar das gerações.

Em uma era em que a vida religiosa consagrada enfrenta desafios e transformações constantes, as novas gerações de religiosos jovens estão desempenhando um papel importante no serviço desse grupo. vivências e ações em prol do Reino de Deus.

A juventude religiosa consagrada se destaca por sua presença dinâmica e comprometida. Vindos de várias partes do país e de diferentes congregações, os jovens religiosos da Diocese de Roraima, têm se unido para consolidar uma vida religiosa que se renova com o passar das gerações.

Unindo Diversidade e Fé

A diversidade é uma das principais características desse grupo de animação da vida religiosa consagrada. Jovens vindos de diversas congregações e tradições religiosas compartilham suas histórias e experiências, o que enriquece o diálogo inter-religioso. Os orionitas, consolatas, irmãos e padres, franciscanas catequistas, missionárias de Nossa Senhora das Dores, franciscanas missionárias Mãe do Divino Pastor, pastorinhas e outros encontram, aqui, um espaço para aprender e crescer juntos.

Ação e Presença no Mundo

Além de compartilhar suas experiências, esses jovens religiosos também são reconhecidos por suas ações na diocese. Para eles, a vida religiosa é uma doação constante, um serviço abnegado em nome de Cristo e do Reino de Deus.

Construindo Pontes para o Futuro

Os jovens religiosos entendem a importância de construir pontes para o futuro. Eles não apenas carregam a chama da fé, mas também são mestres na arte de adaptar as tradições religiosas à era moderna. Sua presença e seu serviço inspiram outras gerações a seguir o mesmo caminho de dedicação e amor à humanidade.

O Testemunho de Uma Geração

O papel desempenhado por esses jovens religiosos na diocese é, sem dúvida, um testemunho vivo da fé em ação. Eles se comprometem não apenas a rezar, mas também a agir, a estender a mão aos mais necessitados, a promover a justiça social e a disseminar o amor de Deus aonde quer que vão.

O Futuro da Vida Religiosa Consagrada

Eles representam uma nova geração de líderes religiosos que estão dispostos a enfrentar os desafios do mundo atual com fé e determinação, mantendo viva a missão da igreja. Estão se destacando como um exemplo de renovação, diversidade e ação comprometida. Eles estão moldando o futuro da igreja e inspirando todos ao seu redor a viver uma vida de serviço e dedicação. Que seu testemunho continue a iluminar o caminho de todos nós, em direção a um mundo mais justo e cheio de amor.