Missa de Corpo Presente do Padre Nilvo Floriano Pase é Celebrada na Catedral Cristo Redentor

Na noite desta segunda-feira, 21 de outubro, a Catedral Cristo Redentor, em Boa Vista, foi palco de uma emocionante celebração em homenagem ao Padre Nilvo Floriano Pase, que dedicou 88 anos de sua vida ao serviço pastoral. A Missa de Corpo Presente reuniu fiéis, membros do clero e missionários para honrar sua memória e expressar gratidão por sua dedicação à Igreja.

Diversas mensagens de solidariedade e esperança foram enviadas por bispos de outras Dioceses e Arquidioceses, e transmitidas durante a cerimônia pela Irmã Sofia Bouzada, chanceler da Cúria Diocesana. As palavras de conforto ecoaram na celebração, trazendo consolo à família e a todos os presentes.

A homilia foi proclamada pelo Padre Celso dos Santos Vigário Episcopal para Pastoral,  que destacou a trajetória de fé e serviço do Padre Nilvo, enfatizando sua contribuição ao longo dos anos. Também participaram da celebração o Padre Luiz Botteon , e o Vigário Geral da Diocese de Roraima, Padre Josimar Lobo, que ressaltaram o legado espiritual e pastoral deixado por Padre Nilvo Pase, um verdadeiro exemplo de amor e devoção.

O momento solene contou com a presença de sacerdotes, irmãs e irmãos missionários, além de leigos e leigas que se uniram em oração, expressando sua gratidão e respeito pelo sacerdote que tocou tantas vidas com sua missão.

Após a celebração, o corpo de Padre Nilvo seguiu em translado para a comunidade de São João da Baliza, onde será sepultado.

Programação de Despedida em São Luiz do Anauá

  • 21/10 – 23h: Velório na Igreja de São Luís, em São Luís do Anauá.
  • 22/10 – 10h: Missa de Corpo Presente na Igreja de São Luís.
  • Sepultamento: No cemitério local de São Luís do Anauá.

 

115 anos dos Frades Capuchinhos do Amazonas e Roraima é celebrado com exposição, missa e abertura do museu em Manaus

Como parte da celebração dos 115 anos da presença do Frades Capuchinhos pelos estados do Amazonas e Roraima, nessa sexta-feita (18/10), uma programação especial foi realizada para celebrar a data de missão na capital amazonense.

Exposição Capuchinhos na Amazônia

A abertura da exposição ‘Capuchinhos na Amazônia no Palácio da Justiça, no Centro da capital, apresentou cerca de 60 telas com fotografias que contam um pouco da vida missionária e do carisma Franciscano.

De acordo com Selma Carvalho, fotógrafa e curadora da exposição, destacou a missão que acompanhou no bairro Colônia Oliveira Machado: “Foi uma experiência única onde eu pude entrar na casa das pessoas acompanhando os freis e foi lindo ver. É uma missão linda porque eles abdicam da própria vida em prol da necessidade do próximo. E o que fui observando em cada uma é que não existia tanto a necessidade do bem material, os freis até ofereceram ajuda perguntando se eles precisam de remédio, alimentação, mas o que mais percebi e me emocionou foi que eles precisavam de carinho, de atenção e de um ‘ouvido’. Então, ouvindo a palavra ele se emocionavam. É o momento que sai a dor juntamente com o choro, mas fui para fotografar, só que em vários momentos eu chorei junto com eles e foi uma experiência incrível. A mensagem que deixo é de quanto nos falta gratidão já pelo que temos porque esse aprendizado foi ímpar e eu fiquei muito feliz e honrada com essa oportunidade”, concluiu a fotógrafa e curadora da exposição.

Selma Carvalho, fotógrafa e curadora da exposição

Frei Mário Ivon Ribeiro, Frade Menor Capuchinho, é o custódio superior dos capuchinhos Amazonas e Roraima. Para ele 2024 é o ano de fazer memória dos 115 anos de missão na Amazônia: “Memória dos frades que chegaram aqui há 115 anos é um presente para nós pois estamos olhando sempre para o futuro, mas não podemos esquecer o passado. Então as fotos nos trazem isso porque o nosso lema desse ano é ‘115 anos de missão’ e nós continuamos. Eles foram os primeiros a chegarem aqui, agora nós continuamos a missão. Os quadros retratam um pouco isso, a história, em ‘preto e branco’ e a história de hoje que é a continuação da missão dos Frades Capuchinhos nesta realidade na Amazônia”, explicou Frei Mário Ivon Ribeiro.

Frei Mário Ivon Ribeiro, Custódio Superior dos Capuchinhos Amazonas e Roraima

A missão dos capuchinhos hoje é continuar, através do espírito carismático da ordem, a missão de estar com o povo. E eles são conhecidos por estarem sempre inseridos na sociedade nas suas diversas realidades que não se resume somente a espiritualidade, mas também na sua dimensão social e do ser humano como um todo.

A exposição segue até o dia 30 de outubro no Palácio da Justiça com entrada gratuita.

Missa de Posse do Custódio e Conselho

 Às 18h, iniciou a celebração de ‘Posse do Custódio e Conselho dos Frades’ (OFM Cap Am/Ro) que aconteceu na paróquia São Sebastião, Centro de Manaus e foi conduzida pelo Vigário Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, Frei Silvio Almeida.  

Frei Mário Ivon Ribeiro, que permanece como Custódio Amazonas e Roraima, Frei Carlos Acácio – 1° Conselheiro, Frei Sebastião Fernandes – 2° Conselheiro, Frei Jomeson Aparício – 3° Conselheiro e Frei Marco Darlan – 4° Conselheiro.

Durante sua homilia, Frei Silvio Almeida destacou que a vocação é um dom, uma graça dada por Deus de forma gratuita e que é possível pedir a Ele esse dom: “Ele conhece a ‘Messe’, conhece seus operários e sabe da necessidade da sua igreja e do mundo, Ele ensina-nos a pedir mais operários para sua ‘Messe’. Não é simplesmente rezar pelas vocações para que tenhamos mais sacerdotes, mais religiosos e mais frades capuchinhos. Quando pedimos operários significa pessoas comprometidas com o Reino de Deus. São pessoa que procuram viver, de fato, uma vida cristã autêntica e que são discípulos cada um ao seu modo, cada um ao estilo de vida que assumiu. São anunciadores da Graça de Deus. A missão é comunicar ao mundo aquilo que nós vemos, presenciamos e experimentamos. É isso que significa pedir mais operários, não é simplesmente quantidade de frades ou padres.”

Frei Silvio Almeida – Vigário Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos

 E continuou, o vigário geral a destacar que, atualmente, o Cristianismo ainda sofre perseguição e restrições, o que torna um grande desafio ser cristão: “A segunda causa importante é que Jesus enviou discípulos como ovelhas no meio de lobos. Não é apenas em algumas partes do mundo, mas em todo lugar. Lembro, nesse momento, a situação de Nicarágua, onde a igreja sofre perseguição de modo explícito por parte do estado. Mas pensemos, também na Turquia, onde nós Capuchinhos não podemos usar o nosso hábito. Podemos participar da missa, mas publicamente não podemos usar nosso hábito. Ou ainda nos Emirados Árabes ou na China que os Capuchinhos não podem nem ao menos ser reconhecidos como frades. Na Índia, os três únicos Capuchinhos celebram a missa somente para eles mesmos e alguns familiares que eles têm a plena certeza de que não serão denunciados para o estado. Nós estamos diante de realidades em que ser cristão e discípulos é estar no meio de lobos claramente, na essa é a nossa missão”, destacou Frei Silvio Almeida.

A celebração também apresentou o rito de transladação dos restos mortais de Frei Assilvio Sabino, Frei Henrique Sanpalmiere e Frei Miguel Arcanjo que agora se juntaram aos demais missionários na Cripta dos Capuchinhos da capela São Francisco, área especialmente prepara dentro da igreja.

Museu da Ordem dos Frades Menores  Capuchinhos Amazonas e Roraima

Após a celebração, todos foram convidados a se dirigir para o prédio do museu que fica localizado atrás da igreja para acompanhar a cerimônia de abertura.  Houve a bênção do espaço e logo em seguida o descerramento da placa de inauguração.

O Museu dos Capuchinhos Amazonas e Roraima, reúne um acervo histórico com mais de 2.000 peças que passaram pelas etapas de análise e pesquisa, inventariação e catalogação do acervo. O tesouro de história, cultura e fé, apresentou a herança do carisma franciscano para o público presente. As peças expostas são dos mais diversos seguimentos que compõe a vida cristã como: Registros fotográficos, vestimenta, quadros, instrumentos utilizados pelos frades, cálices, missais, entre outros.

O espaço que foi dividido em três grandes salões, ainda conta com peças expostas entre os corredores do prédio. O público presente pôde mergulhar na memória franciscana sobre os costumes e feitos extraordinários na Amazônia.

Frei Raul Gustavo é um dos responsáveis pelo acervo da fé. Para ele a inauguração do museu vem somar com a história da nossa região: “O sentimento é realmente de gratidão por tudo isso e claro que essa inauguração é apenas o começo de uma iniciativa. Nós pretendemos ampliar e montar novas exposições. A inauguração foi o ‘ponta pé’ inicial para que nós possamos montar um complexo de conhecimento, cultura, arte e de objetos que contam a história do nosso povo e principalmente na história dos Capuchinhos que passaram aqui pela região e ainda ficam. O nosso lema é ‘Nós continuamos’ e queremos mostrar o que passamos e ainda estamos fazendo nosso trabalho aqui, tanto de comunicação quanto de fé para todas as pessoas”, destacou Frei Raul Gustavo.

Frei Eliojunio Silva e Frei Raul Gustavo

Fotos: Flávia Horta – Jornalista

Devotos da primeira Beata do Ceará já estão reunidos para a 21º Romaria de Benigna e a 2ª Festa da Beata

“Já estamos nesta experiência de fé e de vida da grande romaria da heroína da castidade, um encontro pessoal com o Senhor que há de transformar a nossa vida e o nosso coração, além de servir para a nossa conversão e vivência do Evangelho nas nossas famílias e com a comunidade”, disse o Padre Idemário Muniz, pároco da Paróquia Senhora Sant’Ana de Santana do Cariri, no Ceará.

A 21ª Romaria de Benigna e a 2ª Festa da Beata começaram na terça-feira, 15 de outubro, data que marca o nascimento da Menina Benigna. O duplo evento segue até o dia 24 de outubro com programação religiosa e cultural, que inclui celebrações, peregrinações e momentos de louvor para celebrar a devoção à jovem mártir, assassinada com apenas 13 anos no ano de 1941.

A programação em honra a Benigna Cardoso

Neste sábado, 19 de outubro, um grande público deve acompanhar o show católico com a cantora Ticiana de Paula. Já no domingo, dia 20, será realizada a tradicional Romaria das Crianças, um momento especial dedicado aos pequenos devotos. A programação do dia também inclui peregrinações a pé, Romaria das Bikes e uma cavalgada em homenagem à Beata Benigna, destacando a diversidade de expressões de fé e devoção presentes no evento.

O ponto alto fica para o dia 24 de outubro, quando se comemoram os 83 anos do martírio de Benigna Cardoso. A programação do dia começa com celebração no bairro Inhumas às 6h, no local exato onde a adolescente foi morta. Às 9h, será realizada outra missa no Santuário de Benigna, seguida, às 11h, pela tradicional Missa das Flores na Igreja Matriz de Senhora Sant’Ana, onde a beata está sepultada. Durante essa celebração, os romeiros costumam depositar flores sobre o túmulo de Benigna, em um gesto de respeito e veneração.

À tarde, a partir das 14h, o Santuário de Benigna, no bairro Inhumas, será palco de um momento de louvor e acolhida das caravanas de romeiros que chegam de várias regiões. De lá, sairá a tradicional procissão com a imagem da beata, em um percurso de 2 km até a Igreja Matriz de Sant’Ana, no centro de Santana do Cariri. O encerramento será com missa solene, presidida pelo bispo diocesano dom Magnus Henrique, e concelebrada por todos os padres da diocese de Crato e sacerdotes visitantes.

A infraestrutura para acolhimento dos romeiros

A Romaria de Benigna é um dos eventos mais importantes do calendário religioso do Cariri, atraindo milhares de pessoas de várias partes do Brasil, que vêm renovar sua fé e prestar homenagens à beata. Além do caráter religioso, o evento também movimenta o turismo e a economia local, reforçando a importância de Benigna para a história e a cultura da região do Cariri, como salienta Ypsilon Félix, secretário municipal de Cultura, Turismo e Romarias de Santana do Cariri: “vivemos também uma oportunidade para valorizar a nossa história e tradições e fomentar as peregrinações.

Esperamos receber milhares de romeiros que não vêm somente buscar o fortalecimento espiritual, mas também conhecer a riqueza cultural e natural de nossa cidade”, com garantia dos governos municipal e estadual de amparo estrutural e logístico, organização da segurança e do trânsito até a infraestrutura do acolhimento e das hospedagens. “O fluxo de pessoas está sendo monitorado e contamos com equipes prontas para auxiliar em qualquer necessidade para proporcionar um ambiente de fé e devoção aliado à comodidade de todos os romeiros que participarem desta grande celebração, ao louvar a nossa querida e estimada beata Benigna Cardoso da Silva”, finaliza o secretário.

Com informações VaticanNews

Timothy Radcliffe, o testemunho da liberdade necessária em uma Igreja sinodal

A figura do dominicano inglês Timothy Radcliffe, um dos dois acompanhantes espirituais da Assembleia Sinodal, juntamente com a Madre Maria Inazia Angelini, é de particular importância para o andamento do processo. Não foi em vão que eles possibilitaram que os participantes da Assembleia “ouvissem a voz do Espírito Santo”, algo que o Papa Francisco pediu em seu discurso na abertura oficial.

Entrar em sintonia com o que Deus diz

O Papa Francisco considera a oração e a Palavra de Deus como as condições para ver “todas as contribuições reunidas durante esses três anos de trabalho intenso, de compartilhamento, de confronto de ideias e de esforço paciente para purificar a mente e o coração”, como ele disse na missa de abertura. E nesse caminho, o dominicano tem sido alguém que ajudou a entrar em sintonia com o que Deus está dizendo à sua Igreja hoje.

Ele fez isso com liberdade, a mesma liberdade que pediu na meditação antes de receber o rascunho do Documento Final para consideração, emenda e votação. Ele pediu aos participantes da Assembleia que “exercessem essa pesada responsabilidade” com liberdade. Para Radcliffe, falar de liberdade é falar de uma atitude que dinamiza sua vida diária.

Pregar e incorporar essa liberdade

Quando disse em sua meditação que “nossa missão é pregar e encarnar essa liberdade”, insistindo que “a liberdade é a dupla hélice do DNA cristão“, Radcliffe deixou claro que essa “é a liberdade de dizer o que acreditamos e de ouvir sem medo o que os outros dizem, com respeito mútuo”. Essa atitude é perceptível em sua vida cotidiana, alguém que permanece firme em sua missão de ajudar Francisco a realizar seu grande horizonte desde que assumiu o pontificado, uma Igreja sinodal, uma Igreja de todos, de todos, de todos, uma Igreja na qual todos podem se sentir livres para caminhar juntos, pois “graças a essa liberdade, podemos ousar pertencer à Igreja e dizer Nós”.

Para Radcliffe, “o cerne de nossa tomada de decisão é essa dupla hélice de liberdade abençoada. Pois a liberdade de Deus opera nas profundezas de nosso livre pensar e decidir“. Uma liberdade que nos leva a “pensar, falar e ouvir sem medo”, o que é próprio “daqueles que confiam que ‘Deus faz todas as coisas para o bem daqueles que amam a Deus'”. Se, nestes dias, os membros da Assembleia Sinodal conseguirem assumir a necessidade de pensar, falar e ouvir sem medo, o Documento Final será uma luz que brilhará na Igreja.

Se nas bases, onde todos vivem sua fé e colaboram na construção do Reino de Deus, todos os batizados, independentemente de seu ministério e serviço, puderem pensar, falar e ouvir sem medo, a Igreja sinodal, a Igreja de todos, poderá dar passos mais largos e mais rápidos, Caso contrário, se continuarmos a adotar uma postura intrometida ou autoritária, que nos leve a medir nossas palavras e ações dominadas pelo medo, que nos leve a interromper qualquer tentativa de viver em liberdade, a sinodalidade se diluirá e a Igreja piramidal e dos privilégios continuará a dominar as relações eclesiais.

Quanto mais é de Deus, mais é nossa liberdade.

Isso porque a liberdade não pode se resumir a argumentar nossas posições, a nos instalarmos em posições arrogantes, não pode continuar sendo uma atitude que não se materializa em ações. A partir da liberdade, temos de ousar “entrar em debate com nossas próprias convicções”, caso contrário “seremos irresponsáveis e nunca amadureceremos”. A liberdade de Deus atua no âmago de nossa liberdade, brotando de dentro de nós. Quanto mais é de Deus, mais é nossa liberdade”, como disse o dominicano.

Uma liberdade que Radcliffe vive e expressa espontaneamente, o que o levou a pedir ao Papa Francisco poder renunciar às suas vestes cardinalícias, algo que o Santo Padre lhe concedeu e que o levará a receber o capelo com seu hábito dominicano branco. Aqueles que o insultam se qualificam, são apenas uma pequena minoria em comparação com a multidão que vê nele uma verdadeira testemunha do Evangelho e da Igreja sinodal e de todos. Até mesmo os jesuítas, alvo de várias piadas do dominicano durante suas meditações, devem amar o novo cardeal, e esta afirmação é claramente outra piada.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

São João Paulo II, o terceiro maior Pontificado da História da Igreja

Origens 

Karol Józef Wojtyła nasceu em 18 de maio de 1920, em Wadowice. Era o mais novo de três irmãos (sua irmã, Olga, morreu antes de seu nascimento). Filho do oficial do exército polonês, Karol, e de Emilia Kaczorowska, teve uma gestação de risco. Os médicos até chegaram a aconselhar a mãe que interrompesse a gravidez, dado ao risco de vida que corria. Porém, num gesto profético, Emilia opta pela gestação daquele que, anos à frente, seria um grande defensor da família e da vida.

O falecimento de seus familiares 

Com a saúde debilitada, Emília morreu nove anos após o nascimento de Lolek, apelido carinhoso de Karol dado por sua mãe. Três anos depois, a morte voltaria a visitar sua vida: seu irmão mais velho, Edmund, que era médico e tratou de doentes vítimas de uma epidemia de escarlatina, acabando por contrair a infecção que lhe seria fatal. Karol o lembrava como “mártir do dever”.

O Exemplo de seu Pai 

Aos 21 anos, Karol ainda perderia o último membro da família: seu pai. Foi com ele que aprendeu o amor a Virgem Maria, a honestidade, a bravura, o patriotismo. “A dor dele se transformava em oração. O simples fato de vê-lo se ajoelhar teve uma influência decisiva nos meus anos jovens. Não falávamos de vocação ao sacerdócio, mas o exemplo dele foi para mim, de qualquer modo, o primeiro seminário, um tipo de seminário doméstico”, confessou mais tarde o já Papa João Paulo II.

Da não vocação ao terceiro maior pontificado da história 

Ocupação Nazista na Polônia

Mesmo com todas as perdas, o amor recebido na família movia o coração do jovem Karol a Deus e alimentava a força para enfrentar outras dores e sofrimentos, como a ocupação nazista na Polônia. Para driblar o regime opressor, o Papa, que queria ser ator, chegou a trabalhar em uma pedreira e uma indústria química para evitar a deportação para Alemanha. 

Assistiu aos horrores da Guerra

Mesmo sem ser deportado, assistiu de perto aos horrores da guerra, as profundas marcas deixadas em sua amada Polônia; e conheceu várias histórias de sofrimento, como a de uma jovem de 13 anos, que salvou da fome após sair de um campo de concentração, e a de outra jovem, vítima de experimentos científicos nazistas. A dor da nação o ensinou a amar seu país e a enxergar que o caminho da paz sempre será o mais acertado a ser seguido. As experiências com as pessoas ensinou que “quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”.

Caminho ao Sacerdócio

Foi também durante a ocupação nazista que Karol já caminhava em direção ao sacerdócio. Clandestinamente, em 1942, entrou para o seminário, tendo aulas secretas na residência do arcebispo de Cracóvia. Quatro anos mais tarde, em  1 de novembro de 1946, Karol Wojtyla foi ordenado padre pelo cardeal Adam Sapieha. Durante doze anos, alternou sua vida presbiteral entre estudos, licenciatura de teologia e ética social, além dos trabalhos próprios do exercício do ministério sacerdotal, como vigário de algumas paróquias de Cracóvia. Doze anos após a ordenação presbiteral, Wojtyla se tornou bispo de Ombi e bispo auxiliar da Cracóvia. Em 1964, tornou-se Arcebispo da Cracóvia. Em 1967, tornou-se cardeal, por indicação de Paulo VI.

João Paulo II: Eleito Papa em 1978

Eleito Papa 

Wojtyla foi eleito Papa em 16 de outubro de 1978, no conclave que sucedeu a morte do Papa João Paulo I. Era a primeira vez, em cerca de 450, que era eleito um Papa não italiano. Escolheu o nome João Paulo II e implantou em seu papado os valores que tinha aprendido ao longo da vida no anúncio do Evangelho de Cristo. 

Mediador da Paz

Manteve discurso conciliador e pacificador, mediando a paz em várias situações de conflito, porém, sem se esquivar da luta contra a influência comunista na Polônia sem uso de nenhuma arma, senão o Evangelho e o amor. Defendeu ferrenhamente os valores da família – que chamou de santuário da vida –, e a inviolável dignidade de todo ser humano dentro do projeto de amor de Deus por cada um – de onde brota aquilo que ficou conhecido como a Teologia do Corpo. 

O grande lema “Totus Tuus”

Lema

Com o lema “Totus tuus”, “todo teu, Maria”, declarou seu amor e total devoção a Virgem Maria, particularmente a Nossa Senhora de Częstochowa, padroeira da Polônia. E foi a Virgem Maria que o Papa atribuiu a sobrevivência ao atentado que sofreu em 13 de maio de 1981. 

Feitos do Sumo Pontífice 

João Paulo II criou as Jornadas Mundiais da Juventude, escreveu 14 encíclicas, organizou 15 assembleias do Sínodo dos Bispos, nomeou 231 cardeais, beatificou 1338 pessoas e canonizou 482 santos. Mas foi além das palavras e demonstrou sua santidade, mesmo nos momentos de dor. 

João Paulo II: Santo Súbito

Páscoa

Nos últimos anos de vida, lutou bravamente contra o Parkinson. Entrou para eternidade no dia 2 de abril de 2005. Seu funeral reuniu milhões de fiéis em Roma e mais de 200 representantes de governos. No seu funeral, era declarado pelas multidões “Santo Súbito!” (santo imediatamente). Lido e explicado à luz do amor, seu legado permanece vivo e firme; e seu convite feito na homilia do início do seu pontificado continua a ecoar: “Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!”.

Legado 

Vinte e seis anos. O terceiro maior Pontificado da História da Igreja. Duas décadas e meia que revolucionaram a sociedade contemporânea no campo político, social e humanitário. De fato, São João Paulo II desenvolveu na prática a expressão de um dos Paulo VI: civilização do amor. Sua atuação no combate ao comunismo, na defesa da família, do estímulo ao diálogo inter-religioso e na promoção da paz o levou a ser conhecido carinhosamente como “peregrino do amor”, em alusão às suas constantes visitas papais: foram 129 países em que o papa polonês repetia o gesto que se tornou símbolo da sua presença: beijar o chão de cada novo lugar que visitava logo depois de descer do avião. 

Minha oração

“Nosso santo Papa da Juventude, suscitai novos pastores de jovens e dai a eles o mesmo amor que tiveste. Conduzi teus filhos queridos para que encontrem e realizem sua própria vocação em cada estado de vida. Amém!”

São João Paulo II, rogai por nós!

Sínodo: No Documento Final, procure uma profunda renovação da Igreja em novas situações, não em decisões e titulares

A Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que realiza sua Segunda Sessão de 2 a 27 de outubro, entra em sua semana decisiva. Os participantes já têm em mãos o esboço do Documento Final, que foi entregue após uma Missa votiva ao Espírito Santo e um momento de retiro, no qual tanto o secretário do Sínodo, Cardeal Mario Grech, quanto o Padre Radcliffe, deram uma breve, mas profunda lição sobre o que é a sinodalidade.

Rascunho do Documento Final

De segunda-feira à tarde até quarta-feira, será o momento de os membros da Assembleia Sinodal darem suas contribuições para que quinta e sexta-feira a comissão redatora possa preparar o Documento Final. Algo a que a secretária da Comissão de Comunicação, Sheila Pires, se referiu. Ela lembrou as palavras do cardeal Grech na missa do dia, onde enfatizou que o final da Assembleia é um novo começo, e do padre Radcliffe, que no retiro fez um chamado à liberdade e responsabilidade.

Igualmente, ela se referiu ao rascunho do Documento Final entregue aos participantes, um texto provisório e confidencial, falando da necessidade de afrontar a última semana com espírito de liberdade. O texto quer ser uma seta num caminho rico que incorpora o trabalho ao longo de todas as fases. No rascunho foi considerado os contributos dos círculos menores e dos teólogos, colocando o foco na ressurreição de Jesus. Os próximos passos será uma troca de dons, para partilhar desafios, sonhos, dinâmicas e novas motivações que surgem do texto. A Assembleia rezou no final das atividades da manhã pelo sacerdote assassinado ontem em Chiapas (México).

Pedido de desculpas do Cardeal Víctor Manuel Fernández

Por sua vez, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, disse que a assembleia está em um momento crucial, destacando as reuniões de sexta-feira à tarde com os grupos de estudo. Nessas reuniões, houve uma situação pela qual o Cardeal Victor Manuel Fernandez se desculpou na Sala Sinodal, onde estava presente o Papa Francisco, cujas palavras, aplaudidas pelos participantes da assembleia, foram entregues aos jornalistas. Ruffini destacou as canonizações deste domingo, a oração de encerramento do Sínodo Digital e, na próxima sexta-feira, 25 de outubro, o Sínodo do Esporte.

Os convidados na Sala Stampa do Vaticano na última segunda-feira da assembleia foram Timothy Radcliffe, conselheiro espiritual da assembleia, o arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, Cardeal Mateo Zuppi, a subsecretária do Sínodo, Nathalie Becquart, e Dom Manuel Nin Güell, Eparca Apostólico para os católicos de rito bizantino na Grécia.

Como estar juntos de forma diferente

Para Radcliffe, há uma tentação de ler o Documento Final, por enquanto o esboço, procurando decisões e manchetes, quando “o Sínodo trata de uma profunda renovação da Igreja em novas situações“. Diante de uma realidade de violência e desintegração da sociedade, citando como exemplo os perigos das eleições nos Estados Unidos, a Igreja é chamada a assumir o papel de ser um sinal de paz e de comunhão com Cristo. É uma questão de tomar decisões que não chegam às manchetes, porque tem a ver com o modo de ser de Jesus e de estar com as pessoas.

Para o dominicano, que será nomeado cardeal em 7 de dezembro, a importância do documento está em descobrir como podemos estar juntos de uma maneira diferente. Ele citou dois exemplos, a visita do Santo Padre à prisão para lavar os pés dos detentos e uma visita que ele fez ao norte do Paquistão como general de sua ordem, quando viu como um dominicano americano se vestia com as mesmas roupas e estava entre as pessoas, definindo-o como um pastor com cheiro de ovelha, uma testemunha de que o Evangelho pode tocar e renovar nossa Igreja. A partir daí, ele insistiu que esse é o caminho, a abordagem que devemos adotar para ler esse documento, que “não evoca decisões dramáticas e radicais, mas novas formas de ser Igreja que nos permitem estar em comunhão uns com os outros de maneira mais profunda em Cristo e para Cristo”.

O diálogo é o alicerce da Igreja

O Cardeal Zuppi afirmou que “o diálogo é o fundamento da Igreja“, referindo-se às mesas da Sala Sinodal como espaços onde todos podemos falar juntos, ouvir uns aos outros a partir de uma dimensão espiritual, não algo funcional, mas uma dimensão mais ampla, onde se percebe a presença da Igreja de todo o mundo, citando como exemplo o representante da Igreja do Nepal, com apenas oito mil fiéis. O Arcebispo de Bolonha pediu para não ceder à polarização, para não querer apagar a voz do outro, para buscar o que nos une, lembrando as palavras do Papa Bom, o que não significa fingir que não há elementos que não possam nos dividir.

Ele define o atual processo sinodal como um grande sinal de comunhão em um mundo no qual às vezes é difícil chegar a um acordo. Nesse sentido, ele vê o Documento Final como uma boa indicação do método, para descobrir que a Igreja está vivendo algo neste mundo que, às vezes, esquecemos que é a nossa casa comum, e que deve envolver uma aspiração de encontrar uma fraternidade que nos una a todos como uma experiência muito bonita, uma vez que se fala de tudo, sem ignorar o que é levantado. A partir daí, ele pediu que continuássemos avançando, que olhássemos além, que não ficássemos onde estamos, um método válido em um mundo onde os problemas não são enfrentados, onde se grita com eles. Uma Igreja com traços das pessoas que fazem parte dela, o que a torna mais atraente, concluiu Zuppi.

As mulheres fazem contribuições essenciais

A subsecretária do Sínodo destacou entre os frutos do Sínodo a promoção do ecumenismo, abrindo uma nova fase e trazendo uma nova forma de ver e articular o Primado do Papa. Na Segunda Sessão, a qualidade da escuta mútua é muito alta, levando a uma promoção da fraternidade. Ir. Nathalie Becquart destacou o papel das mulheres na assembleia, o que elas estão contribuindo como relatoras e na comissão para a elaboração do Documento Final. De acordo com a religiosa, o envolvimento das mulheres no Sínodo se deu em todos os níveis, afirmando que as coisas mudam com a experiência. Nesse sentido, ela vê que o Sínodo ajuda homens e mulheres a interagir, destacando a riqueza da diversidade, e que foi vivido em pé de igualdade, com as mulheres fazendo contribuições essenciais.

As Igrejas Católicas de Rito Oriental

O Eparca dos Católicos de Rito Bizantino contou o trabalho de sua Eparquia na Grécia, com fiéis de diversas origens, ele mesmo nascido em El Vendrell (Espanha), e de atividades, uma pequena igreja. Para os católicos de rito bizantino, o Sínodo ajudou a lançar luz sobre a realidade dessas igrejas, que ele define como uma ponte para o diálogo ecumênico com as igrejas ortodoxas. Gradualmente, houve um progresso no conhecimento e no respeito por parte da igreja latina, destacando a riqueza para toda a Igreja da comunhão com a Igreja de Roma, sublinhando o fato de serem igrejas, e não apenas “variantes folclóricas”. 

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Fernández: Nada impede que as mulheres “ocupem posições muito importantes na liderança das Igrejas”

Na última sexta-feira, os grupos criados para estudar algumas questões relacionadas ao Sínodo sobre Sinodalidade se reuniram com os membros do Sínodo. A ausência do Cardeal Víctor Manuel Fernández na reunião do grupo 5 gerou certo desconforto entre os presentes. Uma situação que o próprio Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé esclareceu diante dos participantes da 13ª Congregação Geral, realizada na manhã de segunda-feira, 21 de outubro.

O diácono feminino não é uma questão madura

O cardeal argentino começou seu discurso, ao qual a assembleia respondeu com aplausos ao final de suas palavras, oferecendo uma reunião na quinta-feira às 16h30. Em suas palavras, ele disse que “o Santo Padre expressou que, neste momento, a questão do diaconato feminino não está madura e pediu que não parássemos agora com essa possibilidade”, um caminho que continua e, no devido tempo, as conclusões serão divulgadas.

Em vez disso, disse Tucho, “o Santo Padre está muito preocupado com o papel das mulheres na Igreja“, dizendo que o Papa pede para não se concentrar nas ordens sagradas. O cardeal disse que apoia a posição do pontífice, “porque pensar no diaconato para algumas mulheres não resolve a questão dos milhões de mulheres na Igreja”.

Medidas não tomadas

Referiu-se a passos que não foram dados, como o apoio ao ministério de catequistas por parte de algumas conferências episcopais, especialmente a dimensão que fala de “catequistas que apoiam as comunidades na ausência de sacerdotes, mulheres que estão à frente, lideram comunidades e desempenham diferentes funções”, que Querida Amazônia assumiu. Uma proposta que considera possível, “porque o Papa havia explicado em seus documentos que o poder sacerdotal ligado aos sacramentos não se expressa necessariamente como poder ou autoridade, e que existem formas de autoridade que não requerem ordens sagradas”.

Ele também falou sobre a falta de concessão do acólito às mulheres, com padres “que não querem apresentar mulheres ao bispo para esse ministério”. O mesmo foi dito sobre o diaconato permanente, que não é assumido em todas as dioceses e muitas vezes não vai além de serem coroinnhas. A partir desses exemplos, ele quis justificar que “a pressa em pedir a ordenação de mulheres diaconisas não é hoje a resposta mais importante para promover as mulheres”.

Por esse motivo, “para incentivar a reflexão, pedi que fossem enviados ao meu Dicastério testemunhos de mulheres que lideram comunidades ou ocupam cargos importantes de autoridade. Não porque elas se impuseram às comunidades, ou como resultado de um estudo, mas porque adquiriram essa autoridade sob o impulso do Espírito em resposta a uma necessidade do povo. A realidade é superior à ideia”, sublinhou o prefeito.

Apoio às mulheres no Sínodo

Às mulheres membros deste Sínodo, ele pediu “que ajudem a coletar, explicitar e transmitir ao Dicastério várias propostas, que possamos ouvir em seu contexto, sobre possíveis caminhos para a participação das mulheres na liderança da Igreja”, dizendo esperar propostas e reflexões, algo que ele está pronto para fazer na próxima quinta-feira, quando explicará os passos que estão sendo dados.

Finalmente, ela expressou sua convicção de “avançar passo a passo e chegar a coisas muito concretas, para que possamos entender que não há nada na natureza das mulheres que as impeça de ocupar posições muito importantes na liderança das Igrejas“. Isso se deve ao fato de que “o que realmente vem do Espírito Santo não pode ser impedido”.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Papa pede proteção da dignidade e do território dos povos da Amazônia

Papa pede proteção da dignidade e do território dos povos da Amazônia

O milagre que levou à canonização de Pe. Allamano ocorreu na Amazônia, com Sorino Yanomami, indígena da Missão Catrimani.

Papa pede proteção da dignidade e do território dos povos da Amazônia

Entre os novos Santos para a Igreja, está o fundador das Missionárias e dos Missionários da Consolata, o sacerdote italiano José Allamano. Seu testemunho, disse o Papa ao final da Celebração Eucarística, “recorda-nos a necessária atenção às populações mais frágeis e vulneráveis”. Disto, o seu apelo:

Penso em particular no povo Yanomami, da floresta amazônica brasileira, entre cujos membros ocorreu o milagre ligado à canonização de hoje. Apelo às autoridades políticas e civis para que garantam a proteção destes povos e dos seus direitos fundamentais e contra qualquer forma de exploração da sua dignidade e dos seus territórios.

milagre que levou à canonização de Pe. Allamano ocorreu na Amazônia, com Sorino Yanomami, indígena da Missão Catrimani, onde o carisma da Consolata está presente desde 1965. Que o milagre tenha acontecido desse modo, “tem um significado muito importante, é para nós uma imensa alegria e satisfação”, afirmou na manhã de sábado na Sala de Imprensa da Santa Sé o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da CNBB e do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

Apoiar os missionários com oração e ajuda

Hoje celebramos o Dia Mundial das Missões, cujo tema – “Ide e convidai a todos para o banquete (cf. Mt 22, 9)” – nos recorda que o anúncio missionário consiste em levar a todos o convite ao encontro festivo com o Senhor, que nos ama e que nos quer partícipes da sua alegria esponsal. Como nos ensinam os novos Santos: “cada cristão é chamado a participar nesta missão universal com o seu testemunho evangélico em cada ambiente” (Mensagem para a XCVIII Jornada Mundial das Missões, 25 de janeiro de 2024). Apoiemos, com a nossa oração e a nossa ajuda, todos os missionários que, muitas vezes com grande sacrifício, levam o anúncio luminoso do Evangelho a todas as partes da terra.

Rezar pela paz

E continuemos a rezar pelas populações que sofrem com a guerra – a martirizada Palestina, Israel, o Líbano, a martirizada Ucrânia, o Sudão, Mianmar e todos as outras – e invoquemos o dom da paz para todos.

Que a Virgem Maria – disse o Papa ao concluir – nos ajude a ser, como Ela e como os Santos, corajosas e alegres testemunhas do Evangelho.

Ao final da Missa com as canonizações, o Pontífice agradeceu a todos que “vieram honrar os novos Santos”, saudando os cardeais, bispos, sacerdotes, pessoas consagradas, e em particular “os Frades Menores e os fiéis maronitas, os Missionários da Consolata, as Irmãzinhas da Sagrada Família e as Oblatas do Espírito Santo”, bem como outros grupos de peregrinos vindos de vários lugares. Menção também à presença do presidente da República italiana, Sérgio Mattarella e da vice-presidente de Uganda, Jessica Alupo, que acompanha um grande grupo presente na Praça São Pedro por ocasião dos 20 anos da canonização dos Mártires de Uganda.

São José Allamano: a santidade com milagre em Roraima

São José Allamano: a santidade com milagre em Roraima

O milagre da cura do indigena yanomami, aconteceu no centro da floresta amazônica.

São José Allamano: a santidade com milagre em Roraima

O fundador dos Institutos dos Missionários da Consolata e das Irmãs Missionárias da Consolata, o Beato José Allamano, foi canonizado no Dia Mundial das Missões, em um Sínodo que tem a missão como foco da Segunda Sessão de sua Assembleia Sinodal, e após o reconhecimento de um milagre ocorrido em uma missão que mostra o valor da interculturalidade na proclamação do Evangelho, a Missão Catrimani.

Uma missão para cuidar da vida

Nesse lugar, no meio da selva amazônica, perto da fronteira entre o Brasil e a Venezuela, a Consolata chegou em 1965, para realizar uma missão diferente, que tinha como objetivo fundamental cuidar da vida de um dos povos mais numerosos e sofridos da Amazônia brasileira, o povo Yanomami, eternamente ameaçado e hoje morrendo lentamente em consequência dos ultrajes realizados pela mineração ilegal, que polui seus rios e os explora de várias maneiras.

Se alguém defendeu e cuidou dos Yanomami da região de Catrimani, foram os missionários e missionárias da Consolata. Eles o fizeram por meio de um modelo de missão baseado no respeito e no diálogo, que se traduz em ações concretas em defesa da vida, da cultura, do território e da floresta, da Casa Comum. Uma missão fundada no silêncio e no diálogo que gera laços de amizade e alianças na perspectiva do bem viver.

Um bem e um privilégio para a Igreja de Roraima.

Uma referência não apenas para aqueles que seguem a espiritualidade de Allamano, mas também para a Igreja de Roraima, representada na canonização por seu atual bispo, Dom Evaristo Spengler, por um de seus antecessores, Dom Roque Paloschi, e por Dom Raimundo Vanthuy Neto, bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira, a diocese mais indígena do Brasil, que até o início de 2024 era padre da diocese de Roraima e participou da fase diocesana do processo de canonização. Junto com eles, religiosos e religiosas, leigos e leigas, entre eles indígenas Yanomami, que com a presença dos Missionários e Missionárias da Consolata descobriram a riqueza da espiritualidade fundada pelo novo santo.

A Missão Catrimani “tem sido um caminho extraordinário, um bem e um privilégio para a Igreja de Roraima”, como disse Dom Roque Paloschi quando era bispo de Roraima, que também insistia na necessidade de respeitar e compreender as diferenças das culturas indígenas. O Cardeal Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Conselho Indigenista Missionário, e o atual bispo de Roraima, Dom Evaristo Spengler, insistiram nisso na coletiva de imprensa que antecedeu a canonização. Uma atitude de cuidado que é motivo de gratidão para os povos indígenas da Terra Yanomami, como reconheceu um de seus líderes, Julio Ye’kwana, na Sala Stampa do Vaticano.

De fato, o milagre pelo qual José Allamano será canonizado pode ser visto como uma expressão do trabalho realizado pela diocese de Roraima. Em 7 de fevereiro de 1996, o Beato Allamano intercedeu em favor do indígena Yanomami Sorino, que vivia na Missão Catrimani. A cura milagrosa do indígena, em uma época em que a medicina tradicional e a ciência médica só podiam esperar sua morte, depois de ter sido atacado por uma onça, que abriu seu crânio, foi fruto da oração fervorosa das Irmãs Missionárias da Consolata, pedindo a intercessão de seu fundador, o Beato José Allamano, no primeiro dia da novena dedicada a ele.

Uma recuperação milagrosa fruto da oração

Após as orações das irmãs, o indígena Sorino teve uma recuperação milagrosa e vive até hoje na comunidade indígena. A diocese de Roraima iniciou o processo diocesano em 2021, e o Dicastério para as Causas dos Santos o concluiu em 23 de maio de 2024, aprovando o decreto de reconhecimento do milagre. É, sem dúvida, uma confirmação da escolha feita pelos Missionários e Missionárias da Consolata por esse tipo de missão, nem sempre compreendida e até rejeitada por alguns católicos.

No atual processo sinodal, que tem debatido o tema da relação com outras culturas e religiões como forma de realizar a missão, o que aconteceu no processo de canonização do novo santo, fundador de dois institutos com um claro caráter missionário, pode ser visto como algo que mostra que a fecundidade do anúncio do Evangelho alcança frutos inesperados. Que São José Allamano continue a interceder pelos Yanomami e por todos os povos indígenas, tantas vezes vistos como gente da periferia, descartados por uma sociedade que coloca o lucro acima da vida das pessoas.

 FONTE/CRÉDITOS: Luiz Miguel Modino

Radcliffe pede liberdade e coragem na construção e votação do Documento Final do Sínodo

A última semana da Assembleia Sinodal começou com um tempo de oração e retiro. Após a missa votiva ao Espírito Santo, os participantes da assembleia, na presença do Papa Francisco, ouviram as palavras do Padre Radcliffe, que os fez perceber que “estamos prestes a embarcar em nossa última tarefa, considerar o documento final, emendá-lo e votá-lo”.

Liberdade para os filhos de Deus

Para realizá-la, ele pediu que o fizéssem, como pede São Paulo, com liberdade, pois “nossa missão é pregar e encarnar essa liberdade. A liberdade é a dupla hélice do DNA cristão. Em primeiro lugar, é a liberdade de dizer o que acreditamos e de ouvir sem medo o que os outros dizem, com respeito mútuo. É a liberdade dos filhos de Deus de falar com ousadia, com parrésia (por exemplo, Atos 4.29), como os discípulos declararam com ousadia as boas novas da Ressurreição em Jerusalém. Por causa dessa liberdade, cada um de nós pode dizer ‘eu’. Não temos o direito de ficar em silêncio”.

A raiz está na liberdade interior, observando que “podemos ficar desapontados com as decisões do Sínodo. Alguns as considerarão imprudentes ou até mesmo erradas. Mas temos a liberdade daqueles que acreditam que “Deus faz todas as coisas para o bem daqueles que o amam”, como diz a Carta aoss Romanos. Ele pediu esperança, pois “podemos ter certeza de que ‘nada pode nos separar do amor de Deus’, nem mesmo a incompetência, nem mesmo os erros”. Uma liberdade que nos leva a “pertencer à Igreja e dizer Nós”.

Deus opera em liberdade, afirmou o dominicano, advertindo que “crer no Espírito Santo não nos dispensa de usar nossas mentes na busca da verdade”. O dominicano lembrou o que aconteceu com Yves Congar, silenciado por Roma por “falar a verdade”, por ser “uma testemunha autêntica e pura do que é verdadeiro”. Nessa perspectiva, ele enfatizou que “não devemos ter medo da discordância, porque o Espírito Santo está agindo nela”.  Pois liberdade é “pensar, falar e ouvir sem medo. Mas isso não é nada se não for também a liberdade daqueles que confiam que ‘Deus faz todas as coisas para o bem daqueles que amam a Deus’”.

A providência de Deus em ação

Para Radcliffe, “a providência de Deus está agindo suave e silenciosamente, mesmo quando as coisas parecem estar dando errado”, pois ela está “entrelaçada na história da nossa salvação desde o início”. Contra isso, ele advertiu que “mesmo que o resultado do Sínodo o desaponte, a providência de Deus está em ação nesta Assembleia, conduzindo-nos ao Reino por caminhos conhecidos apenas por Deus. Sua vontade para o nosso bem não pode ser frustrada”. De fato, “este é apenas um sínodo. Haverá outros. Não precisamos fazer tudo, apenas tentar dar o próximo passo”. Uma afirmação fundamental para entender que somos parte de um processo, que nada começou conosco e, se for de Deus, nada terminará.

“Se formos livres apenas para argumentar nossas posições, seremos tentados pela arrogância daqueles que, nas palavras de De Lubac, se veem como ‘a norma encarnada da ortodoxia’. Acabaremos batendo os tambores da ideologia, seja ela de esquerda ou de direita. Se tivermos apenas a liberdade daqueles que confiam na providência de Deus, mas não ousarmos entrar no debate com nossas próprias convicções, seremos irresponsáveis e nunca amadureceremos”, advertiu o dominicano, palavras que são fundamentais para entender a sinodalidade. Isso porque “a liberdade de Deus atua no âmago de nossa liberdade, brotando de dentro de nós. Quanto mais é de Deus, mais é nossa liberdade”.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1