São Francisco de Paula, conhecido como “O Eremita da Caridade”
Origens
São Francisco de Paula realiza muitos milagres e é muito venerado na Calábria. Nasceu em Paola (Cosenza) em 1416 em uma família pobre. O casal de idosos quer um filho e reza para que São Francisco de Assis faça o milagre. É assim que acontece.
A promessa
Após quinze anos de casamento, nasce um lindo menino que leva o nome do Pobre Homem de Assis, Francisco. Imediatamente depois, um dos olhos do menino fica doente. Os pais prometem manter a criança no convento por um ano e rezar a São Francisco. O apelo é ouvido: a criança se cura e a promessa é cumprida.
Convento
Quando entrou no convento, Francesco era um menino, mas já queria viver como um frade humilde: dormia no chão, comia pouco, rezava sempre. Ele então sente que quer se dedicar totalmente a Deus e se retira para uma caverna à beira-mar, perto de Paola, onde, durante cinco anos, vive na solidão comendo apenas grama.
Milagres
Ele realiza muitos milagres e se torna muito famoso. No convento acende a panela com as leguminosas com o sinal da cruz. Ele cura leprosos, cegos e paralíticos. Multiplique o pão e o vinho. Cidade livre de epidemias. O milagre mais conhecido é o de atravessar o Estreito de Messina com o manto, já que o santo não tem dinheiro para pagar ao barqueiro que o deverá transportar. O próprio barqueiro, presenciando o milagre, lamenta ter negado sua ajuda e pede perdão ao frade.
Ordem dos Eremitas
Muitos discípulos convergem em torno de Francisco. Assim nasceu a Ordem dos Eremitas (ou Mínimos) de São Francisco de Assis. O santo foi peregrino a Assis, Montecassino, Loreto e Roma. Em Roma, Francisco continua perturbado pela vida suntuosa levada por um cardeal, tanto que o repreende, lembrando-lhe a simplicidade evangélica.
Visita ao Rei da França
Os poderosos da época queriam conhecê-lo, ser aconselhados por ele, curados, como o muito doente rei da França Luís XI. O frade vai para França. Não cura o rei, mas lhe dá muita serenidade. A corte o ama e estima, tanto que ele permanece na França por vinte e cinco anos, tempo que Francisco aproveita para criar muitos outros conventos.
Protetor e Padroeiro
O humilde franciscano permanece pobre e simples durante toda a sua vida, defende os pobres e ataca os poderosos que levam uma vida confortável e mundana e molestam injustamente o povo. Francesco di Paola morreu em 1507, aos 91 anos, em Tours (França). Protetor dos eremitas, marinheiros, viajantes e peixeiros, é invocado por casais estéreis para ter um filho. Ele é o padroeiro da Calábria.
Minha oração
“Deus, nosso Pai, São Francisco de Paula viveu a simplicidade e a pobreza evangélica. Também hoje nos chamais a dar testemunho da vossa bondade e da vossa misericórdia no meio dos homens. Libertai os nossos corações da insensatez e da lentidão para crer no que vosso Filho Jesus revelou: o mistério da sua Paixão, Morte e Ressurreição. Permanecei conosco, Senhor, conduzi-nos à fraternidade à reconciliação. Possamos exclamar jubilosos como os primeiros discípulos: É verdade! O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão. E nós o reconhecemos na fração do pão! Amém.”
São Francisco de Paula, rogai por nós!
Outros beatos e santos que a Igreja faz memória em 2 de abril
- Em Cesareia da Palestina, Santo Anfiano ou Apiano, mártir, que, no tempo do imperador Maximino, quando os habitantes daquela terra eram obrigados a sacrificar publicamente aos deuses, se aproximou corajosamente do governador Urbano e, segurando-lhe a mão direita, obrigou-o a suspender o rito; imediatamente os soldados se arremessaram sobre ele e, envolvendo – lhe os pés num lençol embebido em óleo, atearam-lhe fogo e lançaram-no vivo ao mar.(† 306)
- Em Cesareia da Palestina, Santo Anfiano ou Apiano, mártir, que, no tempo do imperador Maximino, quando os habitantes daquela terra eram obrigados a sacrificar publicamente aos deuses, se aproximou corajosamente do governador Urbano e, segurando-lhe a mão direita, obrigou-o a suspender o rito; imediatamente os soldados se arremessaram sobre ele e, envolvendo – lhe os pés num lençol embebido em óleo, atearam-lhe fogo e lançaram-no vivo ao mar.(† 306)
- Também em Cesareia da Palestina, a paixão de Santa Teodora, virgem de Tiro, que, na mesma perseguição, por saudar publicamente os confessores da fé que estavam perante o tribunal e rogar-lhes que se lembrassem dela quando chegassem à presença do Senhor, foi presa pelos soldados e conduzida ao prefeito, por ordem do qual sofreu cruéis suplícios e finalmente foi lançada ao mar.(† 307)
- Em Como, na Ligúria, hoje na Lombardia, região da Itália, Santo Abúndio, bispo, que, tendo sido enviado a Constantinopla pelo papa Leão Magno, aí defendeu firmemente a verdadeira fé.(† 468)
- Em Cápua, na Campânia, também região da Itália, São Vítor, bispo, célebre pela sua erudição e santidade.(† 554)
- Em Lião, na Gália, actualmente na França, São Nicécio, bispo, que foi sempre solícito para com os pobres e bondoso para com os humildes e ensinou esta Igreja a seguir uma norma na salmodia.(† 573)
- No mosteiro de Luxeuill, na Borgonha, também na atual França, Santo Eustásio, abade, que foi discípulo de São Columbano e prelado de quase seiscentos monges.(† 629)
- No Chelmsford, na Inglaterra, São João Paine, presbítero e mártir, que, no reinado de Isabel I, falsamente acusado de alta traição, sofreu o suplício da forca.(† 1582)
- Em Tomhom, localidade da ilha de Guam, na Oceania, São Pedro Calungsod, catequista, e o Beato Diogo Luís de San Vítores, presbítero da Companhia de Jesus, que por causa da sua fé cristã foram cruelmente assassinados e lançados ao mar por apóstatas e alguns indígenas sequazes de superstições pagãs.(† 1672)
- Em Spoleto, na Úmbria, região da Itália, o Beato Leopoldo de Gaiche, presbítero da Ordem dos Frades Menores, que organizou santos retiros em Monteluco.(† 1815)
- Em Xuong Dien, no Tonquim, hoje no Vietnam, São Domingos Tuoc, presbítero da Ordem dos Pregadores e mártir na perseguição do imperador Minh Mang.(† 1839)
- Em Pádua, no Véneto, região da Itália, a Beata Isabel Vendramini, virgem, que dedicou a sua vida aos pobres e, superando muitas adversidades, fundou o Instituto das Irmãs Isabelinas da Ordem Terceira de São Francisco.(† 1860)
- Em Vich, cidade da Catalunha, na Espanha, São Francisco Coll y Guitart, presbítero da Ordem dos Pregadores, que, injustamente expulso do claustro, perseverou firmemente na sua vocação e anunciou por toda esta região o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.(† 1875)
- Em Gyor, na Hungria, o Beato Guilherme Apor, bispo e mártir, que, durante a segunda guerra mundial, abriu as suas portas a cerca de trezentos refugiados e, espancado na tarde da Sexta-Feira da Paixão do Senhor por defender das mãos dos soldados algumas jovens indefesas, morreu três dias depois.(† 1945)
- Em L’viv, na Ucrânia, o Beato Nicolau Carneckyj, bispo, que, exercendo a função de exarca apostólico em Volyn’ e Pidljashja, durante a perseguição contra a fé cristã, seguiu os passos de Cristo como pastor fiel e por sua graça alcançou o reino celeste.(† 1959)
- Em Maracay, na Venezuela, a beata Maria de São José Alvarado (Laura Alvarado Cardozo), virgem, que fundou a Congregação das Agostinhas Recoletas do Sagrado Coração e assistiu sempre com suprema caridade as órfãs, os idosos e os pobres abandonados.(† 1967)
- Em Roma, junto de São Pedro, o dia natal de São João Paulo II, papa, cuja memória se celebra no dia 22 de Outubro.(† 2005)
RENOVAÇÃO E COMPROMISSO: MISSA DOS SANTOS ÓLEOS NA DIOCESE DE RORAIMA
Cerimônia presidida pelo bispo Dom Evaristo Pascoal Spengler marca momento de renovação sacerdotal e bênção dos óleos sacramentais na Catedral Cristo
Na última terça-feira, dia 26 de março, a Diocese de Roraima testemunhou um evento profundamente significativo no povo diocesano: a realização da Missa dos Santos Óleos. Oficiada por, Dom Evaristo Pascoal Spengler bispo de Roraima, a cerimônia teve lugar na Igreja Catedral Cristo Redentor, localizada na Praça do Centro Cívico, Boa Vista, às 19h30.
Este evento anual representa um momento de renovação das promessas sacerdotais dos padres da arquidiocese, além de ser uma ocasião para a bênção dos três óleos sagrados fundamentais para os sacramentos: os óleos dos Catecúmenos, dos Enfermos e do Crisma.
A fala do Padre Mauro Maia durante a celebração ecoou com significado, destacando a importância da Missa dos Santos Óleos como um momento de retorno às responsabilidades sacerdotais e à missão de servir às comunidades em todo o estado de Roraima. “Voltamos para a nossa missão, cada um na sua paróquia, na sua área missionária, região aqui do estado de Roraima, procurando ser fiéis àquilo que foi respondido ao bispo diocesano, honrando os compromissos de fidelidade no Ministério na dispensa dos sacramentos, nos votos de pobreza, castidade, obediência, e fidelidade ao povo de Deus”, ressaltou o padre.
A Missa dos Santos Óleos, que tradicionalmente é celebrada na Quinta-feira Santa de acordo com os costumes da Igreja, foi realizada na terça-feira santa na Diocese de Roraima, precedida por dois dias de retiro espiritual para os missionários e missionárias que servem na diocese.
Jucineide Costa, Leiga da comunidade da Catedral Cristo Redentor, também expressou a importância do evento, destacando-o como um momento de renovação da vocação e união de todo o clero e religiosos em torno do bispo: ”, é um momento muito especial da nossa igreja, que reúne todo o clero, todos os sacerdotes religiosos, religiosos, em torno do bicho para essa renovação, da vocação.”
.Após a cerimônia, os padres retornaram às suas comunidades, levando consigo uma porção dos óleos abençoados para administrar os sacramentos aos fiéis. Essa missa marca o encerramento dos ritos litúrgicos antes do tríduo pascal, sendo uma celebração carregada de profundo significado espiritual e simbolismo
Produção ; Libia López
Programação da Semana Santa – Boa Vista -RR
Nesta terça-feira 26 de março de 2024, Missa da Unidade – Missa dos Santos óleos, na Igreja Catedral Cateral Cristo Redentor, missa presidida por Dom Evaristo Pascoal Spengler, com transmissão pelas redes sociais da Diocese de Roraima e Rádio Monte Roraima FM a partir das 19h30 horário local.
Diversas Áreas Missionárias e Paróquias preparam sua programação da Semana Santa, confira abaixo:
ÁREA MISSIONÁRIA SÃO RAIMUNDO NONATO
PARÓQUIA SÃO JERÔNIMO
ÁREA MISSIONÁRIA SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
PARÓQUIA SANTO ANTÔNIO DE SANT´ANNA GALVÃO
ÁREA MISSIONÁRIA SANTA ROSA DE LIMA:
ÁREA MISSIONARIA SÃO JOÃO BATISTA
PARÓQUIA SÃO MATEUS
PARÓQUIA CATEDRAL CRISTO REDENTOR
PARÓQUIA MATRIZ NOSSA SENHORA DO CARMO
PARÓQUIA SÃO FRANCISCO
REITORIA DE NOSSA SENHORA DE APARECIDA
Celebração da Semana Santa na Área Missionária do Cantá: Comunidades se Reunim para Iniciar os Ritos Sagrados
Bispo Dom Evaristo Junta-se às Irmãs Franciscanas Bernardinas em Celebrações Marcantes
As Irmãs Franciscanas Bernardinas que atendem diretamente 13 comunidades da Área Missionária do Cantá/ Região Félix Pinto, celebraram junto ao povo neste final de semana dando início à Semana Santa. Dom Evaristo, bispo diocesano de Roraima, também celebrou junto às comunidades.
Iniciando com a celebração do Domingo de Ramos, celebramos com os ramos nas mãos seguindo os passos de Jesus na sua entrada triunfal em Jerusalém, junto ao povo de 8 comunidades da Área Missionária do Cantá, onde foram contempladas: Vila Aguiar (Santa Luzia), Monte Horeb (Sagrado Coração de Jesus), Vila São José Km20 (São José), Félix Pinto (Santo Antonino), Vila Itã (Nossa Senhora da Conceição), Arco Íris (Santa Luzia), Vicinal 29 (Nossa Senhora do Rosário) e Vila São José Km55 (São José).
Em suas palavras nas homilias, Dom Evaristo manifestou sua sensibilidade, afeto e cuidado com a fé do povo, fazendo- se próximo e irmão de todos.
Que possamos viver esta Semana Santa percorrendo com Jesus seus últimos passos entre as realidades que vivemos, e viver a alegria da Ressurreição.
PAPA FRANCISCO NOMEA O PE. LÚCIO NICOLETTO COMO BISPO PRELADO DE SÃO FÉLIX DO ARAGUAIA NO MATO GROSSO.
O anuncio ocorreu nesta quarta-feira, 13, em comunicado emitido pela CNBB.
Nesta quarta-feira, 13, o Papa Francisco anunciou a nomeação do Padre Lúcio Nicoletto como bispo prelado de São Félix do Araguaia, no interior do estado do Mato Grosso, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou a nota na integra nesta manhã. (Confira no fim da matéria)
A história de Padre Lúcio é uma jornada de fé e serviço, desde sua infância na Itália até sua missão pastoral no Brasil, começando agora com sua nomeação episcopal, uma nova missão evangelizadora.
Nascido em Este ( cidade da diocese de Pádua na Itália), em 18 de agosto de 1972, Padre Lucio é filho de Dino e Paola Paluan. Cresceu em um ambiente profundamente religioso, onde recebeu sua formação cristã na comunidade paroquial de Ponso, sob a orientação do pároco Pe. Francisco Dalla Valle. Sua jornada educacional incluiu o colégio “Manfredini”, dirigido pelos Padres Salesianos, onde desenvolveu sua fé e vocação.
Em setembro de 1987, aos 15 anos de idade, Padre Lúcio ingressou no Seminário Menor de Pádua, em Tencarola, dando início ao seu caminho rumo ao sacerdócio. Lá, ele estudou Filosofia e Teologia na Faculdade Teológica da Itália Setentrional, seção de Pádua, preparando-se para seu serviço ministerial. Sua ordenação como diácono em 1997 e sacerdote em 1998 marcou o início de sua dedicação ao serviço da Igreja.
Os primeiros anos de ministério de Padre Lúcio foram na paróquia de San Michele Arcangelo em Selvazzano Dentro, na periferia de Pádua, onde serviu com zelo ao lado do Pe. Bruno Piazzon. No entanto, sua jornada o levou além das fronteiras italianas quando, em maio de 2005, foi designado para trabalhar no Brasil, na Diocese de Duque de Caxias.
Desde então, Padre Lúcio tem desempenhado um papel vital na vida religiosa e pastoral no Brasil. Ele acompanhou a paróquia de Vilar dos Teles, no município de São João de Meriti juntamente com pe. Massimo Valente, e assumiu diversas responsabilidades, incluindo o acompanhamento dos seminaristas da diocese e o serviço na Catedral de Santo Antônio em Duque de Caxias.
Sua dedicação e liderança foram reconhecidas quando, em 2011, foi nomeado Reitor do Seminário Diocesano de Duque de Caxias, além de assumir diversas funções na pastoral da juventude e na formação do clero. Em 2016, após concluir o Mestrado em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Padre Lucio assumiu uma nova missão na diocese de Roraima, abrindo a missão de Pádua em Roraima e assumindo a paróquia de Caracaraí juntamente com o pe. Benedetto Zampieri.
Durante sua estadia em Roraima, Padre Lúcio também foi responsável pela catequese diocesana e pelo projeto de Iniciação à Vida Cristã (IVC), demonstrando seu compromisso com a formação espiritual e pastoral. Em 2019, sua liderança foi novamente requisitada quando assumiu o cargo de Vigário Geral da Diocese de Roraima, e em 2022 foi escolhido administrador diocesano até a nomeação do novo bispo, Dom Evaristo Pascoal Spengler, em 2023.
Foto: Catedral Nossa Senhora da Assunção – São Felix do Araguaia – MT
A prelazia de São Félix do Araguaia:
A Prelazia de São Felix foi erigida em13 de maio de 1969, com a bula pontifícia “Quo commodius”, pelo Papa Paulo VI. O primeiro bispo foi D. Pedro Casaldaliga, missionário Claretiano, ordenado bispo em 1971. Dom Pedro, permaneceu no pastoreio da Prelazia até 2005, e em 2006 lhe sucedeu Dom Leonardo Steiner, que ficou até 2011.
A prelazia de São Felix teve os seguintes bispos, Dom Pedro Casaldaliga, Dom Leonardo Steiner, OFM(cardeal da Amazonia) e Dom Adriano Ciocca Vasino. Agora como novo Bispo, Pe. Lúcio Nicoletto.
Foto: Painel do Pintor Maximino Cerezo, Missionário Claretiano, Catedral N. Sra. Assunção – São Felix do Araguaia – MT
Agora, nomeado como prelado de São Félix do Araguaia, sucessor do grande bispo e profeta Dom Pedro Casaldaliga, o Padre Lúcio Nicoletto está pronto para assumir novos desafios e continuar seu ministério de serviço à Igreja e ao povo de Deus. Sua trajetória é um testemunho de fé, dedicação e compromisso com a missão da Igreja Católica no Brasil e além. Que sua jornada episcopal seja abençoada e frutífera, guiada pelo Espírito Santo e pelo exemplo de Cristo, o Bom Pastor.
Mapa da Prelazia de São Felix do Araguaia – MT.
FONTE/CRÉDITOS: Libia López
Santa Matilde da Alemanha exortava: “Feliz quem prepara sua eterna salvação”
Santas Matilde
Segundo o Martirológio Romano, que relata os santos e beatos oficializados, assim como também com outros santos, há uma série com o nome Matilde. Sendo elas:
– Santa Matilda da Escócia [† 1118], filha de Santa Margarida da Escócia [† 1093], Rainha da Inglaterra, comemorada em 30 de abril;
– Santa Matilda de Hackeborn ou de Helfta, [1241-1299], monja beneditina e mística alemã, que é homenageada em 19 de novembro;
– Beata Matilde [† 1154], beneditina alemã no Mosteiro de Spanheim, celebrada em 26 de fevereiro;
– Beata Matilde di Canossa [† 1115], Duquesa da Toscana, Vice-Rainha da Itália, Condessa de Canossa e várias cidades italianas, celebrada em 23 de março;
– Beata Matilde, Condessa Palatina, celebra 21 de maio;
– Beata Matilde de Diessen [† 1160], abadessa beneditina de Diessen e reformadora do mosteiro de Edelsterten, celebrada em 31 de maio;
– Beata Matilde [† 1200], escocesa que se mudou para a França, eremita em Lappion (Picardia), celebrada em 11 de abril;
– Beata Matilde de Magdeburg [† 1280], mística beneditina, irmã de Santa Matilda de Hackeborn e Santa Gertrudes, celebrada em 8 de outubro;
– Beata Matilde do Sagrado Coração [1841-1902], religiosa espanhola fundadora da Congregação das Filhas de Maria Mãe da Igreja, comemoração de 17 de dezembro.
Qual delas a Igreja faz memória em 14 de março?
Este texto reporta-se a Santa Matilde que viveu na atual Alemanha. Foi esposa fidelíssima do rei Henrique I e se dedicou generosamente à assistência aos pobres e à fundação de hospitais e mosteiros.
Berço, humildade e maternidade
Matilde foi educada numa nobre família junto a um mosteiro beneditino. Após casar-se com Henrique I, rei da Alemanha, manteve sua nobreza interior. Não deixou-se influenciar pelo poder. Teve cinco filhos e, sempre como mãe humilde e orante, buscou ensinar para os filhos os caminhos da salvação eterna.
Santa Matilde da Alemanha: Mãe dos Pobres
Caridade
Matilde também foi mãe para o povo, em especial, para os pobres. Mulher cheia de compaixão que, dentro das possibilidades, ajudou e influenciou a muitos.
A verdadeira riqueza
Com o falecimento de Henrique I, essa grande mulher de Deus disse aos filhos: “Gravai bem no vosso coração o temor de Deus. Ele é o Rei e Senhor verdadeiro, que dá poder e dignidade perecíveis. Feliz quem prepara sua eterna salvação”.
Filho entregará mãe (cf. Mt 10,21)
Com a morte do marido, o seu calvário começou: foi traída pelos filhos, sob a falsa acusação de que estaria desperdiçando os bens com os pobres. Retirou-se para um convento e ali intercedeu pelos seus amados filhos, por meio da oração e dos sacrifícios.
Consciência da Injustiça
Conversão dos filhos
Seus filhos, então, tomaram consciência da injustiça que estavam cometendo. Com a conversão deles, teve mais facilidade para ajudar a muitos outros pobres. Em 968, partiu para o Reino dos céus, o Reino dos santos.
Sua influência no Brasil
É desta Santa Matilde que descenderam os reis de Portugal e, por conseguinte, a Família Imperial do Brasil.
Minha oração
“Senhor Jesus, a exemplo de Santa Matilde, ajuda o teu povo, incluindo a mim, esse pecador que Vos faz essa oração agora, a importar-se mais com a salvação da alma do que com os bens terrenos. Amém.”
Santa Matilde, rogai por nós!
Um ano da Retomada na Serra da Lua: uma árdua caminhada. Artigo de Gabriel Vilardi
Retomada Serra da Lua. (Foto: Gabriel Vilardi)
07 Março 2024
Conscientes desse injusto aparato estatal que funciona para restringir os seus direitos, os Povos Indígenas da Terra Manoá-Pium celebraram, no último dia 24 de fevereiro, um ano da Retomada do território ancestral. Membros das várias comunidades da Terra Indígena, acompanhados pelas lideranças tradicionais, decidiram que era chegada a hora de finalmente recuperar o chão sagrado roubado de seus avós.
O artigo é de Gabriel dos Anjos Vilardi, jesuíta, bacharel em Direito pela PUC-SP e bacharel em Filosofia pela FAJE. É mestrando no PPG em Direito da Unisinos e foi membro da Pastoral Indigenista da Diocese de Roraima (2022-2023), tendo convivido com os povos Wapichana e Macuxi, na região Serra da Lua. Colaborador no Instituto Humanitas Unisinos – IHU.
Eis o artigo.
Não é época para se despojar de desejos,
e os miseráveis não pensam tampouco nisto,
mas sonham que um dia poderão satisfazer seus desejos.
Ernst Bloch
“O que caracteriza a relação povos indígenas/Estado nacional é a permanência das estruturas coloniais”. E essa nefasta permanência “subjuga os povos indígenas através duma dominação econômica e cultural“[2], já apontava com clareza o assessor teológico do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Paulo Suess, há mais de 40 anos. A constatação é brutal, mas assertiva e desconcertantemente atual, “fuzil e violência justificam e executam o saque”, arremata o indigenista sem tergiversar.
Conscientes desse injusto aparato estatal que funciona para restringir os seus direitos, os Povos Indígenas da Terra Manoá-Pium celebraram, no último dia 24 de fevereiro, um ano da Retomada do território ancestral. Membros das várias comunidades da Terra Indígena, acompanhados pelas lideranças tradicionais, decidiram que era chegada a hora de finalmente recuperar o chão sagrado roubado de seus avós.
O que caracteriza a relação povos indígenas/Estado nacional é a permanência das estruturas coloniais – Paulo Suess Tweet
Sim, é preciso coragem para nomear o que se passou! Os autonomeados “pioneiros de Roraima” chegaram para ocupar a região como se não existisse ninguém mais naquele território. Enriqueceram à custa de terras e muita exploração indígena, como bem registrado pelos estudiosos:
“No final do século XIX e primeira metade do século XX, a pecuária despontava como a mola propulsora da economia da região. O êxito da instalação da pecuária se deu pela sua característica na criação do gado em Roraima. Como já descrevemos anteriormente, o gado bovino era criado de forma livre e solto no lavrado, percorrendo grandes áreas em busca de pasto e de água, um gado sem fronteiras (DINIZ 1972, LEMOS 1998, SANTILLI 1994). Segundo Vieira (2007). A grande quantidade de campos, associada à mão de obra indígena (explorada) e o gado solto, seria um atrativo econômico de baixo custo, uma vez que não havia necessidade de empreender recursos para a captura (do gado) e compra de terra para essa finalidade”.[3]
Desde o começo dos anos 2000 existem inúmeros documentos das assembleias dos tuxauas da Serra da Lua reafirmando o desejo de retornar à terra tradicional e demandando as devidas providências do poder público. A resposta oficial? Não passou de um solene e desrespeitoso silêncio, acrescido de uma imoral inércia em cumprir seu dever constitucional! O que esperava o Estado brasileiro das comunidades indígenas: que permanecessem subjugadas e apáticas?
Foto: Gabriel Vilardi
A disputa pela terra na Amazônia e no restante do país sempre foi uma luta desigual em meios e extremamente violenta em desfavor dos marginalizados. Os indígenas foram sendo dizimados ou empurrados para o interior, conforme a “civilização” ia avançado ameaçadoramente sedenta por lucros. Tudo aquilo que não estava alinhado ao modelo do progresso, precisava ser destruído. Afinal, o velho e arcaico dariam lugar ao novo e moderno Brasil.
Em Roraima os filhos de Macunaima não ficaram incólumes à fúria desenvolvimentista e foram encurralados e cercados pelos extensos latifúndios, como demonstra esse laudo antropológico do órgão indigenista:
“Em 1986, era constatado que 39% das malocas Wapichana tinha em média de uma a três fazendas na área considerada de uso da maloca; o restante, entre quatro a doze fazendas, algumas na própria área, provocando invasão contínua do gado nas roças e nas malocas (Funai, p. 12)”.[4]
Os legítimos donos do território, os povos Wapichana e Macuxi, sofreram um processo histórico e prolongado de invasão e espoliação de terras orquestrado há séculos pelos sucessivos governos local e central, o que foi aprofundado pela míope e criminosa ideologia da ditadura militar. No final desse triste e terrível período que o país viveu, após muita luta das comunidades indígenas, aconteceu a demarcação da Terra Indígena Manoá-Pium (1982).
Como sempre se sucede quando interesses poderosos são contrariados, a pressão sobre as lideranças indígenas para que renunciassem aos seus direitos foi acintosa. Em troca de nada mais do que a risível promessa de que a demarcação do território seria acelerada. No horizonte, pairava a cruel ameaça de que caso não aceitassem a negociação escabrosa, o processo se arrastaria por longuíssimos anos. Assim contextualiza a estudiosa Nádia Farage sobre o conturbado desenrolar do reconhecimento dos territórios indígenas:
“Uma evidente e lastimável injustiça foi cometida neste caso: foram isoladas, enquanto áreas segmentadas, aldeias vizinhas, cujo território de caça, pesca e circulação é tradicionalmente comum. Além disso, o que é mais grave, as ilhas liberaram terras para instalação de fazendas que vêm sistematicamente invadindo os limites já estreitos de tais áreas”.[5]
Infelizmente, o vergonhoso e obsceno assédio aos povos originários não foi uma mera exceção circunscrita ao caso dos indígenas do território Manoá-Pium, que viram um terço de suas terras roubadas em detrimento de tacanhos interesses privados. Ao contrário trata-se de uma prática sistêmica do Estado brasileiro, sustentado por uma “elite do atraso”, como muito bem pontua Jessé de Souza. Uma classe dominante que possui como modus operandi o uso do medo para tentar amordaçar aqueles e aquelas que ousam se insurgir contra o sistema vigente.
Com a absurda aprovação pelo Congresso Nacional da Lei 14.701/2023, que instituiu a estapafúrdia e já declarada inconstitucional tese do Marco Temporal, as intimidações voltaram com mais força. No início de fevereiro o fazendeiro que ocupava a área da Retomada tentou reerguer a cerca, que havia sido derrubada pelos indígenas como sinal de retorno a um território coletivo. Não satisfeito, conforme relato das lideranças indígenas, há duas semanas mandou seus emissários investigar as pessoas que se encontravam no local, com claro viés intimidativo.
Com a absurda aprovação pelo Congresso Nacional da Lei 14.701/2023, que instituiu a estapafúrdia e já declarada inconstitucional tese do Marco Temporal, as intimidações voltaram com mais força – Gabriel Vilardi Tweet
Outras comunidades das 21 que formam a Região Serra da Lua, tais como Moscou, Canauanim e Malacacheta, também sofreram ameaças e propostas enganosas de toda ordem. As mais diversas táticas invariavelmente envolvem ilusórias vantagens e míseras promessas com o intuito de dividir e enfraquecer as lideranças comprometidas com a libertação do seu povo:
“O governo do antigo Território de Roraima, por sua vez, criou uma colônia dentro dos limites da área indígena Recanto da Saudade, conhecida ainda como Maloca do Moscou, sem que houvesse qualquer contestação da Funai. Já os Wapichana da Maloca Canauanim acusavam a Funai de pressioná-los a aceitar uma redução da área delimitada, que estava sendo cortada pela construção de uma estrada estadual. A mesma proposta teria sido feita à área indígena da Malacacheta que recebera ainda uma proposta de loteamento individual (op. cit. p. 150)”.[6]
Segundo dados do excelente e infelizmente necessário Caderno de Conflitos no Campo da Comissão Pastoral da Terra (CPT), apenas no primeiro semestre de 2023, foram registrados 791 conflitos pela terra no país, outros 102 casos de trabalho escravo rural e 80 disputas pela água, com 527 mil pessoas envolvidas. Números alarmantes para um país com dimensões continentais e um enorme estoque de terras agriculturáveis disponíveis, porém concentradas nas mãos de uma parcela ínfima de grileiros e herdeiros das Capitanias do Brasil Colônia.
Foto: Ronivaldo Wapichana
Nessas ocasiões de conflito agrário a nem tão cega Justiça pende invariavelmente para o lado dos donos do dinheiro e a Polícia Militar, em um padrão assustador, torna-se braço armado de interesses particulares. Famílias e comunidades inteiras são expulsas, muitas vezes, sequer sem uma ordem judicial e com muita truculência policial. Na Retomada da Serra da Lua também houve tentativa de criminalização de uma legítima pauta do movimento indígena, com a instrumentalização das forças de segurança para fins que estavam bem longe da ordem pública. Essa antiga prática já era denunciada pelo grande antropólogo Darcy Ribeirro:
“Em qualquer lugar do Brasil, (uma casa, um apartamento, uma fazenda), uma propriedade particular, que seja invadida, o proprietário se vai à polícia ou ao juiz, consegue de imediato que a propriedade lhe seja devolvida. Essa sociedade se baseia nesta ordem. A coisa mais sagrada não é Deus, é a propriedade. Então, a propriedade está tremendamente defendida. A polícia, o exército, existem aí para defender a propriedade; estão contra alguém, faça subversão contra a propriedade. Só uma propriedade não é defendida. A propriedade dos Índios. Quando uma reserva indígena, uma terra indígena, é invadida, ao contrário do que aconteceria a um fazendeiro, ele reclama com a Funai, e a Funai reclama com a polícia; ela reclama com o prefeito; ele reclama com o governador; ele reclama com o presidente, mas todos prometem dar um jeito, e ninguém dá jeito nunca”.[7]
Como se não bastasse a evidente animosidade dos agentes de segurança, o próprio órgão indigenista responsável por salvaguardar os interesses dos Povos Indígenas comumente esteve tomado por visões anti-indígenas. Realidade muito presente nos tempos perigosos da ditadura civil-militar, quando coronéis e generais davam plantão na FUNAI para impedi-la de funcionar a contento, mas também mais recentemente no governo do ex-capitão sempre tão saudoso do autoritarismo da caserna. Tristemente, um velho expediente não de todo abandonado:
“Note-se que o argumento, pretensamente pragmático, da agilização da demarcação é recorrente na oratória da Funai para a região, havendo sido utilizado, com sucesso, para celebrar os acordos anteriores; inútil seria sublinhar a distorção legal que representa, uma vez que o território indígena não é possível de negociação, e sua demarcação é uma obrigação constitucional da União”.[8]
Assim, pode-se constatar um flagrante vício na condução de muitos processos de demarcação de Terras Indígenas, com a manipulação de lideranças por quem deveria zelar pelo cumprimento da lei. Esses processos precisam ser imediatamente revistos! Essa legítima demanda das comunidades prejudicadas estaria, inclusive, em conformidade com a decisão da Suprema Corte, no julgamento com repercussão geral do RE 1017365, que decidiu serem passíveis de revisão os limites dos territórios, no prazo de 5 anos da finalização da demarcação ou se manifesto o interesse até a data da decisão, para sanar as eventuais ilegalidades.
Para tanto, é fundamental que o atual governo cumpra as promessas de campanha realizadas pelo presidente Lula e dê efetivas condições de trabalho para a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, com um orçamento condizente com suas enormes responsabilidades e considerando a histórica dívida para com os Povos Indígenas. Além do mais, impõe-se como imprescindível a recuperação da força de trabalho da autarquia, criminosamente esvaziada nos últimos anos. Afinal, se no governo do autodeclarado inimigo dos povos originários a estratégia era asfixiar o funcionalismo de carreira, a prioridade desse governo popular deve ser garantir recursos extras para fazer frente ao desmonte promovido. A quem interessa uma FUNAI enfraquecida e sem capacidade de trabalho?
O próprio governo possui ciência de que o concurso público já autorizado, no ano passado, não é suficiente nem mesmo para suprir as carências mínimas. Quando pretende autorizar novo e robusto concurso para prover as quase imobilizadas 39 Coordenações Regionais? Prevalecerá a boa intenção propalada pelo presidente Lula quando candidato ou isso se perderá nos escaninhos obscuros dos interesses espúrios de Brasília?
Ao contrário dos indígenas que não agiram com violência, seus algozes nunca deixaram de recorrer ao uso da força. Amazonas Brasil, na Assembleia-Geral e Extraordinária da Cooperativa Mista de Pecuaristas de Boa Vista (Compec), no dia 28/08/1980, com o próprio apoio do presidente da entidade, Carlos Alberto da Silva, expôs com claridade toda a truculência dos tais “desbravadores de Roraima”: “o remédio jurídico é a penúltima arma que nós vamos usar, porque a última depende da coragem de cada um”. Nesse elucidativo depoimento é possível inferir como se deu a ocupação de Roraima, com o roubo dos territórios indígenas. Como se não fosse suficiente, o fazendeiro entendia que cabia a eles definir os critérios das demarcações:
“(…) o que nós vamos discutir é o critério de marcar área de índio, como é que eles escolheram aquela linha, como é que eles escolheram aquele rio, por que é que passa aqui, por que é que passa por ali, por que não respeita a fazenda do seu fulano, do seu sicrano”.[9]
Mesmo com as ações pacíficas e a paciência histórica das comunidades da Serra da Lua, sua pretensão de que o Estado reveja os limites da Terra Indígena e restitua seu território original, em um prazo razoável, é absolutamente legítima e inadiável. Na atual conjuntura, desculpas esfarrapadas de falta de orçamento e de servidores são inaceitáveis para continuar travando o processo!
As autoridades políticas, como os ministros de Estado afins e o presidente da República, precisam ser responsabilizadas caso essa omissão continue se prolongando. Como pediram as lideranças da região, em dezembro passado, na reunião da Coordenação Ampliada do Conselho Indígena de Roraima (CIR) a instalação de um grupo de trabalho (GT) para o início do processo é urgente! Quantos anos mais se arrastará o interminável imbróglio? Podem continuar sendo penalizadas as crianças e os jovens indígenas por falta de terra regularizada para viverem em paz, segundo o garantido pelo art. 231 da Constituição Federal?
As forças aliadas dos Povos Indígenas devem engrossar o coro de vozes lúcidas que cobram para que a dignidade assegurada pela Carta de 1988 seja cumprida. Uma presença importante nessa marcha é a Igreja de Roraima, com a sua combativa Pastoral Indigenista e o direto engajamento dos sucessivos bispos ao longo dos anos. Grandes pastores serviram essa parcela do Povo de Deus, entre eles o inesquecível Dom Aldo Mongiano, bem como Dom Aparecido José Dias e Dom Roque Paloschi, também presidentes do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).
Com a significativa nomeação do presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), o franciscano Dom Evaristo Spengler, a diocese se viu fortalecida com um pastor experiente e comprometido com as causas sociais. Seu envolvimento e apoio pessoal serão valiosos para que se cheguem até os palácios da capital federal os clamores do povo de Macunaima. Essa é, afinal, uma das missões da Igreja, como bem lembra o Papa Francisco na magistral Carta Encíclica Fratelli Tutti:
“Por estas razões, embora a Igreja respeite a autonomia da política, não relega a sua própria missão para a esfera do privado. Pelo contrário, não pode nem deve ficar à margem na construção de um mundo melhor nem deixar de «despertar as forças espirituais» que possam fecundar toda a vida social. É verdade que os ministros da religião não devem fazer política partidária, própria dos leigos, mas mesmo eles não podem renunciar à dimensão política da existência que implica uma atenção constante ao bem comum e a preocupação pelo desenvolvimento humano integral. A Igreja «tem um papel público que não se esgota nas suas atividades de assistência ou de educação», mas busca a «promoção do homem e da fraternidade universal».[10]
Forjados em uma secular luta pela sobrevivência, os povos Wapichana e Macuxi, aprenderam a complexa arte da resistência. Com uma implacável persistência e a sabedoria que trazem de sua espiritualidade ancestral, sabem de suas profundas raízes e não estão dispostos a abrir mão de seu território sagrado. Não serão as forças coloniais do agronegócio e do garimpo assassino, mancomunadas com mesquinhos atores políticos, que irão afastá-los da terra de seus pais.
Os povos originários estão perdendo a paciência! E não é para menos, considerando a demora de mais de 35 anos para o reconhecimento das Terras Indígenas. A Retomada Manoá-Pium não foi a primeira, nem será a última. Caso o Estado não observe sua obrigação constitucional e assegure o direito inalienável dos Povos Indígenas à terra, serão centenas as retomadas Brasil afora. Anna pata, anna yan, “nossa terra, nossa mãe”, dizem os Macuxi! E uma mãe não pode ser abandonada!
NOTAS
[1] BLOCH, Ernst. El princípio esperanza. Madrid: Aguilar, 1977, p. 63.
[2] SUESS, Paulo. Mofo colonial. In: Cálice e Cuia: Crônicas de Pastoral e Política Indigenista. Petrópolis: Vozes, 1985.
[3] RIBEIRO, Gilmara Fernandes. Criadores de gado: experiência dos Macuxi com o gado bovino. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – PPG em Antropologia Social, UFRR, Boa Vista, 2018. p. 30.
[4] CIRINO, Carlos Alberto Marinho. A “boa nova” na língua indígena. Boa Vista: Ed. UFRR, 2009. p. 208.
[5] FARAGE, Nádia. Terras Indígenas no Lavrado: o impasse continua. In: Povos Indígenas no Brasil, 1987, 1988, 1989, 1990. São Paulo: CEDI, 1991. p. 148.
[6] CIRINO, Carlos Alberto Marinho. A “boa nova” na língua indígena. Boa Vista: Ed. UFRR, 2009. p. 202.
[7] RIBEIRO, Darcy e JUNQUEIRA, Carmen. Conferência realizada na UFMG, no dia 24/08/1978. Disponível em: documentos do SNI guardados no Arquivo Nacional, no DF – Coreg – BR_DFNBSB_AA3_PSS_132-p. 49-50.
[8] CEDI – Centro Ecumênico de Documentação e Informação. Povos Indígenas no Brasil, 1987/88/89/90. Aconteceu Especial, 1991. p. 156.
[9] SANTOS, Adriana Gomes; FERNANDES NETO, Antônio. Genocídio indígena e perseguição à Igreja Católica em Roraima: a ação e a omissão do Estado brasileiro diante das graves violações de direitos humanos. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2016. p. 57
[10] PAPA FRANCISCO. Carta Encíclica Fratelli Tutti, nº 276. Leia aqui.