Nossa Senhora do Ó, esperamos o Salvador

Origens
Festa católica de origem claramente espanhola, a festa de hoje é conhecida na liturgia com o nome de “Expectação do parto de Nossa Senhora”, e entre o povo com o título de “Nossa Senhora do Ó”. Os dois nomes têm o mesmo significado e objetivo: os anelos santos da Mãe de Deus por ver o seu Filho nascido. 

A Longa Espera
Anelos de milhares e milhares de gerações que suspiraram pela vinda do Salvador do mundo, desde Adão e Eva, e que se recolhem e concentram no Coração de Maria, como no mais puro e limpo dos espelhos.

A Expectativa do Nascimento do Salvador
A Expectação (expectativa) do parto não é simplesmente a ansiedade, natural na mãe jovem que espera o seu primogênito; é o desejo inspirado e sobrenatural da “bendita entre as mulheres”, que foi escolhida para Mãe Virgem do Redentor dos homens, para corredentora da humanidade. Ao esperar o Seu Filho, Nossa Senhora ultrapassa os ímpetos afetivos de uma mãe comum e eleva-se ao plano universal da Economia Divina da Salvação do mundo.

Nossa Senhora do Ó: suspiramos pela vinda de Jesus

Aclamamos a Mãe do Redentor
As antífonas maiores que põe a Igreja nos lábios dos seus sacerdotes, desde hoje até a Véspera do Natal, e começam sempre pela interjeição exclamativa Ó (“Ó Sabedoria, vinde ensinar-nos o caminho da salvação”; “Ó rebento da Raiz de Jessé, vinde libertar-nos, não tardeis mais”; “Ó Emanuel, vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus”), como expoente altíssimo do fervor e ardentes desejos da Igreja, que suspira pela vinda de Jesus, inspiraram ao povo espanhol a formosa invocação de “Nossa Senhora do Ó”. 

Os céus nos envia o Redentor
É uma ideia grande e inspirada: a Mãe de Deus, posta à frente da imensa caravana da humanidade, peregrina pelo deserto da vida, que levanta os braços suplicantes e abre o coração enternecido, para pedir ao céu que lhe envie o Justo, o Redentor.

A Festa

Instituída
A festa de Nossa Senhora do Ó foi instituída no século VI pelo décimo Concílio de Toledo, ilustre na História da Igreja pela dolorosa, humilde, edificante e pública confissão de Potâmio, Bispo bracarense, pela leitura do testamento de São Martinho de Dume. Além da presença simultânea de três santos de origem espanhola: Santo Eugênio III de Toledo, São Frutuoso de Braga e o então abade agaliense Santo Ildefonso.

Uma festa, vários títulos
Primeiro, comemorava-se, na data de  hoje, a Anunciação de Nossa Senhora e Encarnação do Verbo. Santo Ildefonso estabeleceu-a definitivamente e deu-lhe o título de “Expectação do parto”. Assim ficou sendo na Hispânia, e passou a muitas Igrejas da França etc. Ainda hoje, é celebrada na Arquidiocese de Braga.

Minha oração

“ Maria, padroeira das gestantes e daquelas que desejam engravidar, pedimos que realize os milagres mais impossíveis a favor da vida e do crescimento cristão. Às gestantes em risco, dai conforto e fortaleza, saúde e esperança, para que o nome de Jesus seja amado e adorado em todo o mundo. Amém.”

Nossa Senhora do Ó, rogai por nós!

Nossa Senhora de Loreto, aberta ao mundo

Origens
É uma celebração que recorda um acontecimento sobrenatural: O transporte da Casa de Nazaré (onde Jesus viveu). Trata-se de uma Casa com apenas três paredes, aberta ao mundo e a todas as pessoas. Assim se apresenta a Santa Casa de Nazaré, sob um precioso revestimento de mármore renascentista. Segundo a tradição, foi transportada, “por ministério angélico”, em uma rua pública em Loreto. Esta casa terrena, onde a Virgem Maria recebeu o anúncio do Anjo Gabriel e viveu, com Jesus e José, é testemunho do evento mais importante da história: a Encarnação.

Pesquisas
As pesquisas históricas, arqueológicas e científicas parecem confirmar a sua autenticidade, sancionada, pela primeira vez, em 1310, com a Bula do Papa Clemente V. Estudos recentes demonstram que as pedras do edifício foram elaboradas segundo o uso dos Natabeus, conhecido na Galileia no tempo de Jesus. Especialistas confirmam que os incisos em grafites nestas pedras são claramente de origem judaico-cristã. Além disso, que a argamassa utilizada é desconhecida na construção de edifícios na região italiana das Marcas.

Relação aos cruzados
Além do mais, cinco cruzes em tecido, pertencente provavelmente aos Cruzados, e alguns restos de um ovo de avestruz, símbolo do mistério da Encarnação, foram encontrados entre os tijolos da construção da Santa Casa, cujo perímetro corresponde perfeitamente com a dimensão dos alicerces que permaneceram em Nazaré.

Nossa Senhora de Loreto: as três paredes abertas ao mundo

Três paredes
Mas por que só três paredes? Com toda a probabilidade, elas faziam parte da Casa da Virgem. A antecâmara em alvenaria, que dava acesso à parte posterior da gruta, escavada na rocha, ainda hoje venerada na Basílica da Anunciação em Nazaré. Muitos continuam a se questionar como tenha acontecido o transporte desta relíquia descoberta. A olho nu, não parece ser reconstruída, apesar do incêndio desastroso de 1921. Aquela catástrofe causou a destruição de parte da decoração pictórica do Santuário e do quadro de madeira original da Senhora Negra. Segundo a tradição, em 1291, após a expulsão dos Cruzados da Palestina, as paredes da Casa de Nazaré foram transportadas, pela primeira vez, à cidade de Ilíria, na atual Croácia. Em seguida, foram transportadas a Loreto, uma pequena cidade no centro da Itália.

Narrativa de Teramano
Uma crônica de 1465, narrada por Teramano, diz: “… depois que o povo da Galileia e de Nazaré trocou a religião de Cristo por aquela de Maomé, os Anjos tiraram a mencionada igreja daquele lugar e a transportaram para a Eslavônia. Lá, porém, não foi honrada como convinha a Virgem Maria, por isso os Anjos a tiraram daquele lugar e a levaram, por via marítima, até o território de Recanati”. 

A Hipótese
Muitos, hoje, tendem a aceitar a hipótese, avaliada pelo antigo Código Chartularium culisanense, segundo a qual os Anjos da tradição, à qual é atribuído o transporte, se referiam à nobre família bizantina de Épiro, chamada Angeli, que, no século XIII, salvou a venerável igrejinha, via marítima, da fúria dos Sarracenos. No entanto, o perfeito estado de montagem e conservação das pedras manteve viva uma interpretação do transporte, aberta ao sobrenatural.

A impressão de Bento XVI sobre a Casa da Virgem Maria

Visita de Bento XVI em 2012
Causa perplexidade a colocação da Casa de Maria em uma “rua pública”. “Neste aspecto, consiste a mensagem singular desta Casa: não é uma casa particular, mas aberta a todos, situada nos caminhos de todos. Com efeito, estamos a caminho de outra Casa: a Cidade Eterna”!

Minha oração

“ Senhor, que o mistério de Loreto nos ensine a entender que temos sempre um lugar na de acolhida na casa de Nazaré, no seio da família de Jesus. Assim como nos eduque a estar sempre aberto àqueles que precisam ser acolhidos, que nossa casa também se torne refúgio para as pessoas. Amém.”

Nossa Senhora de Loreto, rogai por nós!

“Caminhamos com Maria, Mãe da Igreja”: Solenidade da Imaculada Conceição Reúne Fé e Esperança

Em clima de devoção, a Igreja Imaculada Conceição reuniu fiéis no bairro Buritis para celebrar Maria como exemplo de fé e obediência, enquanto vivemos o tempo do Advento.

Na tarde do último domingo, o bairro Buritis, em Boa Vista, foi cenário de uma celebração especial na Igreja Imaculada Conceição. Centenas de fiéis se reuniram para honrar a padroeira em uma missa emocionante, marcada por mensagens de fé, reflexão e alegria. A celebração trouxe à tona o papel único de Maria na história da salvação, destacando sua obediência e coragem diante do chamado de Deus.

A homilia do dia, inspirada no exemplo de Maria, convidou os presentes a refletirem sobre suas próprias vidas. “Hoje, na missa da Imaculada Conceição, meditamos sobre Maria, que, ao contrário de Adão e Eva, não teve medo de Deus. Enquanto eles fugiam e se acusavam mutuamente, Maria abriu seu coração e acolheu a mensagem do anjo Gabriel com o seu ‘sim’ generoso”, disse Dom Evaristo, o celebrante da missa.

O bispo enfatizou que Maria, preservada de todo pecado, é um modelo para a humanidade. “A vida divina já habitava nela, o céu já estava no seu coração. Assim como Maria, somos chamados a crescer na santidade e a dizer ‘sim’ ao plano de Deus em nossas vidas.”

Um Chamado à Preparação para o Advento

Em um clima de expectativa pelo Natal, a missa também trouxe uma mensagem poderosa sobre o tempo do Advento. Dom Evaristo alertou sobre a importância de não deixarmos que o consumismo ofusque o verdadeiro significado do Natal. “O Advento é o momento de preparar o coração para receber Jesus. Precisamos evitar o ‘aborto’ do Advento, isto é, impedir que o bem germine em nosso meio. É necessário acolher Jesus em nossas vidas, no trabalho, em nossas famílias e na sociedade.”

A celebração foi um convite à transformação pessoal, à abertura ao serviço de Deus e à vivência dos valores do Evangelho, especialmente em um mundo tão marcado por distrações e superficialidades.

Alegria e Comunhão na Festa da Imaculada

Após a missa, a comunidade se reuniu em um festejo animado, com diversas atrações que reforçaram o espírito de união e partilha. O ponto alto foi o sorteio de prêmios, incluindo um valor especial de R$ 3.000, que trouxe ainda mais entusiasmo para os participantes.

Fiéis de todas as idades aproveitaram o momento para confraternizar, saborear comidas típicas e fortalecer os laços comunitários. Muitos expressaram sua gratidão pela oportunidade de vivenciar uma tarde tão rica em espiritualidade e celebração.

Créditos: Lucas Rossetti e Pascom Paróquia São Jeronimo

São Juan Diego Cuauhtlatoatzin e a Nossa Senhora de Guadalupe

Origens
São Juan Diego nasceu em 1474, em Cuauhtitlan, no México. Antes de ser batizado, tinha o nome de Cuauhtlatoatzin. Recebeu o nome de Juan Diego, pois o hábito dos missionários era dar o nome de “João” a todos os batizados. De origem pobre, Juan pertencia à mais baixa casta do Império Asteca.

A Conversão
Atraído pela doutrina franciscana, que chegou ao México em 1524, Juan converteu-se e foi batizado junto com sua esposa. O missionário responsável por sua evangelização foi Frei Toríbio de Benavente.

O Longo Percurso
São Juan Diego tinha o costume de realizar um percurso de vinte quilômetros para participar da Santa Missa em Tlatelolco. Tirava proveito das celebrações para aumentar sua instrução religiosa e também para venerar a Virgem Maria. 

São Juan Diego Cuauhtlatoatzin: o homem querido pela Virgem Maria

Homem Simples
Reconhecido como um homem piedoso e de intensa espiritualidade, era amigo da oração e concentrado na meditação dos mistérios religiosos. Andava descalço e vestia, nas manhãs frias, uma roupa de tecido grosso de fibra de cactos como um manto, chamado tilma ou ayate, como todos de sua classe social.

A Viuvez
Ficou viúvo, em 1529, após a morte de sua esposa, Maria Lúcia. Ele ficou doente e acabou não suportando. Foi então morar com seu tio, diminuindo a distância da igreja para nove milhas. 

A Primeira aparição de Nossa Senhora de Guadalupe
No dia 9 de dezembro de 1531, por volta de três horas e meia, durante uma de suas idas à igreja, em Tepeyac, ocorreu a primeira aparição de Nossa Senhora de Guadalupe. O local hoje é chamado de “Capela do Cerrinho”, onde a Virgem Maria o chamou em sua língua nativa, nahuatl, dizendo: “Joãozinho, João Dieguito”, “o mais humilde de meus filhos”, “meu filho caçula”, “meu queridinho”.

O Pedido de Nossa Senhora de Guadalupe
Encarregado pela Virgem Maria, foi pedir ao bispo, o franciscano João de Zumárraga, para construir uma igreja no lugar da aparição. O bispo não se convenceu, então, Ela sugeriu que Juan Diego insistisse. No dia seguinte, domingo, voltou a falar com o bispo, que pediu provas concretas sobre a aparição.

O Manto coberto de rosas e a Imagem de Nossa Senhora de Guadalupe

O Milagre
No dia 12 de dezembro de 1531, Juan estava indo à cidade quando a Virgem apareceu e o consolou. Em seguida, mandou que ele fosse no alto da colina de Tepeyac e colhesse flores para ela. “No píncaro da colina, encontrarás a surpresa de flores desabrochadas. Só tens de as colher e trazê-las aqui. Vai, espero por ti!”. Apesar do frio, ele encontrou lindas flores, que colheu, colocou no seu manto e levou para Nossa Senhora. Ela pediu que Juan as entregasse ao bispo como prova da aparição. Diante do bispo, Juan Diego abriu sua túnica, as flores caíram e no tecido apareceu impressa a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe. O bispo e todos os presentes ajoelharam-se diante deste milagre.

Páscoa
Após o milagre de Guadalupe, Juan foi morar numa sala ao lado da capela que acolheu a sagrada imagem. Dedicou o restante de sua vida propagando as aparições de Guadalupe aos seus conterrâneos nativos, que se converteram. Juan Diego faleceu no dia 3 de junho de 1548, aos 74 anos.

Via de Santificação
São Juan Diego foi beatificado em 6 de maio de 1990, pelo Papa João Paulo II, no México. Durante a canonização de Juan Diego, em 31 de julho de 2002, João Paulo II designou a festa litúrgica para o dia 9 de dezembro, dia da primeira aparição de Nossa Senhora de Guadalupe, e em louvor a São Juan Diego pela sua simples fé nutrida pelo Catecismo, como um modelo de humildade para todos nós.

Minha oração

“Homem escolhido por Maria para ser seu representante e porta-voz, dai a nós a simplicidade e humildade necessárias para agradar o coração de Deus, assim como o amor e o zelo com a Virgem Maria e sua mensagem. Amém.”

São Juan Diego, rogai por nós!

A Luta dos Povos Indígenas em Roraima com o Apoio da Igreja Católica

Diocese de Roraima, a Igreja se coloca como defensora dos direitos indígenas .

Na Terra Indígena São Marcos, indígenas de diversos povos de Roraima estão acampados às margens da BR-174, em uma mobilização pacífica contra o Marco Temporal e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 48/2024.

Neste cenário de luta e desafios, a Igreja Católica tem se mostrado uma aliada essencial dos povos indígenas. Por meio de missionários e lideranças como Dom Evaristo Spengler, da Diocese de Roraima, a Igreja se coloca como defensora dos direitos indígenas e denunciadora de violações, como o desmatamento, as invasões de terra e a violência. Além disso, valoriza a cultura indígena, integrando línguas e tradições locais às práticas litúrgicas, promovendo um verdadeiro encontro de fé e identidade cultural. Recentemente, Dom Evaristo visitou a comunidade Sabiá, levando palavras de esperança e solidariedade aos moradores.

Juvêncio Luiz da Silva, da etnia Taurepangue e morador da comunidade São Miguel, compartilhou sua indignação com as injustiças históricas enfrentadas pelos povos indígenas. “Desde 1500, quando o Brasil foi invadido, vivemos sofrimentos contínuos. Mas, ao olhar para meus filhos, netos e bisnetos, vejo que nossa luta não foi em vão. Quero viver para brincar com eles e estar junto dessa juventude que carrega nossas memórias e esperanças”, disse ele emocionado.

Maciliana André da Silva, indígena da coordenação dos catequistas na região de Surumum, ressaltou a importância da fé e do apoio da Igreja Católica na caminhada do povo indígena. “Deus está conosco, e nossa Igreja nunca nos abandonou. Dom Evaristo nos trouxe palavras de verdade e coragem. Sou muito grata pelos missionários, que estão ao nosso lado, nos fortalecendo”, declarou.

A resistência indígena não se limita às questões políticas. Ela se manifesta na família, na comunidade e na fé que sustenta as tradições. As palavras de Juvêncio e Maciliana refletem o papel central da união familiar e do apoio espiritual como forças motrizes para enfrentar as adversidades.

 Em Roraima, em meio aos desafios climáticos e sociais, a resistência dos povos indígenas e o apoio da Igreja mostram que fé, família e comunidade são inabaláveis na construção de um futuro mais justo.

 FONTE/CRÉDITOS: Filipe Gustavo

A resistência na Terra Indígena São Marcos contra o Marco Temporal

O movimento, que já dura mais de 38 dias, é uma resposta pacífica, mas firme, contra o Marco Temporal.

Há mais de um mês, indígenas de diferentes povos de Roraima estão acampados na Terra Indígena São Marcos, nas proximidades da BR-174, em Pacaraima. O movimento, que já dura mais de 38 dias, é uma resposta pacífica, mas firme, contra o Marco Temporal e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 48/2024, de autoria do senador Hiran Gonçalves. Além disso, a mobilização celebra a vitória histórica da retirada definitiva da PEC 36, assinada pelo senador Mecias de Jesus, um marco na luta pelos direitos dos povos originários.

Ceifre Menandro, indígena envolvido na mobilização, destaca a importância do movimento:

“Tivemos que lutar pelo direito que já está garantido na Constituição. Queremos dizer também a outros povos que estamos aqui na luta em prol de todos. Não estamos lutando apenas por nós, mas por todos os povos, incluindo os não indígenas, que também dependem da natureza para sobreviver.”

Para Menandro, a luta vai além do território. É também uma batalha contra as mudanças climáticas e a devastação ambiental, questões que afetam a todos. Ele enfatiza que a proteção das terras indígenas é crucial para a manutenção da biodiversidade e da qualidade de vida.

A retirada da PEC 36

Ludernilda Miguel, da Comunidade Caraparu, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, celebra a retirada da PEC 36 como uma conquista significativa, resultado da pressão constante dos povos indígenas:

“Foi com muito esforço e união que conseguimos essa vitória. A PEC 36 representava uma ameaça às nossas terras e à nossa forma de vida. Não queremos viver de arrendamento, mas sim continuar produzindo de forma sustentável, com alimentação saudável e sem contaminação. Apesar disso, a luta continua contra a PEC 48, que também nos prejudica.”

A retirada da PEC 36 não é apenas uma vitória política, mas um símbolo de resistência e da força coletiva dos povos indígenas.

Fortalecimento coletivo

Maxwel Sebastião dos Santos, do povo Wapichana, da Comunidade Indígena Pium, ressalta o papel do acampamento como espaço de aprendizado e fortalecimento:

“Aqui trocamos experiências com indígenas de outras comunidades, fortalecendo nossa união e nossa luta. Cada história compartilhada nos inspira e nos dá mais força para continuar.”

Essa interação entre os povos enriquece o movimento e reforça a importância da articulação coletiva na defesa dos direitos indígenas e da preservação do meio ambiente.

O acampamento na Terra Indígena São Marcos é mais do que um protesto; é um grito por justiça e um chamado à sociedade para apoiar a causa indígena. A mobilização destaca que os direitos originários são inegociáveis e que a luta pela terra é também uma luta pela vida e pelo futuro do planeta.

Enquanto o Congresso insiste em projetos como a PEC 48, os povos indígenas seguem firmes, exigindo respeito à Constituição e ao meio ambiente. A resistência em São Marcos é um exemplo poderoso de que a união e a perseverança podem mudar o curso da história.

 FONTE/CRÉDITOS: Filipe Gustavo

A Resistência nas Terras Indígenas: Três Gerações, Uma Só Luta

Apesar das diferenças de idade, todos compartilham o mesmo espírito de luta e esperança.

Na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, pulsa uma luta que atravessa gerações. A defesa dos territórios, das culturas e dos direitos dos povos originários ganha vida nas vozes e histórias de líderes como Luzete Moreira Viriato, Tatiane Messias e Ilan Lima, representantes de três diferentes gerações, mas unidos pelo mesmo espírito de resistência e esperança.

Com 70 anos, Luzete Moreira Viriato, da Comunidade Wuarapata, é um símbolo de resistência. Seu testemunho, carregado de emoção e firmeza, reflete décadas de enfrentamento contra as ameaças à terra e à cultura indígena.

“Eu estou envelhecendo, lutando, chorando pela nossa terra, que é sagrada. Onde antes vivíamos livres, agora enfrentamos destruição. Não queremos que acabem com nossos rios, nossa água, nossa mata. Lutamos por nossos netos, para que possam viver livres, sem medo. Deus disse que a terra é sagrada, e rezamos para que os brancos entendam e respeitem isso. Nossa luta é pelo futuro.”

A adolescente Tatiane Messias, da Comunidade São Miguel da Cachoeira, representa a energia e a determinação da nova geração indígena. Em protestos recentes na BR-174, ela destaca a importância de barrar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 48, que ameaça os direitos territoriais indígenas.

“Estamos aqui na BR-174 lutando pelo nosso futuro e pelo dos nossos filhos. Se tirarem a PEC 48, seremos livres. Não desistiremos, porque o povo indígena nunca desiste.”

Com 18 anos, Ilan Lima, da Comunidade Maturuca, simboliza o papel crucial dos jovens na preservação do território e no combate às legislações que ameaçam a sustentabilidade ambiental.

“Nós seguimos firmes pela defesa da nossa Terra-Mãe. Lutamos contra leis que trazem destruição, como a PEC 48. Queremos preservar nossas terras, rios e o equilíbrio ambiental, para que as próximas gerações respirem o mesmo ar puro. Nossa luta é pelo presente e pelo futuro.”

Essas vozes são ecos de uma resistência que transcende as barreiras do tempo. São histórias de coragem e amor à terra, que inspiram não apenas os povos indígenas, mas todos os que acreditam na justiça e na sustentabilidade.

 FONTE/CRÉDITOS: Filipe Gustavo

São Silvério, o Papa mártir

Origens
Não há registros exatos sobre a data do nascimento de São Silvério. Nascido em Frosinone, Itália, era filho do Papa Hormisdas, que havia se casado antes de se tornar membro do alto clero.

O Pontificado
Silvério entrou para o serviço da Igreja, em abril de 536, após a morte do Papa Agapito. Foi eleito mesmo com o  descontentamento de muitos que não o queriam como Papa, pois, na época, ele era apenas um subdiácono, um ofício religioso considerado muito baixo para ter acesso ao trono de Pedro. Entretanto, o rei Teodato, com uma ameaça, impôs a sua eleição, restando ao clero aceitar apenas.

Uma ameaça
Uma das maiores opositoras de São Silvério foi Teodora, esposa do imperador oriental Justiniano, partidária dos Monofisistas (doutrina teológica desenvolvida entre o ano 400, pelo arquimandrita Eutíquio, que nega a natureza divina de Cristo). Teodora havia escolhido para sucessor de Agapito o seu pupilo Virgílio.

São Silvério: o Papa que sofreu com a separação da Igreja

A separação das Igrejas em Roma
A doutrina Monofisismo, condenada herética pelo Concílio de Calcedônia, em 451, conseguiu encontrar prosélitos por volta dos séculos V e VI, causando uma grande separação de Roma entre as Igrejas Copta, Armênia e Jacobita da Síria.

Reflexos do Conflito
No decorrer desse conflito, no ponto de vista político, complicava-se a situação na península italiana que, na época, era disputada entre Constantinopla e os invasores Godos. O pontificado de Silvério e toda a esfera religiosa pagavam todo o preço nessa disputa de poderes. O imperador Justiniano acabou por declarar guerra contra os Ostogodos, enviando seu melhor general, Belizário para o combate.

A Falsa Acusação
Neste contexto, Teodora ainda travava uma batalha contra Silvério, onde tentava abrandar suas posições em favor do Monofisismo. Entretanto, não tendo sucesso, tramou um complô contra Silvério; com uma carta falsa, afirmava que o Papa havia permitido a entrada dos Godos em Roma para libertá-los dos Bizantinos. Sem o direito de explicar-se, Silvério foi despojado de suas vestes papais e, vestido como monge, foi levado para Constantinopla. Sem ajuda, acabou sendo deportado para Patara, na Lícia. Em seu lugar, Virgílio tornou-se Papa, mas não foi hostil ao Monofisismo.

Da falsa acusação à vida eterna

Curto Pontificado
Eleito como o 58º Papa da Igreja de Roma, o pontificado de Silvério durou apenas um ano, por causa dessa grande guerra que perdurou por 18 anos.

A Prisão de São Silvério
O Bispo de Patara, disposto a inocentar Silvério, apresentou ao imperador provas irrefutáveis que provavam a inocência de Silvério, que obrigaram Justiniano a libertá-lo e mandá-lo de volta para Roma. Porém, Virgílio, para se defender, fez com que o general Belizário prendesse Silvério e o deportasse para a ilha das Pontinas, em Palmarola. 

Páscoa
Na tentativa de acabar com o cisma entre as Igrejas neste território, Silvério decidiu abdicar e, em aproximadamente um mês, em 2 de dezembro de 537, faleceu. Foi declarado o santo padroeiro de sua cidade, Frosinone, Itália.

Minha oração

“Aquele que soube seguir o Cristo e imitá-Lo em tudo, até mesmo no martírio, dai ao nosso Papa a mesma força e sabedoria. Dai também aos líderes aquela virtude que leva a doar-se inteiramente, sempre à frente de seu povo como modelo do rebanho e bom pastor. Amém.”

São Silvério, rogai por nós!

Outros santos e beatos celebrados em 2 de dezembro

  • Comemoração de Santo Habacuc, profeta.
  • Em Roma, Santa Bibiana, mártir, a quem o papa São Simplício dedicou uma igreja no Esquilino. († data inc.)
  • Em Roma, no cemitério de Ponciano, junto à Via Portuense, São Piménio, presbítero e mártir. († s. III/IV)
  • Em Aquileia, no Friúli, atual região da Itália, São Cromácio, bispo, verdadeiro artífice da paz. († c. 407)
  • No mosteiro de Groenendaal, na região de Bruxellas, na atual Bélgica, o Beato João Ruysbroeck, presbítero e cónego regrante. (†1381)
  • Em Múrcia, na Espanha, a Beata Maria Ângela Astorch, abadessa da Ordem das Clarissas. († 1665)
  • Em Logiewniki, localidade da Polônia, o Beato Rafael, presbítero da Ordem dos Frades Menores Conventuais. († 1741)
  • Em Manresa, cidade da província de Barcelona, na Espanha, os beatos Jaime Bertino e Leão Justino, religiosos da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs e mártires. († 1936)
  • Em Stanislaviv, hoje Ivano-Frankivsk, na Ucrânia, o Beato João Slezyuk, bispo e mártir. († 1973)

Desafios na Preparação Matrimonial foi tema da VI Assembleia da Pastoral Familiar Regional Norte1

A Pastoral Familiar do Regional Norte1 realizou de 29 de novembro a 1º de dezembro, na paróquia São Jorge de Manaus sua VI Assembleia Regional, com o tema: “Família Peregrina da Esperança“, e o lema: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” (1Cor. 15, 58).

Depois da acolhida e a missa de abertura, o bispo da diocese de Coari e referencial da Pastoral Familiar no Regional Norte1, refletiu sobre “O Matrimonio à luz da Sagrada Escritura”. Ao longo do encontro foi partilhado um vídeo sobre a participação do Regional no XVII Congresso Nacional da Pastoral Familiar, sendo apresentado posteriormente o balanço financeiro e sustentabilidade para evangelização da Pastoral Familiar no Regional.

Os participantes refletiram sobre “o Sacramento do Matrimônio e as Normativas Canônicas sobre o Processo de Nulidades”, com a assessoria de Pietro Bianco Epis, do Tribunal Eclesiástico de Manaus, tendo a oportunidade de perguntar e resolver dúvidas. Foi feita uma partilha sobre como as igrejas locais estão realizando a preparação para o Sacramento do Matrimônio, sendo abordado posteriormente o tema da “Preparação Matrimonial como Caminho de Esperança – Aplicação do Itinerário Vivencial de Acompanhamento Personalizado para o Sacramento do Matrimônio e Documento 68”, com a assessoria de Frei José Faustino, assessor da Pastoral Familiar no Regional Norte1. Posteriormente foram pensadas estratégias de como aplicar o itinerário em cada igreja local, em vista de avançar na Implantação do Itinerário Vivencial de Acompanhamento Personalizado para o Sacramento do Matrimônio nas igrejas locais e a formação de casais catequistas.

Foram realizados diversos informes visando a dinamização da Pastoral Familiar e o trabalho de integração (sinodalidade). Finalmente, a secretária executiva do Regional Norte1 repassou o que foi vivenciado na 51ª Assembleia Regional CNBB Norte1, e dom Marcos Piatek apresentou o “Documento Final do Sínodo dos Bispos Sobre a Sinodalidade”.

O casal coordenador da Pastoral Familiar Norte1, Antônio Ronildo Viana dos Santos e Rosenilda Azevedo Ferreira, destacaram que ao longo do encontro foi refletido a partir dos documentos da Igreja, do Papa Francisco, da CNBB, para ver como avançar nos trabalhos que estão sendo desenvolvidos na preparação matrimonial a partir do itinerário apresentado pela Pastoral Familiar Nacional. “Momentos importantes, reflexivos, participativos que nos desafiam a continuar firmes e animados na missão da Pastoral Familiar no nosso Regional Norte1”, destacou Ronildo. Ele destacou a vivencia sinodal no Regional Norte1 e o apoio que a Pastoral Familiar recebe da presidência, fazendo um chamado a voltar com alegria para as igrejas locais para continuar a missão.

Rosenilda destacou os passos dados como Pastoral Familiar no Regional e nas igrejas locais, “tem chegado às famílias a mensagem da Pastoral Familiar, aquilo que a Igreja nos encaminha, aquilo que o Papa Francisco nos interpela para ir até as famílias que estão fora da Igreja, em parceria com as demais pastorais, movimentos, serviços e organismos”, sublinhou.

No final da assembleia, dom Marcos Piatek destacou a importância da assembleia para a caminhada da Pastoral Familiar, assim como a temática e o material apresentado, um itinerário que está sendo implantado nas paróquias, “muito mais amplo, mais profundos e ele já começa a trazer frutos mais profundos e positivos na preparação do Matrimonio, uma decisão que deve abranger a vida toda, e que não pode se limitar a um ou outro encontro, exige mais tempo, mais seriedade, mas aprofundamento, e quem tem que ganhar é a própria família com tudo isso”.

Na Carta Final, que recolhe os passos dados ao longo a assembleia, se diz que “urge o apoio ainda maior dos senhores bispos, padres, diáconos, religiosos(as) e agentes de pastoral, à missão da Pastoral Familiar, quanto a preparação matrimonial, a partir do “Itinerário Vivencial Personalizado” em sintonia com Igreja do Brasil e do Regional Norte 1, e demais atividades, em organicidade e comunhão com nossos irmãos e irmãs dos Movimentos, Organismos, Serviços e Pastorais afins, que atuam na vivência familiar”, mostrando a disponibilidade “para apoiar, acompanhar, estreitar e partilhar nossas práticas pastorais, a partir da Pastoral Familiar”.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Formação na Diocese de Roraima para “desenvolver e pensar uma cultura do cuidado a partir dos espaços eclesiais”

O dia 29 de novembro aconteceu na diocese de Roraima o encontro com a Vida Religiosa Consagrada, os padres, as lideranças das diversas pastorais e as secretárias das paróquias. Foi trabalhado o Protocolo de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis, “um dia intenso de estudo, de reflexão e partilha, onde a gente pode socializar o documento, bem como encaminhar e desencadear todo um processo de formação na diocese de Roraima”, segundo a secretária executiva do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Ir. Rose Bertoldo, assessora do encontro.

Segundo a religiosa, “aquilo que nos pede o documento, que as igrejas locais, elas façam todo um processo de formação, tanto para dar a conhecer o documento, como também para iniciar um processo de prevenção, sensibilização, sobre o tema da proteção de crianças, adolescentes e adultos vulneráveis”. Se busca “desenvolver e pensar uma cultura do cuidado a partir dos espaços eclesiais”, destacou a religiosa, que considerou o encontro como “um momento de muito aprendizado e também de troca de experiências, onde a gente pode conhecer, aprofundar e se apropriar do documento de proteção que foi assumido pelo Regional Norte 1”.

No dia 30 de novembro, no Conselho de Pastoral da Diocese de Roraima, que reúne todos os representantes dos mais diversos grupos, pastorais e organismos, foi realizado o mesmo processo de estudo e aprofundamento, no objetivo de dar a conhecer, e também a partir de todo esse estudo, toda essa reflexão, ver os desdobramentos para cada grupo, cada pastoral, cada comunidade, se comprometer a continuar os estudos e assim desenvolver uma cultura do cuidado e da proteção de crianças, adolescentes e adultos vulneráveis em todos os espaços eclesiais da diocese, afirmou a religiosa.

Segundo o bispo diocesano, dom Evaristo Spengler, esse é “um tema muito caro ao Papa Francisco, e pede que todas as igrejas do mundo, todas as dioceses possam fazer um trabalho de formação, de conscientização e prevenção sobre a questão da proteção a crianças, adolescentes e adultos vulneráveis”. O bispo sublinhou que “todos os nossos padres, irmãs, agentes de pastoral, colaboradores, funcionários da diocese têm que saber que a Igreja tem um código, tem um decreto que fala sobre a proteção dos menores”.

Dom Evaristo considera muito importante “todos ter essa consciência de saber que Jesus diz vinde a mim as criancinhas”. É por isso que, segundo o bispo, “nós temos que de fato proteger para deixá-las crescer sempre em um ambiente de muita tranquilidade, de paz, para serem também adultos maduros e adultos que possam de fato viver de uma forma equilibrada”, sublinhando a necessidade de seguir o mestre e proteger as crianças e os vulneráveis.

O bispo diocesano lembrou que esse tema começou a ser trabalhado no episcopado de seu predecessor, dom Mário Antônio da Silva, e vem sendo um trabalho contínuo. Em 2024 já foi realizada uma formação com dom Hudson Ribeiro, e “agora com a irmã Rose pegamos dois grupos significativos em nossa diocese”, atingindo mais de 150 pessoas. Ele insistiu em que quer ser feito “um processo em cascata, que vai chegando em todas as paróquias, todas as pastorais, a todas as comunidades, para que o tema da proteção seja um tema que esteja na mente e no coração de todos aqueles que são membros e servem a Igreja de Roraima”.

Dom Evaristo Spengler disse que “esse tema continuará a ser trabalhado constantemente em nosso meio, porque sabemos que o ser humano tem que se vigiar a se mesmo e criar estruturas de proteção, formando aqueles que colaboram conosco e que fazem parte da nossa Igreja e de modo especial prevenir para que os fatos não aconteçam, e quando acontecer tratar de fato a pessoa que é doente, mas também proteger a vítima, que é aquela que é mais frágil nesse momento”. 

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Fotos: Lucas Rossetti, Rádio Monte Roraima