Dom Evaristo Spengler celebra 41 anos de ordenação presbiteral

Dom Evaristo Spengler celebra 41 anos de ordenação presbiteral

Ordenado em 19 de maio de 1984 na Paróquia São Pedro Apóstolo, em Gaspar (SC)

Dom Evaristo Spengler celebra 41 anos de ordenação presbiteral
Foto: Libia Lopes

Nesta segunda-feira (19), Dom Evaristo Pascoal Spengler comemora 41 anos de vida sacerdotal. Ordenado em 19 de maio de 1984 na Paróquia São Pedro Apóstolo, em Gaspar (SC), sua cidade natal, o bispo franciscano da Ordem dos Frades Menores iniciou uma trajetória marcante na Igreja Católica.

Dom Evaristo atuou como vigário em paróquias do Rio de Janeiro e da Diocese de Nova Iguaçu entre 1984 e 1996, além de cumprir missão em Angola de 2001 a 2010. Profissionalmente consagrado em 2 de agosto de 1982, assumiu em 2016 a Prelazia de Marajó (PA), onde se destacou por seu trabalho pastoral até ser nomeado, em 2023, o 10º bispo da Diocese de Roraima – que estava vacante desde a transferência de Dom Mário Antônio da Silva para Cuiabá (MT) em 2022.

Aos 62 anos, o catarinense preside a Comissão de Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB e é reconhecido por sua atuação sinodal e proximidade com as comunidades.

O Vigário Episcopal, Padre Celso Putkammer, deixou uma mensagem especial ao bispo:

“Hoje é o aniversário de ordenação presbiteral de Dom Evaristo, dia em que rezamos a Deus para que continue abençoando sua vida e seu ministério. Que ele permaneça sempre conosco nesta caminhada sinodal. Deus escolhe pessoas para conduzir o povo e presidir na unidade, e Dom Evaristo tem sido essa pessoa: sempre aberto ao Espírito, com um coração sinodal, nos ajudando a discernir os caminhos que devemos seguir. Que Nossa Senhora estenda sobre ele seu manto protetor, guardando seu ministério. Muito obrigado!”

Já o Frei Atílio Battituz, que acompanhou Dom Evaristo em sua jornada vocacional, destacou suas qualidades como pastor:

“Dom Evaristo é um homem muito próximo das pessoas, de fácil acesso, sem burocracia no trato. Sempre sorridente, acolhedor e disposto a incluir a todos. Ele não sabe ser padre, nem bispo, sem as comunidades. Para ele, a Igreja é uma rede de comunidades – sejam paróquias, áreas missionárias ou missões indígenas. A comunidade é a base de tudo. Quero lhe enviar não apenas um abraço, mas o desejo de que nunca lhe falte a força do Espírito Santo, a sabedoria que vem de Deus e o mesmo carinho que você tem por cada pessoa que encontra. Parabéns, paz e bem!”

 FONTE/CRÉDITOS: Da redação, Kayla Silva, Rádio Monte Roraima fm – sob supervisão Dennefer Costa

Unidade, Paz e Missão, os pedidos de Leão XIV na Missa de Início de Pontificado

Leão XIV, o Papa eleito na tarde de quinta-feira, 8 de maio de 2025, como sucessor de Pedro, iniciou seu pontificado. Ele o fez presidindo a Missa de Início de Pontificado, com a participação de boa parte do Colégio de Cardeais, um sinal de comunhão por parte daqueles que o elegeram como sucessor de Pedro e de Francisco. O rito concreto ocorreu entre o Evangelho e a homilia, quando o cardeal Zenari colocou sobre ele o Pálio e o cardeal Tagle colocou no dedo do Papa o Anel do Pescador. Junto com isso, o cardeal Ambongo, entre a entrega do palio e do anel, rezou para que Deus lhe concedesse a benção e reforçar o dom do Espírito.

Um construtor de pontes

Um Papa que, em virtude de estar imbuído de diversas culturas, supõe-se que tenha maior capacidade de construir pontes, uma necessidade em um mundo cada vez mais polarizado, dividido e conflituoso. Uma hora antes do início da missa, o Papa deixou o Palácio do Santo Ofício, onde está morando, para entrar pela primeira vez em um deslumbrante papamóvel branco.

Foi seu primeiro banho com a multidão, na Praça de São Pedro e na Via della Conziliazione, que aos poucos foi se enchendo de peregrinos de todo o mundo. Entre eles estavam os participantes do Jubileu das Confrarias, que neste sábado foram os protagonistas de um momento histórico com a procissão que aconteceu ao redor do Coliseu e do Circo Máximo.

Guardar o patrimônio da fé e olhar para longe

Na homilia, o Papa iniciou lembrando o início das Confissões de Santo Agostinho: “Fizeste-nos para Vós, [Senhor,] e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Vós”. Igualmente, ele lembrou de Papa Francisco, fazendo um relato dos acontecimentos vividos nas últimas semanas, definindo o Conclave como momento para eleger “o novo sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, um pastor capaz de guardar o rico património da fé cristã e, ao mesmo tempo, de olhar para longe, para ir ao encontro das interrogações, das inquietações e dos desafios de hoje”.

Leão XIV disse ter sido “escolhido sem qualquer mérito”, se oferecendo como “um irmão que deseja fazer-se servo da vossa fé e da vossa alegria, percorrendo convosco o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família”. Segundo ele, “amor e unidade: estas são as duas dimensões da missão que Jesus confiou a Pedro”. Diante disso, ele questionou: “Como pode Pedro levar adiante essa tarefa?”, respondendo que foi porque “ele experimentou na própria vida o amor infinito e incondicional de Deus, mesmo na hora do fracasso e da negação”.

Não se colocar acima dos outros

A chave é conhecer e experimentar o amor de Deus, “que nunca falha”. Ele refletiu sobre a tentação de no primado de Pedro “ser um líder solitário ou um chefe colocado acima dos outros, tornando-se dominador das pessoas que lhe foram confiadas”, dado que “todos nós, com efeito, somos ‘pedras vivas’ (1 Pe 2, 5), chamados pelo nosso Batismo a construir o edifício de Deus na comunhão fraterna, na harmonia do Espírito, na convivência das diversidades”. O Papa sublinhou uma Igreja fundamentada no Batismo, citando de novo Santo Agostinho: “A Igreja é constituída por todos aqueles que mantêm a concórdia com os irmãos e que amam o próximo”.

Leão XIV mostrou um desejo: “uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado”. Uma atitude necessária, dado que “no nosso tempo, ainda vemos demasiada discórdia, demasiadas feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma económico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres. E nós queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade”.

Um mundo de paz

Junto com isso, o Papa fez um chamado à unidade “para construirmos um mundo novo onde reine a paz”. Segundo ele, “este é o espírito missionário que nos deve animar, sem nos fecharmos no nosso pequeno grupo nem nos sentirmos superiores ao mundo; somos chamados a oferecer a todos o amor de Deus, para que se realize aquela unidade que não anula as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada um e a cultura social e religiosa de cada povo”.

Finalmente, ele disse que “esta é a hora do amor! A caridade de Deus, que faz de nós irmãos, é o coração do Evangelho”, fazendo, com Leão XIII, mais um chamado à paz. Nessa perspectiva, o Papa pediu que “com a luz e a força do Espírito Santo, construamos uma Igreja fundada no amor de Deus e sinal de unidade, uma Igreja missionária, que abre os braços ao mundo, que anuncia a Palavra, que se deixa inquietar pela história e que se torna fermento de concórdia para a humanidade. Juntos, como único povo, todos irmãos, caminhemos ao encontro de Deus e amemo-nos uns aos outros”.

Fonte/créditos: CNBB – Regional Norte 1 – Luis Miguel Modino

Paz, Justiça e Verdade: As palavras de Leão XIV aos embaixadores

A figura do Papa vai além da Igreja católica. Ele é visto, inclusive entre aqueles que não se dizem católicos, como uma referência moral para a humanidade. Sua voz é escutada frequentemente, também por aqueles que governam os países. Daí a importância da audiência que aconteceu na manhã desta sexta-feira, 16 de maio, onde o Papa Leão XIV recebeu o Corpo Diplomático diante da Santa Sé.

Missão da Igreja: estar ao serviço da humanidade

O Papa iniciou seu discurso agradecendo o trabalho dos diplomatas, e “as numerosas mensagens de felicitações que se seguiram à minha eleição, bem como as de condolências pelo falecimento do Papa Francisco”, que ele vê como “um significativo atestado de estima, que favorece o aprofundamento das relações mútuas”.

Segundo Leão XIV, “a diplomacia pontifícia é realmente expressão da própria catolicidade da Igreja e, na sua ação diplomática, a Santa Sé é animada por uma urgência pastoral que a impele a intensificar a sua missão evangélica ao serviço da humanidade, e não a procurar privilégios”. Uma atitude que motiva o “combate toda a indiferença e chama continuamente a consciência, como o fez incansavelmente o meu venerado Predecessor, sempre atento ao grito dos pobres, dos necessitados e dos marginalizados, bem como aos desafios que marcam o nosso tempo, desde a salvaguarda da criação até à inteligência artificial.

O Santo Padre definiu a presença dos diplomatas como um dom, que permite “alcançar e abraçar a todos os povos e a cada pessoa desta terra, desejosas e necessitadas de verdade, de justiça e de paz!”. Ele fez, desde sua experiência vital, um convite a “atravessar fronteiras para encontrar pessoas e culturas diferentes”. Para isso, o Papa quer “consolidar o conhecimento mútuo e o diálogo convosco e com os vossos países”.

Paz

Ele apresentou três palavras-chave para o diálogo mútuo. A primeira a paz, que é mais do que ausência de conflito ou uma simples trégua, definindo-a como “o primeiro dom de Cristo”. Nessa perspectiva, ele disse que é um dom ativo e envolvente, que se constrói no coração. Ele destacou a importância do diálogo interreligioso para promover contexto de paz, o que exige “o pleno respeito pela liberdade religiosa em todos os países”. Igualmente, deve ser fomentado o diálogo e o encontro, a a diplomacia multilateral e o desarmamento.

Justiça

Em segundo lugar, ele falou de justiça, denunciando “os numerosos desequilíbrios e injustiças que conduzem, entre outras coisas, a condições indignas de trabalho e a sociedades cada vez mais fragmentadas e conflituosas”, o que tem a ver com a escolha de seu nome, seguindo o exemplo de Leão XIII. O Papa chamou a remediar as desigualdades globais, a construir sociedades civis harmoniosas e pacíficas. Para isso, ele pediu investir na família, proteger “a dignidade de cada pessoa é protegida, especialmente a das mais frágeis e indefesas, do nascituro ao idoso, do doente ao desempregado, seja ele cidadão ou imigrante”, lembrando ser descendente de imigrantes.

Verdade

A terceira palavra que o Papa lembrou foi a verdade. Ele refletiu sobre a necessidade de palavras autêntica, e na Igreja, sobre uma linguagem franca. Uma verdade que na perspectiva cristã, “não é a afirmação de princípios abstratos e desencarnados, mas o encontro com a própria pessoa de Cristo, que vive na comunidade dos crentes. Assim, a verdade não nos aliena, mas permite-nos enfrentar com maior vigor os desafios do nosso tempo”.

Finalmente, o Papa lembrou que “o meu ministério começa no coração de um ano jubilar, dedicado de modo especial à esperança. É um tempo de conversão e de renovação e, sobretudo, uma oportunidade para deixar para trás os conflitos e iniciar um novo caminho, animado pela esperança de poder construir, trabalhando juntos, cada um segundo as suas sensibilidades e responsabilidades, um mundo em que todos possam realizar a sua humanidade na verdade, na justiça e na paz”.

Fotos: @Vatican Media

Fonte: Luis Miguel Modino – CNBB REGIONAL NORTE 1

 

Presidente da CNBB e do CELAM, cardeal Jaime Spengler, é recebido pelo Papa Leão XIV

O arcebispo de Porto Alegre (RS), presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), cardeal Jaime Spengler, foi recebido pelo Papa Leão XIV em audiência na tarde desta quinta-feira, 15 de maio. Também participaram da audiência o bispo auxiliar de Cuzco e secretário-geral do Celam, dom Lizardo Estrada e outro convidado.

Dom Jaime disse que tratou-se de um momento “muito bonito”. “Ele nos acolheu com um gesto muito simples: um aperto de mão e um sorriso”, disse o presidente da CNBB.

No encontro, foram discutidas questões relativas à vida do Celam e também sobre o processo de organização da Conferência da Organização das Nações Unidas pelo Clima, a COP30, especificamente o que os Conselhos e Conferências episcopais, o Celam e também a CNBB e a Igreja no Brasil têm feito no conjunto de articulações “Igreja Rumo à COP30”.

Dom Jaime definiu a audiência como um momento de intensa fraternidade com Leão XIV, ocasião não qual pôde conversar com o novo Papa temas da vida da Igreja no continente. “Somos agradecidos ao Papa Leão XIV por nos ter acolhido de forma tão singela, tão bonita e tão fraterna nesta tarde de quinta-feira”, afirmou.

Encontro do presidente da CNBB e do Celam, cardeal Jaime Spengler, com Leão XIV. | Fotos: serviço de fotográfico do VaticanMedia.

70 anos da criação do CELAM

Outros temas também estiveram em pauta, como o caminho de acolhida do documento final do Sínodo, cuja versão popular recentemente publicada foi entregue ao Papa, assim como materiais elaborados sobre a sinodalidade, incluindo a última edição da Revista Medellín e uma coleção de cadernos temáticos.

Um assunto discutido foi a Assembleia Geral Ordinária do CELAM, que será realizada de 27 a 30 de maio, no Rio de Janeiro, e que recordará os 70 anos da Primeira Conferência do Episcopado Latino-Americano e da criação do CELAM.

Foi apresentado ao Papa o documento “A Inteligência Artificial: uma mirada pastoral desde a América Latina e o Caribe”, fruto do grupo de trabalho constituído em resposta à solicitação dos participantes da última assembleia do CELAM, realizada em 2023.

Os representantes do CELAM expressaram  ao Papa Leão XIV seu agradecimento pela abertura e disponibilidade pastoral em receber tão prontamente seus representantes e por acolher com escuta fraterna as iniciativas e esperanças da Igreja que peregrina na América Latina e no Caribe.

Fonte: Por Willian Bonfim com informações do VaticanNews

 

Cardeal Prevost – Leão XIV: Combate aos abusos e avanço na proteção dos vulneráveis

Foto: Vatican News

Sobre a questão do abuso “há uma continuidade absoluta, embora com nuances, nos últimos quatro papas”, diz Jordi Bertomeu, Oficial do Dicastério para a Doutrina da Fé e Enviado Pessoal para Missões Especiais. Uma luta contra os abusos que o Cardeal Robert Prevost, agora Leão XIV, assumiu, sem sombra de dúvida. São inaceitáveis as tentativas de difamá-lo e colocar em dúvida sua integridade, originadas em círculos próximos ao Sodalicio de Vida Cristã, com a colaboração da mídia relacionada, que chegou ao ponto de entrar nas congregações gerais antes do Conclave e assediar o então Cardeal Prevost.

Medidas pastorais e não canônicas

De acordo com Bertomeu, na década de 1980, a Igreja na América do Norte percebeu que o direito penal canônico, embora consagrado no Código de Direito Canónico de 1983, não estava sendo aplicado. Desde o Concílio Vaticano II, optou-se por resolver problemas graves de indisciplina com medidas “pastorais”, distinguindo-as das “canônicas”. Na maioria das dioceses, havia uma falta de estrutura judicial e de pessoal treinado, algo que foi percebido pelo então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Ratzinger, a partir das visitas ad limina de bispos do mundo de língua inglesa e da Europa Central. Particularmente nos Estados Unidos, os bispos costumavam resolver os problemas causados por padres pedófilos fazendo acordos financeiros com as vítimas, mas logo perceberam que era quase impossível remover esses padres e diáconos do estado clerical.

imagem da internet

Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores e Vulneráveis

Após o pontificado de Bento XVI, veio um papa latino-americano. Francisco, assim que chegou, deu um passo adiante e criou a Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores e Pessoas Vulneráveis. Isso mostra que a Igreja leva o abuso a sério.

Um divisor de águas ocorreu em 2018, com a crise que eclodiu no Chile. Lá, o Papa descobriu que, além do abuso, havia em muitos lugares um problema de encobrimento por parte de alguns bispos. Francisco, depois de conhecer pessoalmente as três vítimas de Karadima, reagiu pessoalmente. Como admitiu mais tarde a um jornalista, ele havia se convertido. Ele enviou o bispo Scicluna e o bispo Bertomeu ao Chile para investigar. Mais tarde, eles seriam seus olhos e ouvidos em muitas outras missões especiais.

Em sua Carta ao Povo de Deus de 20 de agosto de 2018, Francisco colocou todos os abusos na Igreja no mesmo nível de compreensão: sejam eles sexuais, de poder ou de consciência. Depois, em fevereiro de 2019, ele também convocou os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo em Roma, talvez em uma tentativa de fazer com que toda a Igreja deixasse de ser “surda” aos abusos e reagisse imediatamente, tomando o partido das vítimas. Três temas foram abordados: transparência, responsabilidade e prestação de contas.

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Evitando que as alegações caiam em ouvidos moucos

A partir dessa cúpula, Francisco deixou clara a necessidade de uma lei para evitar, de uma vez por todas, que as denúncias caiam em ouvidos moucos. O Papa percebe que existe uma lei, mas ela não é aplicada porque as denúncias não chegam ao público. Assim, em junho de 2019, foi emitido o Motu Proprio “Vos Estis Lux Mundi”, que obriga todas as dioceses do mundo a ter um escritório para receber, investigar e lidar com denúncias. Junto com isso, a responsabilidade criminal é estabelecida no caso de negligência no recebimento de reclamações.

Da mesma forma, o Papa percebe que esse problema não pode ser deixado apenas para a hierarquia. De fato, ele percebe que todo tipo de abuso, seja de consciência, espiritual ou sexual, é fruto do clericalismo e do elitismo, daqueles que se consideram uma casta com privilégios que ninguém lhes concedeu. Uma nova fase está iniciando, na qual os abusos estão começando a ser confrontados de forma sinodal. A razão para essa nova dinâmica está no fato de que Francisco, nas palavras de Bertomeu, “percebe que a Igreja tem sido surda à realidade do abuso, que o abuso nada mais é do que o poder exercido de forma tóxica”.

Abuso sexual e abuso de poder

De acordo com Bertomeu, “há abuso sexual porque há abuso de poder e esse é sempre um exercício tóxico de poder que, na Igreja, deveria ser puro serviço”. Diante disso, ele ressalta a necessidade de “todo o povo de Deus entrar em uma dinâmica de repensar como o poder é exercido na Igreja”, algo que deve ser feito não de forma ideológica, mas teológica, ou seja, pensando em si mesmo como um povo de batizados que se põe a caminho, desinstalando-se de seus confortos, para olhar suas vidas à luz do Espírito Santo como um lugar de revelação de um Deus que está próximo a eles. Dessa forma, consegue entender que é “todo o povo de Deus que participa da tomada de decisões, porque todos são batizados, porque todos participam do mesmo Espírito, mesmo que haja uma parte do povo de Deus que tenha recebido um carisma especial para conduzi-lo”, enfatiza Bertomeu.

Ele não tem dúvidas de que, diante dos abusos na Igreja, Leão XIV dará continuidade ao que Francisco tem feito. Ele dá como exemplo o que aconteceu com o Sodalício, onde “o problema não é tanto o abuso sexual de menores, mas um abuso de poder e de consciência de adultos muito vulneráveis”. É por isso que, nos últimos anos, querendo combater todos os tipos de abuso, a Igreja “está entrando em uma nova dinâmica de maior e melhor tutela de todo o povo de Deus, mas especialmente dos mais vulneráveis”. Uma Igreja mãe e mestra, em vez de ser vista como uma organização criminosa, se levar a sério a gestão jurídica do abuso e sua prevenção, pode ser uma luz em um mundo onde há muito abuso. Mostrar que Deus, ao se encarnar, nos diz que “a chave para o poder é o amor, é o serviço, é a entrega radical aos outros: seu poder é o amor e, paradoxalmente, é quando você está mais vulnerável”.

Foto: Vatican Media

Falsas acusações do Sodalício

As falsas acusações contra Leon XIV de ter encoberto abusos na diocese de Chiclayo (Peru), foram promovidas pelo Sodalício a partir de maio de 2024. Essa poderosa instituição no Peru, com uma estrutura empresarial muito poderosa, redes e imunidade quase total, não ficou parada quando foi ameaçada pela “Missão Especial Scicluna-Bertomeu” que o Papa enviou ao Peru em julho de 2023. Após a denúncia dos jornalistas Salinas e Ugaz, envolvendo até mesmo o então arcebispo de Piura, José Antônio Eguren, ele os processou em 2018 e eles estavam quase prestes a ir para a cadeia. Isso não aconteceu devido ao apoio de quatro bispos peruanos, incluindo o bispo Prevost.

Em 10 de novembro de 2022, uma dessas jornalistas, Paola Ugaz, foi recebida em audiência por Francisco e explicou a ele o tipo de pressão que estavam recebendo do Sodalício. Isso levou o papa a enviar a “missão pessoal” especial mencionada acima ao Peru, composta por Scicluna e Bertomeu, para reunir evidências objetivas sobre o que os jornalistas estavam dizendo, para ouvir as vítimas com empatia. O fruto das informações coletadas foi o pedido de renúncia que o Prefeito dos Bispos, Cardeal Prevost, fez ao Bispo Eguren, com base em evidências objetivas. Um processo no qual o arcebispo de Piura foi ouvido e pôde se defender.

Acusações de um ex-agostiniano ao Cardeal Prevost

É curioso que, três semanas depois, um ex-agostiniano, Ricardo Coronado, sacerdote incardinado no Peru, na diocese de Cajamarca, mas que estava em Colorado Springs há mais de 20 anos, muito próximo do Sodalício de Denver (EUA) e com um processo canônico aberto contra ele perante o Dicastério do Clero por crimes contra o sexto mandamento, se oferece a algumas vítimas em Chiclayo que disseram que quando Dom Prevost era bispo ali, ele não investigou o caso delas e foi negligente, acusando o atual pontífice de ter encoberto casos de abuso. A estratégia de Coronado não era tanto promover um suplemento investigativo, mas divulgar na mídia que o cardeal Prevost havia acobertado, o que parecia ser uma simples vingança organizada pelo Sodalício. Não só isso: com essa difamação, eles estavam basicamente pressionando a Missão Especial a interromper sua investigação.

O cardeal Prevost seguiu em todos os momentos, como afirmou o atual bispo de Chiclayo, os protocolos do Vaticano: investigou, enviou a denúncia a Roma, incentivou as vítimas a apresentarem uma denúncia civil e ofereceu-lhes assistência psicológica. As vítimas levaram o caso à promotoria pública e o bispo Prevost, em acordo com Roma, decidiu esperar a conclusão da investigação civil.

Nesse sentido, Bertomeu afirma que “a investigação civil sempre tem mais chance de chegar à verdade porque tem os meios”. A queixa era contra um padre que tinha boa reputação na diocese e que não tinha registro criminal. O problema surgiu quando o caso foi encerrado pelo sistema de justiça civil, o que aconteceu uma semana antes de cardeal Prevost assumir seu novo cargo como Prefeito do Dicastério dos Bispos em Roma, em abril de 2023, embora ele soubesse da nomeação três meses antes.

Imagem da Internet

Supressão do Sodalício

As vítimas trouxeram tudo isso à tona novamente na mídia no final de 2023. Então, em maio de 2024, Ricardo Coronado se ofereceu para representá-las e atacou diretamente o Cardeal Prevost. O resto é história conhecida. De fato, as investigações realizadas pela “Missão Especial” levaram à supressão do Sodalício e, é claro, a todos os tipos de pressão contra o cardeal Prevost e o próprio Bertomeu.

“Basicamente, o que sempre me magoou nessa situação foi a instrumentalização das vítimas. Em nenhum momento Coronado ou os líderes do Sodalício que adotaram a estratégia de manchar o arquivo de cardeal Prevost pensaram nelas ou em defendê-las”, conclui Bertomeu. Em 8 de maio de 2025, quando o cardeal Prevost, atacado e vilipendiado até o último momento, apareceu na Loggia das Bênçãos como o novo Papa Leão XIV, Deus mais uma vez mostrou sua maneira irônica de lidar com a história.

Fonte/créditos: CNBB – Regional Norte 1 – Luis Miguel Modino

Seminário São José celebra 177 anos formando padres para a Amazônia

No dia 14 de maio, o Seminário Arquidiocesano São José celebrou, solenemente e com profundo espírito de gratidão, seus 177 anos de existência. A celebração eucarística foi presidida por Dom Hudson Ribeiro, bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus, e reuniu seminaristas, formadores e bispos convidados Dom Raimundo Vanthuy Neto, bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira e Dom Adolfo Zon Pereira, bispo da Diocese do Alto solimões. Todos unidos para render graças a Deus por quase dois séculos de história vocacional na Amazônia.

É significativo celebrar 177 anos de história

Para o reitor do Seminário São José, Pe. Pedro Cavalcante, este foi momento importante para celebrar e recordar a trajetória de formação de padres para a Amazônia. Segundo ele, “hoje afirmamos quanto é significativo celebrar os 177 anos da fundação do Seminário São José. É bom recordar e identificar quem foi que no início acreditou e abriu no coração da Amazônia essa bela aventura pelas vocações sacerdotais diocesanas autóctones . Foi com Dom José Morais Torres , bispo da imensa Diocese do Pará que no dia 14 de maio de 1848 , na antiga Barra do Rio Negro começa a história deste seminário. Ele dizia : ‘será destinado à instrução e educação da mocidade…’ Palavras que conotam a esperança em se ter agentes formados, mas sobretudo um clero próprio e preparado para esta realidade amazônica”.

Pe. Pedro pontuou que o seminário percorreu inúmeros desafios que não impediram as graças de Deus sobre a Igreja na Amazônia, formando padres que chegaram ao episcopado e hoje são bispos no Regional Norte 1, como Dom Hudson Ribeiro e Dom Zenildo Lima, que são bispos auxiliares de Manaus; e Dom José Albuquerque, que ée bispo de Parintins.

Desafios e avanços

“Ao longo desta história, o Seminário enfrentou diversos períodos marcados por dificuldades e desafios , avanços e retrocessos, alegrias e incertezas, chegando a fechar duas vezes suas portas. Fatos estes que não foram capazes de impedir a graça de Deus em realizar os seus desígnios suscitando novos tempos e novos epíscopos e reitores, os quais retomaram com entusiasmo e determinação a abertura do processo formativo a partir de lugar e sede própria […] Olhando essa História com a lente da fé, podemos testemunhar que, o Seminário São José, nossa Casa de Formação, se consolida, torna-se uma realidade fundamental para a Evangelização da Amazônia. Aqui nossas Igrejas locais depositam a confiança. Esperam ver seus jovens seminaristas crescerem, maturarem e contribuírem para que O Evangelho , a Boa Nova seja transmitida e anunciada a partir de uma práxis autêntica e viva no meio das comunidades eclesiais , fruto da experiência com o Cristo Bom Pastor, que nos torna seus discípulos configurados a Ele como o enviado do Pai”, enfatizou Pe. Pedro.

Também pediu aos atuais seminaristas, que se preparam para trilhar a vocação do sacerdócio, que compreendam a importância do seminário e contribuam com esta história de evangelização e pastoreio nas igrejas que estão na Amazônia.

“Cabe a esta geração, a vocês, peregrinos da Esperança, escrever as novas páginas da história deste Seminário. Espero que este conhecimento histórico não seja estranho às vossas vidas. Ao contrário, que todos os anos, por volta desta data a celebremos e a façamos memória dentro não de um eterno retorno, mas de uma crescente e dinâmica espiral cheia da força transformadora do Espírito, pois somos protagonistas dessa nova etapa do Seminário São José”. Seminarista Francisco Jr

Fonte: Luis Miguel Modino – Regional Norte 1

 

COP30 divulga carta na qual assume a Encíclica Laudato Si como uma bússola ética para a mobilização global da Conferência

O presidente designado da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, André Aranha Corrêa do Lago, divulgou no último dia 8 de maio, uma a carta na qual propõe uma nova fase de mobilização global definido na publicação como “momento de passar da visão para a ação, conclamando a comunidade internacional a mobilizar-se diante da urgência climática”.

No documento, o presidente da organização da COP30 assume a Encíclica Laudato Si’, publicada pelo Papa Francisco, em 24 de maio de 2015, que trata sobre o conceito de ecologia integral e sobre o cuidado com a Casa Comum, como uma bússola ética e um guia pragmático para essa mobilização global.

A Articulação Igreja Rumo à COP30, composta por diversas organizações da Igreja Católica e do campo ecumênico, entre as quais a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, manifestou o seu entusiasmo e desejo de colaborar com esta nova fase de mobilização global a partir das reflexões e apontamentos que nascerão a partir do Círculo do Balanço Ético Global.

Sobre este reconhecimento, o bispo auxiliar de Belém (PA) e articulador local do Projeto Igreja Rumo à COP30, dom Paolo Andreolli (em pé na foto) disse que a fé impulsiona os católicos e cristãos ao cuidado da Casa Comum com compaixão e coragem. “É tempo de união, de compromisso ativo com a justiça climática e com os mais vulneráveis”, afirmou.

Dom Paolo no lançamento do E-book COP30 nas escolas em Belém (PA). | Fotos: ASCOM regional Norte 2 CNBB.

Círculos de liderança

Esse período de mobilização global se dará através de Círculos de Liderança: o “Círculo dos Presidentes das COP”, o “Círculo dos Povos”,  o “Círculo de Ministros da Fazenda” e o “Círculo do Balanço Ético Global”.

A Laudato Si’ foi assumida pela organização da COP30 como documento referencial para as discussões no âmbito do “Círculo do Balanço Ético Global” que tem por missão elevar a consciência global por meio de diálogos inclusivos em diversas regiões, reunindo líderes políticos, intelectuais, acadêmicos, culturais e religiosos, além de vozes de todos os setores da sociedade.

“O apelo da carta da Presidência da COP30 é claro: precisamos transformar esperança em ação concreta. E é isso que a Igreja tem buscado mobilizar, incentivar, impulsionar. Todos podem contribuir, ao seu modo e desde o seu território, com uma resposta efetivamente à altura da complexidade do que vivemos”, concluiu Eduardo Nischespois, do Movimento Laudato Si’ e  membro da coordenação da Articulação Igreja rumo à COP30.

Pré-COP Norte realizada em Belém de 25 a 26 de março. | Foto: Ascom regional Norte 2.

Acesse a íntegra do documento:

Carta do presidente designado da COP30, 8 de maio

Fonte: Por Willian Bonfim

 

 

A Diocese de Roraima divulga programação da Solenidade de Pentecostes

A Diocese de Roraima divulga programação da Solenidade de Pentecostes

A Diocese de Roraima divulga programação da Solenidade de PentecostesFoto: Lucas Rossetti – Rádio Monte Roraima fm

A Diocese de Roraima anunciou nesta segunda-feira (12), a programação da Solenidade de Pentecostes, que tem como tema — “recebereis o poder do espírito santo” (atos 1, 8).  Celebrada sempre 50 dias após a páscoa e uma semana após a Ascensão do Senhor Jesus aos céus.

A festa de Pentecostes acontecerá no dia 08 de junho, no forródromo do Parque Anauá, localizado na Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, no Bairro dos Estados. A programação tem início às 16h com confissões, seguida da celebração eucarística às 17h.  

Para a igreja, a Solenidade de pentecostes é a festa que marca a descida do espírito santo sobre os apóstolos que estavam reunidos no cenáculo, em Jerusalém. “Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2, 1-4).

“Desde agora, deixamos o convite para todos se prepararem, reservarem na sua agenda, para fazermos a grande festa da unidade cristã. O dia em que Jesus envia o Espírito Santo aos apóstolos, e, dali, saem a pregar o Evangelho a todo mundo” diz Padre Luis Botten, Reitor do Santuário de Aparecida.

Esse ano a diocese propõe um gesto concreto de solidariedade: a doação de alimentos não perecíveis, que serão destinados a famílias em situação de vulnerabilidade social. A iniciativa reforça o compromisso da igreja com a caridade e com os mais vulneráveis.

Haverá vendas de camisas no valor R$ 30,00 que podem ser adquiridas através do link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdLQ950odHRHSUpwRBr1Hwi-3JtR8seTed_ZH_bc24MSkcHNg/viewform?usp=header
Telefone para mais informações: (95) 99119-5990 / (95) 99971-6052

 FONTE: Da redação, Kayla Silva, Rádio Monte Roraima fm – sob supervisão Dennefer Costa

 

Fiéis provenientes inclusive do Brasil estiveram presentes na audiência na Sala Paulo VI

Leão XIV: com o coração na mão, peço para dialogarmos pela paz

Em audiência com cerca de 5 mil pessoas na Sala Paulo VI, o Pontífice fez um discurso por ocasião do Jubileu das Igrejas Orientais que termina nesta quarta-feira (14/05). Leão XVI alertou para o risco de se perder o patrimônio dos cristãos orientais devido à diáspora “por causa da guerra e perseguições, da instabilidade e da pobreza” e fez mais um apelo pelo silêncio das armas: “os povos querem a paz, e eu, com o coração na mão, digo aos líderes das nações: encontremo-nos, dialoguemos, negociemo

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Andressa Collet – Vatican News

O Papa Leão XIV, há quase uma semana da sua eleição como Sucessor de Pedro, encontrou os 5 mil participantes do Jubileu das Igrejas Orientais na Sala Paulo VI, no Vaticano. A audiência nesta quarta-feira (14/05) marcou o dia de encerramento de mais um jubileu temático, o de número 13 deste Ano Santo da esperança, que desde terça-feira (12/05) reuniu fiéis e representantes das Igrejas Orientais Católicas, patriarcas e metropolitas de mais de 10 países, inclusive do Brasil, presentes na audiência com bandeiras do país. Durante dois dias, os participantes celebraram a Divina Liturgia em diferentes ritos, como aquele etíope, armeno, copto e sírio-oriental. Durante a tarde desta quarta-feira (14/05), os peregrinos concluem o jubileu com aquela em rito bizantino na Basílica de São Pedro.

Fiéis provenientes inclusive do Brasil estiveram presentes na audiência na Sala Paulo VI

Fiéis provenientes inclusive do Brasil estiveram presentes na audiência na Sala Paulo VI   (@VATICAN MEDIA)

E uma das primeiras audiências do Pontificado, Leão XIV acolheu os fiéis orientais com uma saudação que o “Oriente cristão repete incasavelmente neste tempo pascal” de fé e esperança sobre a Ressureição de Jesus – “o fundamento indestrutível”: “Cristo ressuscitou. Ressuscitou verdadeiramente!”. O Papa direcionou o olhar, assim, aos “irmãos e irmãs do Oriente, onde nasceu Jesus”, descrevendo-os como “preciosos” pela diversidade de proveniência, história e sofrimentos. 

O perigo de se perder o patrimônio das Igrejas Orientais

“São Igrejas que devem ser amadas”, citando o Papa Francisco, pelos “tesouros inestimáveis”, pela “vida cristã, sinolidade e liturgia”; com “um papel único e privilegiado”, como escreveu também João Paulo II. Já Leão XIII, recordou ainda o Papa, “foi o primeiro a dedicar um documento específico à dignidade das Igrejas” Orientais pela “legítima diversidade da liturgia e da disciplina orientais”. Na Carta Orientalium Dignitas (30 de novembro de 1894), Leão XIII também demonstrou uma preocupação que ainda é atual, pelo fato de muitos fiéis orientados serem “forçados a fugir dos seus território de origem por causa da guerra e perseguições, da instabilidade e pobreza”, correndo o risco de, “ao chegarem no Ocidente, de perder, além da pátria, também a própria identidade religiosa. E, assim, com o passar das gerações, se perde o inestimável patrimônio das Igrejas Orientais”.

Junto a Leão XIII, o Papa se uniu em um apelo  aos “cristãos — orientais e latinos — que, especialmente no Oriente Médio, perseverem e resistam nas suas terras, mais fortes do que a tentação de abandoná-las. Aos cristãos é preciso dar a oportunidade, não apenas com palavras, de permanecer nas suas terras com todos os direitos necessários para uma existência segura. Peço a vocês que se empenhem para isso!”. Uma preservação dos ritos orientais que deve ser promovida “sobretudo na diáspora”, disse o Pontífice. Um pedido dirigido inclusive ao Dicastério para as Igrejas Orientais: “de me ajudar a definir princípios, normas e diretrizes por meio dos quais os Pastores latinos possam apoiar concretamente os católicos orientais da diáspora a preservar as suas tradições vivas e a enriquecer com a sua singularidade o contexto em que vivem”.

“A Igreja precisa de vocês. Quão grande é a contribuição que o Oriente cristão pode nos dar hoje! Como temos necessidade de recuperar o sentido do mistério, tão vivo nas liturgias de vocês, que envolvem a pessoa humana na sua totalidade, cantam a beleza da salvação e inspiram o estupor pela grandeza divina que abraça a pequenez humana!”

Leão XIV enalteceu sobre a preservação dos ritos orientais que deve ser promovida "sobretudo na diáspora"

Leão XIV enalteceu sobre a preservação dos ritos orientais que deve ser promovida “sobretudo na diáspora”   (@VATICAN MEDIA)

Leão XIV e Santa Sé juntos para promover a paz 

O discurso de Leão XIV, então, se dirigiu fortemente por mais um apelo pela paz: “não tanto aquele do Papa, mas o de Cristo, que repete: ‘a paz esteja convosco'”. Uma paz tão necessária “da Terra Santa à Ucrânia, do Líbano à Síria, do Oriente Médio ao Tigré e ao Cáucaso, quanta violência!”, lamentou o Papa, que também convidou a rezar “por essa paz, que é reconciliação, perdão, coragem para virar a página e recomeçar”. A Igreja, insistiu o Pontífice, “não se cansará de repetir: silenciem as armas”:

“Farei todo o possível para que essa paz se difunda. A Santa Sé está à disposição para que os inimigos se encontrem e se olhem nos olhos, para que os povos redescubram a esperança e a dignidade que merecem, a dignidade da paz. Os povos querem a paz, e eu, com o coração na mão, digo aos líderes das nações: encontremo-nos, dialoguemos, negociemos! A guerra nunca é inevitável, as armas podem e devem silenciar, pois não resolvem os problemas, mas os aumentam; porque entrará para a história quem semeará paz, não quem que criará vítimas; porque os outros não são, antes de tudo, inimigos, mas seres humanos: não vilões a serem odiados, mas pessoas com quem falar.”

Papa Leão XIV continua presença pontifícia em Instagram e X

O Papa Leão XIV, que já tinha uma conta no X como cardeal Robert Prevost, optou por manter uma presença ativa nas redes sociais por meio das contas papais oficiais no X e no Instagram.

X e Instagram

Ele continuará a partir deste 13 de maio com as contas @Pontifex usadas no X por Bento XVI e Francisco. São publicadas em nove idiomas (inglês, espanhol, português italiano, francês, alemão, polonês, árabe e latim), atingindo um total de 52 milhões de seguidores.

O conteúdo publicado pelo Papa Francisco, segundo informou o Dicastério para a Comunicação da Santa Sé. será arquivado em breve em uma seção especial do site institucional da Santa Sé, o vatican.va. No Instagram, a conta se chama @Pontifex – Pope Leo XIV, a única conta oficial do Santo Padre na plataforma, em continuidade à conta @Franciscus do Papa Francisco.

Uma dinâmica iniciada em 2012

O conteúdo publicado na conta @Franciscus permanecerá acessível como arquivo “Ad Memoriam”. A presença dos Papas nas redes sociais iniciou com o Papa Bento XVI, em 12 de dezembro de 2012. Nessa data foi lançada no Twitter a conta @Pontifex, sendo herdada poucos meses depois pelo Papa Francisco. O início da conta no Instagram, com o nome @Franciscus, foi em 19 de março de 2016.

Ao longo de seu pontificado foram publicadas 50 mil postagens nas nove contas de X e na conta do Instagram. Acostumavam ser mensagens curtas evangelizadoras ou exortações em favor da paz, da justiça social e do cuidado com a criação, alcançando grande interação, especialmente em tempos difíceis, especialmente em 202, ano do início da pandemia, em que as mensagens tiveram um alcance de 27 bilhões.

Luis Miguel Modino