Bispo da Igreja Católica realiza agenda com os ministérios da Pesca e Aquicultura e da Justiça para dialogar sobre as situações dos povos amazônidas

Dom Evaristo Pascoal Spengler, Bispo de Roraima, realizou dois encontros nos Ministérios da Pesca e Aquicultura e da Justiça na tarde desta segunda-feira (20)

O primeiro encontro ocorreu com o Secretário Nacional da Pesca, Cristiano Wellington Noberto Ramalho, para dialogar sobre os impactos da seca na Amazônia, sustentabilidade dos pescadores, acordos de pesca e o benefício dos pescadores.  

Na ocasião, Dom Evaristo ressaltou a atuação e missão da Rede, que está a serviço da vida e dos povos na Amazônia. Ele explicou que a Rede tem acompanhado com muita preocupação a seca na região e as diversas violações de direitos humanos e socioambientais que os povos amazônidas vêm sofrendo.  

O bispo destacou também a necessidade de ações emergenciais junto aos ribeirinhos, pescadores e comunidades para facilitar o acesso ao seguro dos pescadores. Além disso, enfatizou a importância de maior presença do Ministério na região amazônica.  

Cristiano Ramalho, secretário da pasta, agradeceu o encontro e falou sobre o momento importante da parceria, destacando o papel significativo da Igreja na formação social e política de muitas lideranças de movimentos populares, sociais e políticos ao longo da história. “A gente fala do nosso respeito aqui do Ministério dessa tradição do compromisso que a Igreja Católica sempre teve, e do papa Francisco que é essa grande referência para a Humanidade, com pautas inclusive de reparação histórica, com as causas libertadoras”, destacou Ramalho.  

Ao final da reunião, o secretário do Ministério propôs uma metodologia de diálogo com a pauta levada por Dom Evaristo e os outros representantes da Igreja, não apenas para responder às demandas, mas para discutir juntos os pontos apresentados na reunião.  

O objetivo da mobilização é articular soluções para a realidade da seca que assola milhões de pessoas no bioma amazônico, mas uma reflexão que seja também propositiva, que oriente a efetivação de políticas públicas nos estados e pelo Governo Federal.  

Também estiveram presentes no encontro, Cristiane Braz, consultora jurídica da pasta, Helen Moya, engenheira ambiental do Ministério e Jocemar Tomasino Mendonça, diretor do departamento de territórios pesqueiros e ordenamento. Pela REPAM-Brasil, participaram a Irmã Maria Irene Lopes, Secretária Executiva da REPAM-Brasil e Melillo Dinis, assessor jurídico e de incidência política da Rede. 

Diálogo sobre os defensores de Direitos Humanos na Amazônia 

No final da tarde de segunda-feira (20), o bispo foi recebido por Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, a pauta da reunião abordou diversas instâncias da situação dos defensores e defensoras de Direitos Humanos na Amazônia e políticas de proteção para territórios ameaçados. 

A comitiva da REPAM entregou ao ministro Flávio Dino um dossiê com toda a escuta nos nove estados do Brasil. “Apresentamos ao ministro Dino os problemas dos povos indígenas, dos povos ribeirinhos sobre a situação da Amazônia na questão ambiental, sobre a migração e reivindicações de direitos dos amazônidas e tivemos uma recepção bastante calorosa da parte dele, inclusive se comprometeu em responder pontualmente cada uma das demandas: do tráfico humano, violência sexual, demarcação da terra indígena. O diálogo foi aberto, para nós foi muito importante essa acolhida e também percebi que tem uma seriedade na busca de soluções”, destaca Dom Evaristo, presidente da REPAM-Brasil. 

“O Ministério da Justiça é apenas uma parte imediata, depois se exige as políticas públicas de continuidade e é por isso que nós também vamos percorrer outros Ministérios outras instâncias aqui em Brasília para que esse mosaico possa ser contemplado e que cada um possa assumir aquilo que lhe compete”, afirma.  

O bispo destaca ainda a gravidade da situação de violação de direitos da Amazônia e dos povos indígenas e comunidades tradicionais, que são os guardiões dessa biodiversidade com seus modos próprios de vida. “É necessário que haja incentivo para estas comunidades e povos para que possa se desenvolver de proteger o seus territórios sendo eles protagonistas e tendo autonomia em seus territórios para isso é preciso políticas de proteção, fiscalização e de sustentabilidade eu espero que o espaço possa ter auxiliado a refletir a grave crise socioambiental o que vivemos e nível planetário e de compromissos sérios em prol da Amazônia e dos povos amazônicos repensarem os modelo econômico que produz a destruição do meio ambiente e o extermínio dos povos originários”.  

Programação  

A agenda de diálogos segue até a sexta-feira, 24 de novembro, com encontros e reuniões entre os bispos da Amazônia e a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, e representantes de outros ministérios, como Povos Indígenas, Direitos Humanos, Assistência Social e Combate à Fome e Minas e Energia.  

A PASTORAL FAMILIAR ENCERROU ENCONTROS PREPARATÓRIOS PARA O SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO

Quinze casais, decididos a unir suas vidas nas paróquias de nossa diocese.

No dia 18 de novembro, às 17:00, na sala de reuniões da prelazia, celebramos o encerramento dos oito encontros preparatórios para o Sacramento do Matrimônio. Quinze casais, decididos a unir suas vidas nas paróquias de nossa diocese, receberão a certificação conquistada ao longo deste inspirador itinerário.

Durante esses encontros, acompanhamos de perto esses casais, desenvolvendo um roteiro de itinerário vivencial de acompanhamento personalizado para o Sacramento do Matrimônio. Esse roteiro não apenas orienta os casais, mas também enriquece a igreja, ajudando-a a encontrar nos diálogos familiares a essência da base da sociedade: a família.

Aprendemos valiosas lições com esses casais, reforçando a importância da família como igreja doméstica. O processo de formação dos futuros casais é vital para que a igreja e a sociedade possam compreender e apoiar a família como alicerce da comunidade.

No emocionante encontro de encerramento, o Padre Jefferson liderará discussões sobre as principais pastorais, serviços e movimentos da nossa diocese. Além disso, abordará o engajamento pastoral desses casais, proporcionando um processo formativo embasado na sagrada escritura e na doutrina da igreja católica sobre o casamento.

Acreditamos que esses casais contribuirão significativamente para nossa jornada, assim como nós, enquanto igreja, desejamos fortalecer nossa relação com eles. Os casais interessados em participar da formação para noivos em 2024, é só procurar a secretaria da diocese de Roraima

Fim de Semana de Formações na Diocese de Roraima destaca compromisso com migrantes e pessoas idosas

Encontros promovidos pela Pastoral dos Migrantes e Pastoral da Pessoa Idosa reforçam valores sinodais e promovem dignidade na terceira idade

Durante o último fim de semana, a Diocese de Roraima foi palco de intensas atividades de formação, promovendo o encontro de duas pastorais comprometidas com a promoção de valores fundamentais: a Pastoral dos Migrantes e a Pastoral da Pessoa Idosa.

Na sede da Casa da Caridade Papa Francisco e no Auditório da Rádio Monte Roraima FM, as atividades transcorreram entre os dias 17 e 19 de novembro, reunindo membros das duas pastorais e representantes de diversas paróquias da região. O evento contou com a participação de Dom Evaristo Splenger, Bispo de Roraima, que prestigiou ambos encontros.

Pastoral dos Migrantes: Reflexão Sinodal e Planejamento para o Futuro

A Pastoral dos Migrantes realizou seu III Encontro de Formação Diocesano, focando no tema “Migrantes: Lugar teológico em perspectiva sinodal”. Entre os dias 17 e 18, os participantes tiveram a oportunidade de aprofundar a espiritualidade da ação missionária, seguindo a perspectiva sinodal da igreja. A palestrante principal, Irmã Maria do Carmo dos Santos, conduziu discussões valiosas sobre a temática, enquanto os presentes traçaram um planejamento para o ano de 2024.

O encontro reuniu não apenas membros da Pastoral dos Migrantes, mas também padres de diversas paróquias, agentes pastorais dos diferentes serviços da sede e dos municípios do interior de Roraima. A presença de Dom Evaristo Splenger acrescentou um significado especial ao evento.

Pastoral da Pessoa Idosa: Valorização e Dignidade na Terceira Idade

Simultaneamente, a Pastoral da Pessoa Idosa promoveu um Encontro de Formação nos dias 18 e 19, focando na Coordenação regional norte 1. Líderes e coordenadores da PPI reuniram-se para discutir missões, receber formação e informações sobre o Sistema de Informação da Pastoral da Pessoa Idosa (SIGPPI) e o aplicativo PPI Mobile.

O aplicativo, desenvolvido com o objetivo de auxiliar o acompanhamento digital da pessoa idosa, representa um esforço voluntário dos líderes formados pela Pastoral da Pessoa Idosa. O encontro visou fortalecer o compromisso da pastoral em assegurar a dignidade e a valorização integral das pessoas idosas, promovendo a promoção humana e espiritual, respeitando seus direitos.

A Pastoral da Pessoa Idosa, que opera sem distinção de raça, cor, profissão, nacionalidade, sexo, credo religioso ou político, tem como missão proporcionar um processo educativo de formação continuada para as pessoas idosas, suas famílias e comunidades. O intuito é que, respeitosamente, famílias e comunidades possam conviver com as pessoas idosas como protagonistas de sua auto-realização.

O fim de semana de formações na Diocese de Roraima não apenas fortaleceu os laços comunitários, mas também reforçou o compromisso dessas pastorais em construir uma sociedade mais justa e solidária, onde migrantes e pessoas idosas sejam reconhecidos e valorizados em sua plenitude.

Celebração e Gratidão: Catedral Cristo Redentor Inicia Festa de Cristo Rei e Comemora 51 Anos

Momento litúrgico marca o encerramento do ano litúrgico e celebra o legado de fé da Catedral na capital de Roraima

A cidade de Boa Vista se prepara para uma semana de celebrações especiais, pois a imponente Igreja Catedral Cristo Redentor dará início à tão aguardada Festa de Cristo Rei na próxima segunda-feira, 20 de novembro. O evento, que coincide com os 51 anos da presença da igreja na capital de Roraima, promete ser um momento de reflexão, devoção e agradecimento.

Tradição e Devoção na Festa de Cristo Rei

A Festa de Cristo Rei, que é celebrada anualmente pela Igreja Católica, marca o encerramento do ano litúrgico e precede o período do Advento e Natal. Este momento litúrgico, instituído pelo Concílio Vaticano II, serve como uma lembrança anual da soberania de Jesus como Rei do Universo. A Catedral Cristo Redentor, como Diocese de Roraima, escolheu esse período não apenas para celebrar a fé, mas também para agradecer pelos 51 anos de construção e acolhida à comunidade católica na capital.

Programação Variada para Todos os Fiéis

A festividade contará com uma programação diversificada, incluindo apresentações da banda e coral do renomado Instituto Boa Vista de Música (IBVM), conhecido por sua contribuição para a expressão artística e cultural na região. Além disso, momentos de espiritualidade serão proporcionados através da reza do terço e noites de oração, proporcionando aos fiéis a oportunidade de se conectarem mais profundamente com sua fé. Confere a Programação:

O ponto culminante da celebração será a missa no último domingo do mês, dia 26 de novembro com Missa as 9h30 e 19h30, que não apenas encerrará as festividades, mas também reunirá a comunidade para expressar sua gratidão e devoção ao Cristo Rei.

Uma Jornada de Fé e Gratidão

Ao longo desses 51 anos, a Catedral Cristo Redentor tem sido não apenas um marco arquitetônico, mas um centro de espiritualidade e união para os católicos de Boa Vista. A Festa de Cristo Rei e o aniversário da igreja são oportunidades únicas para a comunidade expressar sua gratidão pela jornada de fé, esperança e amor que têm vivenciado sob a égide do padroeiro, Cristo Rei.

Que a semana de celebrações seja repleta de bênçãos e que a Catedral Cristo Redentor continue a ser um farol de luz espiritual na vida da comunidade católica de Boa Vista.

Mensagem do Papa Francisco para o VII Dia Mundial dos Pobres

“Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7)

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O VII DIA MUNDIAL DOS POBRES

XXXIII Domingo do Tempo Comum
19 de novembro de 2023

«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7)

1. O Dia Mundial dos Pobres, sinal fecundo da misericórdia do Pai, vem pela sétima vez alentar o caminho das nossas comunidades. Trata-se duma ocorrência que se está a radicar progressivamente na pastoral da Igreja, fazendo-a descobrir cada vez mais o conteúdo central do Evangelho. Empenhamo-nos todos os dias no acolhimento dos pobres, mas não basta; a pobreza permeia as nossas cidades como um rio que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade ergue-se cada vez mais forte. Por isso, no domingo que antecede a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, reunimo-nos ao redor da sua Mesa para voltar a receber d’Ele o dom e o compromisso de viver a pobreza e servir os pobres.

Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7). Esta recomendação ajuda-nos a compreender a essência do nosso testemunho. Deter-se no Livro de Tobite, um texto pouco conhecido do Antigo Testamento, eloquente e cheio de sabedoria, permitir-nos-á penetrar melhor no conteúdo que o autor sagrado deseja transmitir. Abre-se diante de nós uma cena de vida familiar: um pai, Tobite, despede-se do filho, Tobias, que está prestes a iniciar uma longa viagem.
O velho Tobite teme não voltar a ver o filho e, por isso, deixa-lhe o seu “testamento espiritual”. Foi deportado para Nínive e agora está cego; é, por conseguinte, duplamente pobre, mas sempre viveu com a certeza que o próprio nome exprime: “O Senhor foi o meu bem”. Este homem que sempre confiou no Senhor, deseja, como um bom pai, deixar ao filho não tanto bens materiais, mas sobretudo o testemunho do caminho que há de seguir na vida. Por isso diz-lhe: “Lembra-te sempre, filho, do Senhor, nosso Deus, em todos os teus dias, evita o pecado e observa os seus mandamentos. Pratica a justiça em todos os dias da tua vida e não andes pelos caminhos da injustiça” (Tb 4, 5).

2. Como salta à vista, a recordação, que o velho Tobite pede ao filho para guardar, não se reduz simplesmente a um ato da memória nem a uma oração dirigida a Deus. Faz referência a gestos concretos, que consistem em praticar boas obras e viver com justiça. E a exortação torna-se ainda mais específica: “Dá esmolas, conforme as tuas posses. Nunca afastes de algum pobre o teu olhar, e nunca se afastará de ti o olhar de Deus” (Tb 4, 7).

Muito surpreendem as palavras deste velho sábio. Não esqueçamos, de facto, que Tobite perdeu a vista precisamente depois de ter praticado um ato de misericórdia. Como ele próprio conta, desde a juventude que se dedicou a obras de caridade, “dando muitas esmolas aos meus irmãos, os da minha nação que comigo tinham sido levados cativos para a terra dos assírios, em Nínive (…), fornecendo pão aos esfomeados e vestindo os nus e, se encontrava morto alguém da minha linhagem, atirado para junto dos muros de Nínive, dava-lhe sepultura” (Tb 1, 3.17).

Por causa deste seu testemunho de caridade, viu-se privado de todos os seus bens pelo rei, ficando na pobreza completa. Mas, o Senhor precisava ainda dele! Foi-lhe devolvido o seu lugar de administrador e ele não teve medo de continuar o seu estilo de vida. Ouçamos a sua história, que hoje nos fala também a nós: «Pela festa do Pentecostes, que é a nossa festa das Semanas, mandei preparar um bom almoço e reclinei-me para comer. Mas, ao ver a mesa coberta com tantas comidas finas, disse a Tobias: “Filho, vai procurar, entre os nossos irmãos cativos em Nínive, um pobre que seja de coração fiel, e trá-lo para que participe da nossa refeição. Eu espero por ti, meu filho” (Tb 2, 1-2). Como seria significativo se, no Dia dos Pobres, esta preocupação de Tobite fosse também a nossa! Ou seja, convidar para partilhar o almoço
dominical, depois de ter partilhado a Mesa Eucarística. A Eucaristia celebrada tornar-se-ia realmente critério de comunhão. Aliás, se ao redor do altar do Senhor temos consciência de sermos todos irmãos e irmãs, quanto mais visível se tornaria esta fraternidade, compartilhando a refeição festiva com quem carece do necessário!

Tobias fez como o pai lhe dissera, mas voltou com a notícia de que um pobre fora morto e deixado no meio da praça. Sem hesitar, o velho Tobite levantou-se da mesa e foi enterrar aquele homem. Voltando cansado para casa, adormeceu no pátio; caíram-lhe nos olhos  excrementos de pássaros, e ficou cego (cf. Tb 2, 1-10). Ironia do destino! Pratica um gesto de caridade e sucedelhe uma desgraça… Apetece-nos pensar assim, mas a fé ensina-nos a ir mais a fundo. A cegueira de Tobite tornar-se-á a sua força para reconhecer ainda melhor tantas formas de pobreza ao seu redor. E, mais tarde, o Senhor providenciará a devolver ao velho pai a vista e a alegria de rever o filho Tobias. Quando chegou este momento, “Tobite lançou-se-lhe ao pescoço e, chorando, disse: “Vejo-te, filho, tu que és a luz dos meus olhos!” E continuou: “Bendito seja Deus e bendito o seu grande nome! Benditos os seus santos anjos! Que seu nome esteja sobre nós e benditos
sejam todos os seus anjos, pelos séculos sem fim! Ele puniu-me, mas eis que volto a ver Tobias, o meu filho”” (Tb 11, 13-14).

3. Podemos questionar-nos: Donde tira Tobite a coragem e a força interior que lhe permitem servir a Deus no meio dum povo pagão e amar o próximo até ao ponto de pôr em risco a própria vida? Estamos diante dum exemplo extraordinário: Tobite é um marido fiel e um pai carinhoso; foi deportado para longe da sua terra e sofre injustamente; é perseguido pelo rei e pelos vizinhos de casa… Apesar de ânimo tão bom, é posto à prova. Como muitas vezes nos ensina a Sagrada Escritura, Deus não poupa as provações a quem pratica o bem. E porquê? Não o faz para nos humilhar, mas para tornar firme a nossa fé n’Ele.

Tobite, no período da provação, descobre a própria pobreza, que o torna capaz de reconhecer os pobres. É fiel à Lei de Deus e observa os mandamentos, mas para ele isto não basta. A solicitude operosa para com os pobres torna-se-lhe possível, porque experimentou a pobreza na própria pele. Por isso, as palavras que dirige ao filho Tobias constituem a sua verdadeira herança: “Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7). Enfim, quando nos deparamos com um pobre, não podemos virar o olhar para o lado oposto, porque impediríamos a nós próprios de encontrar o rosto do Senhor Jesus. E notemos bem aquela expressão «de algum pobre», de todo o pobre. Cada um deles é nosso próximo. Não importa a cor da pele, a condição social, a proveniência… Se sou pobre, posso reconhecer de verdade quem é o irmão que precisa de mim. Somos chamados a ir ao encontro de todo o pobre e de todo o tipo de pobreza, sacudindo de nós mesmos a indiferença e a naturalidade com que defendemos um bem-estar ilusório.

4. Vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza. Tende-se a ignorar tudo o que não se enquadre nos modelos de vida pensados sobretudo para as gerações mais jovens, que são as mais frágeis perante a mudança cultural em curso. Coloca-se entre parênteses aquilo que é desagradável e causa sofrimento, enquanto se exaltam as qualidades físicas como se fossem a meta principal a
alcançar. A realidade virtual sobrepõe-se à vida real, e acontece cada vez mais facilmente confundirem-se os dois mundos. Os pobres tornam-se imagens que até podem comover por alguns momentos, mas quando os encontramos em carne e osso pela estrada, sobrevêm o
fastídio e a marginalização. A pressa, companheira diária da vida, impede de parar, socorrer e cuidar do outro. A parábola do bom samaritano (cf. Lc 10, 25-37) não é história do passado; desafia o presente de cada um de nós. Delegar a outros é fácil; oferecer dinheiro para que outros pratiquem a caridade é um gesto generoso; envolver-se pessoalmente é a vocação de todo o cristão.

5. Damos graças ao Senhor porque há tantos homens e mulheres que vivem a dedicação aos pobres e excluídos e a partilha com eles; pessoas de todas as idades e condições sociais que praticam a hospitalidade e se empenham junto daqueles que se encontram em situações de marginalização e sofrimento. Não são super-homens, mas “vizinhos de casa” que encontramos cada dia e que, no silêncio, se fazem pobres com os pobres. Não se limitam a dar qualquer coisa: escutam, dialogam, procuram compreender a situação e as suas causas, para dar conselhos adequados e indicações justas. Estão atentos tanto à necessidade material como à espiritual, ou seja, à promoção integral da pessoa. O Reino de Deus torna-se presente e visível neste serviço generoso e gratuito; é realmente como a semente que caiu na boa terra da vida destas pessoas, e dá fruto (cf. Lc 8, 4-15). A gratidão a tantos voluntários deve fazer-se oração para que o seu testemunho possa ser fecundo.

6. No 60º aniversário da Encíclica Pacem in terris, é urgente retomar as palavras do Santo Papa João XXIII quando escrevia: «O ser humano tem direito à existência, à integridade física, aos recursos correspondentes a um digno padrão de vida: tais são especialmente a nutrição, o vestuário, a moradia, o repouso, a assistência sanitária, os serviços sociais indispensáveis. Segue-se daí, que a pessoa tem também o direito de ser amparada em caso de doença, de invalidez, de viuvez, de velhice, de desemprego forçado, e em qualquer outro caso de privação dos meios de sustento por circunstâncias independentes da sua vontade» (n. 11).

Quanto trabalho temos ainda pela frente para tornar realidade estas palavras, inclusive através dum sério e eficaz empenho político e legislativo! Não obstante os limites e por vezes as lacunas da política para ver e servir o bem comum, possa desenvolver-se a solidariedade e a subsidiariedade de muitos cidadãos que acreditam no valor do empenho voluntário de dedicação aos pobres. Isto, naturalmente sem deixar de estimular e fazer pressão para que as instituições públicas cumpram do melhor modo possível o seu dever. Mas não adianta ficar passivamente à espera de receber tudo “do alto”. E, quem vive em condição de pobreza, seja também envolvido e apoiado num processo de mudança e responsabilização.

7. Mais uma vez, infelizmente, temos de constatar novas formas de pobreza que se vêm juntar às outras descritas já anteriormente. Penso de modo particular nas populações que vivem em cenários de guerra, especialmente nas crianças privadas dum presente sereno e dum futuro digno. Ninguém poderá jamais habituar-se a esta situação; mantenhamos viva toda a tentativa para que a paz se afirme como dom do Senhor Ressuscitado e fruto do empenho pela justiça e o diálogo.

Não posso esquecer as especulações, em vários setores, que levam a um aumento dramático dos preços, deixando muitas famílias numa indigência ainda maior. Os salários esgotam-se rapidamente, forçando a privações que atentam contra a dignidade de cada pessoa. Se, numa família, se tem de escolher entre o alimento para se nutrir e os remédios para se curar, então deve fazer-se ouvir a voz de quem clama pelo direito a ambos os bens, em nome da dignidade da pessoa humana.

Além disso, como não assinalar a desordem ética que marca o mundo do trabalho? O tratamento desumano reservado a muitos trabalhadores e trabalhadoras; a remuneração não equivalente ao trabalho realizado; o flagelo da precariedade; as demasiadas vítimas de incidentes, devidos muitas vezes à mentalidade que privilegia o lucro imediato em detrimento da segurança… Voltam à mente as palavras de São João Paulo II: «O primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem. (…) O homem está destinado e é chamado ao trabalho, contudo antes de mais nada o trabalho é “para o homem”, e não o homem “para o trabalho”» (Enc. Laborem exercens, 6).

8. Este elenco, já em si mesmo dramático, dá conta apenas de modo parcial das situações de pobreza que fazem parte da nossa vida diária. Não posso deixar de fora, em particular, uma forma de mal-estar que aparece cada dia mais evidente e que atinge o mundo juvenil. Quantas
vidas frustradas e até suicídios de jovens, iludidos por uma cultura que os leva a sentirem-se “inacabados” e “falidos”. Ajudemo-los a reagir a estas instigações nocivas, para que cada um possa encontrar a estrada que deve seguir para adquirir uma identidade forte e generosa.
Éfácil cair na retórica, quando se fala dos pobres. Tentação insidiosa é também parar nas estatísticas e nos números. Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma
relação pessoal com cada um deles.

O Livro de Tobias ensina-nos a ser concretos no nosso agir com e pelos pobres. É uma questão de justiça que nos obriga a todos a procurar-nos e encontrar-nos reciprocamente, favorecendo a harmonia necessária para que uma comunidade se possa identificar como tal. Portanto,
interessar-se pelos pobres não se esgota em esmolas apressadas; pede para restabelecer as justas relações interpessoais que foram afetadas pela pobreza. Assim «não afastar o olhar do pobre» leva a obter os benefícios da misericórdia, da caridade que dá sentido e valor a toda a
vida cristã.

9. Que a nossa solicitude pelos pobres seja sempre marcada pelo realismo evangélico. A partilha deve corresponder às necessidades concretas do outro, e não ao meu supérfluo de que me quero libertar. Também aqui é preciso discernimento, sob a guia do Espírito Santo, para distinguir as verdadeiras exigências dos irmãos do que constitui as nossas aspirações. Aquilo de que seguramente têm urgente necessidade é da nossa humanidade, do nosso coração aberto ao amor. Não esqueçamos: “Somos chamados a descobrir Cristo neles: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles” (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 198). A fé ensina-nos que todo o pobre é filho de Deus e que, nele ou nela, está presente Cristo: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos,
a Mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 40).

10. Este ano completam-se 150 anos do nascimento de Santa Teresa do Menino Jesus. Numa página da sua História de uma alma, deixou escrito: “Compreendo agora que a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em não se escandalizar com as suas fraquezas, em edificar-se com os mais pequenos atos de virtude que se lhes vir praticar; mas compreendi, sobretudo, que a caridade não deve ficar encerrada no fundo do coração: “Ninguém, disse Jesus, acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas coloca-a sobre o candelabro para alumiar todos os que estão em casa”. Creio que essa luz representa a caridade, que deve iluminar e alegrar, não só os que são mais queridos, mas todos aqueles que estão na casa, sem excetuar ninguém” (Manuscrito C, 12rº: História de uma alma, Avessadas 2005, 255-256).

Nesta casa que é o mundo, todos têm direito de ser iluminados pela caridade, ninguém pode ser privado dela. Possa a tenacidade do amor de Santa Teresinha inspirar os nossos corações neste Dia Mundial, ajudar-nos a «nunca afastar de algum pobre o olhar» e a mantê-lo sempre fixo no rosto humano e divino do Senhor Jesus Cristo.

Roma – São João de Latrão, na Memória de Santo António, Patrono dos pobres, 13 de junho de
2023.

PAPA FRANCISCO

Fonte: Vaticano

5º Congresso Missionário Nacional encerra com ordenação episcopal de Dom Zenildo Lima

Antes da celebração, foi divulgada a carta compromisso que mostra o “ardor e o testemunho missionário da Igreja no Brasil”.

O 5º Congresso Missionário Nacional realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro, que contou com 800 participantes de todos os regionais do Brasil, foi encerrado com uma celebração eucarística onde Dom Zenildo Lima foi ordenado bispo. Antes da celebração, foi divulgada a carta compromisso que mostra o “ardor e o testemunho missionário da Igreja no Brasil”, buscando “fomentar um novo impulso, novas luzes e novas motivações na caminhada missionária para além de todas as fronteiras”.

A missão é o paradigma

Lembrando o tema, “Ide! Da Igreja local aos confins do mundo”, e o lema: “Corações ardentes, pés a caminho”, o texto recordou o chamado de Papa Francisco “a responder com alegria ao Evangelho que recebemos”. Uma carta que afirma que “a missão é o paradigma, o eixo que sustenta e nutre toda a Igreja”. Isso em “uma Igreja sinodal em missão até os confins do mundo que cruza fronteiras e vive a ministerialidade e a corresponsabilidade, superando o clericalismo. Uma Igreja samaritana que se concretiza no amor a aqueles que vivem nas periferias geográficas e existenciais”.

A carta reafirma a relevância e a atualidade do Programa Missionário Nacional (PMN), e indica algumas pistas para a ampliação e a dinamização das quatro prioridades do Programa Missionário Nacional: formação missionária, animação missionária, missão ad gentes, compromisso profético-social, colocando em destaque alguns elementos para uma das prioridades. Um caminho “de busca, de escuta e de transformação”, com “a força da Divina Ruah para sairmos ao encontro dos pobres e dos outros, servindo ao Reino de Deus com coração sem fronteiras e pés a caminho”.

Enviados a anunciar o Reino da misericórida

Na ordenação episcopal, presidida pelo cardeal Leonardo Steiner e que contou com Dom Gutemberg Freire, bispo emérito de Coari, e Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho, como bispos co-ordenantes, participaram quase 50 bispos, 200 padres e diáconos, e todo o povo de Deus, radiantes de felicidade vendo que um filho da terra, formado na Amazônia, será bispo na Amazônia, com a benção de sua mãe, um momento de grande significado, em que encomendou a Deus o ministério de seu filho.

Em sua homilia, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, destacou na primeira leitura (cf. Is. 61,1-3a), o envio. Destacando o fato de sermos proclamadores, proclamadoras, Dom Leonardo disse que “não anunciamos estruturas, não transmitimos normas, não apresentamos moralismos”. Pelo contrário, “no encontro com Jesus, somos enviados para anunciar o Reino da misericórdia, da fraternidade, da esperança, do amor; a transfiguração, a plenificação”. Ele fez um chamado a “proclamar a todas as criaturas que elas fazem parte do Reino, que em Cristo todas as criaturas se tornaram irmãs, que vivem na e da mesma casa comum, o Reino”.

O amor de Pedro

No Evangelho, o cardeal destacou que “Jesus busca o coração de Pedro por três vezes: Pedro tu me amas?”, analisando como vai evoluindo o diálogo entre Jesus e Pedro, que vai se configurando a Jesus, “com sua humanidade, a sua finitude, com a ternura de sua humanidade”. Dom Leonardo disse que “Pedro acorda da sua ingenuidade e responde que o ama com o amor que transcende à sua própria vontade, um amor sublime, divinizado. Com o amor que recebeu de Jesus”.

Ele fez um convite ao ordenando: “Segue-me sem resistência, com todo o teu coração, com todo o teu afeto, com toda a tua mente, com toda a tua pessoa; inteiro, por inteiro, todo inteiro, de corpo e alma, dos pés à cabeça; segue-me na liberdade do teu amor que de mim recebeste, cuidando dos meus cordeiros, apascentando as minhas ovelhas”.

Ser bispo em perspectiva missionária

No final da celebração, carregada de muitos símbolos amazônicos, o novo bispo disse aos presentes que “não poderia compreender este ministério de bispo se não em perspectiva missionária nesta feliz coincidência de encerrar um Congresso Missionário Nacional com a expressão ministerial de uma Igreja Local”. Segundo o bispo auxiliar de Manaus, “ministerialidade e missionariedade são expressões da Igreja profundamente implicadas entre si”.

Ele agradeceu à paróquia onde foi batizado, a sua família, onde “a fé moldou-se como esperança em tempos tão difíceis e tão desafiadores”, onde “foi se atualizando com gestos de solidariedade e compaixão entre nós e para com os outros”. Aos poucos foi descobrindo sua vocação e disse ter sido formado pela Igreja de Manaus, “na pessoa dos seus pastores, do seu dinamismo pastoral, da sua comunhão que hoje chamamos de sinodalidade”, enfatizando que “a Igreja de Manaus sempre foi o espaço privilegiado da minha formação permanente”.

Este povo me formou

“Neste chão amazônico foi moldado meu ministério presbiteral, este povo me formou”, ressaltou Dom Zenildo Lima, lembrando dos “seus ministros, a riqueza extraordinária dos cristãos leigos e leigas, as religiosas verdadeiras educadoras e guardiãs para que o ministério por mim exercido não desaguasse em anomalias do clericalismo”. Ele disse viver o chamado ao episcopado “como apelo de totalidade. Totalidade no amor, totalidade no serviço”, e vê “como escola privilegiada o episcopado deste Regional Norte 1”.

Um ministério episcopal que ele quer viver de um modo em que “meu olhar não se limite aos ambientes eclesiais e eclesiásticos, mas se estenda aos pequenos, aos rejeitados, aos feridos, aos pobres, nas expressões mais dramáticas que se apresentam na história deste chão amazônico: o povo das nossas periferias, as crianças desprotegidas, a juventude sem sonhos, sem esperança, sem estudo e sem trabalho, as mulheres sedentas de dignidade e reconhecimento, os idosos abandonados, homens e mulheres em situação de rua, migrantes, os povos dos beiradões, ribeirinhos, as populações indígenas”. Isso porque “são eles que reconfiguram nossos espaços eclesiais”. 

MANAUS: 5º CONGRESSO MISSIONÁRIO NACIONAL: DINAMISMO DA REVELAÇÃO CRISTÃ

Mons. Zenildo Lima: “Superar uma história com traços de colonização e moldar-se numa perspectiva de encarnação”.

O 5º Congresso Missionário Nacional, que está sendo realizado em Manaus de 10 a 15 de novembro, apresenta os contextos da localidade e da abrangência global em perspectiva de encontro, espaços que, em chave missionária, apontam para a dinâmica de deslocamento, segundo Mons. Zenildo Lima. O bispo auxiliar eleito da Arquidiocese de Manaus, que receberá a ordenação episcopal no dia 15 de novembro, na missa de encerramento do Congresso, destacou dois princípios: o dinamismo da Revelação Cristã que historicamente situada se apresenta com pretensão de universalidade e o princípio da parte pelo todo, assumido na ocasião do Sínodo da Amazônia.

Intervenção de Deus na história

Mons. Zenildo Lima refletiu sobre a revelação desde o acontecimento do êxodo, “uma situação de opressão e libertação experimentada por um povo”, diante da qual o povo tem “consciência da intervenção de Deus nesta história”. Uma realidade que ajuda a ver toda ação missionária como uma comunicação que liberta, e não como uma imposição religiosa.

Abordando a questão da parte pelo tudo desde a perspectiva do Sínodo para a Amazônia, onde Mons. Zenildo Lima foi auditor, ele lembrou a perspectiva recolhida no Documento Preparatório, apresentando as reflexões daquele processo sinodal como “relevantes para a Igreja universal e para o futuro de todo o planeta.” Uma reflexão que parte da Encarnação, fazendo um chamado a na Igreja da Amazônia, “superar uma história com traços de colonização e moldar-se numa perspectiva de encarnação”. Uma reflexão que tem a ver não só com uma questão eclesial, senão também social, cultural e ecológica.

Processo colonial com um alto custo para os povos da floresta

O assessor, seguindo o Texto Base do Congresso, refletiu sobre o processo colonial na região amazônica, que teve “um custo muito alto para estes povos da floresta”, uma dinâmica ainda presente, que fez com que “nos últimos 50 anos, a região amazônica ficou mais perto da destruição irreversível”. Uma realidade social que atingiu também o anúncio missionário, “envelopado com os traços do catolicismo europeu auto presumido como modelo de fé para todo o mundo”, destacou Mons. Zenildo Lima, refletindo sobre “as inúmeras contradições no início do processo evangelizador nestas terras”.

Na história da Igreja da Amazônia, os encontros de Santarém 1972 e 2022 ajudam a entender a Encarnação do Verbo e a Encarnação da Igreja. O bispo auxiliar eleito apresentou a encarnação como método, caminhos de encarnação que no Sínodo para a Amazônia aparecem como caminhos de inculturação e interculturalidade, de protagonismo dos povoa amazônidas. Uma encarnação que “tornou-se também e primeiramente um processo de escuta!”, segundo aparece no Documento Final do Sínodo para a Amazônia.

Um anúncio do Verbo que se fez carne

“A evangelização na Amazônia será sempre um anúncio do Verbo que se fez carne, será sempre uma proposta do encontro com Jesus”, insistiu Mons. Zenildo Lima. Mas ao mesmo tempo, ele disse que “não cabe em nós o rótulo de termos abandonado o Evangelho para cuidar de questões sociais”. A Igreja da Amazônia é uma Igreja que se faz carne e assume a evangelização libertadora, que diferentemente das novas potências colonizadoras, quer “exercer sua atividade profética com transparência, e apresentar o Cristo com todo seu potencial libertador”, segundo diz o Documento Final do Sínodo para a Amazônia.

Com relação à missão ad gentes, na Igreja da Amazônia ainda falta “uma proposta mais sistematizada de comprometimento com o envio missionário ad gentes”, afirmou. Mons Zenildo Lima apresentou algumas implicações para as Igrejas locais da Amazônia frente ao apelo da missão ad gentes, que deve estar marcada pela ousadia, a escuta, a samaritaneidade, a inculturação e a intefculturalidade, a comunidade e a decolonização. Uma missão que será fecunda ela seja fundamentada em uma vida doada, e que “em regiões e situações de disputas e conflitos apresenta-se como martírio, nas regiões e situações de escassez de direitos e de cuidados, expressa-se como uma solidariedade obediente até a morte, e morte de cruz”.

Ordenação

O ápice de este Congresso, será a ordenação episcopal de Padre Zenildo Lima, agendada para o encerramento do Congresso, no dia 15 de novembro a partir das 10:00h, no Estúdio 5 Centro de Convenções. O Bispo Auxiliar convida todo o povo de Deus a participar desse momento crucial, enfatizando que a presença e orações do povo são fundamentais para respaldar seu Ministério. Mesmo para aqueles que não se inscreveram no Congresso, o convite está estendido para fazer parte desse momento especial de celebração e compromisso com a fé.

A missão, segundo Mons. Zenildo Lima, deve fundamentar-se em uma vida doada, sendo fecunda mesmo em situações de disputas e conflitos, expressando-se como martírio ou solidariedade obediente, dependendo do contexto. O bispo auxiliar encerra suas reflexões no Congresso, lançando luz sobre os desafios e promessas da missão evangelizadora na Amazônia.

VII JORNADA MUNDIAL DOS POBRES: UM CHAMADO À SOLIDARIEDADE E MISERICÓRDIA

Igreja no Brasil promove ação intensificada em preparação ao Dia Mundial dos Pobres, convidando todos a refletirem sobre o lema “Olhe para mim!”

Novembro marca a chegada da VII Jornada Mundial dos Pobres (JMP), um evento significativo que ressalta o compromisso da Igreja com a vivência, celebração e partilha do sinal fecundo da misericórdia do Pai. Inspirada pela reflexão central da VII Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial dos Pobres, realizada em 19 de novembro de 2023, a Igreja no Brasil intensifica seus esforços por meio das Pastorais Sociais e Organismos vinculados à Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Cepast-CNBB).

O lema deste ano, “Olhe para mim!”, baseado na citação bíblica “Não desvies o rosto de nenhum pobre” (Tb 4,7), destaca a importância de uma abordagem mais atenta e compassiva para com aqueles que enfrentam adversidades. A proposta da Igreja é ir além das palavras, convidando a comunidade a agir em consonância com os ensinamentos de solidariedade e amor ao próximo.

A Jornada, que se estenderá de 12 a 19 de novembro, não apenas antecipa o Dia Mundial dos Pobres, mas também oferece uma semana dedicada à reflexão, mobilização e ação social. Através de diversas atividades, as Pastorais Sociais e Organismos envolvidos buscam despertar a consciência da sociedade para a realidade dos menos favorecidos.

Além disso, a proposta da Jornada inclui a promoção de ações concretas de auxílio aos necessitados, abraçando a essência da mensagem do Papa Francisco. A Igreja, em parceria com voluntários e comunidades locais, planeja proporcionar momentos de partilha e solidariedade, buscando aliviar as dificuldades enfrentadas por muitos.

Seguindo a convocação do Papa Francisco, reafirmamos:

“O Dia Mundial dos Pobres, sinal fecundo da misericórdia do Pai, vem pela sétima vez alentar o caminho das nossas comunidades. Trata-se duma ocorrência que se está a radicar progressivamente na pastoral da Igreja, fazendo-a descobrir cada vez mais o conteúdo central do Evangelho. Empenhamo-nos todos os dias no acolhimento dos pobres, mas não basta; a pobreza permeia as nossas cidades como um rio que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade ergue-se cada vez mais forte. Por isso, no domingo que antecede a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, reunimo-nos ao redor da sua Mesa para voltar a receber d’Ele o dom e o compromisso de viver a pobreza e servir os pobres.”

Ao destacar o tema “Olhe para mim!” e reforçar o lema “Não desvies o rosto de nenhum pobre”, a Jornada Mundial dos Pobres busca inspirar uma mudança de perspectiva e atitude em relação aos mais vulneráveis. Esta iniciativa da Igreja no Brasil é um convite a todos, independente de credo ou origem, a unirem esforços em prol de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. Que o legado desta Jornada ressoe não apenas durante este novembro, mas permaneça como um compromisso contínuo em nossos corações e ações.

Foi realizada eleição da nova coordenação da Pastoral Indigenista da Diocese de Roraima

Encontro no Centro de Formação Raposa Serra do Sol destaca debates sobre o Marco Temporal, conjuntura política e prioridades para os povos indígenas.

Entre os dias 6 e 8 de novembro, o Centro de Formação Raposa Serra do Sol – Região Surumu foi palco da Reunião da Pastoral Indigenista, um evento de grande relevância que reuniu a Equipe Surumu e Lideranças Tradicionais Regionais. O encontro teve como objetivo principal lançar um olhar sobre as perspectivas e desafios dos Territórios Yanomami para o ano de 2024.

Durante os três dias, foram abordados temas cruciais, incluindo as perspectivas e retrocessos em relação ao Marco Temporal, desde as decisões do Supremo Tribunal Federal até o veto presidencial.

Nesta reunião realizou debates acerca das questões que impactam diretamente os territórios indígenas. A reunião encerrou-se de maneira marcante com a eleição da Nova Coordenação da Pastoral Indigenista para o periodo 2024-2026: Pe. Mattias, ir. Rita, Ir. simão.

Este evento reforçou o compromisso da Pastoral Indigenista na defesa e promoção dos direitos e interesses dos povos indígenas, destacando-se como um espaço crucial para a articulação e planejamento estratégico para o futuro.

Pastoral da Criança participou da 5ª Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional em Roraima

Com o Tema “Erradicar a fome e garantir direitos com Comida de Verdade, Democracia e Equidade” ocorreu entre 25 a 27 de outubro

Roraima sediou a quinta edição da Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, realizada nos dias 25, 26 e 27 de outubro de 2023, no auditório da Universidade Estadual de Roraima (UERR). Com o tema “Erradicar a fome e garantir direitos com Comida de Verdade, Democracia e Equidade”, o evento foi convocado pelo Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado de Roraima (CONSEA RR), respaldado pela Lei Estadual nº 409, datada de 12 de dezembro de 2023, em parceria com a Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN RR) e outros órgãos do Sistema Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN RR).

O Sistema Nacional de Segurança Alimentar (SISAN Nacional) é composto por programas que incentivam a Agricultura Familiar, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Esses programas de destaque no SISAN são executados pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB RR) e pelo Estado de Roraima. O CONSEA RR desempenha um papel importante no controle social dessas ações.

A Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional é um evento essencial que visa envolver a sociedade roraimense em discussões sobre a melhoria da segurança alimentar e nutricional da população do estado. O SISAN RR inclui uma variedade de partes interessadas, como produtores rurais, entidades sociais solidárias, órgãos públicos responsáveis pelo governo, nutricionistas, universidades e todos os cidadãos interessados.

O CONSEA RR tem uma história de 20 anos em Roraima, operando na sede da Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação (SEADI), conforme estabelecido pela Lei 861 de 18 de julho de 2012. Sua função principal é servir como uma ponte entre a sociedade civil e o governo estadual e federal. O Conselho é composto por 1/3 de entidades governamentais e 2/3 de entidades da sociedade civil voluntariada, com a presidência exclusiva da Sociedade Civil, conforme o Regimento Interno.

A participação da Pastoral da Criança da Diocese de Roraima desempenhou um papel essencial na Conferência, promovendo ações voltadas para a segurança alimentar e nutricional das crianças e suas famílias na região. A organização trouxe sua vasta experiência e compromisso com a promoção do bem-estar infantil, enriquecendo as discussões e propostas voltadas para a erradicação da fome e a garantia de direitos em Roraima.

Atualmente, a presidência do CONSEA – RR é ocupada pelo conselheiro titular Antonio Rodrigues da Cruz Filho, com o apoio executivo da Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN RR). A CAISAN RR é composta por secretários de Estado, tendo Tânia Soares, Secretária de Estado da Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (SETRABES), como presidente. A CAISAN RR desempenha um papel fundamental na viabilização de políticas públicas que emanam da sociedade civil, canalizadas por meio do CONSEA – RR.

A quinta Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional é um reflexo do compromisso do estado de Roraima com a erradicação da fome, a garantia de direitos e a promoção da equidade. Esse evento oferece um espaço valioso para discutir desafios e oportunidades em relação à segurança alimentar e nutricional, visando uma sociedade mais justa e saudável. Roraima está empenhada em assegurar que todas as suas crianças e famílias tenham acesso a comida de verdade, democracia e igualdade, alinhando-se com os objetivos nacionais e internacionais para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar de sua população.