Roraima, um estado abençoado pela natureza e pelas manifestações de fé de seu povo, tem uma história devoção especial a Nossa Senhora Aparecida que remonta a tempos passados, marcando profundamente a cultura religiosa da região. O Padre Vantu Neto, compartilhou conosco três momentos cruciais dessa jornada de fé, que culminam com a construção do Santuário de Nossa Senhora Aparecida.
Os Primeiros Passos da Devoção: A história dessa devoção começa no tempo dos padres Beneditinos, quando uma pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida foi colocada na igreja matriz da missão de Nossa Senhora do Carmo, em Boa Vista. Essa imagem era o símbolo de uma fé crescente na região, um sinal do amor que os fiéis nutriam pela Virgem Maria.
A Fundação da Comunidade: Em 1968, um marco significativo foi alcançado quando foi fundada uma comunidade dedicada à Nossa Senhora Aparecida. A partir desse momento, os eventos ligados à devoção a Nossa Senhora Aparecida começaram a se tornar parte essencial da vida religiosa em Roraima.
A Romaria e a Instituição do Santuário: Em 1984, o Bispo da época, Dom Aldo Mogiano, instituiu a primeira Romaria Diocesana, com o título “Romaria Roraima”. Este evento marcante cresceu ao longo dos anos e, até o próximo ano, celebraremos a trigésima nona versão da romaria. O evento se tornou a maior manifestação religiosa da diocese, unindo toda a cidade de Boa Vista em uma procissão até a Capelinha de Nossa Senhora Aparecida. Esse foi o início de um movimento que demonstrava não apenas a religiosidade popular, mas também um profundo sentimento mariano na diocese.
Durante a pandemia de 2020, foram contratados arquitetos e artistas renomados para dar vida a essa visão. Atualmente, as primeiras plantas e desenhos já estão prontos, e a construção do Santuário é um sonho que está prestes a se tornar realidade.
No dia 12 de outubro, durante a celebração das festas de Nossa Senhora Aparecida, Dom Evaristo lançará oficialmente a campanha para a construção do Santuário. Este é um convite à comunidade de Boa Vista e a todos os fiéis a participarem ativamente desse projeto de fé e devoção.
Além disso, as festividades que antecedem o grande dia incluem momentos de oração, novena e celebrações eucarísticas diárias às 5 da manhã e às 7 da noite. O auge acontece no dia 12, com uma pedalada matinal e uma grandiosa romaria as 19h saindo da igreja de Nossa Senhora da Consolata em direção ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida.
Esta jornada de fé é um testemunho da devoção e união da comunidade de Boa Vista e de Roraima como um todo. O Santuário de Nossa Senhora Aparecida será um marco que perpetuará essa devoção por gerações vindouras, unindo a fé em uma das figuras mais amadas da fé católica.
A celebração continua, e todos estão convidados a fazerem parte dessa jornada de amor e fé.
Visa realizar um serviço verdadeiramente sinodal conforme o convite do Papa Francisco.
O Convite realizado pelo Dom Evaristo, Bispo de Roraima para um encontro especial dedicado à comunidade de Roraima. O evento marca o anúncio e a celebração da inauguração da Casa da Caridade Papa Francisco, agendada para o próximo dia 13 de outubro, às 19 horas, na Rua Floriano Peixoto, ao lado da sede da Rádio Monte Roraima, próximo à igreja matriz.
Com palavras de entusiasmo, o Padre Lúcio Nicoletto, Vigario Geral, compartilhou a história e a importância do projeto Casa da Caridade. O Padre destacou a rica herança histórica ligada a esse projeto, que remonta à fundação da Diocese de Roraima em 1907, com a presença dos monges beneditinos, que desempenharam um papel fundamental na trajetória da fé local.
O Padre ressaltou ainda a contribuição das monjas beneditinas, que em 1921, a pedido do Bispo Dom Pedro Eguerar, construíram o Hospital Nossa Senhora de Fátima, tornando-se a única unidade hospitalar pública na bacia do Rio Branco na época. A casa das monjas também desempenhou um papel importante na comunidade, servindo como centro de pastoral e, posteriormente, como um projeto conhecido como “Nós Existimos”, que operou até 2014.
No entanto, a casa ficou fechada e embargada devido a questões judiciais. O empenho incansável do economo diocesano, Dr. Vivaldo, e do advogado Dr. Sena, finalmente, liberou o edifício de todas as pendências legais. Foi então que o projeto da Casa da Caridade Papa Francisco começou a tomar forma.
Padre Lúcio Nicoletto mencionou que a ideia foi apresentada ao Papa Francisco durante sua visita aos bispos do Norte, onde ele representou a Diocese de Roraima. O Papa apoiou a visão de reformar a antiga casa das monjas beneditinas para reunir todas as pastorais, movimentos e serviços organizados em nível diocesano, com o propósito de trabalhar em conjunto na dimensão da caridade.
O projeto consiste em dois blocos: a Casa da Caridade 1, na antiga casa das monjas beneditinas, e a Casa da Caridade 2, que incluirá o bloco das pastorais sociais localizado nas proximidades do Colégio São José. Entre as pastorais que trabalharão na Casa da Caridade, estão a Pastoral da Criança, a Pastoral de Imigrantes, a Cáritas, a Comissão da Pastoral da Terra, a Pastoral da Saúde, a Pastoral Carcerária, a Pastoral da Juventude, a Pastoral Indigenista, o SIME, a REPAM e a coordenação das pastorais sociais.
Celebrando 70 Anos da Igreja São Francisco das Chagas em Boa Vista.
A comunidade de São Francisco, em Boa Vista, viveu um dia repleto de fé, devoção e alegria nesta quarta-feira, 5 de outubro, ao celebrar a Festa de São Francisco e os 70 anos da Igreja São Francisco das Chagas. Esta festa atraiu centenas de fiéis para comemorar esta data especial e reforçar os laços de fé que unem a comunidade há décadas.
As festividades começaram com a tradicional procissão, que teve início às 17h. Fiéis de todas as idades, seguiram a imagem de São Francisco pelas ruas da comunidade, cantando hinos religiosos e demonstrando sua devoção ao santo padroeiro. Durante a procissão, conversamos com Elenilzo, um dos fiéis que acompanhou o evento e disse: “Eu sou de Ceará, á 8 anos que fiquei neste Estado e participar da procissão de São Francisco, é uma tradição que passa de geração em geração na minha famíliae da minha esposa. Fizemos uma promessa e a gente sempre vêm regularmente. É uma questão de devoção mesmo, momento de união e renovação da fé.“
Após a procissão, os fiéis se reuniram na igreja para a missa solene em homenagem a São Francisco das Chagas. O Padre Lucio Nicoletto, conduziu a Procissão e celebração, ressaltando a importância da devoção a São Francisco e o significado dos 70 anos da igreja na comunidade. Durante a missa, houve cânticos e orações especiais para agradecer pelas bênçãos e pela história da paróquia.
O ponto alto da celebração foi o Jubileu de Vinho, que marca os 70 anos da Igreja São Francisco das Chagas. Este momento especial foi celebrado com muita alegria e emoção pela comunidade, que se uniu para agradecer e celebrar as sete décadas de história da igreja que desempenhou um papel fundamental na vida espiritual dos moradores de São Francisco.
Após a missa, os fiéis continuaram a festa no arraial, que contou com uma grande diversidade de comidas típicas, brincadeiras tradicionais e um animado bingão. As famílias se reuniram para compartilhar momentos de convívio e alegria, reforçando os laços comunitários e celebrando a fé que os une.
O Festejo de São Francisco das Chagas na comunidade de São Francisco em Boa Vista e a história de 70 anos da Igreja São Francisco é uma história de fé, devoção e amor que continua a ser escrita pelas gerações presentes e futuras. Que São Francisco continue a abençoar e guiar a comunidade de São Francisco por muitos anos.
“É muito cômodo usar dacondenação das mulheres como arma para defender a vida de um provável devir de ser humano. E é também mais cômodo atribuir a Deus as suas decisões rígidas sem abrir as portas do coração à compaixão necessária à sobrevivência humana e do planeta”, escreve Ivone Gebara, religiosa pertencente à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, filósofa e teóloga, que lecionou durante quase 17 anos no Instituto Teológico do Recife – ITER e que dedicou-se a escrever e a ministrar cursos e palestras, em diversos países do mundo, sobre hermenêuticas feministas, novas referências éticas e antropológicas e os fundamentos filosóficos e teológicos do discurso religioso.
Eis o artigo.
Escrevem os bispos católicos brasileiros a respeito da ADPF ou Arguição de Descumprimento do Preceito Fundamental e da posição da ministra Sra. Rosa Weber que foi a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.
“Jamais aceitaremos quaisquer iniciativas que pretendam apoiar e promover o aborto”.
“Jamais um direito pode ser exigido às custas de outro ser humano, mesmo estando apenas em formação”.
“Se até hoje o aborto não foi aprovado como querem os autores da ADPF não é por omissão do Parlamento, senão por absoluta ausência de interesse do povo brasileiro, de quem todo poder emana, conforme o parágrafo único do artigo primeiro da Constituição Federal”. (Cf. Nota da CNBB – Vida: direito inviolável – 14 de setembro 2023)
Atrevo-me a comentar em grandes linhas esse texto que me moveu as entranhas de tristeza e espanto frente a ‘insustentável leveza” de seus argumentos. Um pensamento tão categórico e tão cheio de argumentações conclusivas e limitadas como esse merece uma breve reflexão filosófica feminista como convite ao pensamento. Exige que abramos pequenos espaços de reflexão sobre a moralidade e religiosidade que marcam nossas condutas no interior do complexo pluralismo no qual vivemos. O pluralismo atual convida-nos a uma reflexão que vai mais além de nossas velhas tradições, convicções e temores muitas vezes implantados em nós como uma segunda ou até primeira natureza. Convida-nos a uma atenção mais aguda aos valores que dizemos viver e sua real possibilidade traduzidos como comportamentos habituais.
A questão do aborto é apenas a ponta de um iceberg que toca a compreensão que o cristianismo patriarcal tem dos seres humanos e das forças que o constituem. Compreensão significa pensamento e pensamento situado e datado a partir dos vários aspectos da vida humana. Compreender é apreender algo a partir da situação vivida. Por exemplo, se falamos que somos seres violentos por natureza, muitos imediatamente tentarão negar isso e afirmar a perfeição através da chamada ‘não violência’ como se a oposição não estivesse contida na própria afirmação.
Uma lógica dualista persiste na formação filosófica e teológica dos prelados que não conseguiram ainda apreender na prática a unicidade e interdependência de tudo com tudo. A não violência é também uma sementeira de violências. E é isso que está presente também nas elucubrações absolutas e dogmáticas dos senhores bispos fundadas em uma limitada compreensão da chamada ‘vontade divina’.
Sabemos bem que todo problema nasce de uma situação dada. Se modificamos a situação modifica-se o problema e até a possível solução. Dependendo da situação um suicídio pode ser válido, diante de outra situação matar pode ser uma saída frente a uma ameaça que exija defesa da própria vida. Servir o exército e ser convocado para uma guerra é admitir que se pode matar o outro considerado inimigo. E nas muitas ‘guerras santas’ empreendidas também pela Igreja Católica aliada dos poderes estabelecidos, jovens guerreiros sabiam que iam matar ou morrer. Por isso, o uso do jamais é uma petição de princípio dentro da mais elementar lógica clássica, uma petição de princípio também inaceitável dentro da lógica do próprio Evangelho que os bispos afirmam conhecer, difundir e amar.
Por que pensam ou falam especificamente de crime e de defesa da vida quando se trata de interrupção da gravidez? O que sabem das razões e situações das várias interrupções da gravidez? É quem são as pessoas vítimas das advertências dos bispos?
E mais, por que culpabilizam as mulheres e se esquecem dos homens, dos estupradores, da violência impetrada continuamente contra mulheres e crianças? Por que se arvoram a exigir do Estado laico a obediência às suas normas religiosas e não exigem cuidados e direitos às cidadãs e aos cidadãos marginalizados ou excluídos?
Além disso, sabemos bem que na prática quem tem dinheiro tem direito ao aborto! Para que possui o ‘vil metal’ esse procedimento é tornado legal, pois não sofre nenhuma censura pública. O dinheiro é capaz de encobrir tudo o que não se quer mostrar e dar a impressão de legalidade. Por essa razão bem conhecida, me parece que os bispos dirigem sua advertência à população pobre, notadamente aquelas mulheres vítimas da falta de condições econômicas que precisam se sujeitar às leis do país e aos diferentes grupos que as manipulam para terem um tratamento de saúde minimalista. É triste constatar isso quando gastamos anos na Igreja Católica falando da opção preferencial pelos pobres!
Não poderíamos pensar a partir de outra lógica entre as muitas que povoam nossas vidas e culturas? Porque não pensar que a vida nos obriga muitas vezes a escolher no imediato e, escolher não é sempre escolher o melhor, mas aquilo que é possível na luta pela sobrevivência de cada dia. É como ter que privilegiar uma vida e não outra por múltiplas razões. É assumir o limitado e triste poder de ter que privilegiar ou até substituir uma vida pela outra e afundar-se na imperfeição dos seres humanos, dos nossos limites, de nossa precária imanência constitutiva, nas dores e dúvidas que tudo isso nos causa.
A interrupção da gravidez poderia ser considerada uma substituição de uma vida em germe por outra com responsabilidade social, com obrigações, direitos e deveres, com história vivida, com escolhas, com certa independência e responsabilidade de vida. Os argumentos sempre podem conter dúvidas, porém a dúvida é parte da vida e dos riscos que vivemos. Alguns homens cristãos nos campos de concentração foram capazes de morrer para que outros vivessem sobretudo em eventos de troca de prisioneiros. É uma vida por outra e isto está bem presente na tradição cristã e em outras tradições.
Um pai aceita morrer doando ao filho um órgão vital para transplante. Uma mãe prefere morrer para que a filha viva. Essa ‘troca’ está na lógica da vida e da tradição do Movimento de Jesus a partir da qual até se afirmou que Jesus morreu por nós.
O espantoso é que os homens da Igreja, sobretudo alguns que detêm responsabilidades religiosas e sociais, não percebem que a lógica do JAMAIS está distante da vida ordinária que vivemos. Continuam usando uma lógica absoluta sobretudo quando se trata da vida das mulheres. Por quê? De onde nos vêm esse privilégio às avessas?
Vida e morte estão absolutamente entrelaçadas, é obvio. Por isso, temos que fazer as perguntas que podem ser respondidas de forma sempre diversa pelas pessoas de nosso tempo. O JAMAIS não responde a nada. Apenas levanta muros, cria ilusões, falsos argumentos e mentiras. Por isso, suspeito que há um outro fundo oculto do problema nesse problema do aborto abordado pelos bispos. E este se chama sexualidade ou simplesmente sexo. No fundo o cristianismo sobretudo católico sempre temeu a força vital do sexo por sua impressionante magnitude, pelo lugar que ocupa nas relações humanas, pelo inebriamento e atração dos corpos que provoca sobretudo naqueles que prometeram viver como célibes negando ou renunciando a essa força em si mesmos. A negação do sexo seria a negação do prazer, a negação do prazer corpóreo, da natureza constitutiva dos corpos. Seria a pretensão de viver para além do corpo no corpo, seria fazer-se ‘eunuco pelo reino de Deus’, como costumam dizer. Filosoficamente seria a oposição e luta contínua entre espírito e matéria apostando-se na vitória do espírito.
Entretanto, quando o sexo se apresenta de forma violenta trazendo as consequências de uma gravidez, castiga-se a vítima, sobretudo a menina, a mulher porque ela é considerada a tentadora, ela é a iniciadora da confusão dos corpos e é dela que depende em grande parte a continuação da espécie. Os velhos fantasmas do sexo voltam e buscam os dogmatismos para defender-se da verdade que habita no fundo de cada uma/um de nós.
O princípio idealista e imaginário do respeito absoluto à vida vem então à tona e se apela a ele como última instância legisladora dos comportamentos. Não se percebe que a mobilidade da vida com suas afirmações e negações está presente nesse princípio como uma espécie de horizonte para o qual tendemos e tentamos caminhar sempre. Da mesma forma, o sistema arcaico de pureza que se impôs na Igreja e se impõe ainda hoje leva a continuas transgressões de comportamento e falsidades discursivas que acabam atingindo sempre a vida dos mais pobres.
A crise existencial está instaurada de diferentes maneiras, inclusive no apego aos dogmatismos e moralismos que se manifestam em muitas instituições religiosas. Não se ousa mudar porque perde-se poder e perde-se o frágil equilíbrio pessoal e institucional. Então se fala em JAMAIS e se argumenta através de perfeições impossíveis.
A ambiguidade da vida, os limites da condição humana, as mentiras que nos sustentam assim como as verdades exigem de cada um/uma de nós o esforço para sair de uma fé imaginária, de uma afirmação ilusória das exigências de Deus que sustenta o poder de muitos. Sei que estou talvez pedindo muito, porém um esforço em vista de acolher o que é ‘nossa vida de fato’ e não apenas o que ‘deveria ser’ poderia se tornar um processo educativo transformativo e eficaz em vista do bem comum.
Infelizmente a real situação da vida de muitas mulheres, adolescentes e crianças cuja vida é constantemente ameaçada, inclusive pelos detentores do poder religioso, nos levam a perceber o quanto é mais fácil preferir uma ilusão, uma imagem aparentemente justa mas ao mesmo tempo mentirosa da vida do que acolher a verdade de nossas limitações e ações. E, a partir desse realismo maior ajustado à nossa condição, trabalhar para nos ajudar mutuamente a sair da mentira. Sinto o quanto para muitos a ilusão se tornou ‘sagrada’ e as dores humanas, e em especial as dores das mulheres que eles mesmos alimentam, são consideradas ‘profana’ e é até proclamadas como pecado ou profanação da vida. Os prelados não tocam os corpos reais, as histórias reais, as mulheres de carne e osso com suas misérias e qualidades, com suas grandezas e pequenezes. Giram em torno de princípios abstratos e com eles continuam cúmplices dos sistemas de opressão e das políticas excludentes que louvam apenas uma ideia de vida, mas amaldiçoam as vidas reais, seus escorregos contínuos e seus breves prazeres. Assim os que julgam as outras em nome de Deus talvez acreditem que eles mesmos são puros, que defendem a transcendência da vida, a ética divina. Mas de qual vida defendem a transcendência? Na mesma linha se arrogam igualmente o direito de julgá-las e de proibir que leis justas de cuidado provindas do Estado possam ajudá-las a viver e seguir assumindo o atribulado curso de suas vidas.
Menina de 9 anos estuprada pelo pai. Grávida!
Jovem perseguida por uma gang e estuprada por 5 homens. Grávida!
Mãe de 3 filhos com problemas graves de saúde. Grávida!
Religiosa estuprada por seu confessor. Grávida!
Milhares de mulheres pobres mortas por abortos clandestinos mal feitos! Mulheres pobres condenadas e aprisionadas por escolherem caminhos abortivos de proteção de si não legalizados! Ódios de homens e de mulheres contra mulheres que abortaram!
Sem dúvida alguns dirão que em caso de estupro ou mal formação fetal as leis do país permitem a interrupção da gravidez, porém sabemos também que a burocracia para a verificação dos diferentes casos é um tormento para as pobres que vivem o problema.
Apostar na capacidade e no critério das mulheres envolvidas em situações trágicas e nos critérios das pessoas que as ajudam deve ser um comportamento que indica solidariedade e compreensão da bondade que também nos habita. A ajuda mútua e a solidariedade efetiva ainda brotam em nosso chão!
Muitos dos senhores e muitos grupos sociais seguem vivendo em renovadas ilusões, defendendo-se contra uma compreensão mais integral e complexa da vida. Não ouvem os clamores reais das mulheres e, no entanto, dizem ‘ouvir os clamores do povo’ e ‘fazer a vontade de Deus’. Como fazem isso frente aos diferentes problemas que nos assolam?
Nessa linha ouso dizer que o JAMAIS dos bispos declara a morte dessas mulheres. Condena-as ao julgamento da terra e ao fogo do inferno. Impede a aprovação de leis mais justas necessárias à manutenção precária da vida.
Mais uma vez, que dizem e fazem de concreto os bispos com os estupradores? Acaso os procuram, conversam com eles, têm diretivas para eles? Falam da vida que desrespeitaram? Propõem caminhos de educação? Talvez essa seja uma pauta importante a ser proposta e desenvolvida!
Senhores bispos e outros responsáveis revejam sua lógica filosófica, revejam o reducionismo de seu pensamento cristão e o limite imaginário de sua teologia. Apegados a seus princípios, os senhores se negam a enfrentar-se às dores reais do mundo, ao sofrimento das mulheres, às vítimas da humanidade contra ela mesma. O desprezo à causa das mulheres em nome de um princípio imaginário tornado absoluto os conduz cada vez mais a uma representação falsa e decadente do Evangelho de Jesus que aceitou os limites e contradições da vida lembrando-nos de atirar a primeira pedra se nos julgamos santos ou inocentes de qualquer pecado.
Consentir aos nossos limites inevitáveis abre as portas da misericórdia e da solidariedade humana. De fato, não somos inocentes. Sabemos bem disso. E sabemos o quanto os jogos do poder e a adesão a Narciso são sedutores também para os clérigos e epíscopos que dizem obrar em nome de Deus. É muito cômodo usar dacondenação das mulheres como arma para defender a vida de um provável devir de ser humano. E é também mais cômodo atribuir a Deus as suas decisões rígidas sem abrir as portas do coração à compaixão necessária à sobrevivência humana e do planeta.
Acolhamos a finitude de nosso mundo humano, único lugar onde o amor para além das leis é possível. Não temamos as causas que nos movem as entranhas, que nos enchem de calafrios, de dúvidas e de medos. Não temamos colocar-nos no lugar daquelas que sofrem, a imaginarmo-nos em seus corpos, em suas carências, em suas angústias, em seus temores diários. Não temamos ser imperfeitos, visto que não podemos ser perfeitos. O amor é sempre imperfeito e aí está a sua força renovada e renovadora.
Este é o nosso limitado mundo e é nele que há que escolher as causas que abraçamos e acolher sobretudo que nada é puro, mas apenas misturado e limitado. Porém, ainda ouso dizer para concluir: quando nossa fraqueza for grande demais e as trevas da confusão nos atingirem e impedirem de falar com propriedade é melhor escolher o silêncio do que levantar impropriamente a voz e impedir o caminho e as escolhas que representam a luta vital de muitas pessoas. Calar pode ser também um caminho que freia as tentações absolutistas do JAMAIS dos senhores.
“É muito cômodo usar dacondenação das mulheres como arma para defender a vida de um provável devir de ser humano. E é também mais cômodo atribuir a Deus as suas decisões rígidas sem abrir as portas do coração à compaixão necessária à sobrevivência humana e do planeta”, escreve Ivone Gebara, religiosa pertencente à Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, filósofa e teóloga, que lecionou durante quase 17 anos no Instituto Teológico do Recife – ITER e que dedicou-se a escrever e a ministrar cursos e palestras, em diversos países do mundo, sobre hermenêuticas feministas, novas referências éticas e antropológicas e os fundamentos filosóficos e teológicos do discurso religioso.
Eis o artigo.
Escrevem os bispos católicos brasileiros a respeito da ADPF ou Arguição de Descumprimento do Preceito Fundamental e da posição da ministra Sra. Rosa Weber que foi a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.
“Jamais aceitaremos quaisquer iniciativas que pretendam apoiar e promover o aborto”.
“Jamais um direito pode ser exigido às custas de outro ser humano, mesmo estando apenas em formação”.
“Se até hoje o aborto não foi aprovado como querem os autores da ADPF não é por omissão do Parlamento, senão por absoluta ausência de interesse do povo brasileiro, de quem todo poder emana, conforme o parágrafo único do artigo primeiro da Constituição Federal”. (Cf. Nota da CNBB – Vida: direito inviolável – 14 de setembro 2023)
Atrevo-me a comentar em grandes linhas esse texto que me moveu as entranhas de tristeza e espanto frente a ‘insustentável leveza” de seus argumentos. Um pensamento tão categórico e tão cheio de argumentações conclusivas e limitadas como esse merece uma breve reflexão filosófica feminista como convite ao pensamento. Exige que abramos pequenos espaços de reflexão sobre a moralidade e religiosidade que marcam nossas condutas no interior do complexo pluralismo no qual vivemos. O pluralismo atual convida-nos a uma reflexão que vai mais além de nossas velhas tradições, convicções e temores muitas vezes implantados em nós como uma segunda ou até primeira natureza. Convida-nos a uma atenção mais aguda aos valores que dizemos viver e sua real possibilidade traduzidos como comportamentos habituais.
A questão do aborto é apenas a ponta de um iceberg que toca a compreensão que o cristianismo patriarcal tem dos seres humanos e das forças que o constituem. Compreensão significa pensamento e pensamento situado e datado a partir dos vários aspectos da vida humana. Compreender é apreender algo a partir da situação vivida. Por exemplo, se falamos que somos seres violentos por natureza, muitos imediatamente tentarão negar isso e afirmar a perfeição através da chamada ‘não violência’ como se a oposição não estivesse contida na própria afirmação.
Uma lógica dualista persiste na formação filosófica e teológica dos prelados que não conseguiram ainda apreender na prática a unicidade e interdependência de tudo com tudo. A não violência é também uma sementeira de violências. E é isso que está presente também nas elucubrações absolutas e dogmáticas dos senhores bispos fundadas em uma limitada compreensão da chamada ‘vontade divina’.
Sabemos bem que todo problema nasce de uma situação dada. Se modificamos a situação modifica-se o problema e até a possível solução. Dependendo da situação um suicídio pode ser válido, diante de outra situação matar pode ser uma saída frente a uma ameaça que exija defesa da própria vida. Servir o exército e ser convocado para uma guerra é admitir que se pode matar o outro considerado inimigo. E nas muitas ‘guerras santas’ empreendidas também pela Igreja Católica aliada dos poderes estabelecidos, jovens guerreiros sabiam que iam matar ou morrer. Por isso, o uso do jamais é uma petição de princípio dentro da mais elementar lógica clássica, uma petição de princípio também inaceitável dentro da lógica do próprio Evangelho que os bispos afirmam conhecer, difundir e amar.
Por que pensam ou falam especificamente de crime e de defesa da vida quando se trata de interrupção da gravidez? O que sabem das razões e situações das várias interrupções da gravidez? É quem são as pessoas vítimas das advertências dos bispos?
E mais, por que culpabilizam as mulheres e se esquecem dos homens, dos estupradores, da violência impetrada continuamente contra mulheres e crianças? Por que se arvoram a exigir do Estado laico a obediência às suas normas religiosas e não exigem cuidados e direitos às cidadãs e aos cidadãos marginalizados ou excluídos?
Além disso, sabemos bem que na prática quem tem dinheiro tem direito ao aborto! Para que possui o ‘vil metal’ esse procedimento é tornado legal, pois não sofre nenhuma censura pública. O dinheiro é capaz de encobrir tudo o que não se quer mostrar e dar a impressão de legalidade. Por essa razão bem conhecida, me parece que os bispos dirigem sua advertência à população pobre, notadamente aquelas mulheres vítimas da falta de condições econômicas que precisam se sujeitar às leis do país e aos diferentes grupos que as manipulam para terem um tratamento de saúde minimalista. É triste constatar isso quando gastamos anos na Igreja Católica falando da opção preferencial pelos pobres!
Não poderíamos pensar a partir de outra lógica entre as muitas que povoam nossas vidas e culturas? Porque não pensar que a vida nos obriga muitas vezes a escolher no imediato e, escolher não é sempre escolher o melhor, mas aquilo que é possível na luta pela sobrevivência de cada dia. É como ter que privilegiar uma vida e não outra por múltiplas razões. É assumir o limitado e triste poder de ter que privilegiar ou até substituir uma vida pela outra e afundar-se na imperfeição dos seres humanos, dos nossos limites, de nossa precária imanência constitutiva, nas dores e dúvidas que tudo isso nos causa.
A interrupção da gravidez poderia ser considerada uma substituição de uma vida em germe por outra com responsabilidade social, com obrigações, direitos e deveres, com história vivida, com escolhas, com certa independência e responsabilidade de vida. Os argumentos sempre podem conter dúvidas, porém a dúvida é parte da vida e dos riscos que vivemos. Alguns homens cristãos nos campos de concentração foram capazes de morrer para que outros vivessem sobretudo em eventos de troca de prisioneiros. É uma vida por outra e isto está bem presente na tradição cristã e em outras tradições.
Um pai aceita morrer doando ao filho um órgão vital para transplante. Uma mãe prefere morrer para que a filha viva. Essa ‘troca’ está na lógica da vida e da tradição do Movimento de Jesus a partir da qual até se afirmou que Jesus morreu por nós.
O espantoso é que os homens da Igreja, sobretudo alguns que detêm responsabilidades religiosas e sociais, não percebem que a lógica do JAMAIS está distante da vida ordinária que vivemos. Continuam usando uma lógica absoluta sobretudo quando se trata da vida das mulheres. Por quê? De onde nos vêm esse privilégio às avessas?
Vida e morte estão absolutamente entrelaçadas, é obvio. Por isso, temos que fazer as perguntas que podem ser respondidas de forma sempre diversa pelas pessoas de nosso tempo. O JAMAIS não responde a nada. Apenas levanta muros, cria ilusões, falsos argumentos e mentiras. Por isso, suspeito que há um outro fundo oculto do problema nesse problema do aborto abordado pelos bispos. E este se chama sexualidade ou simplesmente sexo. No fundo o cristianismo sobretudo católico sempre temeu a força vital do sexo por sua impressionante magnitude, pelo lugar que ocupa nas relações humanas, pelo inebriamento e atração dos corpos que provoca sobretudo naqueles que prometeram viver como célibes negando ou renunciando a essa força em si mesmos. A negação do sexo seria a negação do prazer, a negação do prazer corpóreo, da natureza constitutiva dos corpos. Seria a pretensão de viver para além do corpo no corpo, seria fazer-se ‘eunuco pelo reino de Deus’, como costumam dizer. Filosoficamente seria a oposição e luta contínua entre espírito e matéria apostando-se na vitória do espírito.
Entretanto, quando o sexo se apresenta de forma violenta trazendo as consequências de uma gravidez, castiga-se a vítima, sobretudo a menina, a mulher porque ela é considerada a tentadora, ela é a iniciadora da confusão dos corpos e é dela que depende em grande parte a continuação da espécie. Os velhos fantasmas do sexo voltam e buscam os dogmatismos para defender-se da verdade que habita no fundo de cada uma/um de nós.
O princípio idealista e imaginário do respeito absoluto à vida vem então à tona e se apela a ele como última instância legisladora dos comportamentos. Não se percebe que a mobilidade da vida com suas afirmações e negações está presente nesse princípio como uma espécie de horizonte para o qual tendemos e tentamos caminhar sempre. Da mesma forma, o sistema arcaico de pureza que se impôs na Igreja e se impõe ainda hoje leva a continuas transgressões de comportamento e falsidades discursivas que acabam atingindo sempre a vida dos mais pobres.
A crise existencial está instaurada de diferentes maneiras, inclusive no apego aos dogmatismos e moralismos que se manifestam em muitas instituições religiosas. Não se ousa mudar porque perde-se poder e perde-se o frágil equilíbrio pessoal e institucional. Então se fala em JAMAIS e se argumenta através de perfeições impossíveis.
A ambiguidade da vida, os limites da condição humana, as mentiras que nos sustentam assim como as verdades exigem de cada um/uma de nós o esforço para sair de uma fé imaginária, de uma afirmação ilusória das exigências de Deus que sustenta o poder de muitos. Sei que estou talvez pedindo muito, porém um esforço em vista de acolher o que é ‘nossa vida de fato’ e não apenas o que ‘deveria ser’ poderia se tornar um processo educativo transformativo e eficaz em vista do bem comum.
Infelizmente a real situação da vida de muitas mulheres, adolescentes e crianças cuja vida é constantemente ameaçada, inclusive pelos detentores do poder religioso, nos levam a perceber o quanto é mais fácil preferir uma ilusão, uma imagem aparentemente justa mas ao mesmo tempo mentirosa da vida do que acolher a verdade de nossas limitações e ações. E, a partir desse realismo maior ajustado à nossa condição, trabalhar para nos ajudar mutuamente a sair da mentira. Sinto o quanto para muitos a ilusão se tornou ‘sagrada’ e as dores humanas, e em especial as dores das mulheres que eles mesmos alimentam, são consideradas ‘profana’ e é até proclamadas como pecado ou profanação da vida. Os prelados não tocam os corpos reais, as histórias reais, as mulheres de carne e osso com suas misérias e qualidades, com suas grandezas e pequenezes. Giram em torno de princípios abstratos e com eles continuam cúmplices dos sistemas de opressão e das políticas excludentes que louvam apenas uma ideia de vida, mas amaldiçoam as vidas reais, seus escorregos contínuos e seus breves prazeres. Assim os que julgam as outras em nome de Deus talvez acreditem que eles mesmos são puros, que defendem a transcendência da vida, a ética divina. Mas de qual vida defendem a transcendência? Na mesma linha se arrogam igualmente o direito de julgá-las e de proibir que leis justas de cuidado provindas do Estado possam ajudá-las a viver e seguir assumindo o atribulado curso de suas vidas.
Menina de 9 anos estuprada pelo pai. Grávida!
Jovem perseguida por uma gang e estuprada por 5 homens. Grávida!
Mãe de 3 filhos com problemas graves de saúde. Grávida!
Religiosa estuprada por seu confessor. Grávida!
Milhares de mulheres pobres mortas por abortos clandestinos mal feitos! Mulheres pobres condenadas e aprisionadas por escolherem caminhos abortivos de proteção de si não legalizados! Ódios de homens e de mulheres contra mulheres que abortaram!
Sem dúvida alguns dirão que em caso de estupro ou mal formação fetal as leis do país permitem a interrupção da gravidez, porém sabemos também que a burocracia para a verificação dos diferentes casos é um tormento para as pobres que vivem o problema.
Apostar na capacidade e no critério das mulheres envolvidas em situações trágicas e nos critérios das pessoas que as ajudam deve ser um comportamento que indica solidariedade e compreensão da bondade que também nos habita. A ajuda mútua e a solidariedade efetiva ainda brotam em nosso chão!
Muitos dos senhores e muitos grupos sociais seguem vivendo em renovadas ilusões, defendendo-se contra uma compreensão mais integral e complexa da vida. Não ouvem os clamores reais das mulheres e, no entanto, dizem ‘ouvir os clamores do povo’ e ‘fazer a vontade de Deus’. Como fazem isso frente aos diferentes problemas que nos assolam?
Nessa linha ouso dizer que o JAMAIS dos bispos declara a morte dessas mulheres. Condena-as ao julgamento da terra e ao fogo do inferno. Impede a aprovação de leis mais justas necessárias à manutenção precária da vida.
Mais uma vez, que dizem e fazem de concreto os bispos com os estupradores? Acaso os procuram, conversam com eles, têm diretivas para eles? Falam da vida que desrespeitaram? Propõem caminhos de educação? Talvez essa seja uma pauta importante a ser proposta e desenvolvida!
Senhores bispos e outros responsáveis revejam sua lógica filosófica, revejam o reducionismo de seu pensamento cristão e o limite imaginário de sua teologia. Apegados a seus princípios, os senhores se negam a enfrentar-se às dores reais do mundo, ao sofrimento das mulheres, às vítimas da humanidade contra ela mesma. O desprezo à causa das mulheres em nome de um princípio imaginário tornado absoluto os conduz cada vez mais a uma representação falsa e decadente do Evangelho de Jesus que aceitou os limites e contradições da vida lembrando-nos de atirar a primeira pedra se nos julgamos santos ou inocentes de qualquer pecado.
Consentir aos nossos limites inevitáveis abre as portas da misericórdia e da solidariedade humana. De fato, não somos inocentes. Sabemos bem disso. E sabemos o quanto os jogos do poder e a adesão a Narciso são sedutores também para os clérigos e epíscopos que dizem obrar em nome de Deus. É muito cômodo usar dacondenação das mulheres como arma para defender a vida de um provável devir de ser humano. E é também mais cômodo atribuir a Deus as suas decisões rígidas sem abrir as portas do coração à compaixão necessária à sobrevivência humana e do planeta.
Acolhamos a finitude de nosso mundo humano, único lugar onde o amor para além das leis é possível. Não temamos as causas que nos movem as entranhas, que nos enchem de calafrios, de dúvidas e de medos. Não temamos colocar-nos no lugar daquelas que sofrem, a imaginarmo-nos em seus corpos, em suas carências, em suas angústias, em seus temores diários. Não temamos ser imperfeitos, visto que não podemos ser perfeitos. O amor é sempre imperfeito e aí está a sua força renovada e renovadora.
Este é o nosso limitado mundo e é nele que há que escolher as causas que abraçamos e acolher sobretudo que nada é puro, mas apenas misturado e limitado. Porém, ainda ouso dizer para concluir: quando nossa fraqueza for grande demais e as trevas da confusão nos atingirem e impedirem de falar com propriedade é melhor escolher o silêncio do que levantar impropriamente a voz e impedir o caminho e as escolhas que representam a luta vital de muitas pessoas. Calar pode ser também um caminho que freia as tentações absolutistas do JAMAIS dos senhores.
No cenário atual, onde a preservação do meio ambiente tornou-se uma prioridade global, a sociedade roraimense se prepara para a II edição da Caminhada Ecológica em defesa da Amazônia e contra a construção da hidrelétrica. Essa mobilização, que teve seu início em 2019, ganha força a cada ano, reunindo cidadãos preocupados com o patrimônio ambiental e a sustentabilidade.
A primeira Caminhada Ecológica, realizada em 2019, foi um marco na conscientização da comunidade local sobre os desafios enfrentados pela Amazônia. Mais de 100 pessoas se uniram para percorrer a vicinal do Bem Querer, cuja entrada está localizada no KM 125 da BR 174, no município de Caracaraí. O evento serviu como um chamado para a preservação da região e uma manifestação contra a construção da hidrelétrica.
A segunda edição da Caminhada Ecológica está marcada para o dia 7 de outubro de 2023, em Caracaraí, RR, e promete ser ainda mais impactante. O objetivo continua o mesmo: defender o patrimônio ambiental da Amazônia, proteger vidas e pedir o arquivamento da proposta da hidrelétrica pelo governo federal.
Um dos principais argumentos dos organizadores da caminhada é que os investimentos planejados para a construção da hidrelétrica do Bem Querer, que chegam a R$ 10 bilhões, poderiam ser direcionados para o desenvolvimento de outras matrizes de geração de energia, como a energia fotovoltaica, mais limpa e sustentável.
A concentração está marcada para as 8h30, com a saída da caminhada prevista para as 9h. Para aqueles que desejam participar e são de Boa Vista, há um ônibus programado para partir às 6h.
O evento é uma oportunidade não apenas de manifestar preocupações, mas também de celebrar a beleza da natureza e fortalecer os laços da comunidade. As corredeiras do Bem Querer, a apenas 3 km do local de partida da caminhada, oferecem uma paisagem deslumbrante e servirão como pano de fundo para a mobilização.
O arco-íris de participantes, incluindo representantes da Igreja Católica, ativistas ambientais, membros de movimentos sociais, líderes comunitários e o povo local, representa a unidade e determinação da comunidade de Roraima em proteger seu ambiente natural.
A II Caminhada Ecológica não é apenas um evento, mas uma expressão poderosa da voz do povo, clamando por um futuro sustentável e pela proteção da Amazônia. É uma lembrança de que cada passo dado é um passo em direção à preservação do nosso planeta e à construção de um mundo mais verde e harmonioso.
Se abre Inscrições para 100 Casais em Boa Vista, Roraima
Boa Vista, Roraima – As inscrições estão oficialmente abertas para o aguardado Casamento Coletivo “Enfim, Casados!” – Edição “Sem Fronteiras”, uma iniciativa promovida em parceria com a Vara da Justiça Itinerante do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima, a Operação “Acolhida”, o Serviço Pastoral do Migrante da Diocese de Roraima e os Cartórios. Este evento singular busca unir 100 casais residentes no município de Boa Vista, Roraima, através de um processo gratuito de legitimação da união, permitindo que casais regularizem seu estado matrimonial e familiar.
O grande dia está marcado para 7 de dezembro de 2023, às 16h00, e o evento acontecerá na Sede Cível da Defensoria Pública de Roraima, localizada na Avenida Sebastião Diniz, 1165, Centro, Boa Vista, próximo ao terminal de integração.
Requisitos para Participação
Para participar deste emocionante evento, existem alguns requisitos importantes:
Um dos pretendentes deve ser migrante internacional: Pelo menos um dos parceiros deve ser um migrante internacional com residência em Boa Vista, Roraima, e ambos devem ser maiores de 16 anos de idade.
Estado civil: Os casais podem ser solteiros, legalmente divorciados ou viúvos.
Documentação: Os casais devem apresentar todos os documentos necessários.
Recursos financeiros: Os participantes devem declarar não possuir recursos próprios para custear as despesas do casamento.
Inscrições e Documentação
Os casais interessados em participar devem comparecer ao local de inscrição nas datas e horários designados. Além disso, é importante levar a seguinte documentação:
Registro Nacional Migratório ou o Protocolo.
CPF.
Certidão de Nascimento ou Cédula de Identidade ou Passaporte.
Comprovante ou declaração de residência.
Informações Adicionais
Para obter mais informações sobre o Casamento Coletivo “Enfim, Casados!” – Edição “Sem Fronteiras”, os interessados podem entrar em contato com a Defensoria Pública de Roraima através dos telefones (95) 98419-6570 (somente WhatsApp) e (95) 98419-6031 (somente WhatsApp).
Esta iniciativa visa promover a união e a legalização de casais, celebrando o amor sem fronteiras e contribuindo para a construção de famílias fortes e felizes em Boa Vista, Roraima. Não perca a oportunidade de fazer parte deste evento especial que celebra o amor e a união de casais de diferentes origens em uma só comunidade.
No dia 14 de junho de 1948, um grupo de missionários da Consolata chegou a Boa Vista, na época a capital do Território Federal do Rio Branco, que hoje corresponde ao estado de Roraima. Esses pioneiros, liderados por José Nepote Fus, administrador apostólico da Prelazia, Mário Chiabrera, Zeferino Fastro, Antônio Maffei, Marcos Lonatti e Ricardo Silvestri, vieram com uma missão clara: substituir os monges beneditinos e propagar a mensagem do Evangelho na região.
Ao longo dos 75 anos de presença missionária em Roraima, os padres, irmãos e irmãs missionárias da Consolata dedicaram-se incansavelmente à evangelização e à promoção humana. Eles deixaram um legado profundo e duradouro, construindo igrejas, casas de missão, escolas, hospitais e outras estruturas que contribuíram significativamente para o desenvolvimento da região.
Uma das características marcantes da missão da Consolata em Roraima foi a atenção e o cuidado voltados para os povos indígenas que habitam essa terra. Os missionários entenderam a importância de se aproximar e acompanhar as comunidades indígenas, respondendo às suas necessidades e novas sensibilidades pastorais. Esse comprometimento desempenhou um papel fundamental na demarcação e homologação de Terras Indígenas, como a TI São Marcos em 1991, a TI Yanomami em 1992 e a TI Raposa Serra do Sol em 2005. A presença constante e o diálogo respeitoso com os povos indígenas foram essenciais para construir pontes de compreensão e solidariedade.
O caminho missionário da Consolata, que teve início no Brasil, continuou a se expandir ao longo das décadas, estendendo-se por várias regiões da Amazônia. A missão se expandiu para a Amazônia colombiana em 1951, a venezuelana em 2006, a equatoriana em 2008 e a peruana em 2011. Essa expansão demonstra o compromisso contínuo da Congregação Missionária da Consolata em levar a mensagem de amor e esperança a todos os cantos da Amazônia, independentemente das fronteiras nacionais.
Hoje, 75 anos após a chegada dos primeiros missionários da Consolata em Roraima, a diocese de Roraima está celebrando esta data significativa com uma programação especial. Missas estão sendo realizadas em diversas comunidades para convidar o povo a refletir sobre o legado desses missionários e agradecer pelo trabalho árduo que eles realizaram ao longo dos anos.
Essa celebração não é apenas uma homenagem aos missionários da Consolata, mas também uma oportunidade para reconhecer a importância da missão em Roraima. A presença da Igreja Católica na região desempenhou um papel fundamental na construção da fé e da identidade cultural, na promoção da educação e na melhoria das condições de vida das comunidades locais. Os missionários não apenas pregaram o Evangelho, mas também estenderam a mão para ajudar os necessitados, contribuindo para o bem-estar social e espiritual de Roraima.
Além disso, o compromisso da Consolata com os povos indígenas e a luta pela demarcação de suas terras é um testemunho poderoso de solidariedade e justiça. O reconhecimento das Terras Indígenas como patrimônio sagrado dos povos originários é um marco na história da região e uma vitória para aqueles que, por tanto tempo, foram marginalizados e oprimidos.
À medida que celebramos os 75 anos de missão da Consolata em Roraima, é importante lembrar que a jornada missionária continua. Os desafios enfrentados pela região, como o desenvolvimento sustentável, a preservação do meio ambiente e a garantia dos direitos dos povos indígenas, exigem uma resposta contínua e dedicada. Os missionários da Consolata e a comunidade local estão unidos nessa busca por um futuro melhor e mais justo para todos.
Neste aniversário especial, prestamos homenagem aos missionários da Consolata que dedicaram suas vidas a servir e amar o povo de Roraima. Que o legado de fé, solidariedade e justiça que eles deixaram continue a inspirar as futuras gerações a trabalhar pela construção de um mundo mais justo e compassivo.
A comunidade de São Francisco está em festa! E você está convidado a se juntar a essa celebração especial em honra a São Francisco das Chagas, o padroeiro querido de nossa comunidade. Com o tema “São Francisco: Vida e Vocação”, a festa teve início no dia 25 de setembro e se estenderá até o dia 4 de outubro de 2023, com novenários e uma série de eventos emocionantes que unem fé, tradição e comunhão.
70 Anos de História e Devoção:
Este ano marca um marco significativo para a Igreja São Francisco das Chagas, que celebra seu septuagésimo aniversário. Sete décadas de devoção, serviço e amor à comunidade. A história da igreja é entrelaçada com a história da própria comunidade, e esta festa é uma oportunidade para refletir sobre as realizações passadas e olhar para o futuro com esperança.
Programação Especial:
A festa de São Francisco das Chagas oferece uma programação diversificada que agrada a todas as idades. Uma das atividades mais aguardadas é a procissão, que acontecerá às 17h do dia 4 de outubro. A procissão é um momento de profunda devoção, onde os fiéis seguem uma imagem de São Francisco pelas ruas, demonstrando seu amor e respeito pelo santo.
Logo após a procissão, haverá uma missa solene na igreja em homenagem a São Francisco. É um momento de oração, gratidão e reflexão sobre os ensinamentos e a vida do padroeiro.
E não podemos esquecer do animado arraial que encerrará a festa. O bingão é uma tradição querida, onde a comunidade se reúne para desfrutar de comidas típicas, música e diversão. É uma oportunidade perfeita para confraternizar e celebrar em comunhão.
Tema: “São Francisco Vida e Vocação”:
O tema escolhido para a festa deste ano, “São Francisco: Vida e Vocação”, nos convida a mergulhar na vida e nos ensinamentos desse santo tão especial. São Francisco de Assis é conhecido por sua dedicação aos mais pobres, aos animais e à natureza. Sua vida foi um exemplo de humildade, serviço e amor ao próximo.
A festa não é apenas uma oportunidade de celebrar, mas também de refletir sobre como podemos seguir o exemplo de São Francisco em nossa própria vida. É um convite para examinar nossa própria vocação, nossa chamada a servir e amar os outros, e nossa responsabilidade em cuidar do mundo que nos rodeia.
Comunidade Aberta a Todos:
A comunidade de São Francisco deseja estender seu convite a todos, sejam fiéis de longa data, visitantes ou aqueles que desejam conhecer e celebrar com eles. A festa é um momento de acolhimento, calor humano e unidade em torno da fé.
Portanto, venha se juntar a nós e celebre essa ocasião especial. Vamos honrar a vida e a vocação de São Francisco das Chagas, fortalecer nossa comunidade e criar memórias duradouras juntos. A Igreja São Francisco das Chagas espera por você com os braços abertos para celebrar esses 70 anos de história e fé.
Religiosos e religiosas de diferentes congregações e ordens religiosas se reunirão para eleger uma nova coordenação.
Nos dias 5 e 6 de outubro, a Prelazia de Roraima será cenário de um momento significativo: a Assembleia Eletiva da CRV (Coordenação da Vida Religiosa Consagrada) do núcleo de Roraima.
Nesta assembleia, religiosos e religiosas de diferentes congregações e ordens religiosas se reunirão para eleger uma nova coordenação que liderará e representará a comunidade religiosa em Roraima no próximo periodo.
A Vida Religiosa Consagrada desempenha um papel crucial na Diocese de Roraima, dedicando-se à oração, ao serviço e ao testemunho do Evangelho. Através do compromisso com a fé e a solidariedade, eles têm desempenhado um papel fundamental na construção de uma sociedade mais justa e compassiva.
Nesta Assembleia Eletiva, os participantes terão a oportunidade de escolher líderes que irão orientar e inspirar a comunidade religiosa, promovendo a união, a espiritualidade e o compromisso com a missão da Igreja.
É importante lembrar que o processo eleitoral é um ato de responsabilidade e discernimento, guiado pelo Espírito Santo. Cada voto representa não apenas uma escolha pessoal, mas a vontade coletiva de fortalecer e direcionar a Vida Religiosa Consagrada em Roraima.
Nossas orações estão com todos os participantes desta Assembleia Eletiva. Que o discernimento seja claro, que a unidade seja fortalecida e que o futuro da Vida Religiosa Consagrada na Diocese de Roraima seja repleto de bênçãos e realizações.
Que esta assembleia seja um lembrete da importância da comunhão e do compromisso de todos os religiosos e religiosas em servir a Deus e ao próximo com amor e dedicação.